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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Sobre mim (2023)

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Abril de 2021

 

Olá! Sejam bem-vindos!

Eu chamo-me Marisa, sou uma jovem católica portuguesa, esposa e mãe desde 2021, a caminho de me tornar Médica de Família, e moro no concelho de Almada, Setúbal. 

 

Comecei a escrever este blog em Outubro de 2014, pouco tempo depois de ter ido ao meu primeiro retiro das Famílias de Caná e de ter voltado à Igreja Católica, após estar afastada durante vários anos. Podem ler uma parte da minha história de vida, passando do paganismo para o Protestantismo para enfim retornar à Igreja Católica, aqui parte 1parte 2 e parte 3

 

Ao longo destes (quase) 10 anos em que escrevo neste blog, pude partilhar convosco várias partes da minha caminhada católica, em busca da santidade:

 

O objectivo deste blog é ser uma espécie de "caderno espiritual partilhado": um espaço onde posso partilhar convosco pequenas (e às vezes grandes) descobertas que vou fazendo, nesta minha caminhada em busca da santidade, aprofundando diariamente a nossa Fé Católica, e tentando amar e servir o Senhor acima de todas as coisas e ao próximo como a mim mesma.

Se algo escrito neste blog, em algum dia, vos tiver ajudado a dar mais um passo em direção ao amor de Deus, então ele já cumpriu plenamente a sua missão. 

 

Toda a glória a Deus! 

Bendiz o Senhor, ó minha alma.

A minha única alegria encontra-se no Senhor.

Ao Senhor, glória eterna! Aleluia       

Salmo 103

Santa Isabel, rogai por nós!

Queridos amigos, queridos leitores

 

Escrevo este post pedindo a intercessão das vossas orações. Como alguns de vós sabem, por uma graça extraordinária do Senhor, nós ficámos grávidos com o nosso primeiro filho, uma menina, logo no início do nosso casamento. Tem sido uma gestação um tanto ou quanto atribulada. No primeiro trimestre, tivemos um total de 3 ameaças de aborto, que felizmente se foram resolvendo uma a uma ... E a gravidez parecia que iria correr bem, depois disso. Descobrimos que o Senhor nos tinha confiado a vida duma menina para acolhermos na nossa família e a nossa alegria não podia ser maior! 

A nossa menina chamar-se-á Isabel: em primeiro lugar, pedindo a intercessão de Santa Isabel da Visitação, a santa bíblica cuja vida temos tanto apreço e admiração, e, em segundo lugar, pedindo a intercessão das duas grandes Rainhas Santas, Santa Isabel de Portugal e Santa Isabel da Hungria, sua tia-avó, demonstrando e reflectindo assim o amor da nossa família tanto pela Fé como pela História. 

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Contudo, chegados ao terceiro e último trimestre da gestação, o Senhor chamou-nos a um novo aprofundamento nos mistérios do Seu amor. A nossa filha Isabel não está a crescer como deveria. Está muito, muito pequenina. Tão pequenina que, consoante a evolução nos próximos dias ou semanas, poderá muito bem ter de nascer antes do tempo. Quão cedo, Deus assim nos dirá... Temos vivido, literalmente, um dia de cada vez. Só contávamos com a nossa menina nos nossos braços a partir da 2ª semana de Janeiro de 2022, ou até mais tarde ... e agora, quase de certeza, que tal acontecerá pelo menos até ao dia de Natal ... Portanto, os últimos dias têm sido de muitas mudanças, adaptações, idas ao hospital, exames, injeções, consultas, ecografias e ctgs e assim permanecerão ...

 

Estamos certos de que esta situação nos tornará mais mais humildes, mais dependentes do amor do Senhor e da Sua graça constante, mais fortes na Fé, mais juntos e unidos na dor, que é necessária, para a retenção e salvação da humanidade, "completando" assim "na [nossa] carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo Seu Corpo, que é a Igreja, da qual somos servos" (Col 1,24). É uma grande graça poder reconhecer, cada vez mais e melhor, a enorme benção - disfarçada à primeira vista, é certo - que é poder ir partilhando um pouco do Calvário com Jesus ...

