Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Não posso acreditar! Estou na Terra Santa! Estou mesmo na Terra Prometida!!
Oh, que dom tão grande de Deus!...
A entrada em Nazaré
Reconhecei, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, que, de quantas promessas vos fez o Senhor vosso Deus, nem uma só ficou sem efeito: todas se cumpriram, sem falhar nenhuma.
Josué 23,14b
O tempo de Deus é perfeito, absolutamente perfeito... E não existe uma única promessa que Ele tenha feito, ao longo de toda a nossa história (e História também), que Ele não tenha cumprido ou que não venha a cumprir. Não, não existe uma única que seja, por maior ou menor que tenha sido ...
Estes 6 longos dias de viagem entre as terras do Egipto e da Jordânia só conseguiram inflamar ainda mais, dentro do mim, a minha vontade de chegar à Terra Prometida, onde abundaria leite e mel, graças e bênçãos, amor e felicidade eternas ...
Apercebo-me, ao atravessarmos a última fronteira e ao entrarmos em Nazaré, enquanto as lágrimas abundantes escorrem pelo meu rosto e se misturam com o meu sorriso aberto, o quanto desejo chegar à Terra Prometida - não tanto esta, feita de terra e plantas, animais e pessoas; mas Aquela, oh, Aquela cidade maravilhosa que Deus prometeu a cada um de nós, onde viveremos, para todo o sempre, em plena comunhão de Amor ...
Nazaré
Dei-vos uma terra que não lavrastes, cidades que não edificastes e que agora habitais, vinhas e oliveiras que não plantastes e de cujos frutos vos alimentais.
Josué 24,13
Que Deus é Este, que oferece - que Se oferece - a cada um de nós, com tantas e tantas bênçãos e graças e dons, todas elas absolutamente imerecidas e inalcançáveis...
Que Deus é Este, Todo Poderoso, capaz de criar o céu e a terra, as montanhas e as flores, as células e as moléculas, o som e a luz - por amor a cada um de nós, para nos oferecer estas maravilhas, para que, através delas, O possamos conhecer e amar...
Que Deus é Este, que apesar da nossa infidelidade, ingratidão e abandono - todos os dias, a quase todo o instante - decidiu um dia tornar-Se num indefeso embrião, susceptível, dependente, necessitado, para que, talvez assim, O possamos então amar e deixar que Ele nos ame...
Que Deus é Este, mais valente e corajoso que qualquer herói desta terra ou das histórias dos livros, que arrisca tudo, que oferece tudo, que sacrifica tudo - que Se sacrifica na totalidade - apenas por amor a mim e a ti, apenas para que tu e eu possamos viver ...
Que Deus é Este, que ainda hoje, em todos os cantos desta terra, Se esconde, Se reduz, Se tritura, Se oferece, sob a forma duma pequena hóstia, simples farinha e água, para que nenhum de nós fuja com medo deste Amor tão grande e louco e forte, e para que, assim, possa entrar dentro de nós, nutrindo-nos e alimentando-nos, tornando-Se parte do nosso próprio corpo, e iniciando assim a nossa Comunhão eterna de Amor ...
Partilho convosco outra canção da querida Danielle Rose, que tantas vezes ressoou na minha cabeça durante esta viagem ...
A Love Song From Jesus
Based on Luke 22:14-20, and the Song of Solomon From the perspective of Jesus the Lover
All I want to do is fall in love with you. May I call you my Beloved? You do not know how strong my love is yet.
Hold me in your hands. Kiss me with your lips. Enter into love’s communion
In this Eucharist
You have never known a love like this Do you thirst inside? And my desire is to share this love. My passion will never die.
Hold me in your hands. Kiss me with your lips. Enter into love’s communion
In this Eucharist.
And what if you do not love me in return? I will be standing here alone, With my blood beating in my broken heart, My body broken with love.
Hold me in your hands. Kiss me with your lips. Enter into love’s communion
In this Eucharist
I give you my Blood. I give you my Body. I give you all of my love. Will you take this gift, Or have I not given enough?
Uma canção de amor de Jesus Com base em Lucas 22:14-20 e no Cântico de Salomão Do ponto de vista de Jesus, o Amado
Tudo o que Eu quero é apaixonar-Me por ti Posso chamar-te minha Amada? Tu ainda não sabes o quão forte é o Meu amor
Segura-Me nas tuas mãos Beija-Me com os teu lábios Entra nesta comunhão de amor
Nesta Eucaristia
Tu nunca conheceste um amor como este Tens sede por dentro? E o Meu desejo é partilhar este amor A Minha paixão nunca morrerá
Segura-Me nas tuas mãos Beija-Me com os teu lábios Entra nesta comunhão de amor
Nesta Eucaristia
E se tu não Me amares de volta? Eu permanecerei aqui sozinho, Com o Meu sangue a bater dentro do Meu coração partido, O Meu corpo partido por amor
Segura-Me nas tuas mãos Beija-Me com os teu lábios Entra nesta comunhão de amor
Nesta Eucaristia
Eu ofereço-te o Meu sangue Eu ofereço-te o Meu corpo Eu ofereço-te todo o Meu amor Vais aceitar este presente Ou será que não te dei o suficiente?
É Domingo, dia do Senhor, dia do Amor!
Venham ter com Ele, na Santa Eucaristia, e deixem que Ele vos encha com o Seu tremendo Amor ...
Passámos pouco mais que 2 dias completos na Jordânia e, como tal, não nos foi possível visitar muitos dos locais bíblicos que actualmente se situam dentro do território jordaniano. Eu não fazia a mínima ideia da quantidade de histórias bíblicas que se passaram na actual Jordânia, até a visitar e ouvir o nosso guia Luai enumerá-las...
Aliás, vocês deviam ter visto a minha cara de espanto, quando me apercebi que estes limites e fronteirasactuais, entre a Jordânia e Israel ...
Ou seja, muitas terras que actualmente se localizam na Jordânia, há muitos séculos atrás pertenciam ao reino de Israel. Ora, isso explica muita coisa ...
Em diversas passagens da Bíblia, tinha eu reparado desde o tempo em que li a Bíblia duma ponta à outra durante pouco mais que um ano, volta e meia é-nos falado acerca de Edom e dos edomitas, de Moab e dos moabitas, de Amon e dos amonitas ... São-nos referidos durante a longa viagem do povo hebreu, que atravessa as suas terras, até chegar à Terra Prometida; são-nos referidos durante a conquista das terras do reino de Israel; são-nos referidos também por diversos Profetas, como Ezequiel (que profetiza contra os 3 povos) e Jeremias ... mas quem eram, afinal, estes povos e porque são eles tão referidos?
Se olharmos para o segundo mapa, seguindo o percurso do povo hebreu até à Terra prometida (portanto, de baixo para cima) deparamo-nos primeiro com as terras de Edom, à saída do grande deserto. Os habitantes dessas terras eram os descendentes de Esaú, o filho primogénito de Isaac, que vendeu o seu direito de primogenitura ao seu irmão Jacob por um simples prato de lentilhas ... Devido a esta proximidade com a origem do povo hebreu, o livro do Deuteronómio alertava-os dizendo
Não abominarás o edomita, porque ele é teu irmão (Dt 23,8)
Apesar disso, os edomitas atacaram por diversas vezes o povo israelita, sendo que tanto o Rei Saul como o Rei David lutaram contra este povo. Este povo desapareceu pouco depois da morte do rei Herodes, por volta do tempo de Jesus, tal como o Profetas Ezequiel tinha profetizado
Assim fala o Senhor Deus: «Porque Edom exerceu vingança contra a casa de Judá e se tornou culpado, vingando-se deles, por isso, diz o Senhor Deus: Eis que Eu estendo a minha mão contra Edom e vou exterminar pessoas e animais. Dele farei um deserto.
Ez 25, 12-13a
Depois, temos o reino de Moab, onde residiam os moabitas, que eram descendentes de Lot, sobrinho de Abrãao, que concebeu este povo através da sua filha mais velha. Este povo viveu em paz com o povo hebreu durante longos períodos. Quando penso em moabitas, lembro-me sempre da maravilhosa história de Rute, a moabita, que se tornaria na bisavó do rei David, mulher de tal maneira marcante na história do povo hebreu que por isso chega a ser mencionada na genealogia de Jesus.
Booz perguntou ao seu servo que era supervisor dos ceifeiros: «De quem é aquela jovem?» O servo que era supervisor dos ceifeiros respondeu-lhe : «Esta é a jovem moabita que voltou com Noemi da terra de Moab. Pediu-nos, por favor, que a deixássemos respigar e recolher espigas atrás dos ceifeiros. Ela veio e aqui tem ficado desde manhã até agora, e nem por um pouco foi a casa descansar.»
Rt 2, 5-7
O livro de Rute é um dos meus livros favoritos, tão pequenino mas com tantas lições para nos ensinar...
Por fim, mais a Norte, encontramos os amonitas, das terras de Amon, também eles descendentes de Lot, concebidos numa relação com a sua filha mais nova. Também acerca deste povo, os hebreus são alertados, ao entrarem na Terra Prometida, de que
Irás encontrar-te em frente dos amonitas. Não os ataques nem os provoques, porque não te darei em propriedade nenhuma terra dos filhos de Amon. Foi aos filhos de Lot que a dei em propriedade.
