Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Queridos leitores, estou a entrar naquela fase do semestre da faculdade em que tenho de começar a estudar a sério para os exames finais de ano. Peço-vos as vossas orações para que corra tudo (não bem, mas) consoante a vontade do Senhor. O blog entrará assim em standby a meio do mês de Maio .... mas ainda tenho 2 posts para partilhar convosco, que penso que vos agradarão.
Hoje, compartilho convosco duas citações belíssimas de duas grandes Santas, que tive o prazer de ler (e reler) nesta semana. A Primavera é uma altura de renovação, de renascimento e de reflorescer. Sigamos os passos seguros dos Santos:
"O aprendiz deve pensar de si mesmo como se fosse construir um jardim, no qual o Senhor possa deleitar-se e deliciar-se, ainda que o solo seja bastante infrutífero e cheio de ervas daninhas… (...)
Sua Majestade arrancará as ervas daninhas e irá colocar boas plantas no seu lugar. (...)
Então, nós temos que, com a ajuda de Deus, e como bons jardineiros, fazer com que essas plantas crescem. Temos que regá-las com cuidado, para que não murchem e morram; para que produzam muitas flores, que enviarão a sua bela fragrância para refrescar o nosso Senhor; a fim de que Ele venha muitas vezes ao nosso jardim e nele encontre, entre as nossas virtudes, prazer, agrado e alegria."
Santa Teresa de Ávila
"Se uma pequena flor pudesse falar, parece-me que iria dizer-nos, muito simplesmente, tudo o que Deus tem feito por ela, sem esconder qualquer um dos seus presentes. Não iria, sob o pretexto da humildade, dizer que não era bonita, ou que não tinha um cheiro doce, que o sol tinha secado as suas pétalas ou que a tempestade tinha ferido o seu caule. (...)
O esplendor da rosa e a brancura do lírio não roubam a pequena violeta do seu perfume nem a margarida de seu simples charme. Se cada pequena flor quisesse ser uma rosa, a Primavera perderia todo o seu encanto e beleza. "
Neste 4ªDomingo da Quaresma, queria partilhar convosco um texto que tive a oportunidade de ler nesta semana, e que me tocou profundamente….
Já fiz tantas vezes esta pergunta que já perdi a conta - Porque volto eu a cair nos mesmos pecados que já confessei (tantas vezes!) ??
O sr. padre Juan Ávila Estrada, um fantástico sacerdote colombiano, especializado na área do Matrimónio e da Família - cujos alguns dos seus artigos podem ser lidos aqui – responde-nos maravilhosamente a esta pergunta:
Porque cometemos uma e outra vez os mesmos pecados, apesar de já os termos confessado? Porque costuma ser tão difícil a nossa conversão?
Primeiro, porque ela é uma graça de Deus; segundo, porque a conversão não é uma meta, mas um caminho; terceiro, porque a utilizamos de forma errada.
A compreensão geral que se costuma dar à palavra conversão remete-nos para a correcção que tentamos dar à nossa vida e que nos leva a deixar de fazer o mal, a fim de nos agarrarmos ao bem. Mas isto, que parece tão fácil de dizer, é na prática um exercício cujos resultados nem sempre são os esperados ou desejados.
Partamos do facto de que a conversão não é simplesmente o cessar dos nossos pecados - que neste caso chamarei de “frutos da árvore” - mas é sim o pretender alcançar o fim do Pecado.
Utilizei o termo Pecado com a letra P maiúscula, para que compreendamos que os pecados (as acções quotidianas que deterioram a nossa relação com Deus e que nos levam a ferir a Sua Lei) são a expressão de uma realidade interior que demonstra o quão alterada e danificada está a estrutura da nossa personalidade, o que é visível através das nossas emoções, afectos, entendimento, vontade e liberdade.
O Pecado, atrevo-me a dizer, é aquilo que impulsiona o homem para que, a pouco e pouco, se afaste do plano de Deus e que se faça de si mesmo o arquitecto do seu destino.
Desta maneira, quando pretendemos iniciar um caminho seguro de conversão, as nossas acções tendem apenas a corrigir ou a curar os sintomas duma realidade que está deteriorada desde o interior da suaestrutura. Quando arrancamos os frutos de má qualidade duma árvore, mas não fazemos nada para corrigir a doença que essa planta tem, o resultado desta acção é que continuaremos a colher novos frutos de má qualidade no futuro.
