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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

A Liberdade do Perdão

Sei que já postei hoje no blog. Mas aconteceu algo tão importante hoje que tinha de partilhar convosco! 

 

Desde que me confessei pela primeira vez, no início do ano, que saio sempre do confessionário a sentir-me livre e renovada. Mas, na verdade, estes sentimentos nunca foram completos.

Porque eu continuava a esconder um grande pecado. 

 

No primeiro ano da faculdade eu conheci uma rapariga, que facilmente se tornou numa grande amiga. Éramos muito parecidas, tinhamos muito em comum tanto no nosso passado como no presente. E demo-nos logo muito bem...

Porém, o primeiro ano na faculdade de medicina é muito perigoso - se não tivermos cuidado, este ano é capaz de trazer ao de cima o pior de cada um. Eu não tive cuidado. 

 

Um dia, por razões profissionais, discutimos. Bastante. Bastante mesmo. 

E, infelizmente, levámos a discussão para o lado pessoal. Ambas dissemos e fizemos coisas terríveis nesse dia... No final, saímos as duas profundamente magoamos. Que dia tão negro, que dia tão triste. Nem imagino a mágoa de Deus nesse dia...

 

Então, duma grande amizade, chegámos ao extremo de não nos falarmos nunca mais. 

Eu estava particularmente magoada porque nunca tinha antes discutido assim com outra pessoa. E muito menos tinha ficado assim tão zangada com alguém. Sentia-me muito ofendida. Não achava justo nem justificável nada do que ela tinha dito. Claro que não pensava naquilo que EU tinha dito....

 

O tempo passou. Eu voltei à igreja e apercebi-me finalmente do meu grande erro. Mas, apesar disso, nunca tive coragem para voltar a falar com ela. Eu estava presa ao meu pecado. Deixei, durante muito tempo, que fosse o orgulho a comandar a minha vida.

 

Este Verão empenhei-me a estudar tudo o que conseguisse acerca do pecado e do perdão. Estudei muito, li muito, pesquisei muito. E finalmente tomei uma decisão: passei quase todo o Verão a rezar por aquela rapariga! A rezar por ela e para ela. Empenhei-me em desejar-lhe todo o bem que consegui imaginar. Bençoei-a de todas as formas que sabia. Repetia diariamente, "Eu amo aquela rapariga. Ela é minha irmã. Cristo sacrificou-se por mim e por ela. Se Cristo amou-a tanto para morrer na Cruz por ela, então eu também a amarei. Ajude-me a alcançar isto meu Senhor. Pai infinitamente misericordioso, ajude-me a ser como o Senhor"

 

 

E então aconteceu. Aquilo que mais desejava durante estes anos aconteceu. Eu perdoei-a! Completa e verdadeiramente! E ao perdoá-la, eu libertei-me do meu pecado!

Com a ajuda de Deus, eu consegui vencer e ultrapassar o meu pecado. E acabei por descobrir uma ferramenta muitíssimo valiosa para o resto da minha vida: se me concentrar em rezar e a abençoar aqueles que me façam algum tipo de mal, poderei sempre perdoa-los, verdadeiramente.

 

Portanto, isto aconteceu no Verão. Contudo, apenas metade da tarefa estava feita. Agora, precisava de ir ter com ela e dizer-lhe tudo isto. O problema agora era que eu já não a via pela faculdade desde o ano passado!

 

Hoje, estava eu a almoçar na faculdade, quando a vi. Eu nem queria acreditar!

Contudo, Deus escolhe tudo conforme a Sua vontade. Se eu quisesse ir falar com ela, tinha de o fazer na confusão do refeitório, com centenas de pessoas à volta. Sem qualquer tipo de privacidade.

Desta vez, o orgulho tinha mesmo de ser todo engolido. Desta vez, tinha de ser o mais humilde que possivelmente conseguisse. Desta vez, por favor meu Senhor, tem de me ajudar! Sozinha é impossível!

 

Quando dei por mim estava sentada ao lado dela, a falar, finalmente, após quase 3 anos sem o fazer. Pedi-lhe perdão e disse-lhe que a tinha perdoado. Perguntei-lhe se podiamos voltar a começar do zero. Eu nem queria acreditar no quão amorosa ela estava a ser ao falar comigo. Ela não devia estar mesmo à espera. 

Fizémos as pazes. Contámos piadas acerca da faculdade. Rimos. Prometemos ajudar-nos mutuamente no futuro.

 

Tenho andado nas nuvens desde o almoço. Estou livre!

Contudo, a aventura ainda não acabou. Amanhã tenho de ir confessar-me. Oh, que maravilha de dia vai ser amanhã!

 

Her choice.jpg

 Her Choice - Imagem retirada do Pinterest

 

"Eu vos garanto: se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus,

não entrareis no Reino do Céu».

«Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal".

Eu, porém, digo-vos: todo aquele que ficar com raiva do seu irmão, tornar-se-á réu perante o tribunal. Quem disser ao seu irmão: "imbecil", torna-se réu perante o Sinédrio;

quem chamar ao irmão "idiota", merece o fogo do inferno.

Portanto, se fores até ao altar para levares a tua oferta, e aí te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta aí diante do altar e vai primeiro fazer as pazes com o teu irmão;

depois, volta para apresentar a oferta."

Mateu 5: 20-24

 

"«Ouvistes o que foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!"

Eu, porém, digo-vos: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!

