Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
EXCERTO: "Pedro e João tinham sido mandados fazer os preparativos para se poder comer a Páscoa mas, vendo bem, toda a criação, toda a história – que finalmente estava para se revelar como história de salvação – é uma grande preparação para a Ceia. Pedro e os outros estão a essa mesa inconscientes e, todavia, necessários: qualquer dom para o ser deve ter alguém disposto a recebê-lo. Neste caso a desproporção entre a imensidade do dom e a pequenez de quem o recebe é infinita e não pode deixar de nos surpreender. Apesar disso – por misericórdia do Senhor – o dom é confiado aos Apóstolos para que seja levado a todos os homens. Ninguém tinha ganho um lugar para aquela Ceia. Todos foram convidados ou, melhor, atraídos pelo desejo ardente que Jesus tem de comer aquela Páscoa com eles: Ele sabe que é o Cordeiro daquela Páscoa, sabe que é a Páscoa. Esta é a novidade absoluta daquela Ceia, a única verdadeira novidade da história, que torna aquela Ceia única e, por isso, “última”, irrepetível."
Parte 2/6
EXCERTO: "Devemos ao Concílio – e ao movimento litúrgico que o precedeu – a redescoberta da compreensão teológica da Liturgia e da sua importância na vida da Igreja: os princípios gerais enunciados pela Sacrosanctum Concilium, tal como foram fundamentais para a intervenção da reforma, assim o continuam a ser para a promoção daquela participação plena, consciente, ativa e frutuosa na celebração, “primeira e indispensável fonte na qual os fiéis podem haurir o genuíno espírito cristão” (Sacrosanctum Concilium, n. 14; veja-se também o n. 11). Com esta carta gostaria simplesmente de convidar toda a Igreja a redescobrir, guardar e viver a verdade e a força da celebração cristã. Gostaria que a beleza do celebrar cristão e das suas necessárias consequências na vida da Igreja não fosse deturpada por uma compreensão superficial e redutora do seu valor ou, pior ainda, por uma instrumentalização dela ao serviço de uma qualquer visão ideológica, seja ela qual for. A oração sacerdotal de Jesus na última Ceia para que todos sejam um só (Jo 17, 21), julga qualquer divisão nossa em torno do Pão partido, “sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade”
Parte 3/6
EXCERTO: "A questão fundamental é, portanto, esta: como recuperar a capacidade de viver em plenitude a ação litúrgica? Tal era o objetivo da reforma do Concílio. O desafio é muito exigente porque o homem moderno – não do mesmo modo em todas as culturas – perdeu a capacidade de se confrontar com o agir simbólico que é uma característica essencial do ato litúrgico. A pós-modernidade – em que o homem se sente cada vez mais perdido, sem referências de qualquer tipo, privado de valores porque tornados indiferentes, órfão de tudo, numa fragmentação em que parece impossível um horizonte de sentido – é ainda agravada pela pesada herança que nos deixou a época anterior, feita de individualismo e subjetivismo (que, mais uma vez, remetem para pelagianismo e gnosticismo) bem como de um espiritualismo abstrato que contradiz a própria natureza do homem, espírito encarnado e, portanto, capaz em si mesmo de ação e de compreensão simbólica."