 
O Advento ainda agora começou - e já se tornou, em todos os aspectos, tão real e concreto nas nossas vidas, tão semelhante ao primeiro Advento da História ... Seja sempre feita a vontade do Senhor nas nossas vidas.
 
Assim, se puderem e se lembrarem, por favor, rezem por nós, pela nossa família e, em especial, pela vida desta pequena (grande) menina que o Senhor nos confiou. Bem haja a cada um de vós! 

Vida em mim

"Parece que tu não ovulas!"

Lembro-me perfeitamente do dia em que me disseram que provavelmente seria infértil. Claro que, como estudante de medicina na altura, eu já suspeitava há algum tempo. Os ciclos menstruais irregulares, os sinais físicos do desequilíbrio hormonal que ocorria dentro de mim, os sintomas típicos todos presentes ... Mas, se mais ninguém o afirmasse, talvez a ideia de puder ser infértil fosse apenas mais um "macaquinho" na minha cabeça, uma ideia tola e sem fundamento ... 

 

Pela graça de Deus, ao longo da minha caminhada católica, tive a imensa graça de ficar a conhecer o Fertility Care que, mais do que um método para ajudar famílias cristãs a gerir a sua fertilidade conjugal e a sua abertura à vida, é também uma forma bastante eficaz de ajudar a mulher a monitorizar a sua saúde ginecológica e procriativa. O método do Fertility Care baseia-se na auto-observação diária de vários sinais e sintomas do corpo da mulher, de modo a compreender e interpretar o que se passa com o seu corpo a cada dia do ciclo. É um método natural de espaçamento familiar, muito versátil e adaptável às necessidades de cada casal, ecológico e económico, extensamente estudado e aplicado um pouco por todo o mundo desde há mais de 50 anos. 

Foi através das consultas com as instrutoras deste método que comecei a compreender o que se passava com o meu corpo. Percebi que tinha de mudar o meu estilo de vida se queria tornar-me saudável. Tentei ajudar o meu corpo a recuperar a normalidade de todas as formas que consegui. Mas as medidas não pareciam surtir efeito. Os meses passavam, eu continuava a monitorizar diariamente os sinais e sintomas do meu corpo, voltava a repetir os exames e as análises, e não parecia haver grandes diferenças ... A minha doença não regredia, permanecia lá, por mais que eu tentasse controlá-la. Por fim, o passar dos anos ajudou-me a aceitar esta minha condição, que parecia tornar altamente improvável que eu alguma vez pudesse ser mãe. 

 

Parte do meu grande interesse na vida consagrada devia-se ao conhecimento desta minha condição. Se eu não podia ser mãe biológica, não fazia qualquer sentido na minha cabeça que o Senhor me pudesse chamar a uma vida matrimonial. Foram muitos os anos a viver este dilema, entre aquilo que o meu coração desejava intensamente - ser esposa e mãe - e aquilo que a minha razão me levava a pensar. Foram muitas as horas de oração, de encontro com o Senhor, de feridas a serem destapadas, devagarinho, uma a uma, para puderem ser então curadas ...

 

Quando conheci o meu marido, alguns anos depois, o tema da minha provável infertilidade foi algo largamente discutido, meditado e rezado entre ambos. Curiosamente, o Senhor tinha feito com que o meu marido tivesse conhecido o método do Fertility Care ainda antes de eu própria o conhecer e praticar! E ele aceitava-me exactamente como o Senhor me tinha feito. Claro que foi necessário aprender a gerir expectativas e alguns sonhos de vida prévios. Mas, nem por um segundo sequer, esta minha condição fez diminuir a certeza absoluta que o meu marido tinha de que o Senhor o chamava e convidava a doar toda a sua vida por mim, como meu esposo. 