Assim tornar-vos-eis filhos do Pai que está no Céu, porque Ele fez nascer o sol sobre maus e sobre os bons

e fez cair a chuva sobre justos e sobre os injustos.

Pois, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?

Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?

E se cumprimentais somente os vossos irmãos, o que é que fazeis de extraordinário?

Os pagãos não fazem a mesma coisa?

Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está no Céu».

Mateus 5:43-48

Como nos vestir para ir ao banquete do rei

Um destes dias, leu-se na missa uma passagem longa (e complexa a meu ver) do Evangelho segundo São Mateus 22:1-14. Nesta passagem, Jesus fala-nos acerca do reino dos Céus e de como poderemos um dia lá entrar. Como sempre, conta-nos isto através duma parábola.

Um rei preparou um grande banquete nupcial para o seu único filho. Preparou tudo pessoalmente e com a ajuda dos seus servos: o banquete foi servido com o melhor de tudo o que existia, a mesa tinha a melhor decoração, tudo estava iluminado e preparado para receber os convidados. Estava tudo pronto. Esta seria a festa de casamento do filho do rei! Que alegria deve ter sentido este pai!

 

O rei mandou os seus servos irem chamar e convidar várias pessoas para a sua festa. Enviou vários servos a diferentes convidados. Contudo, ninguém quis vir à festa. Todos recusaram. Todos estavam demasiado ocupados com as suas vidas, com os seus afazeres, com os seus problemas e trabalhos, e não tinham tempo para virem festejar com o rei.

Reparem que esta não seria uma refeição qualquer! Seria um banquete para celebrar a união entre o filho do rei e a sua esposa!

 

Na parábola o rei parece que quase suplica pela presença destes convidados, ficando muito triste quando estes o recusaram. Não ficariam vocês, depois de tanto trabalho, de tanta dedicação? E assim o rei viu que os seus primeiros convidados não eram dignos da sua festa. 

 

Contudo, ele não baixou os braços, e voltou a enviar os seus servos. Desta vez convidava todas as pessoas do reino. O rei abriu agora as portas do seu castelo para todos, querendo que todos os homens venham e se juntem a ele, na celebração.

Os servos, diz-nos a passagem, reuniram todos os que encontraram, maus ou bons. Então a sala do banquete encheu-se de vida, de alegria! Que ambiente de festa!

 

O rei porém reparou num homem. Esse homem não estava correctamente vestido para a festa, não tinha o seu fato nupcial como todos os outros. O rei perguntou-lhe porquê, e ele não lhe respondeu, talvez porque não soubesse a resposta.

O rei disse então algo que, admito-vos, eu não estava à espera de ouvir da primeira vez:

 

"Amarrai os pés e as mãos deste homem e lançai-o fora na escuridão; aí haverá choro e ranger de dentes". Porque muitos são os chamados e poucos são os escolhidos».

 

Esta passagem foi lida numa das primeiras missas do sr. novo padre na nossa paróquia. Eu já tinha lido esta parábola sozinha. Achava que tinha compreendido tudo. Mas quando cheguei a esta parte, já no fim, admito-vos que me causou algum medo e incerteza. Talvez porque não compreendia o que significava.

O sr. padre na missa, uma das questões que nos explicou foi acerca do fato nupcial. Que fato tão importante, tão essencial, tão especial, era este, que fez o rei dizer tal coisa?

 

Este fato, explicou-nos o sr. padre, pode representar muita coisa. Segundo São Gregório este fato nupcial representa a e a Caridade. Sem estes dois, não será possível para nós entrarmos no reino dos Céus.

"Cada um de vós, portanto, que, na Igreja, tendes fé em Deus, já tomeis parte do banquete nupcial, mas não podeis afirmar ter a veste nupcial se não preservais a graça da Caridade" (Homilia 38, 9: PL 76, 1287).

 

A leva-nos ao banquete. Pela , somos convidados para a celebração, aceitamos o convite e pudemos entrar no castelo, na sala da festa.

Mas isso não chega, é preciso estarmos vestidos a rigor para podermos participar realmente. É necessário praticarmos também a Caridade, o Amor. Tanto o amor a Deus como o amor ao próximo. Estão são os frutos que nascem da , e através dos quais seremos verdadeiros convidados, mas também participantes na celebração, na festa final do Senhor. 

 

Nós precisamos de agir concretamente neste mundo. Precisamos de exercer um amor prático, uma amor real, um amor visível. Assim como Jesus o fez, ao morrer na Cruz por todos nós. Todos nós: primeiros convidados que recusaram ou os segundos convidados que aceitaram, quer estes sejam bons ou maus.

Mas apesar de todos serem convidados, nem todos poderão um dia participar na festa do Filho de Deus. 

 

Foi graças ao sr. padre que percebi, que o homem que não usa o fato nupcial é o homem que se recusa a amar. Ele está lá, no banquete, mas está só a assistir. Não está a participar. E é por causa disso que o rei lhe diz tais palavras:

 

"Amarrai os pés e as mãos deste homem e lançai-o fora na escuridão; aí haverá choro e ranger de dentes".

 

Que triste me senti por agora ter compreendido. Que triste pensar que algo assim acontecerá às pessoas. São Domingos de Gusmão parece que passava horas na igreja a chorar e a perguntar 'Senhor, o que será dos pecadores?'. Há dias, como hoje, quando finalmente compreendo, que também eu o pergunto e choro.

Acreditemos na misericórdia infinita de Deus.