Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sempre que passo por uma altura na minha vida, em que Deus me pede para esperar por algo, acabo por descobrir mais um querido amigo do Céu, cuja história de vida me inspira a levar avante o meu combate diário pela virtude da paciência e da humildade. E assim, desta vez, Deus falou-me ao coração através da história de Isabel.
No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel.Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada. (Lc 1,5-7)
Uma pesquisa rápida no Google diz-me que, em toda a Bíblia, podemos encontrar referência a mais de 20 personagens com o nome de Zacarias. Mas, e Isabel? Ah, Isabel há só uma, a mulher escolhida - à semelhança de Maria - para ser a mãe de São João Baptista, e não há outra ...
Só o Evangelho de São Lucas, o Evangelho da alegria, nos fala de Isabel, a prima mais velha de Maria e esposa do sacerdote Zacarias. Não são muitas as mulheres cujo nome aparece expresso nas Sagradas Escrituras, quase que se podem contar pelos dedos das mãos (e dos pés ). Mas Isabel promete ser alguém muito especial, ou não fosse ela logo chamada, juntamente com o seu marido, como sendo «justa diante de Deus», à semelhança quase apenas do que nos é dito sobre São José.
O anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João.Será para ti motivo de regozijo e de júbilo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
Pois ele será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.Irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos»
Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso, se estou velho e a minha esposa é de idade avançada?» (Lc 1,13-18)
Terminados os dias do seu serviço, [Zacarias] regressou a casa. Passados esses dias, sua esposa Isabel concebeu. (Lc 1,23-24)
Zacarias, apesar de ser sacerdote e de ter passado toda a sua vida a conhecer, a servir e a amar o Senhor, quando chega a um dos momentos mais impactantes da sua vida, duvida das palavras de Deus, transmitidas pelo Anjo Gabriel. Já Isabel, pelo contrário, crê firmemente nas promessas do Senhor e é essa fé que permite que um milagre aconteça na vida de ambos.
Num Matrimónio abençoado pelo Senhor, aquilo que poderá faltar a um dos esposos - a fé num dado momento, a paciência noutro, o bom humor, o entusiasmo, o livre abandono à vontade do Senhor - é, por acção Divina, compensado pela virtude do outro esposo. Na verdade, anos mais tarde, São Paulo falará deste grande mistério, tão bela e visivelmente presente na história de Zacarias e Isabel, ao afirmar aos Coríntios de que "o marido não crente é santificado pela sua mulher, e a mulher não crente é santificada pelo seu marido" (1 Cor 7,14)
Isabel não vê Anjo nenhum, nem ouve nenhuma palavra proferida pela sua boca - não é preciso! A passagem dos anos ensinou-a a ser uma mulher que crê, que confia, que sabe esperar, que sabe escutar uma outra voz, que fala bem mais baixinho, vinda do mais fundo do seu coração durante a oração e que lhe assegura vezes e vezes sem conta: "Procura no Senhor a tua felicidade e Ele satisfará os desejos do teu coração" (Sl 37, 4).
Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. (Lc 1,39-40)
Apesar de nos ser dito, logo no início da narração de São Lucas, que Isabel e Zacarias "cumpriam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor", eles aceitam receber na sua casa uma jovem rapariga que, apesar de ainda não estar casada, já ficou grávida! Como podem eles aceitar tal coisa? Como podem recebê-la na sua casa? Não saberão eles que a lei dos fariseus e dos escribas condena gravemente essas mulheres?
Sim, Zacarias e Isabel conhecem bem a Lei de Moisés, como conhecem as palmas das suas mãos. Eles são o reflexo vivo de um casal que não só conhece como vive diariamente o Shemá: "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças" (Dt 6,5) E é por isso mesmo que sabem reconhecer o mistério extraordinário que se vai revelando diante dos seus olhos ...
Meu filho, se receberes as Minhas palavras e guardares cuidadosamente os Meus mandamentos, prestando o teu ouvido à sabedoria, se a buscares como se procura a prata e a pesquisares como um tesouro escondido, então, compreenderás o temor do Senhor e chegarás ao conhecimento de Deus.