Parte 4/6
EXCERTO: "De quanto dissemos sobre a natureza da Liturgia resulta evidente que o conhecimento do mistério de Cristo, questão decisiva para a nossa vida, não consiste numa assimilação mental de uma ideia, mas numa real implicação existencial com a sua pessoa. Neste sentido a Liturgia não diz respeito ao “conhecimento” e a sua finalidade não é primariamente pedagógica (embora tenha um grande valor pedagógico: cf. Sacrosanctum Concilium, n. 33), mas é o louvor, a ação de graças pela Páscoa do Filho, cuja força de salvação alcança a nossa vida. A celebração diz respeito à realidade do nosso ser dóceis à ação do Espírito que nela opera, até que Cristo seja formado em nós (cf. Gl 4, 19). A plenitude da nossa formação é a conformação a Cristo. Repito: não se trata de um processo mental, abstrato, mas de chegar a ser Ele. É esta a finalidade para a qual foi dado o Espírito, cuja ação é sempre e só a de fazer o Corpo de Cristo. É assim com o pão eucarístico, é assim para todos os batizados chamados a tornarem-se cada vez mais aquilo que receberam em dom no Batismo, isto é, a serem membros do Corpo de Cristo. Escreve Leão Magno: “A nossa participação no Corpo e no Sangue de Cristo não tem outro fim a não ser transformar-nos naquilo que recebemos”
Parte 5/6
EXCERTO: "Entre os gestos rituais que pertencem a toda a assembleia, o silêncio ocupa um lugar de importância absoluta. Várias vezes é expressamente prescrito nas rubricas: toda a celebração eucarística é imersa no silêncio que precede o seu início e marca cada instante do seu desenvolvimento ritual. Efetivamente, está presente no ato penitencial; após o convite à oração; na liturgia da Palavra (antes das leituras, entre as leituras e após a homilia); na oração eucarística; depois da comunhão. Não se trata de um refúgio onde esconder-se para um isolamento intimista, quase sofrendo a ritualidade como se de uma distração se tratasse: um tal silêncio estaria em contradição com a própria essência da celebração. O silêncio litúrgico é muito mais: é o símbolo da presença e da ação do Espírito Santo que anima toda a ação celebrativa; por esse motivo muitas vezes constitui o ápice da sequência ritual. Precisamente porque é símbolo do Espírito tem o poder de exprimir a sua ação multiforme. Assim, retomando os momentos que acima recordei, o silêncio move ao arrependimento e ao desejo de conversão; suscita a escuta da Palavra e a oração; dispõe à adoração do Corpo e do Sangue de Cristo; sugere a cada um, na intimidade da comunhão, o que o Espírito quer realizar na vida para nos conformar ao Pão partido. Por isso, somos chamados a realizar com extremo cuidado o gesto simbólico do silêncio: é nele que o Espírito nos dá forma."
Parte 6/6
EXCERTO: "Gostaria que esta Carta nos ajudasse a reavivar o assombro pela beleza da verdade do celebrar cristão, a recordar a necessidade de uma formação litúrgica autêntica e a reconhecer a importância de uma arte da celebração que esteja ao serviço da verdade do mistério pascal e da participação de todos os batizados, cada qual com a especificidade da sua vocação. Toda esta riqueza não está longe de nós: está nas nossas igrejas, nas nossas festas cristãs, na centralidade do domingo, na força dos sacramentos que celebramos. A vida cristã é um contínuo caminho de crescimento: somos chamados a deixar-nos formar com alegria e na comunhão."
EXCERTO: "Todos os cristãos que, uma vez feitos nova criatura mediante a regeneração pela água e pelo Espírito Santo, se chamam e são de facto filhos de Deus, têm direito à educação cristã. Esta procura dar não só a maturidade da pessoa humana acima descrita, mas tende principalmente a fazer com que os baptizados, enquanto são introduzidos gradualmente no conhecimento do mistério da salvação, se tornem cada vez mais conscientes do dom da fé que receberam; aprendam, principalmente na acção litúrgica, a adorar Deus Pai em espírito e verdade (cfr. Jo. 4,23), disponham-se a levar a própria vida segundo o homem novo em justiça e santidade de verdade (EL 4, 22-24); e assim se aproximem do homem perfeito, da idade plena de Cristo (cfr. Ef. 4,13) e colaborem no aumento do Corpo místico. Além disso, conscientes da sua vocação; habituem-se quer a testemunhar a esperança que neles existe (cf. 1 Ped. 3,15), quer a ajudar a conformação cristã do mundo, mediante a qual os valores naturais assumidos na consideração integral do homem redimido por Cristo, cooperem no bem de toda a sociedade."
