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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

A mesa que Cristo nos serve

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

 

Continuamos a nossa viagem em Tagba, perto de Nazaré. Estamos no sopé do Monte das Bem-Aventuranças e caminhamos todos juntos até encontrarmos uma pequena igreja franciscana, conhecida como Mensa Christi - a mesa de Cristo.

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Estamos na costa noroeste do Mar da Galileia, um dos locais favoritos para os pescadores de Cafarnaum desempenharem as suas profissões, pescadores como os apóstolos Pedro e o seu irmão André. Os Evangelhos contam-nos que Jesus passou por diversas vezes, ao longo das suas viagens e pregações, por esta praia ... poderá ter sido esta a Sua praia favorita?

Olho para a beleza da praia que me rodeia, inspiro fundo até sentir o cheiro da água, fecho os olhos e continuo a ouvir os passarinhos que cantam nas árvores à nossa volta misturado com o som das ondas,  passo a mão pela água fresca, brincando com as pequenas conchas brancas e pretas que abundam por aqui e sorrio abertamente - só posso acreditar que sim!

Algum tempo depois, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos.

Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.»

Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada.

Jo 21,1-3

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A nossa guia conta-nos que estamos naquele que se acredita ser o local onde ocorreu este episódio do Evangelho. Jesus tinha morrido na Cruz, em Jerusalém. Três dias depois, as mulheres que O seguiam tinham ido ao Seu sepulcro e tinham-no encontrado vazio. Alguns anjos disseram-lhes que o Messias tinha ressuscitado. Jesus Ressuscitado tinha aparecido a Maria Madalena, que chorava em busca d'Aquele que o seu coração mais amava. Os discípulos de Emaús tinham vindo a correr, para contar a todos que tinham encontrado Jesus Ressuscitado ao longo do caminho e no partir do pão. 

Mas os dias passavam e passavam, mais ninguém tinha visto Jesus, e os apóstolos começaram a duvidar... Loucura das loucuras ... oh, poderá mesmo algo assim acontecer, Alguém vencer a morte e ressuscitar? 

Não, o melhor é ganharmos juízo e voltarmos para as nossas vidinhas normais, simples, pacatas e seguras, de pescadores de peixes e não de homens ...

Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.»

Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.» 

Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar.

Jo 21,4-6

Oh, isto já tinha acontecido antes!

Sim, só existe uma Única pessoa capaz de algo assim! 

Só existe uma Única pessoa capaz de nos dizer onde podemos encontrar o verdadeiro alimento para as nossas almas! 

Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!»

Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros.

Jo 21,7-8

Quando estamos apaixonados e queremos muito estar junto daquele que amamos, somos capazes de fazer qualquer loucura, como lançar-nos nas águas do desconhecido e nadar contra a maré...

Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora

Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.

Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe.

Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.

Jo 21,9-14

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Foi aqui, sobre estas rochas, que Cristo esperou que os olhos dos Seus apóstolos se abrissem e O reconhecessem.

Foi aqui, sobre estas rochas, que Cristo esperou, preparando uma refeição; fogueira acesa, peixinho na brasa, pão partido, a mesa posta ... 

Foi aqui, sobre estas rochas, que Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro Rei, os serviu e alimentou, com o Seu próprio corpo e sangue. 

 

Não tenham medo de seguir Jesus. Não tenham medo de fazer o que Ele vos propõe. 

Se se atirarem ao mar do desconhecido, nunca se afogarão. Se se afadigarem a pescar pelo reino de Deus, o Senhor nunca se deixará vencer em generosidade. Se lançarem as vossas redes e elas vos parecerem pesadas e quase a arrebentar, acreditem, tal nunca irá acontecer. 

Trazei para a mesa do Senhor o resultado do suor do vosso trabalho, por pouco ou muito que seja. Será aqui, na mesa do Senhor, no altar do Senhor, que Ele próprio Se oferecerá como alimento, como verdadeiro alimento para as nossas almas, sedentas e carentes de compreensão e de amor. 

Sim, estão mesmo todos convidados. O Senhor chama-vos para o Seu banquete, para a Santa Missa.

Vêm?

 

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

O vento novo da Galileia

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

 

Sabem qual é uma das coisas que mais me lembro da Galileia? Do vento! Sim, do vento!

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Desde criança que eu sempre gostei muito de vento, mas o vento da Galileia parecia ser ainda mais especial ... 

Ah, só de me lembrar do vento da Galileia ....

Um vento que nos chamava a rir, ao brincar com o nosso cabelo e as nossas roupas; um vento que nos chamava a dançar, como se fosse uma criança a puxar por nós; um vento que nos refrescava o corpo cansado da viagem; um vento que nos sussurrava ao ouvido acerca do tremendo amor e misericórdia de Deus; um vento que surgia de repente, aparentemente do nada, e que "bagunçava" a nossa vida, tirando-nos do nosso conforto e comodismo, à semelhança do Espírito Santo; um vento que nos impelia a avançar, sempre, em frente ...

