Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Grandes poderes trazem sempre grandes responsabilidades, não é?
Não tem sido nada fácil para mim adaptar-me ao facto de que sou realmente médica e de que agora tenho a vida das outras pessoas nas minhas mãos. Tem sido realmente uma responsabilidade enormíssima!
Quando Deus nos coloca num cargo de poder e responsabilidade, podemos cair no pecado do orgulho e da (ilusória) auto-suficiência, ou então podemos encontrar (como eu desejo que seja o meu caso) uma estrada maravilhosa de humildade, de serviço e de confiança, não no nosso saber ou competência, mas de confiança em Deus, que está sempre connosco em todos os instantes, que guia (se O deixarmos) todos os nossos passos, que sabe o futuro e todos os "se's" de cada pequeno acto ou decisão, e que cuida de nós e dos nossos doentes como só um amoroso Pai o podia fazer...
Há um dizer antigo, uma frase que sinceramente não sei qual o autor, mas que diz algo parecido com:
Hoje tenho tanta coisa para fazer, que tenho de rezar o dobro para conseguir fazer tudo!
E eu tenho-me encontrado nessa situação desde que em Janeiro comecei a trabalhar como médica. Apercebi-me de que precisava, para o meu bem mas principalmente para o bem dos meus doentes e dos meus colegas, de estar em oração pelo menos o dobro do tempo que anteriormente.... mas, para isso, foi necessário fazer diversas renúncias, como já é habitual em todos os pedidos que Deus nos faz....
Lidar quase diariamente com a morte dum doente tem sido uma das partes mais difíceis... verdadeiramente difícil - especialmente difícil porque, em 6 meses de trabalho em enfermarias de medicina, nunca, nem uma única vez, tive um doente que aceitasse ou pedisse para chamar um padre, para se confessar, receber a Sagrada Unção e poder morrer indo directamente para o Céu, sem qualquer pecado que o separasse do amor de Deus ....
Há já algum tempo que uma querida amiga me tinha falado do Terço da Divina Misericórdia e do seu especial poder com as pessoas que estão a morrer. Esta oração, vinda do próprio coração de Jesus, foi-nos transmitido por Santa Faustina e, graças a Deus, tem sido cada vez mais divulgado pelo mundo.
Eu não consigo rezá-lo durante o trabalho ao lado da pessoa que está a morrer, tal como nos é pedido - o serviço de urgência é absolutamente caótico e por cada pessoa que está a morrer, existem pelo menos outras cinco que precisam dos meus cuidados JÁ!! e nas enfermarias há tanto, tanto, tanto trabalho para fazer que nem sequer me lembro ...
Então, que solução encontrei? Passei a rezar o Terço da Divina Misericórdia todos as noites. Foi mais um processo de adaptação, com recuos e dificuldades (tal como tinha sido com o Santo Terço), mas com a nossa boa vontade, a Deus nada é impossível.
Mas afinal como se reza o Terço da Divina Misericórdia?
Usem um Terço normal e comecem por rezar um Pai-Nosso, uma Avé Maria e o Credo.
Depois, em cada conta grande (que corresponderia ao Pai Nosso no Rosário) rezem:
Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade
do Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo,
em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro.
Em cada conta pequenina (que corresponderia às Avés Marias no Rosário) rezem:
Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Por fim, no final do Terço (que corresponderia às 3 Avés Marias em honra da pureza de Nossa Senhora) rezem por 3 vezes:
Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.
Tal como no Rosário, pode-se adaptar um pouco esta oração de acordo com aquilo que o nosso coração nos diz. Para mim, faz todo o sentido rezar, no final de cada conta grande + das 10 contas pequeninas (que corresponderia ao Glória no Rosário), a formula de oração do Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal.
Também dou por mim às vezes a rezar "Pela Tua dolorosa paixão" em vez de "Sua" .... eu gosto mais de rezar para e com Jesus directamente, mas é apenas um gosto pessoal...
Existem, tal como no Rosário de Nossa Senhora, diversas promessas de graças especiais, que Jesus partilhou com Santa Faustina, para quem rezasse estas orações com verdadeiro amor. Vale a pena lê-las com atenção!