Dt 2, 19
Deus alertou-os para não se meterem com este povo, pagão, que sacrificava bebés e mulheres grávidas em louvor dos seus deuses. O Rei Saul combateu-os, tal como o Rei David. Mesmo assim, o rei Salomão desobedeceu ao Senhor e casou com uma mulher amonita, o que o levou a adorar os seus deuses pagãos e a esquecer-se d'Aquele que tanto amor lhe tinha oferecido na sua juventude ...
Mas voltemos ao rio Jordão, esse rio que, se pudesse, tinha tantas histórias para nos contar...
Apesar de Moisés ter chegado a ver com os seus próprios olhos a Terra Prometida, a partir do topo do Monte Nebo, coube a Josué, herdeiro da nova geração, a tarefa de guiar, comandar e organizar todo o povo hebreu a partir do Monte Nebo e de voltar a conquistar a terra de Canaã, dada a Abrãao pelo Senhor.
O capítulo 3 do livro de Josué conta-nos como foi, para o povo hebreu, a proeza de atravessar as águas a pé enxuto, pela segunda vez na sua história ...
Logo pela manhã, Josué levantou o acampamento e partiu de Chitim com todos os filhos de Israel. Chegados ao Jordão, aí se detiveram antes de o atravessar. Três dias depois, os chefes atravessaram o acampamento e deram ao povo esta ordem: «Quando virdes a Arca da aliança do Senhor vosso Deus, conduzida pelos sacerdotes levitas, deixareis o vosso acampamento e pôr-vos-eis a caminho atrás dela.
Josué disse, então, ao povo: «Santificai-vos, porque amanhã o Senhor vai fazer coisas maravilhosas no meio de vós.»
O Senhor disse a Josué: «Hoje começarei a exaltar-te na presença de todo o Israel, para que se saiba que, assim como estive com Moisés, assim estarei também contigo. Hás-de ordenar aos sacerdotes que levam a Arca da aliança: ‘Quando chegardes ao Jordão, deter-vos-eis junto das suas águas.’»
Então, o povo, dobrando as suas tendas, preparou-se para passar o Jordão com os sacerdotes que caminhavam diante dele, transportando a Arca. Quando chegaram ao Jordão, e os pés dos sacerdotes que transportavam a Arca entraram na água da margem do rio – de facto, o Jordão transborda e alaga as suas margens durante todo o tempo da ceifa - então, as águas que vinham de cima pararam e amontoaram-se numa grande extensão, até perto de Adam, localidade situada nas proximidades de Sartan; as águas que desciam para o mar da Arabá, o Mar Salgado, essas ficaram completamente separadas.
E o povo atravessou o rio em frente de Jericó. Os sacerdotes que transportavam a Arca da aliança do Senhor conservaram-se de pé, sobre o leito seco do Jordão, e todo o Israel o atravessou sem se molhar. Permaneceram ali até todo o povo ter acabado de atravessar o Jordão.
Js 3, 1-3; 5; 7-8; 14-17
Com Moisés, o povo atravessou as águas do Mar Vermelho, deixando para trás a escravatura do Egipto; com Josué, as águas do rio Jordão, deixando para trás, finalmente, a idolatria aprendida no Egipto...
Com Moisés, a nuvem do Senhor ía à frente do povo, indicando o caminho; com Josué, é a Arca da Aliança que lhes abre o caminho através das profundas águas das dúvidas e dos medos....
Tais feitos extraordinários só foram possíveis através de alguém com uma Fé forte e inabalável, tal como a de Moisés, tal como a de Josué. Aliás, o livro de Josué terminará com uma das passagens mais queridas às Famílias de Caná
Eu e a minha família serviremos o Senhor (Js 24,15)
Alguém consegue identificar que episódio bíblico aconteceu aqui? - pergunta-nos o Luai.
Duas pessoas a atravessar um rio ... no céu, uma carruagem puxada por cavalos, envolta em fogo... um homem de joelhos a clamar aos céus ... Oh, sim, pois claro! É o arrebatamento do Profeta Elias até ao Céu!
Aconteceu que, quando o Senhor quis arrebatar Elias ao céu, num redemoinho, Elias e Eliseu partiram de Guilgal.
Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me a Betel.» Mas Eliseu respondeu-lhe: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E desceram ambos a Betel.
Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me a Jericó.» Ele respondeu: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E, assim, chegaram a Jericó.
Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me ao Jordão.» Mas Eliseu respondeu: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E partiram juntos.
Elias tomou o seu manto, dobrou-o e bateu com ele nas águas, que se separaram de um e de outro lado, de modo que passaram os dois a pé enxuto. Tendo passado, Elias disse a Eliseu: «Pede o que quiseres, antes que eu seja separado de ti. Que posso fazer por ti?» Eliseu respondeu: «Seja-me concedida uma porção dupla do teu espírito.» Elias replicou: «Pedes uma coisa difícil. No entanto, se me vires quando estiver a ser arrebatado de junto de ti, terás aquilo que pedes; mas, se não me vires, não o terás.»
Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que, de repente, um carro de fogo e uns cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho. Eliseu viu tudo isto e exclamou: «Meu pai, meu pai! Carro e condutor de Israel!» E não o voltou a ver mais.
2 Rs 2, 1-2; 4; 6; 8-12
Elias é conhecido como sendo o pai dos profetas, um dos primeiros sobre quem o Salmista canta
Esta é a geração dos que O procuram,
dos que buscam a face do Deus de Jacob.
Sl 24, 6
Elias foi chamado por Deus numa das (diversas) alturas em que o povo hebreu se começava a esquecer do Senhor. A sua missão não foi nada fácil. Foi chamado, tal como anos mais tarde também João Baptista, a ir falar com o Rei e a ter coragem para lhe dizer, clara e publicamente, todos os seus pecados .... o que, claro, não foi nada bem recebido.
Claro que foi perseguido, claro que o tentaram matar, claro que foi obrigado a fugir para preservar a vida ...Tal como acontece até aos dias de hoje a todos nós, cristãos e católicos; mas a "morte" que nos procuram dar, quando proclamamos aquilo que é a Verdade, hoje em dia é diferente, é de outro estilo: "morte" por difamação e, especialmente, "morte" por ridicularização ... Sejamos corajosos para a enfrentar!
O Profeta Elias encontrou refúgio na casa duma pobre viúva e do seu filho único, que se preparavam para tomar a sua última refeição... mas que belo hotel me encontraste, Senhor!
Uma mãozinha de farinha, umas gotas de azeite, era tudo o que tinham e ainda assim ofereceram-no ao Senhor - que lição tão grande e rica para todos nós ...
Elias, que chega a desafiar e vencer os 450 feiticeiros mais poderosos de Baal à frente do Rei, foge logo a seguir com medo da promessa de vingança de uma única mulher, Jezabel ... Záaas! passa do orgulho à humildade, em menos de nada.
Fugindo, Elias acaba por vaguear no deserto - o mesmo deserto que o povo hebreu tinha atravessado séculos antes - chegando até ao topo do monte Sinai, o mesmo monte onde Moisés conversou com Deus como um amigo, durante 40 dias e noites, até receber as tábuas dos Mandamentos....
Neste monte, Elias tentará esconder-se - de si mesmo, da sua própria cobardia, ou de Deus? - numa gruta escavada na rocha, mas nem aí consegue fugir da paixão que arde no seu coração ...
Tendo chegado ao Horeb, Elias passou a noite numa caverna, onde lhe foi dirigida a palavra do Senhor: «Que fazes aí, Elias?»
Ele respondeu: «Estou a arder de zelo pelo Senhor, o Deus do universo, porque os filhos de Israel abandonaram a tua aliança, derrubaram os teus altares e assassinaram os teus profetas. Só eu escapei; mas também a mim me querem matar!»
11O Senhor disse-lhe então: «Sai e mantém-te neste monte, na presença do Senhor; eis que o Senhor vai passar.»
Nesse momento, passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante do Senhor; mas o Senhor não se encontrava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o Senhor. Depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna.
Disse-lhe, então, uma voz: «Que fazes aqui, Elias?» Ele respondeu: «Ardo em zelo pelo Senhor, Deus do universo, porque os filhos de Israel abandonaram a tua aliança, derrubaram os teus altares e mataram os teus profetas. Só eu escapei; mas agora também me querem matar a mim.»
O Senhor disse-lhe: «Vai e volta pelo caminho do deserto, em direcção a Damasco.
1 Rs 19, 9-15
Porque foi Elias arrebatado aos Céus num carro de fogo?
Ora, um profeta que passou toda a sua vida a arder de zelo pelo Senhor, Deus do Universo, não podia ser recebido nos Céus de outra forma que não arrebatado num carro de fogo, pois não?
Conseguem ver a igreja lá ao fundo? É aí que se acredita que o profeta Elias foi arrebatado até aos Céus.
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que Jacob lutou durante toda a noite com o anjo do Senhor ...
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que o Rei David mandou que colocassem Urias, o hitita, em plena frente de batalha, para que morresse, e assim pudesse casar com a sua esposa, Betsabé ...
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que, anos mais tarde o Rei David se refugiou, fugindo do seu próprio filho Absalão que o tentara matar ...
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que o rei Herodes mandou decapitar João Baptista, a mando dum puro capricho duma jovem ...
Também foi aqui ...
