Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
EXCERTO: "Digamos ousadamente, com São Bernardo, que temos necessidade de um medianeiro junto do Medianeiro por excelência, e que Maria Santíssima é a única capaz de exercer esta função admirável. Por ela Jesus Cristo veio a nós, e por ela devemos ir a Ele."
Parte 12: Ponto 90 a 96
EXCERTO: "A Santa Igreja, como o Espírito Santo, bendiz primeiro a Santíssima Virgem e depois Jesus Cristo: “benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesus”. Não porque a Santíssima Virgem seja mais ou igual a Jesus Cristo: seria uma heresia intolerável, mas porque, para mais perfeitamente bendizer Jesus Cristo, cumpre bendizer antes a Maria. Digamos, portanto, com todos os verdadeiros devotos de Maria, contra seus falsos e escrupulosos devotos: Ó Maria, bendita sois vós entre todas as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!"
Parte 13: Ponto 97 a 104
EXCERTO: "Cuidemos, portanto, de não pertencer ao número dos devotos críticos que em coisa alguma crêem e de tudo criticam; dos devotos escrupulosos que receiam ser demasiadamente devotos da Santíssima Virgem, por respeito a Jesus Cristo; dos devotos exteriores que fazem consistir toda a sua devoção em práticas exteriores; dos devotos presunçosos, que, sob o pretexto de sua falsa devoção continuam marasmados em seus pecados; dos devotos inconstantes que, por leviandade, variam suas práticas de devoção, ou as abandonam completamente à menor tentação; dos devotos hipócritas que se metem em confrarias e ostentam as insígnias da Santíssima Virgem a fim de passar por bons; e, enfim, dos devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para se livrarem dos males do corpo ou obter bens temporais."
Parte 14: Ponto 105 a 114
EXCERTO: "[A] verdadeira devoção à Santíssima Virgem é constante, firma uma alma no bem, e ajuda-a a perseverar em suas práticas de devoção. Torna-a corajosa para se opor ao mundo em suas modas e máximas, à carne, em seus aborrecimentos e paixões, e ao demónio, em suas tentações. Assim, uma pessoa verdadeiramente devota da Santíssima Virgem não é volúvel, nem se deixa dominar pela melancolia, pelos escrúpulos ou pelos receios. Não quer isto dizer que não caia ou não mude, às vezes, na sensibilidade de sua devoção; mas, se cai, levanta-se logo, estende a mão à sua boa Mãe, e, se perde o gosto ou a devoção sensível, não se aflige irremediavelmente, pois o justo e devoto fiel de Maria vive da fé de Jesus e de Maria, e não nos sentimentos naturais."
Parte 15: Ponto 115 a 119
EXCERTO: "Depois de ler quase todos os livros que tratam da devoção à Santíssima Virgem e de conversar com as pessoas mais santas e instruídas destes últimos tempos, declaro firmemente que não encontrei nem aprendi outra prática de devoção à Santíssima Virgem semelhante a esta que vou iniciar, que exija de uma alma mais sacrifícios a Deus, que a despoje mais completamente de seu amor próprio, que a conserve com mais fidelidade na graça e a graça nela, que a una com mais perfeição e facilidade a Jesus Cristo, e, afinal, que seja mais gloriosa para Deus, santificante para a alma e útil ao próximo."
Parte 16: Ponto 120 a 125
EXCERTO: "A mais perfeita devoção é aquela pela qual nos conformamos, unimos e consagramos mais perfeitamente a Jesus Cristo, pois toda a nossa perfeição consiste em sermos conformados, unidos e consagrados a ele. Ora, pois que Maria é, de todas as criaturas, a mais conforme a Jesus Cristo, segue daí que, de todas as devoções, a que mais consagra e conforma uma alma a Nosso Senhor é a devoção à Santíssima Virgem, sua santa Mãe, e que, quanto mais uma alma se consagrar a Maria, mais consagrada estará a Jesus Cristo."