2ª parte
EXCERTO: "Lembrem-se, porém, os professores de que sobretudo deles depende que a escola católica possa realizar os seus intentos e iniciativas. Sejam, por isso, preparados com particular solicitude, para que estejam munidos de ciência quer profana quer religiosa, comprovada pelos respectivos títulos, e possuam a arte de educar, de harmonia com o progresso dos nossos dias. Unidos entre si e com os alunos pela caridade, e imbuídos de espírito apostólico, dêem testemunho de Cristo, mestre único, quer com a vida quer com a doutrina. Colaborem, sobretudo, com os pais; juntamente com eles, tenham na devida consideração, em toda a obra educativa, a diferença sexual e o fim próprio atribuído pela Providência divina a cada sexo na família e na sociedade; esforcem-se por suscitar a acção pessoal dos alunos, e, depois de acabado o curso escolar, continuem a acompanhá-los com o conselho, a amizade e com a organização de associações peculiares imbuídas de verdadeiro espírito eclesial. O sagrado Concílio declara que o ministério destes professores é um autêntico apostolado, muito oportuno e necessário também nos nossos dias, e, ao mesmo tempo, um verdadeiro serviço prestado à sociedade. E aos pais católicos recorda o dever de confiarem os seus filhos, quando e onde puderem às escolas católicas, de as sustentarem segundo as suas forças e de colaborarem com elas para bem dos próprios filhos "
EXCERTO: "Muitas pessoas têm medo da velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contacto: os idosos não nos dizem respeito – pensam elas – e é conveniente que estejam o mais longe possível, talvez juntos uns com os outros, em estruturas que cuidem deles e nos livrem da obrigação de nos ocuparmos das suas penas. É a «cultura do descarte»: aquela mentalidade que, enquanto nos faz sentir diversos dos mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos imaginar caminhos separados entre «nós» e «eles». Mas, na realidade, uma vida longa – ensina a Sagrada Escritura – é uma bênção, e os idosos não são proscritos de quem se deve estar à larga, mas sinais vivos da benevolência de Deus que efunde a vida em abundância. Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a família que honra os seus avós!"
«Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39)
EXCERTO: "Depois da Anunciação, Maria teria podido concentrar-se em si mesma, nas preocupações e temores derivados da sua nova condição; mas não! Entrega-se totalmente a Deus! Pensa, antes, em Isabel. Levanta-se e sai para a luz do sol, onde há vida e movimento. Apesar do inquietante anúncio do Anjo ter provocado um «terremoto» nos seus planos, a jovem não se deixa paralisar, porque dentro d’Ela está Jesus, poder de ressurreição. Dentro d’Ela, traz já o Cordeiro Imolado mas sempre vivo. Levanta-se e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja em caminho, a Igreja que sai e se coloca ao serviço, a Igreja portadora da Boa Nova."
Resumo da catequese do Santo Padre: O Evangelho de São João faz-nos entrar na comovente intimidade do momento em que Jesus se despede dos seus, com palavras de consolação e com uma promessa. O tempo de vida que resta aos discípulos será marcado por fragilidades e desafios, mas também pelas bênçãos oriundas da fé na promessa do Senhor. Com a chegada da velhice, uma vez que as obras da fé não dependem mais da energia e do ímpeto característicos da juventude e da idade adulta, chega também o tempo propício para o testemunho desta espera no cumprimento da promessa, que constitui o nosso verdadeiro destino: um lugar à mesa com Deus, nos céus. A nossa vida não é feita para fechar-se em si mesma, mas está destinada – passando pela morte – a ir além, pois o “ponto de chegada” não se encontra aqui, mas junto do Senhor! A velhice, que já conhece o sentido do tempo e das limitações desta nossa vida terrena, tem credibilidade quando nos convida a alegrar-nos com a passagem do tempo, recordando que esta não é uma ameaça, mas uma promessa.
Catequese 17) O «Antigo de dias». A velhice tranquiliza sobre o destino para a vida que já não morre
Resumo da catequese do Santo Padre: As palavras da profecia de Daniel, que escutámos, são retomadas no Livro do Apocalipse para falar de Cristo Ressuscitado, que venceu a morte e vive para sempre. O eterno Filho de Deus feito homem, representado nesta figura humana de cabelos brancos, assume na sua eternidade todas as idades do ser humano e todas as dimensões do tempo. Esse encontro de Cristo com a humanidade manifesta-se admiravelmente na festa litúrgica da Apresentação do Senhor, dia 2 de fevereiro, quando os anciãos Simeão e Ana recebem Jesus no templo. Ali vê-se o Filho de Deus nos braços dum idoso que o abençoa. O gesto de Simeão é a imagem mais bela da especial vocação da velhice, que é apresentar as crianças como dom ininterrupto de Deus. É maravilhoso ver um idoso a abençoar uma criança, sem qualquer ressentimento pelas próprias debilidades. Também hoje os idosos devem repetir o gesto de Simeão e Ana, abençoando nos seus braços as crianças e introduzindo-as no mistério da vida sem fim à qual estamos destinados. É esta aliança entre idosos e crianças que salvará a família humana.