É por isso que costuma acontecer que, na confissão, quando fazemos o nosso exame de consciência, ficamo-nos apenas pelos nossos próprios actos, sem irmos à raiz daquilo que os gerou. Assim, o que fazemos é simplesmente uma poda. Confissão após confissão, repetimos os mesmos pecados uma e outra vez, pecados estes que são produzidos por uma árvore que não pode gerar outra coisa diferente, uma vez que existe uma doença que a afecta desde o seu interior.
A acção curativa e redentora de Cristo no Sacramento da Reconciliação não é apenas capaz de arrancar os frutos de má qualidade – ela é capaz de curar a própria origem do mal. Para isso é necessário que nós reconheçamos o que é que gera as mesmas acções. Toda a acção tem a sua origem numa atitude e “os pecados” têm na verdade a sua génese no “Pecado”.
Jesus vem para destruir o “Pecado” do mundo, Pecado este que se apodera dos indivíduos na forma de “pequenos pecados”. Mas nós não compreendemos isto. Assim, não é estranho que aconteça que confessemos continuamente os frutos duma vida que vem a inclinar-se para o mal há muito tempo, sem deixarmos que a luz da Graça de Deus chegue até à raiz do problema. Se os sacerdotes e os penitentes continuarem apenas a arrancar os maus frutos, o Inimigo voltará a regar a planta que simplesmente brotará igual.
Perante Jesus, não basta expormos os nossos pecados, mas sim o mais íntimo da nossa consciência e da nossa vontade rebelde, que só quer fazer o que mais lhe agrada. A teimosia do nosso coração e o “endeusamento” que fazemos de nós mesmo, fazem-nos esquecer que dependemos completamente do Ser Absoluto que é Deus. Tentamos dar a vida a nós mesmos quando, na verdade, o que nos estamos a dar é apenas a morte.
A minha proposta diante desta realidade é que o exame de consciência que façamos aponte para a análise da origem de todos esses males que cometemos, para assim podermos buscar em Cristo a cura total das nossas doenças, e não só a analgesia para os seus sintomas.
A exposição da nossa vontade rebelde perante o Senhor, fará finalmente que Ele não arranque apenas os maus frutos, mas que inicie um processo de restituição da planta inteira.
Teve início no Domingo passado mais uma Semana de Oração pelas Vocações. Entre os dias 10 e 17 de Abril, a Igreja une-se em oração, pedindo de forma especial ao Senhor que crie novas Vocações nos jovens dos dias de hoje.
A Diocese de Leiria-Fátima criou especialmente para as actividades desta semana um blog, onde podem encontrar inúmeros recursos para celebrarem esta semana:
Para quem gostar música, pode aproveitar esta semana para aprender uma canção nova dedicada às Vocações.
Sugiro também darem um olhinho ao Diário Vocacional, através do qual podem dedicar uns minutinhos do início ou do fim do vosso dia, para lerem uma pequena passagem do Evangelho juntamente com uma mini-mensagem do Santo Padre e uma sugestão de reflexão e oração, para cada dia desta semana.
Como já falei antes, a vida consagrada é um assunto que me é muito querido. Desde que escrevi esse post, Deus tem-me oferecido inúmeras oportunidades para contactar com outros jovens que ponderam seriamente a vida consagrada, como eu. É sempre tão reconfortante identificar no outro as mesmas dúvidas que eu tenho, os mesmos "se" ou "então".... Oh, como é verdadeiramente inspirador conhecer jovens da minha idade que já discerniram a sua vocação e que já começaram o seu caminho seguindo a vontade de Deus!
Acerca deste tema, a SIC realizou recentemente uma belíssima entrevista a alguns jovens seminaristas de Braga (podem ver aqui o vídeo com cerca de 4 min).
Há uns tempos atrás, também a TVI fez uma reportagem fenomenal sobre a escolha da Vida Consagrada no nosso país, entitulada "O Chamamento". Entrevistaram várias jovens freiras e padres, tendo cada um partilhado o seu testemunho maravilhoso, único e incrivelmente inspirador! Podem ver aqui esta fabulosa reportagem (com cerca de 30 min).
Sem dúvida alguma que Jesus é tudo isso e infinitamente mais.
Mas, e que tal Alegre? Contente? Feliz?
E que tal Brincalhão?