Oh, havia ainda tanto para contar ...
Mas o nosso autocarro chega finalmente à fronteira com Israel.
Está na altura de seguirmos caminho; está na altura de entrarmos na Terra Prometida ...
Partimos do Monte Nebo e chegamos a Betânia da Jordânia - e está tanto, tanto calor!
É preciso deixarmos para trás o conforto do ar condicionado do nosso autocarro, respirar fundo uma última vez e mergulhar na onda de calor. Ao fim de 6 dias de peregrinação, continuo sem me conseguir habituar ao calor tão intenso e sufocante (duvido muito que alguma vez consiga). Mas estamos em Betânia da Jordânia! E tantas coisas importantes aconteceram aqui ...
Naqueles dias, apareceu João, o Baptista, a pregar no deserto da Judeia. Dizia: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» Iam ter com ele os de Jerusalém, os de toda a Judeia e os da região do Jordão, e eram por ele baptizados no Jordão, confessando os seus pecados.
Disse-lhes: «Eu baptizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de Lhe descalçar as sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo.»
Mt 3, 1-2; 5-6; 11
Disseram [a João]: «Quem és tu, para podermos dar uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?». Ele declarou:
‘«Eu sou a voz de quem grita no deserto:
Rectificai o caminho do Senhor’,
como disse o profeta Isaías.»
Ora, havia enviados dos fariseus que lhe perguntaram: «Então porque baptizas, se tu não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo com água, mas no meio de vós está Quem vós não conheceis. É Aquele que vem depois de mim, a Quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias.»
Isto passou-se em Betânia, na margem além do Jordão, onde João estava a baptizar.
Jo 1, 22-28
Foi aqui, aqui mesmo, neste lado da margem do rio Jordão que agora pertence à Jordânia, que São João começou a baptizar o povo de Deus. Em tempos, as águas do rio Jordão chegavam até aqui; agora, temos de andar largos minutos a partir deste local, até chegarmos perto da água do rio...
A foto de cima mostra as ruínas de uma das primeiras igrejas aqui construídas, inicialmente sobre as águas do rio. Desde cedo, peregrinos de todo o mundo vieram até este local, a fim de serem baptizados nas águas do rio Jordão, e assim foram sendo construídas diversas igrejas perto destas águas, tal como o mosaico da foto de baixo nos mostra.
Ainda hoje, muitos cristãos vêm aqui de propósito para se baptizarem nas águas do rio Jordão - como, aliás, estava a acontecer, no lado israelense do rio Jordão, quando aqui chegámos. Quase que me apetecia gritar-lhes: Pessoal, enganaram-se! Leiam lá bem a Bíblia - foi deste lado do rio, não desse ...
Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou.
Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.»
Mt 3, 13-17
No dia seguinte, ao ver Jesus, que se dirigia para ele [João], exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É Aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um Homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.’ Eu não O conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.»
E João testemunhou: «Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele. E eu não O conhecia, mas Quem me enviou a baptizar com água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires descer o Espírito e poisar sobre Ele, é o que baptiza com o Espírito Santo’. Pois bem: eu vi e dou testemunho de que Este é o Filho de Deus.»
Jo 1, 29-34
Tenho de ser sincera convosco e admitir que fiquei um pouco desiludida quando finalmente vi o rio Jordão - a água era verde e suja e não cheirava propriamente bem ... mas a Igreja diz-nos que se trata de água abençoada e portanto toca a benzer-nos com ela!
Fez-me lembrar do meu processo de aceitação do Mistério da Sagrada Eucaristia - a hóstia consagrada não parece nada ser o corpo de Jesus, mas Jesus (e por isso a Igreja também) disse-nos que é, mesmo, realmente, apesar dos nossos olhos não verem nada de diferente naquela pequena hóstia ...
"Padre Miguel, podemos renovar as nossas promessas de Baptismo aqui?" - pergunto eu.
"Não!" - é a resposta bem enfática. Por esta é que eu não esperava ...
Na verdade, iríamos sim renovar as nossas promessas de Baptismo, uns dias mais tarde, na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, junto do local onde Jesus foi crucificado e junto do local onde Ele ressuscitou.
Mas porquê???... Estava na altura de mais uma catequese
Ora, o baptismo que João realizava no rio Jordão era um baptismo de conversão, de arrependimento, de penitência. Quando alguém desejava e aceitava ser baptizado por João, estava a reconhecer os seus pecados perante Deus (e também publicamente). A água do baptismo de João pretendia representar a lavagem das nossas impurezas e a preparação para uma vida nova, um novo nascimento ...
Este baptismo foi importante, sim, porque serviu como preparação para o verdadeiro Baptismo, que Jesus nos ofereceria mais tarde. Este baptismo pretendia ser um sinal para algo maior e mais profundo que iria acontecer em breve.
João, como protótipo dos fiéis que tentam sempre escutar e fazer a vontade de Deus, sabia disto tudo e é por esta razão que fica bastante atordoado quando vê Jesus na fila dos que se querem baptizar, na fila dos pecadores. É por isso que João tenta opor-se a baptizar Jesus naquelas águas. Então, diz ele, «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» - oh, quantas e quantas vezes ficamos também nós atordoados com a humildade de Deus ...
Não se baralhem, Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, jamais pecou. Em tudo Ele foi semelhante a nós na Sua vida terrena, em absolutamente tudo - excepto no pecado. Assim, é óbvio que Ele não precisava de passar por um baptismo de conversão e arrependimento ...
Mas, ainda assim, fê-lo. Porquê? Pelo menos, por duas razões.
Quando Jesus aceitou tornar-se homem, Ele assumiu, voluntariamente, a nossa carne, a nossa natureza humana, a nossa natureza pecadora. Assim, pergunto-vos, quando Jesus foi imergido nas águas do rio Jordão, quem é que afinal foi baptizado naquela altura? Ele ou nós, o homem velho, o velho Adão, ou seja, toda a humanidade?
Este baptismo simbolizava a preparação para o início duma nova vida, lembram-se? E foi apenas depois de ter sido baptizado por João, que Jesus iniciou o Seu ministério, a Sua pregação, a Sua missão - e, assim, o início da nossa nova vida.
Além disso, foi depois de Jesus ser baptizado que o Espírito Santo se manifestou e a voz do Pai se fez ouvir, «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado».
Então, quando é que o Sacramento do Baptismo foi instituído?
Na Cruz!
Quando, do coração aberto de Jesus, foi derramado sangue e água. Esse é o verdadeiro Baptismo, que não só nos purifica totalmente dos nossos pecados como (que grande mistério este!) nos torna verdadeiros filhos de Deus!
Como não podia deixar de ser, as canções da minha querida Danielle Rose acompanharam-me em toda esta peregrinação à Terra Santa. Assim, partilho convosco a canção que ela compôs para o 1º Mistério Luminoso do Terço, o baptismo de Jesus no rio Jordão.
Behold the Lamb of God
From the perspective of John the Baptist
(Matthew 3:13-17, Mark1:9-11, Luke 3:21-22, John 1:19-34, 4:29-30)
It is I who need you, and yet you come to me. I must grow smaller, so you will increase. God said, “This is my Beloved Son, with whom I am well pleased.” So this joy of mine has been made complete.
I was buried with you in the water, but I rose again gasping to take a new breath. Drowned by your grace on the altar, I drink of your cup, I drink of your death.
Behold the Lamb of God. Behold the Lamb of God, Who takes away the sin of the world. Behold the Lamb of God.
The veil shrouding heaven was torn from my eyes, Then a waterfall of grace tumbled down from the sky. The Spirit swirled ‘round with wings white as a dove, Descending upon the Father’s Beloved.
We were buried with you in the water, but we rose again gasping to take a new breath. Drowned by your grace on the altar, we drink of your cup, we drink of your death.
I am not worthy. I am not worthy to touch your feet. I am not worthy to receive you, But only say the word and I shall be healed!
Eis o Cordeiro de Deus
A partir da perspectiva de João Baptista
(Mt 3:13-17, Mc 1:9-11, Lc 3:21-22, Jo 1:19-34, 4:29-30)
Sou eu que preciso de Ti e, no entanto, és Tu que vens até mim Eu devo decrescer, de modo a que Tu aumentes. Deus disse: “Este é o meu Filho Amado, em Quem Eu muito Me comprazo”. Então esta minha alegria ficou completa.
Fui enterrado conTigo na água, mas levantei-me desejoso dum novo fôlego Imergido pela Tua graça no altar, eu bebo do Teu cálice, eu bebo da Tua morte.
Eis o Cordeiro de Deus. Eis o Cordeiro de Deus Que tira o pecado do mundo. Eis o Cordeiro de Deus.
O véu que cobria o céu foi arrancado dos meus olhos, E assim uma cascata de graças desceu dos Céus. O Espírito Santo girou com umas asas brancas como uma pomba, Descendo sobre o Amado do Pai.
Nós fomos enterrados conTigo na água, mas levantamo-nos desejosos dum novo fôlego Imergidos pela Tua graça no altar, nós bebemos do Teu cálice, nós bebemos da Tua morte.
Eu não sou digno. Eu não sou digno de tocar nos Teus pés. Eu não sou digno de Te receber Mas dizei apenas uma palavra e eu serei salvo!