Catequese 18) As dores da criação. A história da criatura como mistério de gestação
Resumo da catequese do Santo Padre: Há pouco celebramos a Assunção de Nossa Senhora aos Céus. Este mistério nos ajuda a contemplar o nosso destino eterno, pois nele vemos uma antecipação da ressurreição que nos está reservada. Segundo a fé cristã, o Ressuscitado é primogênito de muitos irmãos e irmãs. O Apóstolo Paulo nos fala, no texto que ouvimos, das “dores de parto” da criação, pois assim como um recém-nascido é o mesmo ser humano que estava no ventre materno, após a morte, quando nascermos para a Céu, para a morada de Deus, seremos os mesmos que caminhamos sobre esta terra, transfigurados. Não podemos imaginar como será esta transfiguração da nossa corporeidade mortal, mas estamos certos que manterá reconhecíveis os nossos rostos e nos consentirá permanecermos humanos no céu de Deus. Em nossa velhice, caras e caros coetâneos, o que é essencial na vida aparece-nos de modo definitivamente mais claro, e eis que essa sabedoria da idade avançada é o lugar da nossa gestação: a nossa vida inteira aparece como uma semente que deverá ser colocada na terra para que nasçam a sua flor e o seu fruto, e a nova vida no corpo ressuscitado será mil vezes mais viva de como a experimentamos nesta terra.
Catequese 11) Eclesiastes, a noite incerta do sentido e das coisas da vida
Resumo da catequese do Santo Padre: Diante duma realidade que às vezes parece abrigar todos os opostos, reservando-lhes o mesmo destino, ou seja, cada um deles resulta em nada, o ser humano experimenta o desencanto, sentindo-se tentado a viver na indiferença: tudo vale o mesmo! Ao princípio, o conhecimento que nos isenta da moralidade parece fonte de liberdade, de energia, mas não tarda a transformar-se em paralisia da alma. Eclesiastes, com a sua ironia, desmascara este delírio de omnisciência que gera uma impotência da vontade, fazendo-lhe perder a paixão pela justiça e consequente luta pelo seu triunfo. A contínua oscilação entre o sentido e a falta do mesmo na existência é a representação irónica dum conhecimento da vida que se desligou da paixão pela justiça e caiu na indiferença, chegando ao desencanto de Eclesiastes: «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade»! Tudo é nevoeiro, fumaça, vazio... No mundo atual, a passagem por esta crise – uma crise saudável – tornou-se crucial, pois uma cultura que pretenda ser a medida de tudo e manipular tudo, acaba produzindo uma desmoralização coletiva na busca do sentido da vida. O livro de Eclesiastes oferece-nos uma espécie de intuição negativa, que pode surgir em qualquer época da vida, mas não há dúvida de que a velhice torna quase inevitável o encontro com este desencanto. É, pois, decisiva a resistência dos idosos aos efeitos desmoralizadores deste desencanto: se os idosos, que já viram tudo, mantêm intacta a sua paixão pela justiça, então há esperança de amor e também de fé. Idosos cheios de sabedoria e humor fazem muito bem aos jovens. Salvam-nos dum conhecimento triste e sem sabedoria e reconduzem-nos à promessa de Jesus: «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados».
Catequese 12) "Não me abandones quando meu vigor se extingue!" (Sal 71,9)
Resumo da catequese do Santo Padre: Na leitura inicial, o ancião volta-se para Deus numa daquelas situações de abandono, fraude e prepotência, que às vezes assolam o tempo da velhice. Acontece lermos nos jornais ou ouvirmos nos noticiários casos de idosos a quem roubam as suas economias, abandonam sem cuidados ou intimidam, desprezando os seus direitos. Inclusive em ambientes familiares, vemos idosos expropriados da sua pensão de ancianidade e até mesmo da sua casa. Quem explora assim a fragilidade humana, devia sentir vergonha. É, portanto, urgente que a sociedade se dedique com seriedade a cuidar dos seus idosos, combatendo a cultura do descarte. Perguntemo-nos: por que motivo a civilização moderna e a política se mostram tão insensíveis à dignidade de conviver com os idosos e os doentes? O ancião do salmo, quando lhe fizeram ver a sua velhice como uma derrota, reencontrou a confiança em Deus, ganhando forças na oração: «Não me abandones, Senhor, quando já não tiver forças» (Sal 71, 9). Os idosos, na sua debilidade, ensinam-nos que todos temos necessidade de nos entregar a Deus; chamemos-lhe o “magistério da fragilidade”, que é capaz de abrir um horizonte decisivo para a reforma da nossa civilização. Aproveite-mo-lo!