Quando foi a última vez que associaram essas palavras à pessoa de Jesus?
Quantas vezes já O imaginaram a sorrir? Quantas vezes já O imaginaram a rir? A rir à gargalhada?
Quantas vezes O imaginaram a brincar com alguém? Com a Sua Mãe, por exemplo – alguma vez O imaginaram a fazer cócegas à Sua Querida Mãe Maria?
Às vezes, noto que retracto Jesus na minha mente com uma face semelhante à maioria das imagens e das pinturas que já vi Dele – com um rosto austero e sério.
No entanto, quando penso bem no assunto, chego à conclusão que Jesus não podia ter tido um rosto assim – pelo menos, não na maior parte do tempo. Não, não acredito que Ele pudesse ter um ar grave e pesado.
Jesus foi um homem real, verdadeiro, vivo, completo, que respirava e que possuía emoções e sentimentos tão como vocês e eu. E apesar de tudo isso, Ele foi perfeito.
Cada sentimento, cada emoção, cada alegria, cada gargalhada, cada lágrima, cada pequena gota de raiva ou de paixão, cada menor e maior dor – Jesus sentiu-as a todas, tal como vocês e eu as sentem na nossa vida. Claro, os Seus sentimentos e emoções eram perfeitos e sempre correctos. Mas Ele sentiu-os. A todos.
Quanto mais aprendo acerca de Jesus, o nosso grande Salvador, mais Deus me mostra como o Seu Amado Filho só podia ser (vou-me atrever a dizer) o homem mais feliz que já esteve neste mundo. Jesus só pode ter sido o homem mais alegre do mundo inteiro!
Jesus deve ter rido muito, deve ter sorriso abundantemente e deve ter dado as gargalhadas mais maravilhosas que a terra alguma vez ouviu… Oh, quantas vezes imagino como terá sido a gargalhada de Jesus – só pode ter sido a gargalhada mais pura, cristalina e melodiosa de todo o sempre!
E penso também que Jesus deve ter sido um grande brincalhão! O facto das crianças se sentirem tão atraídas por Ele deve ser o melhor exemplo disso.
São Mateus [Mt 10:13-15] conta-nos exactamente que:
“Apresentaram-Lhe uns pequeninos para que Ele os tocasse; mas os discípulos repreenderam os que os haviam trazido. Vendo isto, Jesus indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim os pequeninos e não os afasteis, porque o Reino de Deus pertence aos que são como eles. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele.» Depois, tomou-os nos braços e abençoou-os, impondo-lhes as mãos”
Jesus abraçou aquelas crianças!
Conseguem mesmo imaginar um homem de rosto firme e severo e com uma voz grossa e forte a dizer às crianças: “Venham até Mim”
Ele deve ter-Se ajoelhado no chão, com o maior sorriso do mundo, de braços bem abertos e dizendo alegremente: "Deixai vir a Mim os pequeninos!"
Conseguem imaginá-las? Conseguem imaginar um grupo de crianças a correr à gargalhada e de braços abertos em direcção a Jesus? A saltarem sobre Ele, rindo, gritando, fazendo uma autêntica festa? Todas tão felizes por abraçar o Seu grande Amigo?
Esta é a imagem que eu escolho de Jesus – um Homem capaz de tocar profundamente desde o coração das crianças mais pequenas ao coração dos mais sábios dos sábios. Um Homem capaz de mostrar a cada um o verdadeiro rosto – alegre, amoroso, misericordioso – de Deus-Pai e, duma forma simples e humilde, mudar as suas vidas para sempre.
Não há dúvida que o Senhor tem andado a trabalhar profundamente no meu coração nos últimos tempos. Ele encaminhou-me para uma fase da minha vida onde tenho tido diferentes oportunidades para praticar virtudes que ... digamos assim ... tinham sido um pouco esquecidas ultimamente.
Um dia destes deparei-me com a seguinte citação:
"Humility and charity are the two main parts of the spiritual edifice. One is the lowest and the other the highest, and all the others depend on them. Hence, we must keep ourselves well founded in these two, because the preservation of the entire edifice depends on the foundation and the roof." (St. Francis de Sales)
"A Humildade e a Caridade são os dois pilares principais do edifício espiritual. Uma delas é a menor e a outra a maior, e todas as outras dependem delas. Por isso, nós devemos permanecer bem apoiados em ambas, porque a preservação de todo o edifício depende da sua fundação e do seu telhado." (São Francisco de Sales - tradução minha)
Ah, uma citação bonita, certo?