Assim, durante anos, li, estudei e ouvi todos os testemunhos que encontrei de outras mulheres e famílias que tiveram de lidar com a cruz da infertilidade. Foram incontáveis as horas a rezar, a preparar-me, a planear, a mentalizar-me - como é típico da minha personalidade - para a nossa futura vida matrimonial e para a longa e árdua luta contra a infertilidade que nos esperava. Até, finalmente, conseguir encontrar e viver naquela paz que só o Senhor nos pode oferecer, de, em tudo, fazer sempre a Sua vontade, de seguir sempre os Seus caminhos, carregando a nossa Cruz às costas atrás d'Ele, nunca tirando os olhos do Céu do Seu amor ...

 

O que eu não me apercebi foi que, ao longo dos meses de namoro e noivado, o meu corpo foi, aos poucos, mudando e normalizando. Devagarinho, lentamente, de forma quase imperceptível, os meus ciclos menstruais foram-se tornando cada vez mais regulares.... e o impossível aconteceu.

Inacreditavelmente, miraculosamente, estamos grávidos!

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E o Senhor nunca se deixa vencer em generosidade - o nosso bebé, o nosso primeiro filho, foi prenda de lua de mel! Está previsto nascer exactamente 9 meses do dia do nosso casamento, em Janeiro do próximo ano! 

Oh, alegrem-se e regozijem-se connosco! O Senhor fez em nós maravilhas! O Senhor fez em nós um autêntico milagre! Oh, como o Senhor é bom! 

Sobre mim (2017 e 2019)

No outro dia apercebi-me que, desde o início deste blog, nunca tinha escrito um post a actualizar a minha actual situação de vida e os objectivos deste pequeno blog. Assim, para quem lê o blog há pouco tempo, segue-se uma pequena apresentação acerca de mim.

 

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Junho 2019

 

Eu chamo-me Marisa, tenho 25 anos, sou catequista e médica recém-formada (a caminho de me tornar Médica de Família). Sou portuguesa e moro no concelho do Seixal, Setúbal.

 

Eu estive vários anos afastada da Igreja Católica e retornei a casa há cerca de 3 anos e meio, em Maio de 2014. Podem ler uma parte da minha história de vida aqui: Parte 1parte 2 e parte 3.

 

Comecei a escrever este blog em Outubro de 2014, pouco tempo depois de ter ido ao meu primeiro retiro das Famílias de Caná, aqui em Almada, uma iniciativa que eu tinha conhecido e acompanhado online durante vários meses e cujo carisma do movimento eu me revejo profundamente. 

Eu comecei a escrever este blog pela simples razão de não ter descoberto nenhum blog escrito por uma jovem católica portuguesa, ao contrário do acontece em países como EUA, a Inglaterra ou o Brasil. Sendo uma pessoa muito tímida e reservada, este primeiro e aparente pequeno passo representou um enorme salto de Fé na minha vida...

 

Ao longo destes 3 anos em que venho a partilhar convosco a minha caminhada católica, Deus fez com que acontecessem muitas coisas: 

 

O objectivo deste blog é ser uma forma de evangelização católica; como uma espécie de "caderno espiritual partilhado"; um espaço onde posso partilhar convosco pequenas (e às vezes grandes) descobertas que vou fazendo, nesta minha caminhada católica, acerca de Deus e de Jesus e da nossa Fé.

Pretendo sempre e apenas partilhar convosco - mas, com a graça de Deus, talvez este blog vos consiga também ajudar a crescer em amor por Ele e a deixarem-se apaixonar por Ele, tal como me aconteceu. Se alguém, algum dia, através deste blog, tiver dado mais um passo em direcção à santidade e ao amor misericordioso e abundante de Deus, então este pequeno blog já cumpriu a sua função.

 

Glória a Deus! 

"Bendiz o Senhor, ó minha alma. A minha única alegria encontra-se no Senhor.

Ao Senhor, glória eterna! Aleluia"       Salmo 103

Vencendo os nossos medos

Hoje quero contar-vos uma história... Uma história que me é difícil de contar, pela intimidade das emoções que descrevo, mas que ainda assim vos conto, na esperança de ajudar alguém que esteja numa situação parecida.