Catequese 13) Nicodemos - "Como pode um homem nascer, sendo já velho?" (Jo 3,4)
Resumo da catequese do Santo Padre: Nicodemos, um dos chefes dos Judeus, está entre as pessoas idosas mais relevantes nos Evangelhos. No seu diálogo com o divino Mestre manifesta-se o coração da Revelação de Jesus e de sua missão redentora: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Quando Jesus lhe diz que é preciso “nascer do Alto”, Nicodemos apresenta como objeção a velhice. Mas, à luz da palavra de Jesus em resposta a esta objeção, descobrimos que a velhice não é um obstáculo a este novo nascimento, e sim o tempo oportuno para entendê-lo. O “nascimento do Alto”, que nos permite entrar no reino de Deus, é uma nova geração no Espírito. A vida em nossa carne mortal é uma belíssima obra inacabada, como algumas obras de arte que, apesar de incompletas, possuem um fascínio único. Porque a nossa vida aqui na terra é iniciação, e não consumação. A fé, que acolhe o anúncio evangélico do reino de Deus ao qual estamos destinados, nos torna capazes de ver os sinais de esperança nesta nova vida em Deus. A velhice é a condição na qual o milagre do “nascimento do alto” pode ser assimilado intimamente e tornar-se sinal de credibilidade para a humanidade.
Catequese 14) O alegre serviço de fé que se aprende na gratidão
Resumo da catequese do Santo Padre: «A sogra de Simão Pedro estava de cama com febre»: ouvimos ler ao princípio. Não sabemos se a doença era grave ou não, mas, na velhice, até uma simples febre pode ser perigosa. A doença pesa sobre o idoso de modo diferente de quando se era jovem ou adulto; já não se consegue sonhar a esperança num futuro, porque este parece ter-se acabado. Mas o referido caso do Evangelho ajuda-nos a esperar. Notemos que Jesus não vai sozinho visitar aquela idosa doente, mas acompanham-No os discípulos. É a comunidade cristã que deve cuidar dos idosos; parentes e amigos devem sentir a responsabilidade de os visitar e, na sua oração, apresentá-los ao Senhor. Vendo aquela mulher doente, Jesus toma-a pela mão e levanta-a curando-a. Com este gesto de terno amor, dá a primeira lição aos discípulos: a salvação anuncia-se, ou melhor, comunica-se através da atenção prestada àquela mulher doente. Mas, se a primeira lição foi dada por Jesus, a segunda deu-a a sogra de Simão: a da gratidão que se faz serviço. «Levantou-se e começou a servi-los». É bom que os idosos cultivem a responsabilidade de servir, vencendo a tentação de ficar de lado. O Senhor não os descarta, mas restitui-lhes as forças para continuarem a servir. Se os anciãos, em vez de ser descartados e dispensados de intervir nos acontecimentos que marcam a vida da comunidade, fossem colocados no centro da atenção coletiva, sentir-se-iam encorajados a exercer o ministério da gratidão a Deus, que não Se esquece de ninguém. Esta gratidão das pessoas idosas pelos dons recebidos restitui à comunidade a alegria da convivência e confirma a fé no seu destino último.