Na verdade, no início não lhe liguei nenhuma .....
Contudo, nos dias seguintes, com a progressão da doença do avô e depois de ler os inspiradores comentários da Teresa, acabei por me lembrar novamente dela ....
"Pensa no pai de Santa Teresinha, e que hoje é santo como ela, Luis Martin: morreu demente... Teresinha disse que não trocava os anos de sofrimento do pai por nada deste mundo! (…)
Sabes que os chamados "advogados do diabo" no processo de canonização de Luis Martin colocaram essa questão: Pode um santo terminar demente? Foi uma bela discussão na Igreja... E o resultado foi claríssimo: claro que sim! Haverá maior humilhação? Luis Martin, nos pequenos momentos de lucidez que tinha antes de entrar em demência profunda, disse a Teresinha, por detrás das grades: "Para agradecer a Deus o dom que me fez de chamar à vida religiosa todas as minhas filhas, ofereci-me como vítima... E Deus aceitou! Eu nunca antes tinha sido humilhado, e agora sou-o mais do que pensei ser possível..." Ah, que grande exemplo de santidade!"
Humildade e Caridade
Ora aí estão as duas virtudes com as quais eu me debato mais frequentemente.
Mas não são elas a base da nossa Igreja? A base do Cristianismo? A base do projecto de Deus para toda a humanidade?
Humildade e Caridade
As duas virtudes que Jesus mais nos exortou a seguir e a praticar nas nossas vidas….
Humildade e Caridade ….
.... as principais virtudes que o mundo já se esqueceu.
O que se chama hoje em dia a uma pessoa que tenta ser humilde??
Burra? Estúpida? Parva?
Fraca? Alguém que se deixa pisar pelos outros?
Ridícula? Retardada? Ultrapassada?
Ou alguém que suspeitamos que pretende ser dissimuladamente melhor que os outros?
Alguém já ouviu falar da Ladainha da Humildade? Sim? Não?
Peço-vos então que oiçam com atenção os pedidos que são feitos a Jesus nesta belíssima oração. Peço-vos que tirem os próximos 5 minutos para apreciem bem a simplicidade e a doce submissão presente na letra da oração, assim como na voz da maravilhosa cantora católica, Danielle Rose:
Litany Of Humility
(The Missionaries of Charity pray this litany each week. May we seek to become humble like little children.)
From the desire of being esteemed,
From the desire of being loved,
From the desire of being extolled,
From the desire of being honored,
From the desire of being praised,
From the desire of being preferred,
From the desire of being approved,
From the desire of being consulted,
Deliver me,
Oh deliver me,
Jesus.
From the fear of being humiliated,
From the fear of being despised,
From the fear of suffering rebukes,
From the fear of being calumniated,
From the fear of being forgotten,
From the fear of being wronged,
From the fear of being ridiculed,
From the fear of being suspected,
Deliver me,
Oh deliver me,
Jesus.
That others be loved more than I,
Others esteemed more than I,
Others increase and I decrease in the world’s eyes,
That others be chosen and I set aside,
Others praised and I unnoticed,
Others be preferred in everything,
That others become holier than I,
Provided that I may become as holy as I should,
Jesus, grant me the grace to desire it.
Meek and humble of heart, Jesus.
Meek and humble of heart, hear us.
Meek and humble of heart, Jesus.
Ladainha da Humildade
Oração tradicional que as Missionárias da Caridade rezam todas as semanas. Que procuremos tornar-nos humildes como as crianças pequenas.
Do desejo de ser estimado,
Do desejo de ser amado,
Do desejo de ser exaltado,
Do desejo de ser honrado,
Do desejo de ser elogiado,
Do desejo de ser preferido,
Do desejo de ser aprovado,
Do desejo de ser consultado,
Livra-me,
Ó livra-me,
Jesus.
Do medo de ser humilhado,
Do medo de ser desprezado,
Do medo de sofrer repreensões,
Do medo de ser caluniado,
Do medo de ser esquecido,
Do medo de ser injustiçado,
Do medo de ser ridicularizado,
Do medo de ser duvidado,
Livra-me,
Ó livra-me,
Jesus.