O povo hebreu tem andado pelo deserto desde há 40 anos ... e parece que nunca mais chega à Terra Prometida. Ainda se lembram de quantas pessoas é que saíram do Egipto?
Durante 40 anos, depois de tirar o povo do Egipto, Deus tem tentado tirar o Egipto do coração, da mente, da alma e do corpo daquele povo que tanto amava, a fim de os tornar verdadeiramente livres.
Não tem sido tarefa fácil para o Senhor ... volta e meia (ou melhor dizendo, a cada nova página do livro do Êxodo, dos Números e do Deuteronómio) o povo revolta-se e começa a murmurar contra o Senhor e contra as circunstâncias que o próprio povo escolheu e aceitou...
Então o povo começou a murmurar contra Moisés, inquirindo: “Que haveremos de beber?
Ex 15,24
Ali o povo teve sede de água, e murmurou contra Moisés, dizendo: «Porque nos fizeste subir do Egipto para nos fazer morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e ao nosso gado?»
Ex 17, 3
Os filhos de Israel puseram-se a chorar, dizendo: «Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos do peixe que comíamos de graça no Egipto, dos pepinos, dos melões, dos alhos porros, das cebolas e dos alhos. Agora, a nossa garganta está seca; não há nada diante de nós senão maná.»
Nm 11, 4b-6
Levantou-se toda a assembleia a gritar e o povo chorou toda essa noite. Murmuraram contra Moisés e contra Aarão todos os filhos de Israel, dizendo consigo toda a assembleia: «Antes tivéssemos morrido na terra do Egipto ou mesmo neste deserto. Porque nos fez sair o Senhor para esta terra a fim de nos matar à espada? As nossas mulheres e as nossas crianças serão humilhadas. Não nos seria melhor voltar para o Egipto?»
Nm 14, 1-3
Do monte Hor, os israelitas partiram pelo caminho do Mar dos Juncos para contornar a terra de Edom, mas cansaram-se na caminhada. O povo falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizestes subir do Egipto? Foi para morrer no deserto, onde não há pão nem água, estando enjoados com este pão levíssimo?»
Nm 21, 4-5
Talvez por também eu ser refilona, tendo a simpatizar com os "refilanços" do povo hebreu.
Na verdade, as suas murmurações parecem-me legítimas - passam por locais onde não há água, não há pão, não há carne nem peixe; caminham quilómetros e quilómetros com os seus filhos, as suas tendas e todos os seus pertencem às costas, sem saberem bem o caminho, nem que perigos os esperam do outro lado dos montes que vão percorrendo; passam 40 anos a comer o mesmo tipo de pão, o maná (pois claro que já não o podiam ver à frente!); passam por diversas terras onde os habitantes os tentam matar e apoderar-se das suas poucas posses ...
Jesus dirá e ensinar-nos-á, séculos e séculos mais tarde
Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á.
Lc 11, 9-10
A diferença, é que há formas e formas de pedir ...
Todos os "filhos de Israel" que saíram do Egipto foram morrendo ao longo da sua longa peregrinação pelo deserto. Nenhum deles chegou a entrar na Terra Prometida - nem mesmo Moisés. Estes 40 anos foram importantes para que ocorresse uma nova geração neste povo, que novas crianças nascessem e crescessem, longe do poder e da influência do Egipto. Serão estas crianças, agora adultas e com as suas próprias famílias, que lutarão por chegarem, finalmente, à Terra Prometida pelo Senhor, Deus de Abrãao, de Isaac, de Jacob, de Moisés ...
E, tal como ao povo hebreu, também a nossa peregrinação nos leva até ao topo do Monte Nebo
Moisés subiu das planícies de Moab ao monte Nebo, ao cimo do Pisga, que está em frente de Jericó. O Senhor mostrou-lhe toda a terra, desde Guilead até Dan, todo o Neftali, o território de Efraim e de Manassés, todo o território de Judá até ao mar ocidental, o Négueb, o Quicar, no vale de Jericó, cidade das Palmeiras, até Soar.
O Senhor disse-lhe: «Esta é a terra que jurei dar a Abraão, Isaac e Jacob. Dá-la-ei à vossa descendência. Viste-a com os teus olhos, mas não entrarás nela.»
E Moisés, o servo de Deus, morreu ali, na terra de Moab, por determinação do Senhor. Foi sepultado num vale da terra de Moab, defronte de Bet-Peor, mas ninguém até hoje soube do lugar da sua sepultura. Moisés tinha cento e vinte anos quando morreu; a sua vista nunca enfraqueceu e o seu vigor nunca se esgotou.
Dt 34, 1-7
Terá sido neste vale, que se vê do cimo do Monte Nebo, que o corpo de Moisés foi sepultado, mas até hoje, por mais escavações que têm sido feitas, ninguém ainda o encontrou...
O Monte Nebo é o local onde Moisés pôde avistar, pela primeira e última vez, a Terra Prometida por Deus, a terra onde correria leite e mel (de tâmaras)...
A primeira igreja aqui construída terá sido por volta do séc. IV d.C., exactamente por este ter sido o local onde Moisés viu a Terra Prometida e onde pode finalmente repousar após o seu longo êxodo. Os restos desta igreja foram descobertos apenas em 1933 e têm sido lentamente recuperados pelos Franciscanos responsáveis pela Custódia da Terra Santa.
Logo à entrada deste local sagrado, somos recebidos por um escultura bastante peculiar. Ora, digam-me lá o que veem? O que vos parece ser?
Conseguem ver o contorno dum rosto de homem, talvez Moisés, sim?
Mas se chegarmos mais perto, veremos que, de outra perspectiva, começa a parecer-nos um livro aberto...
E vemos os bustos de Abrãao, Isaac, Jacob, assim como de profetas como Isaías e Jeremias, por cima do nome de diversos livros do Antigo Testamento...
Logo ali ao lado, encontramos uma grande rocha, em tempos usada para tapar a entrada dum túmulo aqui nas terras da Jordânia, que conseguiu permanecer inteira até aos dias de hoje. Esta rocha deverá ser bastante semelhante àquela que foi colocada à entrada do túmulo de Jesus - conseguem perceber quão grande é? É enorme! Deve ser pesadíssima ...
Bem que ficaram todos tão espantados quando viram a pedra deslocada no terceiro dia após a morte de Jesus e o Seu túmulo vazio (que, em apenas alguns dias, também nós veríamos!!)
Estava eu a imaginar a cena da descoberta do túmulo vazio, quando os meus olhos captam algo que eu não estava nada à espera de encontrar ... O que é aquilo? Parece-me ... poderá ser? Sim, é mesmo!
Do monte Hor, os israelitas partiram pelo caminho do Mar dos Juncos para contornar a terra de Edom, mas cansaram-se na caminhada. O povo falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizestes subir do Egipto? Foi para morrer no deserto, onde não há pão nem água, estando enjoados com este pão levíssimo?»
Mas o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que mordiam o povo, e por isso morreu muita gente de Israel.
O povo foi ter com Moisés e disse-lhe: «Pecámos ao protestarmos contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor para que afaste de nós as serpentes.» E Moisés intercedeu pelo povo.
O Senhor disse a Moisés: «Faz para ti uma serpente de bronze e coloca-a num poste. Sucederá que todo aquele que tiver sido mordido, se olhar para ela, ficará vivo.»
Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e fixou-a sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, vivia.
Num 21, 4-9
Mesmo quando veio sobre eles a terrível fúria das feras,
e pereciam pela mordedura das serpentes sinuosas,
a Tua ira não durou até ao fim.
Para sua correcção, foram atribulados por pouco tempo,
mas tinham um Sinal de salvação
para lhes recordar os mandamentos da Tua Lei.
Quem se voltava para ela [serpente de bronze] era curado,
não pelo que via,
mas por Ti, Salvador de todos.
Sb 16, 5-7
Acreditem, eu fiquei largos minutos, de boca aberta, simplesmente a contemplar esta escultura, que tanto me falou ao coração ...
Disse Jesus: «Ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que Nele crê tenha a vida eterna.
Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que Nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.»
Jo 3, 13-17
Nem a história das serpentes venenosas e da serpente de bronze, nem este discurso de Jesus, se passaram exactamente neste local, mas eu fiquei absolutamente extasiada ao ver esta enorme escultura de metal - que não é propriamente bonita, eu sei, mas é tão significativa! - ao ver a maneira como o artista italiano, Giovanni Fantoni, conseguiu entrelaçar tão bem estas passagens, que sempre me falaram tanto ao coração!
Também nós, quando nos deixamos levar pelo veneno do pecado, basta que levantemos os olhos, apesar da dor e da vergonha, e olhemos para Aquele que nos quis voluntariamente dar todo o Seu Amor e Perdão, para que nós fossemos curados e salvos e assim vivêssemos, junto d'Ele, para todo o sempre...
Está na hora da missa. Jesus está mesmo ali, à nossa espera, para nos dar uma nova vida.
O Santuário, erguido sobre as ruínas da primeira igreja do séc. IV d.C., serve simultaneamente de igreja e de museu, e é ali mesmo que temos oportunidade de celebrar uma das Eucaristias mais simples mas mais bonitas e transformadoras que eu alguma vez tinha tido a oportunidade de participar ...