 

No Verão entre os meus 17 e 18 anos, ou seja, entre a saída da escola secundária e a entrada na faculdade de medicina, eu decidi tirar a carta de condução. E porquê?

Ora, porque os meus avós paternos queriam oferecer-ma como prenda dos meus 18 anos e porque, principalmente, eu queria ser a primeira pessoa do nosso círculo de amigos a tirar a carta... Esta era a principal razão - eu queria, como sempre tinha acontecido até essa altura, ser a primeira. 

Correu tudo muito bem e eu tirei a carta em 4 meses, passando tanto na prova de código como na de condução à primeira, sem problemas nenhuns...

 

Contudo, pouco tempo depois, ía eu um dia a conduzir com o meu pai ao lado, quando tive um (quase) acidente ... bastante estúpido e embaraçoso.

Eu parei numa passadeira, numa rua bastante inclinada, e depois ... simplesmente não consegui subir com o carro. Deixei o carro ir a baixo pelo menos 5 vezes. E de cada vez que tentava voltar a ligar o carro e arrancar, fazia um barulho alto e deixava-o cair para trás, mais e mais, cada vez mais para trás, quase batendo no carro que seguia atrás. Os outros carros já apitavam e gritavam. As pessoas que estavam no café ao lado vieram cá para fora, para ver e comentar. Eu tremia por todo o lado e chorava. E o meu pai gritava comigo, talvez pela 3ª vez em toda a minha vida, que eu estava quase a bater ...

Não me lembro de como consegui eventualmente subir a rua. Só me lembro de pisar a fundo o acelerador e do carro fazer novamente um barulho muitíssimo alto .... mas lá subi.

 

Nesse dia, jurei que nunca mais voltava a pegar no carro. Nunca, nunca mais!

Durante os 5 anos seguintes, ganhei um medo crescente de conduzir e de andar de carro. Fazia de tudo para o evitar. Tive pesadelos frequentes comigo a conduzir e a ter vários acidentes... travões a falharem, pessoas a morrerem ... Nunca mais consegui estar dentro dum carro e subir uma rua inclinada, mesmo não sendo eu a conduzir, sem começar a suar e a tremer, fechando os olhos com força e rezando para que o carro não caia para trás, por favor, que não caia para trás, por favor .... 

 

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Dizer que eu tinha medo de conduzir era um verdadeiro eufemismo! Eu tinha um autêntico pavor!!

A maior parte das mulheres na minha família têm carta de condução mas não conduzem. A minha mãe conduz e é uma excepção, apesar de ter estado alguns anos sem conduzir antes de eu ter nascido. A minha situação era portanto perfeitamente "normal" e aceitável no seio da minha família.... ainda assim, eu sentia uma enorme vergonha de não conseguir conduzir. Principalmente, quando ao longo destes anos fui vendo os meus colegas a tirarem também a carta e a conduzir até à faculdade ... se alguém me perguntasse se eu tinha carta, eu mentia e dizia que não, só para não ter que dar satisfações ... e a vergonha da situação aumentava a cada dia.

 

Acho que já o disse várias vezes aqui no blog, mas eu entrei para Medicina para um dia vir a ser médica de família. Esse sempre foi o meu maior sonho, ser médica de família, e até hoje, estando prestes a terminar a faculdade, nunca encontrei outra especialidade que me fascinasse e interessasse mais ... 

Ora, penso que conseguirão imaginar como eu me senti quando, um dia, descobri que para se ser médica de família é necessário ter carta de condução e conduzir ... Faz parte das funções duma médica de família visitar os doentes a casa, quando estes não se podem deslocar ao centro de saúde (aquilo a que chamamos fazer domicílios).

Além disso, estava a tornar-se cada vez mais difícil encontrar transportes públicos para chegar aos diversos hospitais de Lisboa onde tinha aulas ....

 

E agora, o que é que eu faço?

