Para maior glória de Deus
(Em jeito de continuação do post anterior e em plena sintonia com a nossa querida Teresa Power - meditação para o V Domingo da Páscoa).
O tempo de Deus é perfeito.
Sim, o tempo de Deus é perfeito, mesmo que pareça um enorme mistério, mesmo que eu, agora, não o compreenda ...
Deus nunca se adianta nem se precipita, nem nunca faz algo atrasado ou demasiado tarde.
O tempo de Deus é perfeito.
(Aproveito para vos dar a conhecer outra das minhas cantoras católicas favoritas, a Sarah Kroger)
Your time - Sarah Kroger
| O Teu tempo - Sarah Kroger (tradução livre minha)
Senhor, o Teu tempo é perfeito Como um passarinho pequeno que aguarda pela oportunidade de poder voar Senhor, o Teu tempo é perfeito O Teu tempo, o Teu tempo |
Eu não sou a primeira nem a única pessoa a debater-me com a diferença entre o tempo de Deus e o "meu" tempo; entre a velocidade da manifestação da vontade e das acções do Senhor e a evolução que eu gostava tanto que estivesse a acontecer. Não, nem eu sou a primeira ou a única, nem nenhum de vocês o é.
Esta dificuldade, este desafio, está visivelmente presente desde o princípio da nossa história, desde o princípio da história do povo de Deus.
Peguemos no livro do Êxodo, e comecemos a ler a partir do versículo 22 do capítulo 15, em diante. Os israelitas caminham desde o Egipto, pelo deserto, em direcção à Terra Prometida ... e demoraram 40 anos a lá chegar... 40 anos!
Contudo, tal como muitos saberão, se virmos num mapa a distância entre o Egipto e a Terra Prometida .... parece absolutamente absurdo que o povo de Deus tenha demorado tanto tempo até lá chegar e que tenha andado durante tanto tempo às "voltinhas" pelo deserto, seguindo aquela que seria a vontade de Deus....
Havia claramente um caminho directo, mais curto, mais fácil. Mas o Senhor não os levou por aí.
Porque não o fizeste Senhor?
... Oh, se a minha vida não parece por vezes esta viagem interminável do povo de Deus, às voltas e voltinhas pelo deserto adentro, sem qualquer deslumbre da Terra Prometida ...
Mas porque o quiseste assim Senhor? Porquê tanto tempo até lá chegar? Porquê tão difícil? Não havia outra maneira?
Não, não havia. Sim, foi mesmo preciso assim tanto tempo.
Sim, era mesmo necessário ser daquela maneira.
Porque só assim foi possível transformar o coração de pedra daquele povo num coração de carne. Só assim foi possível crescerem em virtudes - fé, esperança, amor ... Só assim puderam crescer todos em paciência, em fortaleza, em mansidão, em entrega plena e total nas mãos de Deus Pai Criador ...
Porque só assim a glória do Senhor pôde ser manifestada e visível para todos.
Os pequenos comentários que acompanham a minha Bíblia dizem-me que, no capítulo 14 do Livro do Êxodo, foi a primeira vez em que, nas Sagradas Escrituras, se falou na glória de Deus.
O povo de Deus está entre a espada e a parede - entre o Mar Vermelho e os soldados do Faraó - e não há por onde fugir. E eis que a glória de Deus se manifesta pela primeira vez - através da fé de Moisés, as águas do Mar Vermelho separam-se momentaneamente, o que era impossível acontece e torna-se verdadeiro, e o povo de Deus avança em segurança até ao outro lado da margem. Eis a primeira vez que os israelitas se apercebem da imensa glória de Deus .... (claro que já deveriam ter-se apercebido antes, nas incontáveis bênçãos e milagres que o Senhor tinha feito ao longo de tantas gerações anteriores - mas os israelitas, tal como nós próprios, eram um povo de "pouca fé" e de "compreensão lenta" - como Jesus nos disse tantas e tantas vezes....)
Sim, a glória de Deus é bem visível na vitória das batalhas, mas é precisamente no meio das batalhas mais difíceis e ferozes que a Sua glória resplandece, incomparavelmente.
O mesmo acontece, hoje, nas nossas vidas - é no meio das nossas lutas e batalhas que a glória de Deus pode (e deve) ser mais visível. Permita-lo-ei eu?
Na minha vida, ao atravessar este deserto de espera, estarei eu a permitir que a glória de Deus seja ainda mais visível e experienciada?
Neste momento da minha vida, em que estou numa fase do caminho que eu não desejaria estar, mas que Deus deseja que eu esteja - estarei eu a permitir que a minha vida O glorique?
Que aponte na Sua direção (oh, hei-Lo, o Autor e Sustento da minha vida - venham e conheçam-n'O)?
Estarei eu a testemunhar todas as coisas boas e maravilhosas que Ele está a fazer na minha vida, mesmo neste pleno deserto?
Continuem a ler o livro do Êxodo, e deparar-se-ão com inúmeras batalhas impossíveis que o Senhor ganhou e venceu pelos israelitas, e assim a Sua glória pôde manifestar-se duma forma incomparável nas Suas vidas.
Eis então a resposta - conseguir olhar para a minha vida, para esta espera no deserto, através desta perspectiva - em vez de me focar em tudo aquilo que eu desejava e não tenho. Se eu conseguir aperceber-me de todas as coisas boas que Deus está a realizar, mesmo ao longo destes anos de deserto, isso fará então a minha vida mais alegre e mais grata.
Se a vossa vida parecer que está, também, parada entre a espada e a parede, entre as águas profundas do Mar Vermelho (que não parece nada que se irá abrir para nos dar passagem) e os assustadores soldados do Faraó que continuam a dirigir-se na vossa direcção, lembrem-se, vocês não estão sozinhos. Não oiçam a voz sedutora do Príncipe das mentiras.
Lembremo-nos que temos um Pai que nos ama infinitamente e que tem guardadas para nós tantas coisas maravilhosas. Pensemos em tudo aquilo que Deus está a fazer, neste momento, nas nossas vidas - e não pensemos em tudo o que desejaríamos que Ele estivesse a fazer. Escolham focar-se nas inúmeras bênçãos e graças que Ele nos tem oferecido nas nossas vidas.
Sejamos gratos. Recuperem a vossa fé na bondade do Senhor, nosso Pai.
Tudo o resto, coloquemos nas Suas mãos; ofereçamos-Lhe - tudo - e Ele cuidará - de tudo.
Sim, estamos realmente, neste preciso momento das nossas vidas, no exacto lugar e situação que Deus deseja que nós estejamos; na exacta fase do caminho que fará de nós santos ... os santos que só cada um de nós poderá ser.