Ali estávamos nós, um grupo de portugueses, a falar uma língua diferente, num canto do Santuário a celebrar a Santa Missa. E, quando damos por isso, quase todos os turistas tinham parado a meio a sua visita das descobertas arqueológicas ali expostas e tinham-se sentado nos bancos, assistindo e participando na Missa connosco! Oh, louvado seja Deus!
Tanto o nosso 4º como 5º dia de peregrinação estão bastante enublados na minha memória, principalmente devido à valente gastroenterite que nos assolou ... Foram os dias em que saímos do Egipto, atravessámos a fronteira e entrámos na Jordânia. Eu sinceramente só me lembro das náuseas, do mal estar geral, das cólicas intensas, da diarreia interminável e do calor, oh o calor húmido, tão intenso e difícil de suportar, que quase não nos permitia respirar ... Sim, foram dias bem difíceis...
Apesar disso, na Jordânia, fomos calorosamente recebidos pelo nosso novo guia jordaniano, Luai, que tinha um maravilhoso sentido de humor. Oh, Deus abençoou-nos muito com todos os guias que escolheu para a nossa peregrinação!
Ao longo dos dias e das viagens, o Luai, além de partilhar muito do seu conhecimento arqueológico, histórico, cultural e político, foi-nos abrindo aos poucos o seu coração e contando a sua história de vida.
Ele nasceu numa família muçulmana praticante mas a sua juventude levou-o a afastar-se bastante da sua religião ... o que não correu nada bem, claro. Com a idade (e com as dificuldades da vida), aos poucos o Luai foi-se aproximando de novo do Deus a que ele chama Alá e da religião dos seus pais e irmãos, o Islão, que hoje vive em pleno.
Sabem, eu nunca tinha ouvido um muçulmano falar de Jesus. Não estava, de todo, preparada para o enorme respeito e admiração com que o Luai nos falaria de Jesus - um dos Profetas mais importantes no Islamismo, pelo o que ele nos contou - e muito menos de Maria! Sim, pelos vistos, as mães são muitíssimo valorizadas na religião Islã, e a Mãe de um dos principais Profetas não é excepção...
Mas, apesar de tudo, parece-me que o Islão, tal como o Judaísmo, é daquelas religiões que apenas percebeu uma parte da mensagem de Deus à humanidade por Ele criada e tão, tão amada ... Sim, parece que não a compreenderam por completo, em pleno, na totalidade... Deixaram "escapar" muitas coisas importantes e uma delas, parece-me, é que Deus não deseja ser conhecido como o Deus da Vitória, nem do Poder, nem do Sucesso, nem da Glória, nem da Vingança ... mas quer, sim, ser conhecido (intimamente conhecido, por cada um de nós) como o Deus que é Amor, Misericórdia, Bondade, Humildade, Perdão ...
Uma das coisas que eu ouvia os outros peregrinos a comentarem, ao longo da nossa viagem, era o quanto lhes incomodava ouvirem, cinco vezes ao longo do dia, o bem audível chamamento religioso das mesquitas locais (o Salat)...
Até hoje, continuo sem saber dizer bem se vi mais mesquitas no Egipto ou na Jordânia (a meu ver, havia uma em cada esquina em ambos!), mas nestes dois países, este longo e audível chamamento estava sempre presente, onde quer que fossemos, aonde quer que tivéssemos...
O primeiro chamamento do dia ocorria bem antes do sol nascer, o que, nestes países, acontecia por volta das quatro e meia da manhã e depois às cinco e meia (e garanto-vos que acordava toda a gente!). O segundo, ao meio dia; o terceiro, por volta das quatro da tarde; o quarto pelas dezoito ou dezanove horas e o último, uma hora e meia depois do pôr do sol, ou seja, por volta das vinte e duas horas.
Para mim, este chamamento era bastante bem-vindo - porque lembrava-me sempre da principal razão da minha peregrinação - rezar!
Mar Morto, lado jordaniano
A minha maior admiração foi, contudo, descobrir que a maioria dos peregrinos não fazia ideia que também nós, católicos, somos chamados a rezar várias vezes por dia, seguindo a Liturgia das Horas (ou Ofício Divino). Sim, é mesmo verdade: também nós somos chamados a largar, por breves momentos, a nossa cama quentinha e fofa, o nosso trabalho diário, as nossas refeições, as nossas tarefas, a nossa noite; e elevar o nosso coração, nem que por breves instantes, até junto de Deus, agradecendo-Lhe e louvando-O por todas as bênçãos que continuamente recebemos, e pedindo-Lhe o auxílio necessário para fazermos santamente todas as actividades da nossa vida - tal como vemos acontecer logo no livro dos Actos dos Apóstolos!
Chamam-se Laudes- a primeira oração da manhã, em que oferecemos o nosso novo dia ao Senhor; Hora Intermédia- a oração a meio do nosso dia de trabalho, para nos fazer lembrar da verdadeira razão pela qual fazemos tudo; Vésperas- a oração do final da tarde, em que agradecemos ao Senhor pelo nosso dia; e, por fim, Completas- a oração da noite, antes mesmo de ir para a cama, fazendo o nosso exame de consciência.
Mar Morto, lado jordaniano
Também estas devem ser orações públicas e comunitárias, tal como ainda hoje acontece nos conventos, nos mosteiros e em diversas igrejas, tanto grandes como pequeninas, espalhadas pelo mundo ... mas, como isso raramente é possível nas nossas vidas agitadas, a Igreja permite-nos que façamos estas orações duma forma mais isolada e interiormente.
E as orações que somos convidados a ir fazendo ao longo do dia, têm de ser sempre fixas e estruturadas e lidas dum livro? Oh, claro que não!
Pode ser qualquer oração que o vosso coração faça ou precise, naquele momento; pode ser um cântico; pode ser um pequeno Nós, Jesus... ou um Senhor, obrigado ... um Por Ti, meu Deus ... um Senhor ofereço-te ... um Jesus ajuda-me ... um Espírito Santo inspira-me ... um Maria, sê minha mãe também ...
Como sabem, as Famílias de Caná são peritas neste tipo de mini-orações
Mar Morto, lado jordaniano
É verdade, podemos não ter exactamente alguém a cantar ao microfone às horas certinhas e altifalantes espalhados pela cidade (como os países muçulmanos têm), ou então belos sinos a tocar (como nos conventos) que nos relembrem de parar e rezar.
Mas temos sim, se o nosso coração estiver disposto a ouvir, outros tipos de "chamamentos" - o despertador a tocar, as buzinas dos carros no trânsito ou o apito do comboio ou metro, a campainha da escola, a pausa do almoço, o filho que quer insistentemente lanchar, a fila no supermercado, a campainha do microondas ou do forno a dizer-nos que o jantar está pronto, o suspiro ao deitar finalmente a cabeça na almofada, o choro do bebé que nos vai acordando ao longo da noite ... que nos lembram de parar e rezar ....
Mar Morto, lado jordaniano
Talvez uma das perguntas que mais me fazem no trabalho, quando descobrem que eu sou uma médica católica, é perguntar: porque é que vocês católicos rezam tanto?
Ora, eu desafio-vos a escolherem um Evangelho, a abrirem uma página ao calhas e a tentarem descobrir uma única página onde não exista uma referência de Jesus a rezar ou a dizer-nos insistentemente para o fazer!
Vá, tentem lá descobrir, se conseguirem, e eu até vos dou um rebuçado!
Para nós, cristãos e católicos, rezar devia ser tão essencial e presente como respirar ...
Para quem quiser aprender um pouco mais sobre a Liturgia das Horas, pode ler aqui.
Chegamos, bem ao final da tardinha, a Santa Catarina, no Sinai. E ninguém consegue esconder o seu sorriso bem aberto. Chegámos ao Monte Sinai! Chegámos ao Monte Sinai!
Na terceira Lua-nova depois da saída dos filhos de Israel da terra do Egipto, naquele mesmo dia, chegaram ao deserto do Sinai. Partiram de Refidim e chegaram ao deserto do Sinai e acamparam no deserto. Israel acampou lá, diante da montanha.
Ex 19, 1-2
Mosteiro de Santa Catarina, no sopé do Monte Sinai
Este local é tão importante que tem até diversos nomes - Monte Sinai, Monte Horeb, Jebel Musa, Monte ou Montanha de Moisés - tudo sinónimos para a mesma localização geográfica.
Aliás, o Sinai não é apenas um só monte, mas sim um conjunto de montanhas. A mais alta delas todas é chamada de Montanha de Santa Catarina (com cerca 2.600m de altura - é o ponto mais alto de todo o Egipto). A 2ª montanha mais alta é conhecida como a Montanha de Moisés (com cerca de 2.200m de altura) e é a esta que damos maior relevância. Mas porquê tanto alarido em relação a este Monte?
Bem, por um lado, o povo hebreu passou mais de 1 ano nesta região (como nos é dito em Nm 10, 11) durante a sua travessia do deserto. A partir do capítulo 19 até ao final do livro do Êxodo, todos os acontecimentos relatados passaram-se aqui. E qual o acontecimento mais importante?
A Aliança que o nosso Deus fez com o Seu povo escolhido, através de Moisés e dos Dez Mandamentos.
Chegámos aqui mais tarde que o previsto (por causa do nosso banho no Mar Vermelho), já passa da hora de jantar e por isso temos apenas alguns minutos para apreciar este local ainda sob a luz do dia. Falamos pouco, estamos todos com fome e muito cansados da longa viagem de autocarro....