 

Deus, como querido e atencioso Pai, enviou-me dois autênticos anjos para se tornarem meus amigos na dura e difícil vida na faculdade de medicina. Esses dois anjos, a quem eu estarei eternamente agradecida, transformaram aos poucos a minha vida, em diversos aspectos. Um deles, foi em relação ao meu medo de conduzir. 

Durante o último ano, estes dois amigos (curiosamente, um casal de namorados católico) foram falando comigo acerca deste medo e incentivaram-me progressivamente a voltar a pegar no carro e conduzir. Todos os dias me diziam uma nova razão para conduzir: visitar os meus (futuros) doentes a casa; ir à igreja e à missa quando me apetecesse, não ter que estar sempre a pedir favores para me levarem aqui ou além, transportar crianças... enfim, servir o próximo.

Assim, durante o último ano rezei quase diariamente para que Deus me ajudasse a voltar a conseguir conduzir e a superar este medo que me paralisava e me impedia de ajudar aqueles que precisavam de mim ...

 

Quando soube que iria (como realmente vou) passar o próximo ano no Hospital de S.Bernardo em Setúbal, achei que tinha chegado a hora. Estava na altura de vencer os meus (vários) medos, e voltar a conduzir seria o primeiro. Estava na altura de crescer.

 

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Assim, este verão decidi tirar algumas aulas numa escola de condução... e então consegui! Voltei a conduzir!!

 

Há dias em que me esqueço como era a minha vida antes de me (re)converter ao Catolicismo.... oh tão, tão diferente da vida que hoje tenho. Da vida que o Senhor me deu. 

Só quando comecei a tentar vencer este medo de conduzir e procurei o porquê das razões que me tinham levado a desistir é que me dei conta da enorme diferença que existia também neste aspecto da minha vida. Antes, eu queria conduzir para ser a primeira, para ser importante, para ser admirada ... por orgulho! 

Agora, imensamente ajudada por Deus, quero conduzir para poder servir o próximo. Oh, só o Senhor para provocar uma mudança tão grande neste meu coração, orgulhoso e egoísta ...

 

Não foi nada fácil voltar a conduzir, claro ... foi uma autêntica batalha ... mas Deus escolheu um instrutor com a voz mais baixa e calma que eu alguma vez ouvi, e com a maior paciência do mundo, que me ensinou a ter confiança em mim mesma. Deus ofereceu-me inúmeras oportunidades, durante o verão, para conduzir o nosso carro, inicialmente com a mãe e depois com o pai.

Neste momento, já conduzi várias horas sozinha, de dia e de noite, sem trânsito e com trânsito. Já atravessei a Ponte 25 de Abril e passei por Lisboa. No último fim-de-semana, o Senhor deu-me a oportunidade de ir a conduzir até ao retiro das Famílias de Caná, a 250km daqui. E daqui por uns dias, passarei a ir de carro até ao Hospital de Setúbal, sozinha, todos os dias.

 

Ainda faço asneiras, claro. Continuo a ter algum receio de subidas inclinadas. Há dias em que ainda deixo o carro ir a baixo. Acontece, pronto. Mas, com calma, consigo.

Não há problema se falhar à primeira. Tenho sempre uma nova oportunidade .... a misericórdia infinita de Deus assim nos concede.

Conduzir, parece-me, assemelha-se muito ao ensinamento acerca da ginástica da nossa querida Teresa:

 

 

É preciso ter força para agarrar e coragem para largar ...

 

 

Nós Jesus, vamos de carro até ali.

Nós Jesus, vamos conduzir em segurança.

Nós Jesus, Tu e eu.... 

A Liberdade do Perdão

Sei que já postei hoje no blog. Mas aconteceu algo tão importante hoje que tinha de partilhar convosco! 

 

Desde que me confessei pela primeira vez, no início do ano, que saio sempre do confessionário a sentir-me livre e renovada. Mas, na verdade, estes sentimentos nunca foram completos.

Porque eu continuava a esconder um grande pecado. 