Parte 17: Ponto 126 a 134
EXCERTO: "Outros dirão, talvez: Se eu der à Santíssima Virgem todo o valor de minhas ações para que ela o aplique a quem quiser, terei de sofrer talvez muito tempo no purgatório. Esta objeção, produto do amor-próprio e da ignorância da liberalidade de Deus e de sua Mãe Santíssima, destrói-se por si mesmo. Uma alma cheia de fervor e generosa, que antepõe os interesses de Deus aos seus próprios, que tudo que tem dá a Deus inteiramente, sem reserva, que só aspira à glória e ao reino de Jesus Cristo por intermédio de sua Mãe Santíssima, e que se sacrifica completamente para obtê-lo, esta alma generosa, repito, e liberal, será castigada no outro mundo por ter sido mais liberal e desinteressada que as outras? Muito ao contrário, é a esta alma, como veremos a seguir, que Nosso Senhor e sua Mãe Santíssima se mostram mais generosos neste mundo e no outro, na ordem da natureza, da graça e da glória."
Parte 18: Ponto 135 a 143
EXCERTO: "(...) nesta devoção, que apresento, damos sem reserva a Jesus e Maria todos os nossos pensamentos, palavras, ações e sofrimentos, e todos os momentos da vida: de sorte que, ou despertados ou adormecidos, bebendo ou comendo, nas ações as mais importantes como nas mais corriqueiras, pode-se sempre dizer em verdade que o fazemos, embora nem sequer nos ocorra a ideia, pertence a Jesus e Maria em virtude da nossa oferta (...)"
Parte 19: Ponto 144 a 151
EXCERTO: "Esta bondosa Senhora purifica, embeleza e torna aceitáveis a seu Filho todas as nossas boas obras, porque, por esta devoção, as damos todas a ele pelas mãos de sua Mãe Santíssima. 1º Ela as purifica de toda mancha de amor-próprio e do apego imperceptível à criatura, apego que se insinua insensivelmente nas melhores ações. (...) 2º Ela embeleza nossas boas ações ornando-as com seu méritos e virtudes."
EXCERTO: "Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por ela que deve reinar no mundo. (...) Maria é a obra-prima por excelência do Altíssimo, cujo conhecimento e domínio ele reservou para si. Maria é a Mãe admirável do Filho, a quem aprouve humilhá-la e ocultá-la durante a vida para lhe favorecer a humildade, tratando-a de mulher (Jo 2, 4; 19, 26), como a uma estrangeira, conquanto em seu Coração a estimasse e amasse mais que todos os anjos e homens. Maria é a fonte selada (Ct 4, 12) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode penetrar. Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins; e criatura algumas, pura que seja, pode aí penetrar sem um grande privilégio."
Parte 2: Ponto 14 a 26
EXCERTO: "Se examinarmos atentamente o resto da vida de Jesus, veremos que foi por Maria que Ele quis começar Seus milagres. Pela palavra de Maria Ele santificou São João no seio de Santa Isabel; assim que as palavras brotaram dos lábios de Maria, João ficou santificado, e foi este Seu primeiro e maior milagre de graça. Foi ao humilde pedido de Maria, que Ele, nas núpcias de Caná, mudou água em vinho, sendo este Seu primeiro milagre sobre a natureza. Ele começou e continuou Seus milagres por Maria, e por Maria os continuará até ao fim dos séculos."
Parte 3: Ponto 27 a 36
EXCERTO: "Pois que a graça aperfeiçoa a natureza e a glória aperfeiçoa a graça, é certo que Nosso Senhor continua a ser, no céu, tão Filho de Maria, como o foi na terra. Por conseguinte, Ele conserva a submissão e obediência do mais perfeito dos filhos para com a melhor das mães. Cuidemos, porém, de não atribuir a essa dependência o menor abaixamento ou imperfeição em Jesus Cristo. Maria está infinitamente abaixo de seu Filho, que é Deus, e, portanto, não lhe dá ordens, como uma mãe terrestre as dá a seu filho. Maria, porque está toda transformada em Deus pela graça e pela glória que, em Deus, transforma todos os santos, não pede, não quer, não faz a menor coisa contrário à eterna e imutável vontade de Deus."
Parte 4: Ponto 37 a 48
EXCERTO: "Só Maria achou graça diante de Deus (Lc 1, 30) sem auxílio de qualquer outra criatura. E todos, depois dela, que acharam graça diante de Deus, acharam-na por intermédio dela e é só por ela que acharão graça os que ainda virão. Maria era cheia de graça quando o arcanjo Gabriel a saudou (Lc 1, 28) e a graça superabundou quando o Espírito Santo a cobriu com sua sombra inefável (Lc 1, 35). E de tal modo ela aumentou essa dupla plenitude, de dia a dia, de momento a momento, que chegou a um ponto imenso e inconcebível de graça, de sorte que o Altíssimo a fez tesoureira de todos os Seus bens, dispensadora de Suas graças, para enobrecer, elevar e enriquecer a quem ela quiser, para fazer entrar quem ela quiser no caminho estreito do céu, para deixar passar, apesar de tudo, quem ela quiser pela porta estreita da vida eterna."