Catequese 15) Pedro e João
Resumo da catequese do Santo Padre: Escutamos na leitura de São João, um comovente diálogo entre Jesus e Pedro, no qual transparece todo o amor de Jesus pelos seus discípulos que permite uma conversa sem rodeios, forte e livre. A dado momento, Jesus lembra a Pedro o tempo da sua juventude quando era autossuficiente, para lhe revelar que, quando for mais velho, já não será tão senhor de si e da sua vida. Na verdade, a velhice traz as marcas da fragilidade: começa-se a depender mais dos outros, até mesmo para se vestir e caminhar. São circunstâncias novas que dão à vivência da fé as feições da debilidade. Nessa altura permanece válido o convite: «tu segue-Me». O seguimento de Jesus deverá deixar-se instruir e moldar pela fragilidade, pela dependência dos outros. Claro, este novo tempo é também um tempo de provação. A começar pela tentação de manter o nosso protagonismo. «E ele?», diz Pedro, vendo o discípulo amado, que os seguia. A resposta de Jesus é franca e desabrida: «Que te importa? Tu segue-Me». Bela lição! Os idosos não deverão ter inveja dos jovens que percorrem o seu caminho, que ocupam o seu lugar, que lhes sobrevivem. A parte melhor da vida dos idosos, que nunca mais lhes será tirada, há de ser este seguimento forçadamente inativo, mas feito de comovida contemplação e extasiada escuta da Palavra do Senhor.
Este amor especial que abre o caminho sob a forma de honra – isto é, ternura e respeito ao mesmo tempo – destinado à idade avançada é selado pelo mandamento de Deus. «Honrar pai e mãe» é um compromisso solene, o primeiro da “segunda tábua” dos dez mandamentos. Não se trata apenas do próprio pai e da própria mãe. Trata-se da geração e das gerações que precedem, cuja despedida pode também ser lenta e prolongada, criando um tempo e espaço de convivência duradouro com as outras idades da vida. Por outras palavras, trata-se da velhice da vida.
Honraé uma boa palavra para enquadrar este âmbito de restituição do amor que diz respeito à velhice. Isto é, recebemos o amor dos pais, dos avós e agora restituímos este amor a eles, aos idosos, aos avós. Hoje redescobrimos o termo “dignidade”, para indicar o valor de respeitar e cuidar da vida de todos. Dignidade, aqui, equivale essencialmente à honra: honrar pai e mãe, honrar os idosos é reconhecer a dignidade que têm.
Catequese 7) Noemi, a aliança entre as gerações que abre o futuro
A história de Rute nos fala da beleza dos laços familiares, que nascem da relação esponsal, mas que vão além desta. São laços de amor capazes de projetar esperança, mesmo nas conjunturas – por vezes dramáticas – da vida familiar. Sabemos que os lugares-comuns sobre alguns laços familiares, sobretudo aquele entre sogra e nora, possuem uma conotação negativa. Neste ponto, a Palavra de Deus se torna ainda mais preciosa, pois traz-nos um testemunho que supera os preconceitos mais comuns. Convido-vos a redescobrir o livro de Rute! Este contém um ensinamento precioso sobre a aliança entre as gerações: a juventude revela-se capaz de dar entusiasmo à idade madura, e a velhice descobre-se capaz de reabrir horizontes de futuro à juventude ferida. A fé e o amor são capazes de recompor as fraturas – aparentemente insuperáveis – geradas pelos preconceitos comuns. Se os jovens se abrirem à gratidão por tudo o que receberam e os idosos tomarem a iniciativa de repropor seu futuro, nada poderá frear o florescimento das bênçãos de Deus entre os povos! Que Ele nos conceda sermos testemunhas e mediadores destas bênçãos!
Catequese 8) Eleazar, a coerência da fé, herança da honra
Um decreto do rei Antíoco Epífanes obrigava os judeus a comer carne imolada aos ídolos. Os executores do decreto, pela amizade que nutriam por Eleázar, sugeriam-lhe fingir que a comia, mas sem realmente o fazer; deste modo teria a vida salva. Afinal – insistiam eles – era um gesto mínimo, insignificante. Não é assim! – retorquiu Eleázar. Um idoso que concordasse em considerar irrelevante a prática da fé, levaria os jovens acreditar que a fé não tem verdadeira relação com a vida, tratando-se apenas dum conjunto de atitudes e costumes que poderiam, em caso de necessidade, ser simulados ou disfarçados. Tal comportamento não honraria a fé, mesmo diante de Deus, e o efeito desta banalização seria devastador para os jovens. Uma pessoa idosa, que tivesse vivido os seus dias na coerência da fé e agora aceitasse fingir, levaria a nova geração a pensar que tal fé era uma ficção, uma cobertura externa que poderia ser abandonada com a desculpa de manter a fé dentro de si mesma. Claro, sabemos que a prática da fé pode cair numa exterioridade sem alma; mas, em si mesma, não o é. A fé merece respeito e honra: mudou a nossa vida, purificou a nossa mente, ensinou-nos a adoração a Deus e o amor ao próximo. É uma bênção para todos! Não podemos trocá-la por um punhado de dias tranquilos. Com humilde firmeza, demonstraremos, precisamente na nossa velhice, que acreditar não é «coisa de velhos». Para isso podemos contar com a ajuda do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas.