Mas eu só tentava olhar em todas as direcções, tentando captar na minha memória todas as imagens que conseguisse. Foi aqui! Foi mesmo aqui! Quem é que consegue pensar em comida? Pessoal, será que ninguém compreende a importância deste local?
Claro que sim, claro que compreendem, mas somos meros humanos e estamos muito, muito cansados da viagem ...
Moisés subiu até junto de Deus. Da montanha o Senhor chamou-o, dizendo: «Assim dirás à casa de Jacob e declararás aos filhos de Israel:
'Vós vistes o que Eu fiz ao Egipto, como vos carreguei sobre asas de águia e vos trouxe até Mim. E agora, se escutardes bem a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para Mim uma propriedade particular entre todos os povos, porque é Minha a terra inteira. Vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.’
Estas são as palavras que transmitirás aos filhos de Israel.»
Moisés veio e chamou os anciãos do povo e pôs diante deles todas estas palavras, como o Senhor lhe tinha ordenado.
Ex 19, 3-7
Tal como ao povo hebreu, também a nós é feita um proposta: alguém quer subir, durante a noite, até ao topo do Monte Sinai? Até ao preciso local onde Moisés recebeu as tábuas com as Leis de Deus?
Partiríamos por volta da meia noite, com um guia beduíno (porque sozinhos facilmente nos perderíamos) e lanternas nas mãos. Seriam cerca de 3h e meia a pé, sempre, sempre, sempre a subir, por terreno irregular, por vezes encostas, por vezes degraus improvisados, por vezes praticamente a escalar. Subiríamos 2.200 metros em altura mas andaríamos pelo menos 7km até lá chegar. Lá em cima, o ar tornar-se-ia mais rarefeito e seria mais difícil respirar. Quando estivéssemos quase bem lá em cima, no local onde Aarão e os 70 sábios esperaram por Moisés, esperar-nos-ia ainda mais 750 degraus, feitos pelos monges que em tempos ali viveram. E assim por fim chegaríamos ao topo da Montanha de Moisés.
Depois, bem, tínhamos de descer tudo outra vez, outras 3 horas de caminho e escalada, enquanto o novo dia estivesse a raiar. Quando finalmente chegássemos cá abaixo, seria altura de tomar o pequeno-almoço e seguir a nossa preenchida peregrinação, em direcção à Jordânia.
Quem estiver interessado, que compareça à hora marcada na entrada do hotel...
É loucura, dizem quase todos... Estamos demasiado cansados!
É loucura sim ...
Moisés subiu com Aarão, Nadab e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel.
O Senhor disse a Moisés: «Sobe até Mim, ao alto da montanha; e fica ali para que Eu te dê as tábuas de pedra, com as leis e os mandamentos que nelas escrevi, para lhos ensinares.»
Moisés partiu com Josué, seu servidor, e subiu ao monte de Deus. E aos anciãos ele disse: «Esperai aqui por nós até regressarmos para junto de vós. Eis que Aarão e Hur ficam convosco.»
E Moisés subiu à montanha. A nuvem cobria a montanha, e a glória do Senhor permaneceu sobre a montanha do Sinai, e a nuvem envolveu-o durante seis dias. No sétimo dia, o Senhor chamou por Moisés do meio da nuvem. Aos olhos dos filhos de Israel, a majestade do Senhor tinha o aspecto de um fogo devorador no cimo da montanha.
Moisés entrou pelo meio da nuvem e subiu à montanha, e ali esteve Moisés durante quarenta dias e quarenta noites.
Ex 24, 9; 12-14; 15-18
À hora marcada, aparecemos 6 peregrinos, sorrisos nervosos na cara, casacos vestidos que a noite prometia ser fria, lanternas e telemóveis na mão para nos guiar no caminho. E o mais importante? O coração cheio de orações...
E foi tudo exactamente como nos descreveram ...
Para mim, mais parecia a subida do Calvário. Foi difícil, foi verdadeiramente difícil. Durante a subida, cada um de nós desejou desistir em algum momento - não é possível, já não consigo mais - mas uns minutinhos de descanso, muitas palavras de alento, espírito de equipa bem aceso, por vezes até uma anedota ou duas, e toca a continuar, todos juntos!
Durante a subida, ouvia-se da nossa boca algumas orações curtas (à boa moda das Famílias de Caná, pensei eu), intercortadas pela respiração forte e pelo esforço: Senhor, ajuda-me... Senhor ajuda-nos ... Jesus ... manso e humilde de coração ... tende piedade de nós pecadores ... e de todo o mundo ... Oh minha Mãe ...
Eu rezava interiormente o Terço e tentava expressar todas as incontáveis intenções de oração que levava no coração, pedindo a intercessão de todos os Santos e Santas que conhecia ....
E a noite passou... Quando demos por isso, estávamos lá em cima no topo do Monte Sinai!
Oh, as expressões de louvor, as orações espontâneas, os cânticos ... e por fim o silêncio, oh o silêncio de quem tem o coração cheio de Deus e nada mais é necessário....
Aquilo que me lembro mais é do céu estrelado, um céu estrelado como eu nunca tinha visto, e de tantas, tantas estrelas cadentes ... Como Deus é bom!
Depois de ter acabado de falar a Moisés no monte Sinai, Deus entregou-lhe as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas com o Seu dedo.
Ex 31, 18
Mas aquilo que é bom, realmente bom, termina depressa e é altura de começarmos a nossa descida ...
Moisés desceu do monte Sinai, trazendo na mão as duas tábuas do testemunho.
Não sabia, enquanto descia o monte, que a pele do seu rosto resplandecia, depois de ter falado com Deus.
Ex 34, 29
Ao descermos, alegres e contentes, reanimados pelo Espírito Santo, encontramos outros grupos de peregrinos de outros países a subirem, com os rostos desfigurados pelo esforço e sofrimento.
E eu vou repetindo vezes e vezes sem conta: You are almost there! You can do it! May God bless you! You are almost there! You can do it!
♪ Porque toda a Vida vem de Ti. Em Tua Luz, vejo a Luz!
Porque toda a Vida vem de Ti. E Tua Luz, faz-me ver a Luz! ♫
Ao descer, ainda temos tempo para um chá improvisado, contemplando o maravilhoso amanhecer que floresce à nossa frente, tal como as promessas de Deus a Moisés ... e também para uma imperiosa ida à casa de banho (o início daquela que seria a grande "praga" da nossa peregrinação, a valente gastroenterite que afectaria quase todo o nosso grupo de peregrinos durante o resto da nossa viagem ....)
♬ O Senhor é a minha força, ao Senhor o meu canto.
Ele é nosso Salvador, n'Ele eu confio e nada temo
N'Ele eu confio e nada temo ♪
♪ Deus precisa de mim
Muito mais que possas imaginar (bis)
Precisa de mim, muito mais que a terra
Precisa de mim, muito mais que o mar
Precisa de mim, muito mais que os astros
Precisa de mim (bis)
Deus precisa de ti ....
Deus precisa de nós .... ♫
Olhem, pessoal, o que é aquilo? Eu só posso estar a sonhar! Estarei a ver bem?
Nem consigo acreditar, são mesmo codornizes!
Os filhos de Israel puseram-se a chorar, dizendo: «Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos do peixe que comíamos de graça no Egipto, dos pepinos, dos melões, dos alhos porros, das cebolas e dos alhos. Agora, a nossa garganta está seca; não há nada diante de nós senão maná.»
Levantou-se, entretanto, um vento enviado pelo Senhor, vindo do mar e trouxe codornizes. Todo o povo naquele dia e naquela noite e em todo o dia seguinte se pôs a apanhar codornizes.
Nm 11, 4-6; 31a; 32a
Não fui a tempo de fotografar as codornizes, perdoem-me ...
♫ Amor tão grande, profundo e sublime,
Esse é o Amor do meu Criador
Não há nada no mundo,
Que possa igualar-se
Ao terno Amor do meu Bom Jesus
Deus de Amor (Deus de Amor)
Oh, Deus de Amor (oh, Deus de Amor)
Tu és o único (Tu és o único)
Ó Deus de Amor.
Não há outro Deus (não, não há)
Fora de Ti (fora de Ti)
Fora de Ti (para mim) para mim (para mim)
Não há Amor! ♬
E querem saber uma coisa muito engraçada, que nenhum de nós tinha reparado no dia anterior?
O Monte Sinai é cor de rosa!! Sim, é mesmo cor de rosa!!
Esta foto não captou bem a tonalidade do Monte Sinai, mas basta procurarem no google - é mesmo cor de rosa!
No sopé da montanha, o mundo começava a acordar, devagarinho ... e nós com tanto para contar!!!
Mas talvez seja uma boa ideia dormir no autocarro - só desta vez ...
Continuamos o nosso caminho pelo deserto em direcção ao Monte Sinai. Já atravessámos o Mar Vermelho, tal como o povo hebreu; e para traz de nós ficaram os cavalos e os cavaleiros do Egipto. A parte mais fácil do trabalho de Deus - tirar o povo hebreu do Egipto - já está feita.