Parte 5: Ponto 49 a 53
EXCERTO: "Deus quer, portanto, nesses últimos tempos, revelar-nos e manifestar Maria, a obra-prima de suas mãos: (...) pois que é o meio seguro e o caminho reto e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontrá-Lo plenamente, é por ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontrá-Lo. Quem encontrar Maria encontrará a vida (cf. Prov 8, 35), isto é, Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). Mas não pode encontrar Maria quem não a procura; quem não a conhece, e ninguém procura nem deseja o que não conhece. É preciso, portanto, que Maria seja, mais do que nunca, conhecida, para maior conhecimento e maior glória da Santíssima Trindade."
Parte 6: Ponto 54 a 59
EXCERTO: "Deus quer, finalmente, que sua Mãe Santíssima seja agora mais conhecida, mais amada, mais honrada, como jamais o foi. E isto acontecerá, sem dúvida, se os predestinados puserem em uso, com o auxílio do Espírito Santo, a prática interior e perfeita que lhes indico a seguir. E, se a observarem com fidelidade, verão, então, claramente, quanto lho permite a fé, esta bela estrela do mar, e chegarão a bom porto, tendo vencido as tempestades e os piratas."
Parte 7: ponto 60 a 66
EXCERTO: "Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à Santíssima Virgem, teremos contribuído para estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de achar Jesus Cristo. Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio."
Parte 8: ponto 67 a 71
EXCERTO: "Do que Jesus é para nós, concluímos que não nos pertencemos, como diz o apóstolo (1Cor 6, 19), e sim a Ele, inteiramente, como Seus membros e Seus escravos, comprados que fomos por um preço infinitamente caro, o preço de Seu sangue. Antes do Batismo, o demónio nos possuía como escravos, e o Batismo nos transformou em escravos de Jesus Cristo e só devemos viver, trabalhar e morrer para produzir frutos para o Homem-Deus (Rom 7, 4), glorificá-Lo em nosso corpo e fazê-Lo reinar em nossa alma, pois somos Sua conquista, Seu povo adquirido, Sua herança."
Parte 9: ponto 72 a 77
EXCERTO: "Só a escravidão, entre os homens, põe uma pessoa na posse e dependência completa de outra. Nada há, do mesmo modo, que mais absolutamente nos faça pertencer a Jesus Cristo e à Sua Mãe Santíssima do que a escravidão voluntária, conforme o exemplo do próprio Jesus Cristo, que, por nosso amor, tomou a forma de escravo: “Formam servi accipiens” (Filip 2, 7), e da Santíssima Virgem, que se declarou a escrava do Senhor (Lc 1, 38). O apóstolo honra-se várias vezes em suas epístolas com o título de “servus Christi”. A própria Sagrada Escritura chama muitas vezes os cristãos de “servi Christi” (...)"
Parte 10: ponto 78 a 82
EXCERTO: "Nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós. Quando se despeja água limpa e clara em uma vasilha suja, que cheira mal, ou quando se põe vinho em uma pipa cujo interior está azedado por outro vinho que aí antes se depositara, a água límpida e o vinho bom adquirem facilmente o mau cheiro e o azedume dos recipientes. Do mesmo modo, quando Deus põe no vaso de nossa alma, corrompido pelo pecado original e pelo pecado atual, Suas graças e orvalhos celestiais manchados pelo mau germe e mau fundo que o pecado deixou em nós; nossas ações, até as mais sublimes virtudes, disto se ressentem. É, portanto, de grande importância, para adquirir a perfeição, que só se consegue pela união com Jesus Cristo (...)"