Catequese 9) Judite. Uma juventude admirável, uma velhice generosa
Hoje temos diante dos olhos Judite, uma heroína judia, que, na última parte da sua vida, se retirou para uma propriedade que possuía na cidade de Betúlia. Dir-se-ia que tinha chegado, para ela, a hora de se aposentar. Para muitos, esse momento é desejado, porque significa um descanso merecido. Porém, acontece também que o fim do trabalho origina preocupação e apreensão, porque afeta as relações construídas, altera a função exercida na sociedade com o reconhecimento que lhe pertence, toca a satisfação de ganhar a vida. Claro que surge uma maior disponibilidade para a tarefa alegre e exigente de cuidar dos netos, transmitindo-lhes a força da ternura e o respeito pela fragilidade, mas nem sempre as circunstâncias o favorecem. Judite, por exemplo, ficou viúva muito cedo e não tinha filhos, mas isso não foi impedimento para viver a velhice em plenitude e com serenidade, correspondendo inteiramente ao chamamento e à missão que o Senhor lhe confiou. Judite não é uma aposentada que vive melancolicamente: é uma idosa apaixonada que enche de beleza o tempo que Deus lhe dá. Aproveitou a velhice para ir deixando sabedoria e ternura à família e à comunidade: uma herança de bem e não apenas uma herança de bens. Inclusive, Judite libertou a sua escrava, o que simboliza o seu olhar atento e humano. Quando se envelhece, o olhar interior torna-se capaz de ver coisas que antes escapavam. Que as nossas comunidades não desperdicem os dons de tantos idosos!
Catequese 10) Job. A prova da fé, a bênção da espera
Hoje, no nosso caminho nestas catequeses sobre a velhice, encontramos Job, testemunha da fé que não aceita uma “caricatura” de Deus, mas eleva o seu grito diante do mal até que Deus lhe responda e revele o seu rosto. Deus lhe responde, revelando-lhe a ternura que se escondia por detrás do seu silêncio. Apesar do seu impetuoso protesto, o Senhor afirma que Job expressou-se bem, por ter rejeitado aceitar que Deus fosse um “Perseguidor”. Em prêmio, Deus restitui a Job o dobro de todos os seus bens, depois de pedir-lhe que rezasse por seus amigos. A parábola do livro de Job representa de modo dramático o que pode acontecer em nossa vida: algumas pessoas são golpeadas por uma série de males que, muitas vezes, parece excessiva e injusta. Todos conhecemos pessoas assim e ficamos impressionados com o seu grito diante do sofrimento, mas ficamos também admirados diante da firmeza de sua fé e de seu amor. Os idosos que, tendo visto tantas experiências semelhantes em suas vidas, encontram o caminho do testemunho que converte o ressentimento pelas perdas em tenaz esperança nas promessas de Deus, tornam-se insubstituíveis para que a comunidade possa superar o excesso do mal.
Sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo
- uma óptima leitura durante este Tempo Pascal, em direcção ao Pentecostes!
INTRODUÇÃO
EXCERTO: "A Igreja, instruída pelas palavras de Cristo, indo beber à experiência do Pentecostes e da própria «história apostólica», proclama desde o início a sua fé no Espírito Santo, como n'Aquele que dá a vida, Aquele no qualo imperscrutável Deus uno e trino se comunica aos homens, constituindo neles a nascente da vida eterna."
PRIMEIRA PARTE - O ESPÍRITO DO PAI E DO FILHO, DADO À IGREJA
Secção 1. Promessa e revelação de Jesus durante a Ceia pascal
EXCERTO: "Quando já estava iminente para Jesus Cristo o tempo de deixar este mundo, Ele anunciou aos Apóstolos «um outro Consolador». O evangelista São João, que estava presente, escreve que, durante a Ceia pascal no dia anterior à sua paixão e morte, Jesus se dirigiu a eles com estas palavras: «Tudo o que pedirdes em Meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho ... Eu pedirei ao Pai, e Ele vos dará um outro Consolador, para estar convosco para sempre, o Espírito da Verdade» [Jo 14, 13. 16 s].