Compreenderás a justiça e a equidade, a rectidão e todos os caminhos que conduzem ao bem; pois a sabedoria entrará no teu coração e o conhecimento será para ti uma delícia.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o Fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» (Lc 1, 41-45)
Nuns versículos mais atrás, é-nos dito que Isabel se encontra no seu 6º mês de gestação, quando recebe a visita de Maria. São Lucas, sendo médico, sabia bem que uma mulher, grávida com o seu primeiro filho, apenas o sentirá mexer a partir da 20ª a 22ª semana de gestação. Assim, esta poderá muito bem ter sido a primeiríssima vez que Isabel sentiu o seu bebé, João, a mexer dentro de si. E ele não mexeu só um bocadinho, mas verdadeiramente "saltou de alegria no [seu] seio".
Oh, pensar que a primeira pessoa a reconhecer a presença de Jesus, verdadeiro Deus encarnado dentro de Maria, foi um bebé que ainda não tinha nascido, um feto ainda dentro do útero de sua mãe (mas um embrião não é uma pessoa, nem possui nenhuma dignidade nem valor, grita-nos a nossa sociedade actual ...)
Num momento de pura clareza espiritual, Isabel compreende todos os sinais que Deus lhe foi dando e que culminam neste momento: a plena e perfeitíssima realização de tudo o que foi escrito nas Sagradas Escrituras, naquele que se tornará o Antigo Testamento, está agora mesmo a começar. Está agora mesmo a realizar-se. Ali, diante dos seus olhos.
E assim, contemplando tudo isto, faço minhas as palavras de Isabel, em oração: "Donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?"
Estamos já na segunda semana do Advento. Este ano, o Advento "tem uma semana a menos", uma vez que celebramos o 4º Domingo do Advento na véspera de Natal, dia 24 de Dezembro. No dia seguinte celebraremos logo a vinda do Amor até junto de nós.
Então, está na altura de "preparar o presépio". Hoje, começaremos com Maria; depois falaremos de José e do Menino Jesus.
Neste sentido, partilho convosco uma reflexão do Papa Bento XVI, acerca da resposta de Nossa Senhora à anunciação por parte do anjo Gabriel.
A resposta de Maria desenvolve-se em três etapas.
A primeira reacção à saudação do anjo é feita de perturbação e ponderação. A sua reacção é diferente da de Zacarias; dele é referido que ficou perturbado e «encheu-se de temor» (Lc 1,12). No caso de Maria, no início usa-se a mesma palavra (ela perturbou-se), mas o que se segue depois não é o temor, mas uma reflexão íntima sobre a saudação do anjo. Maria reflecte (entra em diálogo consigo mesma) sobre o que deva significar a saudação do mensageiro de Deus. Assim, vemos surgir já aqui um traço característico da figura da Mãe de Jesus, um traço que encontramos no Evangelho mais duas vezes em situações análogas: o confronto íntimo com a Palavra (ver também Lc 2,19 e Lc 2,51).
Não se detém no primeiro sentimento que a assalta, ou seja, a perturbação pela proximidade de Deus no seu anjo, mas procura entender. Por isso, Maria aparece como mulher corajosa, que conserva o autocontrolo mesmo diante do inaudito. Ao mesmo tempo, é apresentada como mulher de grande interioridade, que conjuga o coração e a mente e procura entender o contexto, o conjunto da mensagem de Deus. Assim, torna-se imagem da Igreja, que reflecte sobre a palavra de Deus, procura compreendê-la na sua totalidade e guarda o dom da mesma na sua memória.
Enigmática, para nós, é a segunda reacção de Maria. (...) O anjo comunica-lhe que foi escolhida para se tornar mãe do Messias. Então Maria fórmula uma pergunta breve e incisiva: «Como será isso, se eu não conheço homem?» (Lc 1,34). Considere-se de novo a diferença da sua resposta, relativamente à de Zacarias: enquanto este reagiu duvidando da possibilidade da tarefa que lhe foi atribuída (...) Maria não dúvida, não levanta questões sobre o facto «de que» se possa realizar a promessa, mas quanto ao «como» está se realizaria. (...) [Mas] o anjo confirma-lhe que não será mãe pelo modo normal depois de ser recebida em casa de José, mas através da «sombra da força do Altíssimo», por meio da vinda do Espírito Santo e, com veemência, assegura: «Porque nada é impossível a Deus» (Lc 1,37).