EXCERTO: "Pedro e João tinham sido mandados fazer os preparativos para se poder comer a Páscoa mas, vendo bem, toda a criação, toda a história – que finalmente estava para se revelar como história de salvação – é uma grande preparação para a Ceia. Pedro e os outros estão a essa mesa inconscientes e, todavia, necessários: qualquer dom para o ser deve ter alguém disposto a recebê-lo. Neste caso a desproporção entre a imensidade do dom e a pequenez de quem o recebe é infinita e não pode deixar de nos surpreender. Apesar disso – por misericórdia do Senhor – o dom é confiado aos Apóstolos para que seja levado a todos os homens. Ninguém tinha ganho um lugar para aquela Ceia. Todos foram convidados ou, melhor, atraídos pelo desejo ardente que Jesus tem de comer aquela Páscoa com eles: Ele sabe que é o Cordeiro daquela Páscoa, sabe que é a Páscoa. Esta é a novidade absoluta daquela Ceia, a única verdadeira novidade da história, que torna aquela Ceia única e, por isso, “última”, irrepetível."
Parte 2/6
EXCERTO: "Devemos ao Concílio – e ao movimento litúrgico que o precedeu – a redescoberta da compreensão teológica da Liturgia e da sua importância na vida da Igreja: os princípios gerais enunciados pela Sacrosanctum Concilium, tal como foram fundamentais para a intervenção da reforma, assim o continuam a ser para a promoção daquela participação plena, consciente, ativa e frutuosa na celebração, “primeira e indispensável fonte na qual os fiéis podem haurir o genuíno espírito cristão” (Sacrosanctum Concilium, n. 14; veja-se também o n. 11). Com esta carta gostaria simplesmente de convidar toda a Igreja a redescobrir, guardar e viver a verdade e a força da celebração cristã. Gostaria que a beleza do celebrar cristão e das suas necessárias consequências na vida da Igreja não fosse deturpada por uma compreensão superficial e redutora do seu valor ou, pior ainda, por uma instrumentalização dela ao serviço de uma qualquer visão ideológica, seja ela qual for. A oração sacerdotal de Jesus na última Ceia para que todos sejam um só (Jo 17, 21), julga qualquer divisão nossa em torno do Pão partido, “sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade”
Parte 3/6
EXCERTO: "A questão fundamental é, portanto, esta: como recuperar a capacidade de viver em plenitude a ação litúrgica? Tal era o objetivo da reforma do Concílio. O desafio é muito exigente porque o homem moderno – não do mesmo modo em todas as culturas – perdeu a capacidade de se confrontar com o agir simbólico que é uma característica essencial do ato litúrgico. A pós-modernidade – em que o homem se sente cada vez mais perdido, sem referências de qualquer tipo, privado de valores porque tornados indiferentes, órfão de tudo, numa fragmentação em que parece impossível um horizonte de sentido – é ainda agravada pela pesada herança que nos deixou a época anterior, feita de individualismo e subjetivismo (que, mais uma vez, remetem para pelagianismo e gnosticismo) bem como de um espiritualismo abstrato que contradiz a própria natureza do homem, espírito encarnado e, portanto, capaz em si mesmo de ação e de compreensão simbólica."
Parte 4/6
EXCERTO: "De quanto dissemos sobre a natureza da Liturgia resulta evidente que o conhecimento do mistério de Cristo, questão decisiva para a nossa vida, não consiste numa assimilação mental de uma ideia, mas numa real implicação existencial com a sua pessoa. Neste sentido a Liturgia não diz respeito ao “conhecimento” e a sua finalidade não é primariamente pedagógica (embora tenha um grande valor pedagógico: cf. Sacrosanctum Concilium, n. 33), mas é o louvor, a ação de graças pela Páscoa do Filho, cuja força de salvação alcança a nossa vida. A celebração diz respeito à realidade do nosso ser dóceis à ação do Espírito que nela opera, até que Cristo seja formado em nós (cf. Gl 4, 19). A plenitude da nossa formação é a conformação a Cristo. Repito: não se trata de um processo mental, abstrato, mas de chegar a ser Ele. É esta a finalidade para a qual foi dado o Espírito, cuja ação é sempre e só a de fazer o Corpo de Cristo. É assim com o pão eucarístico, é assim para todos os batizados chamados a tornarem-se cada vez mais aquilo que receberam em dom no Batismo, isto é, a serem membros do Corpo de Cristo. Escreve Leão Magno: “A nossa participação no Corpo e no Sangue de Cristo não tem outro fim a não ser transformar-nos naquilo que recebemos”
Parte 5/6
EXCERTO: "Entre os gestos rituais que pertencem a toda a assembleia, o silêncio ocupa um lugar de importância absoluta. Várias vezes é expressamente prescrito nas rubricas: toda a celebração eucarística é imersa no silêncio que precede o seu início e marca cada instante do seu desenvolvimento ritual. Efetivamente, está presente no ato penitencial; após o convite à oração; na liturgia da Palavra (antes das leituras, entre as leituras e após a homilia); na oração eucarística; depois da comunhão. Não se trata de um refúgio onde esconder-se para um isolamento intimista, quase sofrendo a ritualidade como se de uma distração se tratasse: um tal silêncio estaria em contradição com a própria essência da celebração. O silêncio litúrgico é muito mais: é o símbolo da presença e da ação do Espírito Santo que anima toda a ação celebrativa; por esse motivo muitas vezes constitui o ápice da sequência ritual. Precisamente porque é símbolo do Espírito tem o poder de exprimir a sua ação multiforme. Assim, retomando os momentos que acima recordei, o silêncio move ao arrependimento e ao desejo de conversão; suscita a escuta da Palavra e a oração; dispõe à adoração do Corpo e do Sangue de Cristo; sugere a cada um, na intimidade da comunhão, o que o Espírito quer realizar na vida para nos conformar ao Pão partido. Por isso, somos chamados a realizar com extremo cuidado o gesto simbólico do silêncio: é nele que o Espírito nos dá forma."