Agora sim vem a parte mais complicada e mais demorada desta tarefa a que Deus se propõe - tirar o Egipto de dentro do coração, da mente, da alma e do corpo do povo hebreu... Isto sim, dará imenso trabalho! Não demorará apenas alguns meses, como foi para tirar o povo hebreu do Egipto ... Deus Todo Poderoso, que criou o Céu e a Terra em apenas 6 dias, precisará de levar aquele povo - "de dura cerviz", como o próprio Moisés confessa - através do deserto durante 40 anos para tal conseguir ....
Moisés fez partir Israel do Mar dos Juncos, e saíram para o deserto de Chur. Caminharam três dias no deserto e não encontraram água. Chegaram a Mara, mas não puderam beber a água de Mara, porque era amarga. Por isso se chamou àquele lugar Mara.
O povo murmurou contra Moisés, dizendo: «Que beberemos?»
E ele clamou ao Senhor, e o Senhor indicou-lhe um tronco que ele lançou à água; e a água tornou-se doce.
Ex 15, 22-25
Chegamos a Mara, local onde ocorreu este pequeno episódio bíblico. Este pequeno relato facilmente passa despercebido quando seguimos a história do povo hebreu ao longo do livro do Êxodo - eu não me lembrava de alguma vez o ter lido até este dia!
O povo hebreu e todo o seu rebanho está cheio de sede. Andaram 3 dias pelo deserto sem encontrar nenhuma fonte de água. Toda a água que traziam, tirada do Mar dos Juncos, ou seja, do Mar Vermelho, esgotou-se. E agora, o que fazer? Voltar para trás? Continuar caminho? Morreremos todos à sede?
Eis que vislumbram um autêntico oásis: água, um poço de água! Rápido, venham todos beber!
Mas oh, que decepção! Que água tão amarga, impossível de beber....
O povo hebreu vira-se para um homem, à procura duma solução. O sábio Moisés sabe bem melhor para Quem se deve virar para pedir ajuda - Aquele que tudo pode, Aquele que prometera que estaria sempre com eles.
Deus pede a Moisés que jogue o tronco duma árvore para dentro do poço. Que pedido mais estranho!Estamos em pleno deserto, porque é que Deus não pediu a Moisés que jogasse uma pedra? Pedras há muitas por aqui ...
As árvores são tão raras aqui no deserto. Na periferia do deserto ainda era possível encontrar-se tamareiras; mas aqui, no meio do deserto, apenas é possível encontrar algumas acácias.... E, o mais provável, é que tenha sido essa a espécie de árvore que Moisés atirou para dentro do poço, tornando a água amarga em doce.
Conseguem acreditar que não me lembrei de tirar uma única foto duma acácia ao longo da peregrinação? Foto retirada daqui
As acácias foram quase sempre árvores pouco valorizadas por todos os povos que alguma vez aqui habitaram, no deserto. Sempre foram árvores desprezadas.... Crescem apenas nos lugares mais áridos e decididamente que não são árvores bonitas; são finas e tortuosas, cheias de nós e de espinhos - tudo características que as tornam imensamente difíceis de trabalhar e de fazer seja o que for com a sua madeira. Os Egípcios nunca gostaram de trabalhar com a madeira das acácias, preferiam mais os cedros do Líbano....
Apesar disso, se avançarmos no livro do Êxodo e se lermos com atenção as ordens do Senhor para a construção da Arca da Aliança e dos principais objectos da Tenda da Reunião (e posteriormente do Templo do Senhor) iremos reparar, com frequência, num pormenor muito curioso:
O Senhor falou a Moisés, dizendo-lhe: «Fala aos filhos de Israel. Fareis o santuário e todos os seus utensílios, de acordo com os modelos que vou mostrar-vos. Fareis uma Arca de madeira de acácia. Mandarás fazer varais de madeira de acácia revestidos de ouro; introduzirás os varais nas argolas, ao longo dos lados da Arca, a fim de servirem para a transportar.
Construirás em seguida uma mesa de madeira de acácia. Farás para a mesa quatro argolas de ouro e prendê-las-ás nas quatro extremidades, formadas pelos seus quatro pés. Estas argolas estarão colocadas frente a frente e por elas passarão varais destinados ao transporte da mesa. Farás os varais de madeira de acácia revestidos de ouro e servirão para transportar a mesa. Colocarás sobre esta mesa os pães da oferenda, que estarão permanentemente diante de mim.
Ex 25, 1; 9-10; 13; 23; 26-28; 30
Farás também para o santuário pranchas verticais de madeira de acácia. Assim construirás o santuário, conforme a norma que te mostrei neste monte.
Ex 26, 15; 30
Farás o altar de madeira de acácia. Farás, para o altar, varais de madeira de acácia, revestidos de cobre.
Ex 27, 1; 6
Também construirás um altar para queimar perfumes, e fá-lo-ás de madeira de acácia.
Ex 30,1
Deus pede ao povo hebreu que faça alguns dos objectos mais importantes da Tenda da Reunião usando a madeira da acácia, nomeadamente a própria Arca da Aliança, que conterá as sagradas tábuas com os 10 Mandamentos da Lei do Senhor.
Mas com Deus é sempre assim: tudo aquilo que tiver sido desprezado pelo mundo, Ele reconhece o seu devido valor e ainda o eleva acima das outras coisas ... Servimos um Deus tão bom, tão bom...
Para utilizar a madeira da acácia era preciso, primeiro, cortar os ramos em segmentos de pequeno tamanho (porque os ramos são tortuosos e pouco práticos de utilizar); depois, colocar os ramos em água, para ser possível retirar a sua casca; a seguir era preciso cortar os nós e os espinhos e tentar "endireitar" as angulações naturais destes ramos; e finalmente obtém-se um pedaço de madeira mais ou menos direitinho, mais ou menos pronto a ser usado para construir alguma coisa. Por fim, para que pudesse servir a construção da Arca da Aliança ou dos outros objectos da Tenda da Reunião, era ainda preciso revestir a madeira com uma camada de ouro ou de bronze ... quanta trabalheira!
Mas sabem que mais? A madeira da acácia, uma árvore capaz de resistir à vida difícil do deserto, quando assim trabalhada, torna-se numa das madeiras mais resistentes que se pode encontrar...
Na realidade, se pararmos para pensar um pouco, apercebemo-nos que nós próprios somos muito parecidos com as acácias ... Todos nós temos muitos "espinhos" e "nós" e "angulações", muitos erros e falhas e defeitos e características difíceis de lidar. Para trabalhar com a madeira duma acácia é necessário que se faça um longo e paciente processo de limpeza e tratamento, tentando endireitar ou suavizar ao máximo estes espinhos e nós. Também em nós o Senhor precisa fazer um longo e paciente processo de "limpeza e tratamento" a fim de nos tornar santos.
O primeiro passo neste processo consiste em mergulhar os ramos da acácia dentro de água, a fim de lhes retirar a casca; também nós precisamos de passar, primeiro e logo desde o princípio, pelas águas do Baptismo, a fim de nos retirar a carapaça do pecado original e assim podermos ser trabalhados pelas mãos do Santo dos Santos.
Mas o processo ainda não está completo; é ainda preciso que sejamos revestidos pelo Espírito Santo, tal como acontece no nosso Crisma - e agora sim, o pecado jamais conseguirá aceder e estragar definitivamente o íntimo da nossa natureza, o íntimo da nossa alma. Conseguirá sim, fazer uns riscos ou umas moças, sujar-nos e deixar-nos com algumas manchas ao longo das nossas vidas - mas nada disso será capaz de chegar até ao fundo do nosso coração, se trabalhado desta maneira por Deus. Esse precioso núcleo estará sempre protegido pelas próprias mãos do Senhor, estará sempre a salvo ...
Poço de Mara
Voltemos ao poço das águas de Mara e aos nossos poços, onde acumulamos os nossos problemas, medos, dúvidas, erros e asneiras. Por vezes parecem que estão cheios de água até cá acima, sim, mas cheios duma água amarga, incapaz de dar a vida a quem dela beba ...
Claro que não foi a árvore jogada dentro do poço que purificou aquela água; foi sim todo o trabalho que o povo hebreu teve ao tratar e transformar aquele tronco; foi a cruz de aceitar ter todo aquele trabalho; foi, em última instância, o trabalho que Deus teve no coração de cada um deles, em cada um de nós ...
Oh Senhor, trabalha em mim e no meu coração tanto quanto seja preciso! Amén
Continuamos o nosso caminho em direcção ao Monte Sinai - o local onde Moisés recebeu as tábuas com as leis de Deus. Espera-nos ainda algumas horas de viagem e, por isso, o Samuel, o nosso guia egípcio, aproveita este tempo para nos falar um pouco mais de Moisés e de nos ler a sua história nas Sagradas Escrituras. O Samuel é capaz de falar sobre Moisés como se falasse acerca dum querido amigo seu ...
(E falar sobre Jesus então? Quanta ternura e quanto conhecimento! Os cristãos coptas do Egipto, que correspondem apenas a uma pequena percentagem da população egípcia, têm sido perseguidos pela sua Fé quase desde a altura em que São Marcos veio evangelizar este território, por volta do ano 67 d.C. Apesar disso - ou será melhor dizer, devido a isso - eles têm-se mantido firmes e fortes na Fé, na propagação do Evangelho e na partilha generosa de todas as bênçãos e graças que recebem do Senhor. Estas famílias levam tão a sério o seu comprometimento cristão que fazem questão de tatuar uma pequena cruz na face interna do punho de todos os seus bebés, logo ao nascer!)