 

No primeiro ano da faculdade eu conheci uma rapariga, que facilmente se tornou numa grande amiga. Éramos muito parecidas, tinhamos muito em comum tanto no nosso passado como no presente. E demo-nos logo muito bem...

Porém, o primeiro ano na faculdade de medicina é muito perigoso - se não tivermos cuidado, este ano é capaz de trazer ao de cima o pior de cada um. Eu não tive cuidado. 

 

Um dia, por razões profissionais, discutimos. Bastante. Bastante mesmo. 

E, infelizmente, levámos a discussão para o lado pessoal. Ambas dissemos e fizemos coisas terríveis nesse dia... No final, saímos as duas profundamente magoamos. Que dia tão negro, que dia tão triste. Nem imagino a mágoa de Deus nesse dia...

 

Então, duma grande amizade, chegámos ao extremo de não nos falarmos nunca mais. 

Eu estava particularmente magoada porque nunca tinha antes discutido assim com outra pessoa. E muito menos tinha ficado assim tão zangada com alguém. Sentia-me muito ofendida. Não achava justo nem justificável nada do que ela tinha dito. Claro que não pensava naquilo que EU tinha dito....

 

O tempo passou. Eu voltei à igreja e apercebi-me finalmente do meu grande erro. Mas, apesar disso, nunca tive coragem para voltar a falar com ela. Eu estava presa ao meu pecado. Deixei, durante muito tempo, que fosse o orgulho a comandar a minha vida.

 

Este Verão empenhei-me a estudar tudo o que conseguisse acerca do pecado e do perdão. Estudei muito, li muito, pesquisei muito. E finalmente tomei uma decisão: passei quase todo o Verão a rezar por aquela rapariga! A rezar por ela e para ela. Empenhei-me em desejar-lhe todo o bem que consegui imaginar. Bençoei-a de todas as formas que sabia. Repetia diariamente, "Eu amo aquela rapariga. Ela é minha irmã. Cristo sacrificou-se por mim e por ela. Se Cristo amou-a tanto para morrer na Cruz por ela, então eu também a amarei. Ajude-me a alcançar isto meu Senhor. Pai infinitamente misericordioso, ajude-me a ser como o Senhor"

 

 

E então aconteceu. Aquilo que mais desejava durante estes anos aconteceu. Eu perdoei-a! Completa e verdadeiramente! E ao perdoá-la, eu libertei-me do meu pecado!

Com a ajuda de Deus, eu consegui vencer e ultrapassar o meu pecado. E acabei por descobrir uma ferramenta muitíssimo valiosa para o resto da minha vida: se me concentrar em rezar e a abençoar aqueles que me façam algum tipo de mal, poderei sempre perdoa-los, verdadeiramente.

 

Portanto, isto aconteceu no Verão. Contudo, apenas metade da tarefa estava feita. Agora, precisava de ir ter com ela e dizer-lhe tudo isto. O problema agora era que eu já não a via pela faculdade desde o ano passado!

 

Hoje, estava eu a almoçar na faculdade, quando a vi. Eu nem queria acreditar!

Contudo, Deus escolhe tudo conforme a Sua vontade. Se eu quisesse ir falar com ela, tinha de o fazer na confusão do refeitório, com centenas de pessoas à volta. Sem qualquer tipo de privacidade.

Desta vez, o orgulho tinha mesmo de ser todo engolido. Desta vez, tinha de ser o mais humilde que possivelmente conseguisse. Desta vez, por favor meu Senhor, tem de me ajudar! Sozinha é impossível!

 

Quando dei por mim estava sentada ao lado dela, a falar, finalmente, após quase 3 anos sem o fazer. Pedi-lhe perdão e disse-lhe que a tinha perdoado. Perguntei-lhe se podiamos voltar a começar do zero. Eu nem queria acreditar no quão amorosa ela estava a ser ao falar comigo. Ela não devia estar mesmo à espera. 

Fizémos as pazes. Contámos piadas acerca da faculdade. Rimos. Prometemos ajudar-nos mutuamente no futuro.