Parte 6/6
EXCERTO: "Gostaria que esta Carta nos ajudasse a reavivar o assombro pela beleza da verdade do celebrar cristão, a recordar a necessidade de uma formação litúrgica autêntica e a reconhecer a importância de uma arte da celebração que esteja ao serviço da verdade do mistério pascal e da participação de todos os batizados, cada qual com a especificidade da sua vocação. Toda esta riqueza não está longe de nós: está nas nossas igrejas, nas nossas festas cristãs, na centralidade do domingo, na força dos sacramentos que celebramos. A vida cristã é um contínuo caminho de crescimento: somos chamados a deixar-nos formar com alegria e na comunhão."
EXCERTO: "Todos os cristãos que, uma vez feitos nova criatura mediante a regeneração pela água e pelo Espírito Santo, se chamam e são de facto filhos de Deus, têm direito à educação cristã. Esta procura dar não só a maturidade da pessoa humana acima descrita, mas tende principalmente a fazer com que os baptizados, enquanto são introduzidos gradualmente no conhecimento do mistério da salvação, se tornem cada vez mais conscientes do dom da fé que receberam; aprendam, principalmente na acção litúrgica, a adorar Deus Pai em espírito e verdade (cfr. Jo. 4,23), disponham-se a levar a própria vida segundo o homem novo em justiça e santidade de verdade (EL 4, 22-24); e assim se aproximem do homem perfeito, da idade plena de Cristo (cfr. Ef. 4,13) e colaborem no aumento do Corpo místico. Além disso, conscientes da sua vocação; habituem-se quer a testemunhar a esperança que neles existe (cf. 1 Ped. 3,15), quer a ajudar a conformação cristã do mundo, mediante a qual os valores naturais assumidos na consideração integral do homem redimido por Cristo, cooperem no bem de toda a sociedade."
2ª parte
EXCERTO: "Lembrem-se, porém, os professores de que sobretudo deles depende que a escola católica possa realizar os seus intentos e iniciativas. Sejam, por isso, preparados com particular solicitude, para que estejam munidos de ciência quer profana quer religiosa, comprovada pelos respectivos títulos, e possuam a arte de educar, de harmonia com o progresso dos nossos dias. Unidos entre si e com os alunos pela caridade, e imbuídos de espírito apostólico, dêem testemunho de Cristo, mestre único, quer com a vida quer com a doutrina. Colaborem, sobretudo, com os pais; juntamente com eles, tenham na devida consideração, em toda a obra educativa, a diferença sexual e o fim próprio atribuído pela Providência divina a cada sexo na família e na sociedade; esforcem-se por suscitar a acção pessoal dos alunos, e, depois de acabado o curso escolar, continuem a acompanhá-los com o conselho, a amizade e com a organização de associações peculiares imbuídas de verdadeiro espírito eclesial. O sagrado Concílio declara que o ministério destes professores é um autêntico apostolado, muito oportuno e necessário também nos nossos dias, e, ao mesmo tempo, um verdadeiro serviço prestado à sociedade. E aos pais católicos recorda o dever de confiarem os seus filhos, quando e onde puderem às escolas católicas, de as sustentarem segundo as suas forças e de colaborarem com elas para bem dos próprios filhos "
EXCERTO: "Muitas pessoas têm medo da velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contacto: os idosos não nos dizem respeito – pensam elas – e é conveniente que estejam o mais longe possível, talvez juntos uns com os outros, em estruturas que cuidem deles e nos livrem da obrigação de nos ocuparmos das suas penas. É a «cultura do descarte»: aquela mentalidade que, enquanto nos faz sentir diversos dos mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos imaginar caminhos separados entre «nós» e «eles». Mas, na realidade, uma vida longa – ensina a Sagrada Escritura – é uma bênção, e os idosos não são proscritos de quem se deve estar à larga, mas sinais vivos da benevolência de Deus que efunde a vida em abundância. Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a família que honra os seus avós!"
«Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39)
EXCERTO: "Depois da Anunciação, Maria teria podido concentrar-se em si mesma, nas preocupações e temores derivados da sua nova condição; mas não! Entrega-se totalmente a Deus! Pensa, antes, em Isabel. Levanta-se e sai para a luz do sol, onde há vida e movimento. Apesar do inquietante anúncio do Anjo ter provocado um «terremoto» nos seus planos, a jovem não se deixa paralisar, porque dentro d’Ela está Jesus, poder de ressurreição. Dentro d’Ela, traz já o Cordeiro Imolado mas sempre vivo. Levanta-se e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja em caminho, a Igreja que sai e se coloca ao serviço, a Igreja portadora da Boa Nova."
Resumo da catequese do Santo Padre: O Evangelho de São João faz-nos entrar na comovente intimidade do momento em que Jesus se despede dos seus, com palavras de consolação e com uma promessa. O tempo de vida que resta aos discípulos será marcado por fragilidades e desafios, mas também pelas bênçãos oriundas da fé na promessa do Senhor. Com a chegada da velhice, uma vez que as obras da fé não dependem mais da energia e do ímpeto característicos da juventude e da idade adulta, chega também o tempo propício para o testemunho desta espera no cumprimento da promessa, que constitui o nosso verdadeiro destino: um lugar à mesa com Deus, nos céus. A nossa vida não é feita para fechar-se em si mesma, mas está destinada – passando pela morte – a ir além, pois o “ponto de chegada” não se encontra aqui, mas junto do Senhor! A velhice, que já conhece o sentido do tempo e das limitações desta nossa vida terrena, tem credibilidade quando nos convida a alegrar-nos com a passagem do tempo, recordando que esta não é uma ameaça, mas uma promessa.
Catequese 17) O «Antigo de dias». A velhice tranquiliza sobre o destino para a vida que já não morre
Resumo da catequese do Santo Padre: As palavras da profecia de Daniel, que escutámos, são retomadas no Livro do Apocalipse para falar de Cristo Ressuscitado, que venceu a morte e vive para sempre. O eterno Filho de Deus feito homem, representado nesta figura humana de cabelos brancos, assume na sua eternidade todas as idades do ser humano e todas as dimensões do tempo. Esse encontro de Cristo com a humanidade manifesta-se admiravelmente na festa litúrgica da Apresentação do Senhor, dia 2 de fevereiro, quando os anciãos Simeão e Ana recebem Jesus no templo. Ali vê-se o Filho de Deus nos braços dum idoso que o abençoa. O gesto de Simeão é a imagem mais bela da especial vocação da velhice, que é apresentar as crianças como dom ininterrupto de Deus. É maravilhoso ver um idoso a abençoar uma criança, sem qualquer ressentimento pelas próprias debilidades. Também hoje os idosos devem repetir o gesto de Simeão e Ana, abençoando nos seus braços as crianças e introduzindo-as no mistério da vida sem fim à qual estamos destinados. É esta aliança entre idosos e crianças que salvará a família humana.