É impressionante como a história de vida de Moisés pode assemelhar-se à história de vida de qualquer um de nós. Abençoado desde a nascença, rodeado de cuidados, protecção e riquezas, que reflectiam o amor e carinho de Deus por Moisés. Apesar de tudo isso, deixa-se levar pelo pecado (de tal modo que chega a cometer um assassínio) e é obrigado a fugir para o deserto, onde, arduamente e ao fim de longos anos, aprende a ser um homem bom. Bom, mas ainda não santo. E assim, a sua história não acaba aqui: Deus dá-Se a conhecer intimamente a Moisés e Moisés descobre que, sim, devemos amar a Deus acima de todas as coisas, mas também o próximo como a nós mesmos... e isso, bem, digamos assim, às vezes dá algum trabalho - como por exemplo guiar, ensinar e proteger mais de 2 milhões de pessoas, desde o Egipto, de volta à terra de Canaã. Coisinha pouca, claro
O livro do Êxodo indica-nos claramente que a vida de Moisés passou por estas 3 fases diferentes, cada uma delas levando cerca de 40 anos - ei, afinal não somos só nós que demoramos a aprender as lições de Deus, ahn?
Um homem da casa de Levi tomou por esposa uma filha de Levi. A mulher concebeu e deu à luz um filho. Viu que era belo, e escondeu-o durante três meses. Não podendo mantê-lo escondido por mais tempo, arranjou-lhe uma cesta de papiro, calafetou-a com betume e pez, colocou nela o menino, e foi pô-la nos juncos da margem do rio. A irmã dele colocou-se a uma certa distância para saber o que lhe sucederia.
Ora a filha do faraó desceu ao rio para tomar banho, enquanto as suas jovens acompanhantes caminhavam ao longo do rio. Viu a cesta no meio dos juncos e enviou a sua serva para a trazer. Abriu-a e viu a criança: era um menino que chorava. Compadeceu-se dele e disse: «Este é um dos filhos dos hebreus.»
Então a irmã dele disse à filha do faraó: «Queres que te vá chamar uma ama entre as mulheres dos hebreus, para te amamentar o menino?» «Vai», disse-lhe a filha do faraó. E a jovem foi chamar a mãe do menino. A filha do faraó disse-lhe: «Leva este menino e amamenta-mo, e dar-te-ei o teu salário.» A mulher levou o menino e amamentou-o.
O menino cresceu, e ela devolveu-o à filha do faraó. Foi para ela como um filho, e deu-lhe o nome de Moisés, dizendo: «Porque o tirei das águas.»
Ex 2, 1-10
O nascimento daquela criança era a última coisa que aquela família precisava ... Era o pior que podia ter acontecido. Quão inconveniente! Em quantos trabalhos os colocou! Já sob o jugo de trabalhos diários tão difíceis, vidas previamente já complicadas, dificultadas pela opressão do Faraó, que desejava diminuir a todo o custo aquele povo hebreu, que parecia ser cada vez mais numeroso (o mundo sempre teve medo das famílias grandes...) E nascer logo um rapaz ... pior era impossível. Ainda se fosse uma rapariga, o Faraó permitia que vivesse, mas um rapaz ... O nascimento daquela criança colocava aquela família em sério risco de vida. Se fossem descobertos, o que aconteceria?
O menino crescia, dia após dia, e já não era possível mais escondê-lo... Mas crescer para quê? Para que vivesse também ele uma vida de miséria? Viver assim não é viver, dizem ... Para viver assim, mais valia que morresse já ...
Mais de 3.000 anos separam-nos desta história, mas o raciocínio de pensamento parece que se mantém o mesmo na nossa sociedade ... Se uma vida promete ser difícil de viver, então não vale a pena... Se for diferente daquela que a gente pensa ser a ideal, então não vale a pena viver....
Uma última mamada e Moisés adormece no seu cestinho de papiro. O rio Nilo sempre foi conhecido pela sua abundância de crocodilos e de hipopótamos. Talvez, assim adormecido, não sinta sequer nada ...
A dor daquela mãe, daquela família, é real. É horrivelmente grande e real. É absurdamente grande, capaz de rasgar o peito e a alma ... O que poderia ter tornado as coisas diferentes? Talvez apenas fosse preciso uma mão de alguém, um gesto de apoio, um ombro amigo - em que desse não só para chorar, sim, mas também para pôr aquele bebé a arrotar ou para ajudar a carregar os pesados tijolos de barro, que diariamente tinham de ser feitos sob um sol abrasador ...
A irmã de Móises, Miriam, apesar de ser ainda criança, sabe que aquilo não está certo... Poderá não saber exactamente porquê, mas as crianças sabem muitíssimo bem discernir o que está certo e o que está errado, com uma clareza que é capaz de superar a de muitos adultos ...
A primeira filha do Faraó Ramessés II era infértil, o que significava que o poder do próximo reinado poderia passar para as mãos de outro ramo da família. A adopção daquele bebé foi uma enorme bênção para a família real. Deus é assim - em todas as circunstância, transforma o mal em bem. A (aparente) desgraça numa família muitas vezes corresponde à resposta das orações e súplicas mais intensas de outra família ...
E Deus oferece uma nova oportunidade àquela mãe, provavelmente já arrependida do que fez, talvez em estado de puro desespero e arrependimento, talvez já odiando-se profundamente pelo que tinha feito ... E Deus, não só perdoa, não só dá uma nova oportunidade, como ainda abençoa aquela mãe - que deve ser a única mulher na história da humanidade que foi paga para poder ficar em casa a cuidar do próprio filho! E esta, ah? Oh, quantas mulheres conheço que desejariam o mesmo ...
É provável que Moisés, sendo príncipe do Egipto, tenha sido enviado para as escolas da cidade de Mênfis, a famosa "cidade dos sábios", para estudar e aprender tudo o que precisava para se tornar, um dia, num grande líder. Mal ele imaginava o quanto as capacidades que aprenderia nesta fase da sua vida ser-lhe-iam tão úteis e necessárias no futuro ...
Entretanto, Moisés cresceu, foi ao encontro dos seus irmãos e viu os seus carregamentos. Viu também um egípcio que açoitava um dos seus irmãos hebreus.
Olhando para todos os lados e vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio e enterrou-o na areia.
Ex 2, 11-12
Caramba, Moisés devia ter um feitio terrível! Que exagero! Que reação desmedida!
Moisés escolhe uma solução absolutamente desproporcional às circunstâncias, mesmo após passar anos e anos na escola dos sábios de Mênfis, mesmo após aprender tanta "sabedoria" ... Pode ter aprendido muitas coisas, mas de certeza que não aprendeu o que é realmente importante ... Afinal, nem consegue sequer resolver coisas simples, como um mero conflito entre duas pessoas - como é suposto que saiba governar uma nação inteira? Oh, como eu por vezes me revejo nesta faceta de Moisés...
E Deus, querendo falar-lhe ao coração, leva-o então ao deserto, como faz também com cada um de nós ...
O faraó ouviu falar deste assunto e procurou matar Moisés. Mas Moisés fugiu da presença do faraó, foi residir na terra de Madian
Ex 2, 15
Passar pelo deserto é sempre difícil. Custa sempre - e muito, mesmo muito.
Mas é o local da escola Divina por excelência...
Moisés estava a apascentar o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian. Conduziu o rebanho para além do deserto, e chegou à montanha de Deus, ao Horeb.
O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo, no meio da sarça. Ele olhou e viu, e eis que a sarça ardia no fogo mas não era devorada. E Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!» Ele disse: «Eis-me aqui!» E continuou: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.» Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para Deus.
O Senhor disse: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel. E agora, vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de Israel.»
Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egipto?»
Ex 3, 1-2; 4; 6-8; 10-11
Moisés foge, do Egipto para o deserto, por volta dos seus 40 anos de idade (o que quer representar apenas a sua juventude e inicio na idade adulta). É necessário que viva outros 40 anos (que representa o seu amadurecimento) até aprender, verdadeiramente, a virtude da humildade - aqui tão bem representada nesta resposta «Quem sou eu para ...?»
Anos mais tarde, os descendentes de Moisés escreverão acerca dele, dizendo que
Na realidade, Moisés era um homem muito humilde, mais que todos os homens que há sobre a face da terra
Nm 12,3
Outras versões da Bíblia dizem que "Moisés era um homem muito paciente" ou "muito manso". Pois, é que o deserto é também um óptimo local para desenvolver a virtude da paciência (que claramente Moisés não possuía, pelo seu comportamente explosivo no conflito entre o egípcio e o hebreu). Quem viu Moisés na sua juventude e quem o vir agora, perto dos 80 anos, ou seja, como adulto amadurecido e experienciado - quem diria que poderia vir a acontecer tal tranformação? Oh, só o Senhor pode operar milagres destes ...
Sim, a todos nós, seja apenas uma única vez, ou muitas vezes, Deus levar-nos-á ao deserto, para nos falar ao coração e para fazer de nós pessoas mais pacientes, mais humildes, mais resistentes, mais santas ...
Após este longo processo de amadurecimento, Moisés está pronto para uma nova fase, um novo desafio, uma nova aventura. Deus chama-o a guiar, organizar, pacificar e preocupar-se com a vida de mais de 2 milhões de pessoas ... como será tal possível?
Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egipto?»