Esta é uma oração muito simples e muito rápida, que está ao alcance de todos. Durante o retiro de catequistas da Quaresma passada, houve uma pessoa, um executivo de sucesso, com uma vida particularmente agitada e com uma profissão muito exigente, que partilhou connosco que, diversas vezes ao longo do seu dia, saía no final de cada reunião em direção à casa de banho, e que lá encontrava os minutos, a paz e o silêncio necessário para poder rezar esta rápida mas extraordinariamente eficaz oração.
Como eu disse, quando há boa vontade, a Deus nada é impossível - e abençoada seja a criatividade com que Ele nos dotou!
Eu estava disposta a ir onde quer que o Senhor me quisesse, onde quer que Ele me chamasse....
Eu estava disposta a servir onde Ele me mostrasse que eu era mais precisa ... talvez numa aldeia remota perdida na serra, ou numa cidade movimentada, não interessava - onde Deus me quisesse, eu iria até lá.
Mas Deus .... gosta muito de nos trocar as voltas e de fazer exactamente aquilo que ninguém estava à espera.
Há muitos anos atrás, havia uma pequena rapariga que sonhava ser médica de família (não uma médica qualquer - mas sim médica de família) para poder ajudar e cuidar das pessoas à sua volta: dos amigos da escola e das suas famílias, da vizinha que lhe oferecia flores e da sua família, do senhor simpático da mercearia e da sua família, do professor de natação e da sua família, das professoras da escola e das suas famílias ... A toda a gente que a tinham visto nascer e crescer, ela desejava ardentemente retribuir, servir e cuidar. Ela nunca pensou em ser médica para salvar vidas - isso era para as pessoas crescidas e inteligentes, não para alguém tão pequenina como ela, que só desejava ajudar e cuidar no que pudesse...
Nos últimos meses, em que me tenho preparado para escolher a especialidade médica e o local do país para trabalhar nos próximos anos, tenho perguntado diariamente a Deus:
Onde queres que eu Te sirva? Onde queres que eu sirva os meus irmãos?
A quem queres que eu lave os pés?
A quem queres que eu me dedique? Que eu ame até doer?
A resposta veio finalmente esta semana, clara como a água, após uma série de acontecimentos inesperados....
Aqui mesmo - respondeu-me o Senhor.
Aqui mesmo, pertinho de casa.
Aqui mesmo, à sombra da minha querida paróquia.
Aqui mesmo, junto das pessoas que tu tanto amas ...
É aqui que tu és precisa, é aqui mesmo que Eu quero que tu Me sirvas.
É aqui mesmo, neste pequeno pedaço de terra, te tu terás a possibilidade de te tornares santa!
Chamaste-me, Senhor, aqui estou. Pronta para fazer a Tua vontade!
Alegrem-se comigo, queridos amigos e leitores do blog - o Senhor fez de mim médica de família, num centro de saúde bem perto da minha família e amigos, nesta terra que me viu florescer! Os próximos anos são de muito trabalho, enquanto me preparo, estudando e trabalhando, para ser a melhor médica de família que Deus me ajudar a ser. Por favor, lembrem-se de mim nas vossas orações!
Que este último pequeno post vos suscite a curiosidade de irem ler na íntegra esta belíssima encíclica do nosso querido Papa Francisco
«Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu»
"O próprio Jesus sublinha que este caminho vai contracorrente, a ponto de nos transformar em pessoas que questionam a sociedade com a sua vida, pessoas que incomodam."
"Não pretendamos uma vida cómoda"
"A cruz, especialmente as fadigas e os sofrimentos que suportamos para viver o mandamento do amor e o caminho da justiça, é fonte de amadurecimento e santificação."
"Um santo não é uma pessoa excêntrica, distante, que se torna insuportável pela sua vaidade, negativismo e ressentimento. Não eram assim os Apóstolos de Cristo. O livro dos Atos refere, com insistência, que eles gozavam da simpatia «de todo o povo» (2, 47; cf. 4, 21.33; 5, 13)"
" As perseguições não são uma realidade do passado, porque hoje também as sofremos quer de forma cruenta, como tantos mártires contemporâneos, quer duma maneira mais subtil, através de calúnias e falsidades"
"Outras vezes, trata-se de zombarias que tentam desfigurar a nossa fé e fazer-nos passar por pessoas ridículas."
Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade.
O culto que mais Lhe agrada
"Poder-se-ia pensar que damos glória a Deus só com o culto e a oração, ou apenas observando algumas normas éticas (é verdade que o primado pertence à relação com Deus), mas esquecemos que o critério de avaliação da nossa vida é, antes de mais nada, o que fizemos pelos outros. A oração é preciosa, se alimenta uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus, quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos."
" Quem deseja verdadeiramente dar glória a Deus com a sua vida, quem realmente se quer santificar para que a sua existência glorifique o Santo, é chamado a obstinar-se, gastar-se e cansar-se procurando viver as obras de misericórdia"
Papa Francisco, encíclica Gaudate et exsultate, 90, 92-94, 104, 107
Palavras exigentes do nosso querido Papa Francisco, mas palavras que nos dão de novo vida....
«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus»
"Esta bem-aventurança diz respeito a quem tem um coração simples, puro, sem imundície, pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco. Na Bíblia, o coração significa as nossas verdadeiras intenções, o que realmente buscamos e desejamos"
Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade.
«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus»
"Da nossa parte, é muito comum sermos causa de conflitos ou, pelo menos, de incompreensões. Por exemplo, quando ouço qualquer coisa sobre alguém e vou ter com outro e lho digo; e até faço uma segunda versão um pouco mais ampla e espalho-a. E, se o dano que consigo fazer é maior, até parece que me causa maior satisfação. O mundo das murmurações, feito por pessoas que se dedicam a criticar e destruir, não constrói a paz."
"Não é fácil construir esta paz evangélica que não exclui ninguém; antes, integra mesmo aqueles que são um pouco estranhos, as pessoas difíceis e complicadas, os que reclamam atenção, aqueles que são diferentes, aqueles que são muito fustigados pela vida, aqueles que cultivam outros interesses."
"Trata-se de ser artesãos da paz, porque construir a paz é uma arte que requer serenidade, criatividade, sensibilidade e destreza."
Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade.
Papa Francisco, encíclica Gaudate et exsultate, 83, 87, 89
Palavras tão diferentes daquelas que o mundo nos diz, ou melhor, que nos grita...
«Felizes os que choram, porque serão consolados»
"O mundano ignora, olha para o lado, quando há problemas de doença ou aflição na família ou ao seu redor. O mundo não quer chorar: prefere ignorar as situações dolorosas, cobri-las, escondê-las."
"A pessoa que, vendo as coisas como realmente estão, se deixa trespassar pela aflição e chora no seu coração, é capaz de alcançar as profundezas da vida e ser autenticamente feliz. Esta pessoa é consolada, mas com a consolação de Jesus e não com a do mundo. Assim pode ter a coragem de compartilhar o sofrimento alheio, e deixa de fugir das situações dolorosas. Desta forma, descobre que a vida tem sentido socorrendo o outro na sua aflição, compreendendo a angústia alheia, aliviando os outros. Esta pessoa sente que o outro é carne da sua carne, não teme aproximar-se até tocar a sua ferida, compadece-se até sentir que as distâncias são superadas."
Saber chorar com os outros: isto é santidade.
«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia»
"A misericórdia tem dois aspetos: é dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar, compreender."
"Dar e perdoar é tentar reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e perdoa superabundantemente."
"Jesus não diz «felizes os que planeiam vingança», mas chama felizes aqueles que perdoam e o fazem «setenta vezes sete» (Mt 18, 22). É necessário pensar que todos nós somos uma multidão de perdoados. Todos nós fomos olhados com compaixão divina. Se nos aproximarmos sinceramente do Senhor e ouvirmos com atenção, possivelmente uma vez ou outra escutaremos esta repreensão: «não devias também ter piedade do teu companheiro como Eu tive de ti?» (Mt 18, 33)."
Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.
Papa Francisco, encíclica Gaudete et exsultate, 75-76, 80-82