Catequese 18) As dores da criação. A história da criatura como mistério de gestação
Resumo da catequese do Santo Padre: Há pouco celebramos a Assunção de Nossa Senhora aos Céus. Este mistério nos ajuda a contemplar o nosso destino eterno, pois nele vemos uma antecipação da ressurreição que nos está reservada. Segundo a fé cristã, o Ressuscitado é primogênito de muitos irmãos e irmãs. O Apóstolo Paulo nos fala, no texto que ouvimos, das “dores de parto” da criação, pois assim como um recém-nascido é o mesmo ser humano que estava no ventre materno, após a morte, quando nascermos para a Céu, para a morada de Deus, seremos os mesmos que caminhamos sobre esta terra, transfigurados. Não podemos imaginar como será esta transfiguração da nossa corporeidade mortal, mas estamos certos que manterá reconhecíveis os nossos rostos e nos consentirá permanecermos humanos no céu de Deus. Em nossa velhice, caras e caros coetâneos, o que é essencial na vida aparece-nos de modo definitivamente mais claro, e eis que essa sabedoria da idade avançada é o lugar da nossa gestação: a nossa vida inteira aparece como uma semente que deverá ser colocada na terra para que nasçam a sua flor e o seu fruto, e a nova vida no corpo ressuscitado será mil vezes mais viva de como a experimentamos nesta terra.
Catequese 11) Eclesiastes, a noite incerta do sentido e das coisas da vida
Resumo da catequese do Santo Padre: Diante duma realidade que às vezes parece abrigar todos os opostos, reservando-lhes o mesmo destino, ou seja, cada um deles resulta em nada, o ser humano experimenta o desencanto, sentindo-se tentado a viver na indiferença: tudo vale o mesmo! Ao princípio, o conhecimento que nos isenta da moralidade parece fonte de liberdade, de energia, mas não tarda a transformar-se em paralisia da alma. Eclesiastes, com a sua ironia, desmascara este delírio de omnisciência que gera uma impotência da vontade, fazendo-lhe perder a paixão pela justiça e consequente luta pelo seu triunfo. A contínua oscilação entre o sentido e a falta do mesmo na existência é a representação irónica dum conhecimento da vida que se desligou da paixão pela justiça e caiu na indiferença, chegando ao desencanto de Eclesiastes: «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade»! Tudo é nevoeiro, fumaça, vazio... No mundo atual, a passagem por esta crise – uma crise saudável – tornou-se crucial, pois uma cultura que pretenda ser a medida de tudo e manipular tudo, acaba produzindo uma desmoralização coletiva na busca do sentido da vida. O livro de Eclesiastes oferece-nos uma espécie de intuição negativa, que pode surgir em qualquer época da vida, mas não há dúvida de que a velhice torna quase inevitável o encontro com este desencanto. É, pois, decisiva a resistência dos idosos aos efeitos desmoralizadores deste desencanto: se os idosos, que já viram tudo, mantêm intacta a sua paixão pela justiça, então há esperança de amor e também de fé. Idosos cheios de sabedoria e humor fazem muito bem aos jovens. Salvam-nos dum conhecimento triste e sem sabedoria e reconduzem-nos à promessa de Jesus: «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados».
Catequese 12) "Não me abandones quando meu vigor se extingue!" (Sal 71,9)
Resumo da catequese do Santo Padre: Na leitura inicial, o ancião volta-se para Deus numa daquelas situações de abandono, fraude e prepotência, que às vezes assolam o tempo da velhice. Acontece lermos nos jornais ou ouvirmos nos noticiários casos de idosos a quem roubam as suas economias, abandonam sem cuidados ou intimidam, desprezando os seus direitos. Inclusive em ambientes familiares, vemos idosos expropriados da sua pensão de ancianidade e até mesmo da sua casa. Quem explora assim a fragilidade humana, devia sentir vergonha. É, portanto, urgente que a sociedade se dedique com seriedade a cuidar dos seus idosos, combatendo a cultura do descarte. Perguntemo-nos: por que motivo a civilização moderna e a política se mostram tão insensíveis à dignidade de conviver com os idosos e os doentes? O ancião do salmo, quando lhe fizeram ver a sua velhice como uma derrota, reencontrou a confiança em Deus, ganhando forças na oração: «Não me abandones, Senhor, quando já não tiver forças» (Sal 71, 9). Os idosos, na sua debilidade, ensinam-nos que todos temos necessidade de nos entregar a Deus; chamemos-lhe o “magistério da fragilidade”, que é capaz de abrir um horizonte decisivo para a reforma da nossa civilização. Aproveite-mo-lo!
