A Parábola e a Pintura
Missão País 2016 - 2ºdia
Como já tinha partilhado convosco, o lema das Missões deste ano foi baseado no Evangelho de São Lucas, capítulo 15, versículo 11 a 32 - ou seja, a Parábola do Filho Pródigo - ideal para o Ano Extraordinário da Misericórdia!
Esta parábola foi sendo explorada ao longo da nossa semana, auxiliados pelo estudo duma pintura alusiva à história, da autoria de Rembrandt. Este pintor viveu na sua vida a sua própria parábola do filho pródigo, o que é perceptível tanto pela beleza do quadro que criou, como pelos inúmeros pormenores e seus significados.
O Regresso do Filho Pródigo (1668) - Rembrandt
Pequena Reflexão acerca das Personagens deste Quadro:
- Filho mais novo
Personagem principal no quadro, bem iluminada, juntamente com o Pai.
Mostra-se exausto e sem forças. Está joelhado, sendo amparado pelo Pai. Tem a cabeça rapada, como um escravo. A sua roupa está suja e rota, reflectindo a sua condição - perdido, destruído, humilhado.
O seu pé esquerdo está descalço, mostrando uma cicatriz e denunciando o seu sofrimento. No pé direito, o que resta do sapato mal se aguenta, o que ilustra a miséria deste filho.
Está desposado de tudo, excepto duma pequena espada no seu lado direito, que simboliza a origem nobre concebida pelo Pai. O Filho mais novo vendeu tudo o que tinha, menos aquilo que lhe conferia um sinal de dignidade e de pertença.
Tem o rosto desviado, pois sente-se culpado e não é capaz de olhar directamente nos olhos do seu Pai.
- Pai
Outra personagem principal no quadro, também ela bem iluminada.
É um homem velho, de barba e cabelos brancos, de costas curvadas, como quem viveu e esperou muito tempo. Possui um manto vermelho e luxuoso, mostrando a sua nobreza e dignidade.
O seu rosto demonstra tanto um sentimento de sofrimento como de simultânea alegria, ao abraçar e amparar o seu Filho mais novo que regressa.
O pormenor das mãos é muito significativo: a sua mão direita parece uma mão feminina, fina e elegante, lembrando uma mão de mãe, que consola e que expressa simultaneamente ternura. Já a mão esquerda parece uma mão de pai, larga e forte, que tenta proteger e fortalecer, dando segurança e sustento.
- Filho mais velho
Personagem apenas parcialmente iluminada.
Está de pé e afastado da cena principal. Está fechado sobre si próprio, com as mãos juntas ao corpo, aparentemente insensível ao regresso do seu Irmão mais novo e à misericórdia e perdão demonstrado pelo Pai.
Olha o abraço de reconciliação com um olhar frio e distante, ilustrando o facto de, apesar de perto fisicamente da casa do Pai, o seu coração estar tão afastado Deste como esteve o do seu Irmão mais novo.
- Outras personagens
Colector de Impostos: Imediatamente à direita do Irmão mais velho, encontra-se uma personagem também parcialmente obscurecida. Está ricamente vestida, mostrando a sua importância social (é possivelmente um colector de impostos), estando atento e comovido pelo abraço de reconciliação.
Servo: Figura obscurecida e com pouca visibilidade, no centro do quadro. Encontra-se meio escondido, tem roupas simples (é possivelmente um servo da casa do Pai) que não consegue desviar o olhar deste momento de reconciliação entre o Pai e o Filho mais novo.
Mãe: No canto superior esquerdo da pintura, encontra-se a figura duma senhora, pelos seus cabelos compridos. É possivelmente a Mãe dos dois irmãos, que aguardava este regresso e este abraço. Talvez represente Nossa Senhora que, mais do ninguém, deseja ardentemente o nosso encontro com o Pai.
Curiosamente, a minha madrinha de Crisma tinha-me oferecido há uns meses um livro com o mesmo nome, "O Regresso do Filho Pródigo", do padre Henri Nouwen, que explora de forma progressiva e bastante profunda a parábola do filho pródigo a partir do estudo desta pintura. (podem ler um excerto deste livro aqui).
Na altura, li apenas 2 capítulos do livro mas achei-o logo extraordinário!! Infelizmente, vieram os exames da faculdade e tive de o pôr de lado por uns tempos... Contudo, pensei logo em lê-lo durante esta Quaresma - e é o que farei!
Ao longo do livro, ao mesmo tempo que o autor avalia o quadro e a parábola, reflecte também acerca da sua própria caminhada como cristão, e de ter passado de filho pródigo, afastado do Pai; a filho mais velho, junto do Pai mas longe Dele na mesma; até à sua verdadeira vocação (e a de todos nós!), ou seja, ser como o Pai, sendo capaz de acolher, perdoar e alegrar-se com o regresso de todos os seus filhos.
É um livro que eu vos recomendo vivamente a lerem! É relativamente barato, incrivelmente belo, rico e profundo, apesar de escrito de forma simples e clara. É uma companhia ideal para a longa jornada da Quaresma em que nos encontramos!
† ALEGRA-TE, FOSTE ENCONTRADO! †
Missão País 2016
P.s: Como já devem ter reparado, mudei as cores do blog! Que tal? Já não parece um blog só para raparigas, pois não? Pois, a verdade é que só recentemente me apercebi que há alguns rapazes que lêem o blog. Sim, só agora ...