 

Também nós avançamos na nossa viagem, até uma linda capela ao ar livre, que parecia esperar por nós, escondida entre as árvores, as flores e as plantas - como se sempre estivesse estado ali desde o tempo de Jesus, como se aquele sempre tivesse sido o seu devido lugar ...

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Foto tirada por outro peregrino na nossa viagem - obrigado pela partilha!

 

Pela graça de Deus, temos oportunidade de celebrar a Santa Missa neste preciso local - a nossa primeira Eucaristia celebrada na Terra Santa, depois de termos celebrado uma no Egipto e outra na Jordânia. Estamos a 9 de Agosto de 2019 e eu não posso deixar de sorrir e sorrir e sorrir quando me apercebo que a primeira leitura do dia é uma das minhas leituras favoritas e mais queridas do meu coração ... 

 

É assim que a vou seduzir:

ao deserto a conduzirei, para lhe falar ao coração.

Dar-lhe-ei então as suas vinhas

e o Vale de Acor será como porta de esperança.

Aí, ela responderá como no tempo da sua juventude,

como nos dias em que subiu da terra do Egipto.

Naquele dia – oráculo do Senhor –

ela me chamará: «Meu marido»

e nunca mais: «Meu Baal.»

Tirarei da sua boca os nomes de Baal,

de modo que tais nomes não voltem a ser recordados.

Farei em favor dela, naquele dia,

uma aliança com os animais selvagens,

com as aves do céu e com os répteis da terra;

farei desaparecer da terra o arco, a espada e a guerra,

e farei com que eles repousem em segurança.

Então, te desposarei para sempre;

desposar-te-ei conforme a justiça e o direito,

com amor e misericórdia.

Desposar-te-ei com fidelidade,

e tu conhecerás o Senhor.

                                      Oseias 2,16-22

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Foto tirada por outro peregrino na nossa viagem - obrigado pela partilha!

 

Não consigo ler esta passagem sem me recordar sempre da belíssima música que a Danielle Rose compôs, cantou e tocou - como já tinha partilhado convosco no início deste ano. Esta foi uma das músicas que mais me acompanhou durante os primeiros 6 meses deste ano de 2019, uma altura da minha vida que, devido a uma grande conjugação de factores, se veio a revelar tão espiritualmente difícil para mim ... 

 

Ao trazer estas memórias de volta ao coração e ao reflectir naquilo que vivi e experienciei naquela bela manhã de Missa campal, consigo finalmente compreender uma última coisa que o Senhor desejava dizer-me, através daquele vento especial da Galileia ... É que aquele vento, novo e rejuvenescedor, era também um vento de mudança, de muitas mudanças, que se sucederiam, umas a seguir às outras, mal eu chegasse de volta a Portugal, cada uma mais bela e maravilhosa que a anterior ... 

 

Oh, louvado sejas, Senhor meu, para todo o sempre!

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Foto tirada por outro peregrino na nossa viagem - obrigado pela partilha!

 

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

No Monte das Bem-Aventuranças

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

[Jesus] começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades.

E seguiram-no grandes multidões, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.

Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte.

Mt 4, 23.25; 5,1

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Estamos junto do Mar da Galileia e a nossa primeira paragem do dia é bem no topo do Monte das Bem-aventuranças em Tagba. E eu, oh, sinto-me no paraíso ... a beleza deste local é de tal grandeza que até parece que perco o fôlego! (o que fez com que quase me esquecesse de tirar fotos, perdoem-me ...)

À nossa volta, a natureza parece que permanece intocada e preservada, tal como seria no tempo de Jesus. Como é belo, Senhor, o local que Tu escolheste para anunciar um dos Teus ensinamentos mais importantes e revolucionários ...

Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte.

Depois de Se ter sentado, os discípulos aproximaram-se Dele. Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:

«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu
                                                                                                                               Mt 5,1-3

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No topo do Monte encontramos a Igreja das Bem-Aventuranças ou das Beatitudes, desenhada pelo arquitecto Antonio Barluzzi (vão ouvir-me falar várias vezes deste arquitecto ao longo de toda a nossa peregrinação pelas terras de Israel - ele desenhou e restaurou tantos monumentos em Israel, que ficou conhecido como o "Arquitecto da Terra Santa"). É uma igreja construída de forma octogonal, ou seja, com 8 lados, à semelhança das 8 Beatitudes proclamadas por Jesus no topo deste Monte santo. 

