Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Jesus, com um grito forte, expirou. E o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo (Mt 15, 38)
Com a morte de Jesus rasga-se o véu do templo de Jerusalém. Este véu localizava-se no interior do templo, à entrada do Santo dos Santos, o local mais sagrado para os judeus, onde apenas o Sumo Sacerdote podia entrar (e apenas uma só vez no ano) para estar na presença do Altíssimo e pronunciar o Seu Nome santo.
Este véu, ao contrário dos véus a que estamos habituados, não era de renda, nem de nenhum tecido fininho, transparente ou frágil. Era mais uma tapeçaria, um têxtil que apenas podia ser produzido pelo melhor artesão, sujeito a inúmeras regras, utilizando fios de lã de cor azul (simbolizando o Criador do mundo), de cor roxa (significando a realeza do Senhor dos Exércitos) e de cor escarlate (simbolizando o sangue dos sacrifícios) juntamente com fios do linho mais puro, pela pureza do Santo de Israel. Depois, tinha ainda de ser bordada a ouro, com a imagem de dois querubins, de dois anjos que guardavam, de dia e de noite, a porta que dava acesso ao Senhor. E o que se dizer das suas dimensões? Nada mais nada menos que 5m de largura, 5m de altura e 5cm de espessura de acordo com as Escrituras...
Com a morte de Jesus rasga-se o véu do templo de Jerusalém. Este véu espesso e forte, que impedia o acesso a Deus, é dividido em dois e rasgado de alto a baixo. O rosto de Deus, que sempre tinha estado, até aquele momento, escondido e velado - até mesmo de Moisés, que falava com o Senhor como se fosse um amigo - é então revelado a todos, judeus e pagãos.
É o próprio Deus que retira o véu e que Se mostra e releva livremente, como Aquele que ama até ao fim, Aquele que ama até dar a própria vida pelo ser amado...
O véu foi rasgado. A porta foi escancarada. O peito foi aberto. O acesso a Deus está livre!
No primeiro dia da semana, ao romper do dia, as mulheres foram ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado. Encontraram removida a pedra da porta do sepulcro e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Apareceram-lhes dois homens em trajes resplandecentes, que lhes disseram: «Porque buscais entre os mortos Aquele que vive? Não está aqui: ressuscitou!» (Lc 24, 1-3.4b.5b)
Temos o azul do céu, o roxo dos perfumes, o escarlate das marcas do sangue e o branco da mortalha e das ligaduras. À entrada, dois anjos guardam a porta que dá acesso ao Senhor e a porta está completamente aberta ... Já nada, nem mesmo o pecado nem a morte, nos pode separar do amor de Deus!
Jesus é a Verdade. Deus é a Verdade. A Verdade é Deus.
Assim, o mundo torna-se cada vez mais verdadeiro na medida em que reflectir Deus - o amor de Deus e o Deus de amor. Assim, o mundo torna-se tanto mais verdadeiro quanto mais se aproximar de Deus e do Seu Reino de verdade, vida, liberdade, amor.
O homem torna-se cada vez mais verdadeiro, cada vez mais ele mesmo, cada vez mais parecido com o ser que deveria ser, quanto mais se conformar com o próprio Deus, quanto mais se tornar a Sua imagem e semelhança.
Deus é a realidade que nos confere a natureza e o sentido do nosso ser.
«Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. (Jo 17,37)
Dar testemunho da Verdade significa então pôr Deus em realce, dar-Lhe o primeiro lugar em todos os instantes e em todos os aspectos da nossa vida. Dar testemunho da Verdade significa estar atento, colocar-nos em atitude constante de escuta e pôr em prática a Sua vontade.
«Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. (Jo 17,37)
A Redenção que Cristo nos veio oferecer foi assim, de certo modo, o tornar a Verdade perfeitamente reconhecível, identificável, perceptível - para todos.