 

Tenho andado nas nuvens desde o almoço. Estou livre!

Contudo, a aventura ainda não acabou. Amanhã tenho de ir confessar-me. Oh, que maravilha de dia vai ser amanhã!

 

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 Her Choice - Imagem retirada do Pinterest

 

"Eu vos garanto: se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus,

não entrareis no Reino do Céu».

«Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal".

Eu, porém, digo-vos: todo aquele que ficar com raiva do seu irmão, tornar-se-á réu perante o tribunal. Quem disser ao seu irmão: "imbecil", torna-se réu perante o Sinédrio;

quem chamar ao irmão "idiota", merece o fogo do inferno.

Portanto, se fores até ao altar para levares a tua oferta, e aí te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta aí diante do altar e vai primeiro fazer as pazes com o teu irmão;

depois, volta para apresentar a oferta."

Mateu 5: 20-24

 

"«Ouvistes o que foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!"

Eu, porém, digo-vos: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!

Assim tornar-vos-eis filhos do Pai que está no Céu, porque Ele fez nascer o sol sobre maus e sobre os bons

e fez cair a chuva sobre justos e sobre os injustos.

Pois, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?

Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?

E se cumprimentais somente os vossos irmãos, o que é que fazeis de extraordinário?

Os pagãos não fazem a mesma coisa?

Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está no Céu».

Mateus 5:43-48

As Famílias de Caná

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As Famílias de Caná surgiram em Mogofores, em Anadia, em Aveiro, a 14 de Setembro de 2013. A sua primeira família foi a Família Power

 

Desde desse dia que esta família tem realizado vários retiros para passar a palavra. Os retiros são encontros de famílias, em que experienciamos uma verdadeira intimidade com Deus através do silêncio, da oração, da alegria e da partilha. Só quem já participou sabe a felicidade que se vive naqueles fim-de-semanas! E o barulho das crianças! :)

 

Eu participei no último retiro, no dia 20 de Setembro deste ano, em Almada. E acreditem que mudou a minha vida!

 

A cada dia que tem passado desde o retiro, descubro um novo significado para algo que foi lá dito, ou descubro uma aplicação prática dos ensinamentos e dos princípios falados. 

 

Nesse retiro, a minha família (constituída por enquanto apenas por mim e pela mãe) fez uma promessa inspirada nas seis bilhas de Caná:

  1. Comunhão - Nós, Jesus!
  2. Vida sacramental
  3. A Bíblia
  4. O canto de oração
  5. A visitação
  6. Consagração e Rosário

 

Neste retiro, tive a enorme honra e prazer de conhecer a família Power, cujo blog já seguia quase desde o seu início. Tive também a imensa honra e prazer de conhecer a Família Almeida, e a família da Olívia, e tantas outras famílias tão belas, tão felizes, como só alcançam as famílias guiadas por Deus. 

 

Para fotos e mais palavras acerca do retiro de Almada, clicar aqui, aqui ou aqui.

 

 "No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galileia e a Mãe de Jesus estava presente.

Jesus também tinha sido convidado para esse casamento com os seus discípulos.

Faltou o vinho e a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Eles já não têm vinho!»

Jesus respondeu: «Mulher, que existe entre nós? A minha hora ainda não chegou».

A Mãe de Jesus disse aos servidores: «Fazei o que Ele mandar».

Havia ali seis talhas de pedra de uns cem litros cada uma, que serviam para os ritos de purificação dos judeus.

Jesus disse aos servidores: «Enchei de água essas talhas». Eles encheram as talhas até cima.

Depois Jesus disse: «Agora tirai e levai ao chefe de mesa». Então levaram ao chefe de mesa.

Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam sabiam, pois foram eles que tiraram a água. Então o chefe de mesa chamou o noivo

e disse: «Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbedos, servem o pior. Tu, porém, guardaste o vinho bom até agora».

Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus começou os seus sinais. Ele manifestou a sua glória e os seus discípulos acreditaram n'Ele."

João 2:1-11