«Felizes os que choram, porque serão consolados.»
                                                                                                         Mt 5,4

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Por fora, as paredes pretas e brancas - que nos relembram da nossa luta diária e constante, entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a virtude e o pecado - escondem, na verdade, uma igreja incrivelmente luminosa e arejada ... 

«Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.»
                                                                                                    Mt 5,5-6

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Do altar sagrado - localizado bem no centro desta igreja, visível de todos os ângulos e lugares - a disposição dos mosaicos minúsculos - como tu e eu, as pedras vivas do Templo do Senhor, somos - fazem-nos pensar numa fonte inesgotável e perpétua de água refrescante, a única capaz de nos saciar a sede, aquela sede tão profunda de amor, um amor capaz de tudo, um amor mais forte que tudo, um amor sem fim ... 

«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.»
                                                                                                                         Mt 5,7

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Ergo os olhos e sinto-me, mais uma vez, no Céu... Mais uma vez, uma série de minúsculos mosaicos, dourados e reluzentes - tantos quantos os Santos no Céu - rodeiam a "Estrela maior", azul como a cor de Nossa Senhora, aquela que é "o caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, na qual consiste a perfeição cristã” (TVD 152). 

Meu Deus, quanta beleza em tal simplicidade ... 

«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os pacificadoresporque serão chamados filhos de Deus
                                                                                                                  Mt 5,8-9

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Rezamos por breves momentos; a igreja é demasiado pequena para receber tantos peregrinos e por isso dirigimo-nos novamente lá para fora. Sentamo-nos no chão e em rochas, provavelmente à semelhança dos Apóstolos e da multidão que seguia Jesus naquele dia, debaixo duma grande árvore, protegidos do Sol que começava a aquecer o dia. Ouvimos então o Sermão das Bem-Aventuranças, na sua totalidade, e reflectimos acerca da Sua mensagem....

«Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o Reino do Céu
                                                                                                                             Mt 5,10

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Rodeia-nos uma bela floresta - oh tão bela! - à beira do mar, cheia de flores de todas cores, de plantas e árvores e tantos, tantos passarinhos que cantam maravilhosamente para nós! Cantarão eles, como Nossa Senhora, acerca das maravilhas do Senhor?

Nem me tinha apercebido das saudades que eu tinha de ouvir cantar os passarinhos no cimo das árvores (desde que viemos de Portugal que eu não ouvia passarinhos a cantar!) e aqui há tantos e cantam tão bem...

«Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.»

Mt 5,11-12

Até hoje me consigo lembrar do cheiro e do som do mar, mesmo ali ao nosso lado... 

Felizes, felizes sereis . . . 

 

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

Nazaré e a vida da Sagrada Família

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

A anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David.

Lucas 1,26-27

 

Morto Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e vai para a terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino.» Levantando-se, ele tomou o Menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel.

Advertido em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré; assim se cumpriu o que foi anunciado pelos profetas: «Ele será chamado Nazareno».

Mt 2,19-20.23

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Estamos em Nazaré, a terra natal de Maria e de José e a região onde Jesus passou a maior parte da Sua vida, desde o Seu regresso da terra do Egipto, por volta dos seus 6 a 7 anos de idade, até ter iniciado a Sua pregação (depois de ter passado pelas águas do rio Jordão), por volta dos seus 30 anos.

 

Nazaré situa-se na parte Norte do país de Israel, num vale rodeado por altas montanhas. Este vale, se o seguíssemos para Noroeste, levar-nos-ia até ao Mar Mediterrâneo; e se o seguíssemos para Sudeste, levar-nos-ia em direcção ao rio Jordão.

 

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Imagem adaptada daqui

A Sul da cidade de Nazaré, localiza-se a Planície de Esdrelão (ou Vale de Jezrel), que é uma zona muito fértil, cheia de campos de colheitas, de plantas, árvores e flores - ena, que contraste tão grande em relação a todas as terras áridas e desérticas pelas quais temos passado nos últimos dias! 

 

Nazaré é hoje uma cidade grande, próspera e bonita; mas no tempo de Jesus terá sido apenas uma pequena aldeia judaica, de pouca importância, com pouco mais que 20 a 30 famílias, que viveriam da agricultura, do pastoreio e do trabalho de artífices como a carpintaria de S.José. Esta aldeia estaria rodeada de olivais e de vinhas que desceriam pelas encostas dos montes. É provável que tivesse uma única sinagoga, pequena e simples, à imagem dos seus habitantes, e que talvez fosse, tal como as casas destas famílias eram, parcialmente construída à mão e parcialmente escavada na encosta dos montes. 

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A Sagrada Família viveu durante tantos anos em Nazaré e ninguém suspeitava que o próprio Deus vivesse ali, bem juntinho do Seu povo tão amado. Como é que foi possível? Oh, que mistério tão grande! 