Catequese 13) Nicodemos - "Como pode um homem nascer, sendo já velho?" (Jo 3,4)
Resumo da catequese do Santo Padre: Nicodemos, um dos chefes dos Judeus, está entre as pessoas idosas mais relevantes nos Evangelhos. No seu diálogo com o divino Mestre manifesta-se o coração da Revelação de Jesus e de sua missão redentora: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Quando Jesus lhe diz que é preciso “nascer do Alto”, Nicodemos apresenta como objeção a velhice. Mas, à luz da palavra de Jesus em resposta a esta objeção, descobrimos que a velhice não é um obstáculo a este novo nascimento, e sim o tempo oportuno para entendê-lo. O “nascimento do Alto”, que nos permite entrar no reino de Deus, é uma nova geração no Espírito. A vida em nossa carne mortal é uma belíssima obra inacabada, como algumas obras de arte que, apesar de incompletas, possuem um fascínio único. Porque a nossa vida aqui na terra é iniciação, e não consumação. A fé, que acolhe o anúncio evangélico do reino de Deus ao qual estamos destinados, nos torna capazes de ver os sinais de esperança nesta nova vida em Deus. A velhice é a condição na qual o milagre do “nascimento do alto” pode ser assimilado intimamente e tornar-se sinal de credibilidade para a humanidade.
Catequese 14) O alegre serviço de fé que se aprende na gratidão
Resumo da catequese do Santo Padre: «A sogra de Simão Pedro estava de cama com febre»: ouvimos ler ao princípio. Não sabemos se a doença era grave ou não, mas, na velhice, até uma simples febre pode ser perigosa. A doença pesa sobre o idoso de modo diferente de quando se era jovem ou adulto; já não se consegue sonhar a esperança num futuro, porque este parece ter-se acabado. Mas o referido caso do Evangelho ajuda-nos a esperar. Notemos que Jesus não vai sozinho visitar aquela idosa doente, mas acompanham-No os discípulos. É a comunidade cristã que deve cuidar dos idosos; parentes e amigos devem sentir a responsabilidade de os visitar e, na sua oração, apresentá-los ao Senhor. Vendo aquela mulher doente, Jesus toma-a pela mão e levanta-a curando-a. Com este gesto de terno amor, dá a primeira lição aos discípulos: a salvação anuncia-se, ou melhor, comunica-se através da atenção prestada àquela mulher doente. Mas, se a primeira lição foi dada por Jesus, a segunda deu-a a sogra de Simão: a da gratidão que se faz serviço. «Levantou-se e começou a servi-los». É bom que os idosos cultivem a responsabilidade de servir, vencendo a tentação de ficar de lado. O Senhor não os descarta, mas restitui-lhes as forças para continuarem a servir. Se os anciãos, em vez de ser descartados e dispensados de intervir nos acontecimentos que marcam a vida da comunidade, fossem colocados no centro da atenção coletiva, sentir-se-iam encorajados a exercer o ministério da gratidão a Deus, que não Se esquece de ninguém. Esta gratidão das pessoas idosas pelos dons recebidos restitui à comunidade a alegria da convivência e confirma a fé no seu destino último.
Catequese 15) Pedro e João
Resumo da catequese do Santo Padre: Escutamos na leitura de São João, um comovente diálogo entre Jesus e Pedro, no qual transparece todo o amor de Jesus pelos seus discípulos que permite uma conversa sem rodeios, forte e livre. A dado momento, Jesus lembra a Pedro o tempo da sua juventude quando era autossuficiente, para lhe revelar que, quando for mais velho, já não será tão senhor de si e da sua vida. Na verdade, a velhice traz as marcas da fragilidade: começa-se a depender mais dos outros, até mesmo para se vestir e caminhar. São circunstâncias novas que dão à vivência da fé as feições da debilidade. Nessa altura permanece válido o convite: «tu segue-Me». O seguimento de Jesus deverá deixar-se instruir e moldar pela fragilidade, pela dependência dos outros. Claro, este novo tempo é também um tempo de provação. A começar pela tentação de manter o nosso protagonismo. «E ele?», diz Pedro, vendo o discípulo amado, que os seguia. A resposta de Jesus é franca e desabrida: «Que te importa? Tu segue-Me». Bela lição! Os idosos não deverão ter inveja dos jovens que percorrem o seu caminho, que ocupam o seu lugar, que lhes sobrevivem. A parte melhor da vida dos idosos, que nunca mais lhes será tirada, há de ser este seguimento forçadamente inativo, mas feito de comovida contemplação e extasiada escuta da Palavra do Senhor.