Que os outros sejam mais amados do que eu,
Que os outros sejam mais estimado do que eu,
Que os outros aumentem e que eu diminua aos olhos do mundo,
Que os outros sejam escolhidos e eu seja colocado de parte,
Que os outros sejam elogiados e eu passe despercebida,
Que os outros sejam preferidos em tudo,
Que os outros se tornem mais santos do que eu,
Desde que eu me torne tão santo quanto deveria,
Jesus, concede-me a graça de desejá-lo.
Manso e humilde de coração, Jesus.
Manso e humilde de coração, ouvi-nos.
Manso e humilde de coração, Jesus.
Lágrimas chegam rapidamente aos meus olhos e facilmente deslizam pela minha face.
Porque choro eu?
Choro porque dói. E dói muito.
Dói porque estou disposta a renunciar-me.
Dói porque custa tanto, mesmo agora, e continuará a custar.
Mas choro também, e principalmente, por causa duma felicidade inexprimível.
Duma alegria inexplicada.
E duma certeza inabalável no infinito Amor e Misericórdia do Senhor.
Há algum tempo que penso em escrever este post, mas tenho vindo a adiar e adiar ... sempre na esperança de que a situação vai melhorar em breve ... mas na verdade, não vai.
O meu avô (aquele com quem nós vivemos) foi diagnosticado com doença de Alzheimer há cerca de 1 ano e meio. O diagnóstico não foi surpresa nenhuma para nós, já conhecíamos os sintomas-chave da doença e estavam todos presentes há algum tempo ... o facto dos diversos exames estarem (quase) normais vieram apenas confirmar este diagnostico (que é sempre de exclusão). Concomitantemente, suspeita-se que o avô tenha também uma demência vascular (que é mais frequente que a doença de Alzheimer) que basicamente acaba por ter os mesmos efeitos... só acelera ainda mais o processo ...
Na semana antes de ir para a Missão País, o estado físico do avô agravou num ápice. Ele vinha a envelhecer bastante fisicamente ao longo do último ano, perdendo rapidamente a mobilidade e a força muscular, principalmente a nível dos membros inferiores. Nessa semana, ele praticamente deixou de conseguir andar. E estava a piorar tanto e tão depressa que, por alguns dias, pensávamos que ele poderia morrer a qualquer momento... Eu estive muito perto de não ir à Missão País - acabei por ir, mas com o coração bastante pesado e na promessa de voltar para casa ao menor sinal de qualquer contrariedade...
O avô neste momento está acamado e continua a definhar a cada dia que passa... e nós perguntamo-nos se ele ainda estará connosco no próximo mês, para celebrarmos os seus 81 anos no dia 3 de Maio ...
Esta situação tem sido especialmente difícil para a avó que, além de ser a principal enfermeira e empregada, de dia e de noite, tem também de ver o seu companheiro de há mais de 50 anos a perder-se e a esquecer-se de tudo e de todos ... e a situação piora a cada dia ... e tem sido tão, tão difícil, tanto física como mentalmente, para os quatro cá em casa, lidarmos com tudo ... É sempre preciso muita ajuda para tratar do avô. Dá imenso trabalho. E além disso, passámos a ter que fazer as imensas tarefas que a avó fazia diariamente... sim, tem sido muito, muito, muito difícil....
Porque escrevo eu isto? Também não sei ...
Achei que estava na hora de vos contar porque, apesar de tentar que este blogue seja um local onde qualquer pessoa possa sair daqui a sentir-se melhor, mais alegre, com mais esperança e fé.... na verdade, esta é a minha vida real - confusa, difícil, imperfeita, dolorosa, cheia de frustrações e de dores de cabeça e de lágrimas e ....
O nosso mundo, tal como o conhecíamos, está a desabar. Já nada será como ontem. Aguarda-nos um futuro desconhecido e imprevisível e que nos mete tanto medo ...
Se não fosse o Senhor... ai, se não fosse pelo Senhor.... Com certeza, todas as pessoas desta casa já tinham desabado ....
Ai se não fosse o Senhor a segurar-nos ...
Louvado seja o Senhor! Louvado seja o Senhor, para sempre!
Só por acção da Divina Providência poderia acontecer que, num dia de especial dor e tristeza cá em casa, tenha literalmente chovido emails, cartas, telefonemas e mensagens de apoio inesperadas de todo o lado! Obrigado Senhor, oh, muito obrigado!