Penso nos incontáveis Santos que povoam o Céu, já neste preciso momento, cujos nomes nós nem sequer sabemos, cujas vidas nem conhecemos; tantos Santos escondidos, silenciosos, que levaram vidas simples, humildes, sem grande alarido, sem feitos extraordinários, à semelhança da Sagrada Família, à semelhança (assim o espero e desejo) da minha vida, da tua vida, da nossa vida ... 

 

Alguém muito querido do meu coração, um dia destes perguntou-me se eu alguma vez tinha pensado que nunca na História da humanidade tinha havido, como hoje, tantos Santos e Santas, Beatos e Veneráveis, Servos e Servas de Deus, conhecidos ou não, a viver, a rezar e a interceder por todos nós no Céu ... como é que eu nunca tinha pensado nisso?! Quão maravilhoso! Louvado seja Deus!

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Planície de Esdrelão (ou Vale de Jezrael)

 

E como terá sido a vida quotidiana da Sagrada Família?...

Penso em Jesus como criança, a receber o início da Sua educação escolar e de Fé (só a nossa sociedade actual é que tenta separar as duas coisas ...), através dos ensinamentos e do exemplo vivo de Maria e de José; ao aprender na carpintaria a trabalhar a madeira e a pedra com as Suas mãos e instrumentos, enquanto ouvia, vezes e vezes sem conta, José a contar-Lhe toda a História do povo de Deus, até a saber de coração...

Jesus a brincar com os outros meninos e meninas da Sua idade... Jesus como menino na escola da sinagoga, a aprender a ler e a interpretar as Sagradas Escrituras ... Oh, será que Jesus chegava a pensar: Hum ... isto parece-me familiar... sim, acho que fui Eu que fiz e disse isto tudo  

 

Penso em Maria, como esposa e mãe, exercendo na perfeição todas as facetas do «génio feminino» que o Santo Papa João Paulo II nos ensinaria tantos séculos mais tarde ... Maria a lavar e a estender a roupa, a limpar a casa, a fazer as refeições, a ir buscar água aos poços e cisternas, enquanto cantava continuamente todas as maravilhas que o Senhor fez ...

Sabem, desde que me tornei catequista, dou por mim muitas vezes a imaginar (e a tentar inspirar-me) acerca de como é que Maria ensinaria e cativaria todas as meninas e meninos com os quais contactasse, ao longo da sua vida, acerca do amor, da misericórdia e da justiça de Deus ... (tento, mas garanto-vos que falho redondamente a tentar fazer o mesmo! )

 

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Durante muito tempo pensei que Maria e José tivessem dedicado as suas vidas, em exclusividade, um ao outro e a Jesus, depois de casarem. Que todas as outras facetas anteriores das suas vidas - restante família, profissão, actividades na comunidade, amizades e tarefas - tivessem sido completamente abandonadas e esquecidas e postas de parte, para que tudo girasse apenas à volta de Jesus ... o que é, bem, em parte verdade. 

Mas apenas em parte verdade. Graças aos ensinamentos das Famílias de Caná, percebi que a Sagrada Família, protótipo perfeito das Famílias-Cântaro a que somos chamados a ser, não só não terá renunciado às diversas tarefas e funções que anteriormente possuía, como as deverá ter, sim, abraçado e dedicado ainda mais intensamente, com ainda mais amor, auto-doação e sacrifício! 

Sim, claro que sim! Claro que tanto Maria como José se terão disponibilizado para servir ainda mais cada elemento das suas comunidades e das suas famílias; claro que se terão dedicado com ainda mais fervor e amor às suas profissões e tarefas; claro que terão crescido ainda mais em generosidade; claro que terão aberto as portas (e as janelas e o telhado!) da sua casa a todos os que precisassem, ou duma simples palavra amiga e dum sorriso, ou duma fatia de pão com doce de tâmaras, ou dum colo e ombro amigo para chorar, ou duma cama para passar a noite; claro que raramente haveria apenas 3 pratos e 3 copos e 3 talheres na mesa da Sagrada Família, mas sim sempre mais, sempre espaço e comida e amor para mais um (ou dois ou três ou mais!), por mais tarde que chegassem; claro que se terão oferecido e dedicado e gasto mais e mais e mais, depois da chegada de Jesus às suas vidas ...

Oh, que o mesmo aconteça na minha vida também!...

 

O nosso autocarro está quase a chegar a um dos locais que eu mais desejava ver e tocar, sentir e estar, como Jesus tantas e tantas vezes o fez - o Mar das Tiberíadas, o Mar da Galileia - oh, ei-lo em toda a sua beleza, bem aqui à nossa espera ... 

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  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~