Esta é a pergunta que Pilatos faz a Jesus, já no final do seu interrogatório. Realmente, ele faz a pergunta - mas não quer ouvir a resposta. É por isso que Pilatos foge - "dito isto, foi ter de novo com os judeus" (Jo 18,39). Porque, se ouvisse a resposta, algo, depois, teria de mudar... Ninguém pode permanecer o mesmo, viver da mesma forma, agir do mesmo modo - depois de fazer uma pergunta destas Àquele que tudo criou. Não depois de ouvir a resposta ...
Jesus sabia que Pilatos não ia querer ouvir a resposta à sua própria pergunta - «Que é a Verdade?» (Jo 18,38) - a pergunta que brotou espontaneamente do seu coração, sem que ele a pudesse impedir de se expressar, sem que a razão - fria, política, calculista, como era seu hábito - dominasse a questão profunda que a sua alma procurava ...
Mas foi para poder responder clara e definitivamente a esta questão - que surge não só no coração de Pilatos, mas também de cada homem, mais tarde ou mais cedo ao longo da sua vida - que Jesus encarnou, viveu, morreu e ressuscitou. É por isso que Jesus oferece a Pilatos, subtilmente, a resposta, antes mesmo de este a pronunciar em voz alta, quando ainda só o tinha feito no fundo da sua alma. E esta é a única resposta capaz de o (e de nos) saciar
«Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade.
Todo aquele que vive da Verdade, escuta a Minha voz». (Jo 18,37)
Assim falou Jesus, levantando os olhos para o céu, exclamando: «Pai, chegou a hora! Manifesta a glória do Teu Filho, de modo que o Filho manifeste a Tua glória, segundo o poder que Lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de que dê a vida eterna a todos os que Lhe entregaste. Esta é a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste».
Jo 17,1-3
No outro dia, apercebi-me da tendência que tenho em pensar na «vida eterna» como sendo apenas a vida que começará depois da nossa morte. Oh, quando formos para o Céu! Oh, viveremos eternamente no Reino do amor de Deus! Como seremos felizes, felizes!....
Mas não, não é assim. Ao meditar nesta passagem de São João, apercebo-me do meu grave erro. A vida eterna não é algo que ainda vai começar. É algo que já começou!
Esta é a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste. (Jo 17,3)
A partir do momento que ocorre esta conversão no nosso coração, esta Fé no Senhor nosso Deus, Criador do céu e da terra, nosso Pai que tanto nos ama, ao ponto de nos enviar o Seu Filho para nos redimir de todos os pecados que nós fizémos, apenas para podermos ter a possibilidade de entrarmos novamente em plena comunhão de amor com Ele ... É aí, aí mesmo, que começa a nossa vida eterna...
Diz-nos Jesus, no relato da ressurreição do Seu querido amigo Lázaro:
«Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim não morrerá para sempre.» ( Jo 11,25-26)
Os primeiros cristãos compreenderam logo esta realidade, profunda e transformadora, que Jesus nos veio oferecer. Chamavam-lhes "os viventes", segundo nos conta o nosso Papa Bento XVI, porque tinham encontrado aquilo que todos procuravam (e que continuam, ainda hoje, a procurar): a própria vida, a vida plena, verdadeira, imperecível, invencível, contra a qual a morte não tem nenhum poder ...
Esta é a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste. (Jo 17,3)
Cada homem encontra esta vida que tanto procura, a «vida eterna», através do conhecimento de Deus, do verdadeiro e único Deus. Conhecer, segundo a linguagem bíblica, significa comunhão, intimidade, entrega, identificação plena com aquele que queremos conhecer...
A vida eterna torna-se assim, de certa forma, numa relação do mais profundo amor com Aquele que é em Si mesmo a verdadeira fonte da vida.
Começo a pensar que digo o mesmo todos os anos (apesar de ainda só ter vivo 6 Quaresmas na minha vida), mas digo-vos com toda a sinceridade que a Quaresma deste ano tem sido, sem qualquer sombra de dúvida, a Quaresma mais difícil e excruciante de que me lembro de viver ... As razões são mais que muitas, as consequências e implicações, então, são ainda mais numerosas. Mas a causa ... a causa é só uma, vim eu a descobrir - o meu orgulho, a minha soberba.