Depois disto, segue-se a terceira reacção, a resposta essencial de Maria: um simples «sim» daquela que se declara serva do Senhor. «Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). (...) São Bernardo de Claraval afirma que, no momento do pedido a Maria, o céu e a terra como que suspendem a respiração. Dirá «sim»?! Ela demora.... Porventura lhe servirá de obstáculo a sua humildade? Só por esta vez - diz-lhe Bernardo - não sejas humilde, mas magnânima. Dá-nos o teu «sim»! Este é o momento decisivo, em que dos seus lábios, do seu coração, surge a resposta: «Faça-se em mim segundo a tua palavra». É o momento da obediência livre, humilde e simultaneamente magnânima, na qual se realiza a decisão mais sublime da liberdade humana. (...)
Penso que é importante ouvir também a última frase da narração da Anunciação: «E o anjo retirou-se de junto dela (Lc 1,38). A grande hora do encontro com o mensageiro de Deus, na qual toda a vida muda, passa; e Maria fica sozinha com a tarefa que verdadeiramente supera toda a capacidade humana. Não há anjos em seu redor, ela deve prosseguir pelo seu caminho, que passará através de muitas obscuridades, a começar pelo espavento de José perante a sua gravidez até ao momento em que se diz de Jesus que está «fora de si» (Mc 3,21 e Jo 10,20), até à noite da Cruz. (...) O anjo parte, a missão permanece e, juntamente com ela, matura a proximidade interior com Deus, o íntimo ver e tocar a sua proximidade."
Reflexão retirada do livro "Jesus de Nazaré - A infância de Jesus"
Hoje a Igreja celebra a Anunciação do Senhor - o dia em que o Anjo Gabriel desceu à Terra para perguntar à Virgem Maria se aceitava ser a mãe do Messias, o Filho de Deus ... E Maria disse SIM!
Que dia de magníficas reflexões! Que profundíssimos mistérios! Quantas maravilhas para nos deleitarmos! Que belo dia!
Curioso que recentemente (ou melhor dizendo, Providencialmente) tive o imenso prazer de ler uma pequena parte das Revelações de Nossa Senhora à Santa Brígida da Suécia (aqui) - que me deixou absolutamente boquiaberta e sem palavras (e com uma enorme vontade de ler o resto do livro!!), que partilho hoje convosco neste dia tão especial:
“Sou a Rainha do Céu. Ama meu Filho, porque ele é o honestíssimo e quando tens a Ele, tens tudo o que é honesto. Ele é o mais desejável e quando tens a Ele tens tudo o que é desejável. Ama-o também porque Ele é virtuosíssimo e quando o tens, tens todas as virtudes. Vou te contar como foi maravilhoso seu amor pelo meu corpo e minha alma e quanta honra deu ao meu nome. Ele, meu filho, me amou antes que eu o amasse, pois é meu Criador. Ele uniu meu pai e a minha mãe em um matrimonio tão casto que não se pode encontrar nenhum casal mais casto.
Nunca desejaram unir-se exceto de acordo com a Lei, só para terem descendência. Quando o anjo lhes anunciou que teriam uma Virgem pela qual chegaria a salvação do mundo, antes desejariam morrer do que unir-se em um amor carnal, pois a luxuria estava extinta neles. Asseguro-te que, pela caridade divina e devido à mensagem do anjo, eles se uniram na carne, não por concupiscência, mas contra sua vontade e por amor a Deus. Dessa forma, minha carne foi gerada de suas sementes e através do amor divino.
Quando meu corpo se formou, Deus enviou nele a alma criada a partir da sua divindade. A alma foi imediatamente santificada junto com o corpo e os anjos a vigiavam e custodiavam dia e noite. É impossível expressar-te que grandíssimo gozo sentiu minha mãe quando minha alma santificada se uniu ao meu corpo. Depois, quando o curso da minha vida se cumpriu, meu Filho primeiro elevou minha alma, por ter sido a dona do corpo, a um lugar mais eminente que os demais, perto da glória de sua divindade, e depois meu corpo, da forma que nenhum outro corpo de criatura esteja tão perto de Deus como o meu.
Veja quanto meu Filho amou a minha alma e meu corpo! Existem pessoas, entretanto, que maliciosamente negam que eu tenha sido assunta em corpo e alma, e existem outras que simplesmente não tem maior conhecimento. Mas a verdade disso é certa: Fui elevada até a Gloria de Deus em corpo e alma! Escuta agora o muito que meu Filho honrou meu nome! Meu nome é Maria, como diz o evangelho.”
(...)
“Sou a Rainha do Céu, a Mãe de Deus. Agora te mostrarei com mais detalhes como, desde o principio, quando eu primeiro ouvi e entendi que Deus existia, sempre e com temor estive zelosa sobre minha salvação na observância de seus mandamentos.
Quando aprendi mais plenamente que o mesmo Deus era meu Criador e o Juiz de todas minhas ações, cheguei a amá-Lo profundamente e estive constantemente alerta e atenta para não ofendê-Lo por palavra ou por obra.
Quando soube que Ele havia dado sua Lei e mandamentos a seu povo e fez milagres através deles, fiz a firme resolução em minha alma de não amar nada mais a não ser Ele, e as coisas mundanas se tornaram muito amargas para mim. Então, sabendo que o mesmo Deus redimiria o mundo e nasceria de uma Virgem, eu estava tão movida de amor por Ele que não pensava em nada mais a não ser em Deus, nem queria nada fora Dele. Separei-me, no possível, da conversação e presença de parentes e amigos, e dei aos necessitados tudo o que havia chegado a ter, ficando somente com um moderado vestuário e alimentação.
Nada me agradava a não ser Deus. Sempre esperei em meu coração viver até o momento de seu nascimento, e talvez, aspirar a ser uma indigna servidora da Mãe de Deus. Também fiz em meu coração o voto de preservar minha virgindade, se isso fosse aceitável a Ele, e de não possuir nada no mundo. Mas se Deus quisesse outra coisa, meu desejo era que se cumprisse em mim seu desejo e não o meu, porque acreditei que Ele era capaz de tudo e que Ele só queria o melhor para mim. Por Ele, submeti-lhe toda a minha vontade.
Quando chegou o tempo estabelecido para a apresentação das virgens no templo do Senhor, estive presente com elas graças à religiosa obediência de meus pais.
Pensei comigo, que nada era impossível para Deus e que, como Ele sabia que eu não desejava nem queria mais que a Ele, Ele poderia preservar minha virgindade, se isto lhe agradasse, e se não, que se fizesse sua vontade.
Depois de ter escutado todos os mandamentos no templo, voltei a casa ainda ardendo mais que nunca por Deus, sendo inflamada com novos fogos e desejos de amor a cada dia. Por isso, me separei ainda mais de tudo e estive só noite e dia, com grande temor de que minha boca falasse e meus ouvidos ouvissem algo contra Deus, ou de que meus olhos olhassem algo em que me deleitasse; em meu silencio senti também temor e ansiedade por estar calando sobre algo que deveria falar.
Com essas perturbações em meu coração, e a sós comigo mesma, encomendei todas as minhas esperanças a Deus. Naquele momento veio ao meu pensamento considerar o grande poder de Deus; como os anjos e todas as criaturas o servem; e como sua glória é indescritível e eterna.
Enquanto me perguntava tudo isso, tive três visões maravilhosas: Vi uma estrela, mas não como as que brilham no Céu. Vi uma luz, mas não como a que ilumina o mundo. Percebi um aroma, mas não de ervas nem de nada disso, mas indescritivelmente suave, que me plenificou tanto que senti como se saltasse de gozo. Nesse momento, ouvi uma voz, mas não de fala humana.
Tive muito medo quando a ouvi e me perguntei se seria uma ilusão. Então, apareceu diante de mim um anjo de Deus de uma belíssima forma humana, mas não revestida de carne, e me disse: “Ave, cheia de graça...”