Ao ler algumas reflexões de outras pessoas sobre esta Quaresma, tão particular e única, notei que muitas partilhavam o quanto esta Quaresma lhes ensinou a ouvir - a voz do Senhor e a voz dos irmãos. Bem, para mim, tendo sido uma Quaresma que me tem ensinado não só a ouvir mas também a ver ... eu, que tão, tão cega andava ... À semelhança do cego de Betsaida, que Jesus chama de parte, tomando-o pela mão para longe da cidade, para aí conversar com ele e curá-lo através da graça que provém da Palavra da Sua boca...
Chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe um cego, pedindo-lhe que o tocasse. Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?». Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar». Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos, ele começou a ver e ficou curado.
Mc 8,23-25
Sei que este ano a Igreja nos chama a ler o Evangelho de São Mateus, mas eu tenho sentido uma necessidade inexplicável de ler o Evangelho de São João e é sobre algumas passagens deste Evangelho que gostava de ir partilhando convosco ao longo destes dias - talvez sejam umas reflexões um pouco soltas e um pouco atrasadas em relação ao programa litúrgico, eu sei, mas sei também que para a graça actuante do Senhor não existe tarde demais ...
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
Jo 13,1
A festa judaica da Páscoa celebrava a saída e libertação do povo hebraico das terras do Egipto, passando da condição de escravos para filhos livres do Senhor. Agora - sim, agora - em que vivemos o pleno cumprimento de todas as Escrituras através de Jesus, é chegada a hora da "passagem" de Jesus, a hora do amor "até ao fim". Realmente, se pensarmos bem, o amor é um processo de transformação, em que cada um é chamado a sair de si mesmo e dos seus limites humanos, para chegar até ao ente amado, ao irmão, ao Senhor. Para amarmos como Jesus, é preciso estarmos dispostos a fazer - e a sofrer, sim, porque dói - esta passagem, esta transformação...
Para que o amor pelo irmão e pelo Senhor cresça no nosso coração (e na nossa vida), é preciso fazer espaço, é preciso criar espaço dentro dos nossos corações. Como? Pois, essa é a parte dolorosa, porque a resposta é só uma - esvaziando-nos de nós próprios, esvaziando-nos do amor que temos por nós próprios, despojando-nos do nosso querer, do nosso egoísmo ...
Jesus, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura.
Jo 13, 3-5
Chegou a "hora" de Jesus, a hora do amor, perfeito, total, profundo, radical; chegou a hora de passar deste mundo para o Pai. Como vive Jesus essa hora de passagem, de mudança? Em pleno serviço, em pleno despojamento de Si mesmo ...
Por amor à ovelha perdida e presa no pecado, por amor a mim, por amor a ti, Jesus saiu de junto de Deus Pai, e desceu até nós, assumindo a nossa condição humana. Nisto consiste o amor - sair de nós mesmos para alcançar o outro que amamos, descendo o que for preciso, abaixando-nos, humilhando-nos, até chegarmos junto do ser amado.
Num gesto completamente contrário ao de Adão no jardim do Éden (e à minha própria acção, diária, aliás, inúmeras vezes ao longo do dia...), que tentou apoderar-se do que era divino pela sua própria vontade e através das suas próprias forças, Jesus esvazia-se de Si mesmo, colocando-se na posição de escravo e servo; retirando o Seu manto, despojando-se de todo o Seu esplendor divino; Jesus ajoelha-se diante de cada um de nós, lavando e enxugando os nossos pés sujos ...
Jesus desceu do Céu, de certa forma, sozinho. Mas já não regressará para junto de Deus Pai sozinho. Levar-nos-á, a todos, com Ele, para o Céu, para o Reino de amor que Deus tanto anseia por nos oferecer - para todo o sempre!
Não houve uma só Estação desta Via Sacra que não me tivesse falado direitinho ao coração, fazendo-me reconhecer plenamente os meus pecados mais profundos, sem me deixar dizer qualquer desculpa ou tentativa de esconder ... E assim, com as feridas expostas, o Divino Médico poderá então curá-las ...