É precisamente a este Espírito da Verdade que Jesus chama o Paráclito — e Parákletos quer dizer «consolador», e também «intercessor», ou «advogado». E diz que é «um outro» Consolador, o segundo, porque Ele mesmo, Jesus Cristo, é o primeiro Consolador [Cf 1 Jo 2, 1], sendo o primeiro portador e doador da Boa Nova. O Espírito Santo vem depois Dele e graças a Ele, para continuar no mundo, mediante a Igreja, a obra da Boa Nova da salvação."
PRIMEIRA PARTE - O ESPÍRITO DO PAI E DO FILHO, DADO À IGREJA
Secção 2. Pai, Filho e Espírito Santo
Secção 3. O dar-se salvífico de Deus no Espírito Santo
EXCERTO: "Na sua vida íntima Deus «é Amor» [Cf. 1 Jo 4, 8. 16], amor essencial, comum às três Pessoas Divinas: amor pessoal é o Espírito Santo, como Espírito do Pai e do Filho. Por isso Ele «perscruta as profundezas de Deus» [1 Cor2, 10], comoAmor-Dom incriado. Pode dizer-se que, no Espírito Santo, a vida íntima de Deus uno e trino se torna totalmente dom, permuta de amor recíproco entre as Pessoas Divinas; e ainda, que no Espírito Santo Deus «existe» à maneira de Dom. O Espírito Santo éa expressão pessoaldesse doar-se, desse ser-amor. É Pessoa-Amor. É Pessoa-Dom. Temos aqui uma riqueza insondável da realidade e um aprofundamento inefável do conceito de pessoa em Deus, que só a Revelação divina nos dá a conhecer.
Ao mesmo tempo, o Espírito Santo, enquanto consubstancial ao Pai e ao Filho na divindade, é Amor e Dom (incriado) do qual deriva como de uma fonte (fons vívus)toda a dádivaem relação às criaturas (dom criado): a doação da existência a todas as coisas, mediante a criação; e a doação da graça aos homens, mediante toda a economia da salvação. Como escreve o Apóstolo São Paulo: «O amor de Deus foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo, que nos foi dado» [Rom 5, 5]."
PRIMEIRA PARTE - O ESPÍRITO DO PAI E DO FILHO, DADO À IGREJA
Secção 4. O Messias, «ungido com o Espírito Santo»
Secção 5. Jesus de Nazaré, «elevado» no Espírito Santo
EXCERTO: "(...) nesse mesmo «momentoJesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santoe disse: «Eu te dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isto foi do Teu agrado» [Lc 10, 21; cf.Mt11, 25 s]. Jesus exulta pela paternidade divina: exulta porque Lhe foi dado revelar esta paternidade; exulta, por fim, por uma como que irradiação especial da mesma paternidade divina sobre os «pequeninos». E o Evangelista qualifica tudo isto como uma «exultação no Espírito Santo».
Esta «exultação» impele Jesus, em certo sentido, a dizer ainda algo mais. Ouçamos: «Todas as coisas me foram entregues por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão oPai, nem quem é o Pai senão oFilhoe aquele a quem o Filho o quiser revelar» [Lc10, 22; cf.Mt11, 27].
Aquilo que durante a teofania do Jordão veio, por assim dizer, «do exterior», do Alto, aqui provém «do interior», isto é,do mais íntimo do ser que é Jesus. É uma outra revelação do Pai e do Filho, unidos no Espírito Santo."
PRIMEIRA PARTE - O ESPÍRITO DO PAI E DO FILHO, DADO À IGREJA
Secção 6. Cristo Ressuscitado disse: «Recebei o Espírito Santo»
Secção 7. O Espírito Santo e o tempo da Igreja
EXCERTO: "O Espírito Santo foi enviado, primeiro, como dom para o Filho que se fez homem, para se cumprirem as profecias messiânicas. Depois da «partida» de Cristo, do Filho, segundo o texto joanino, o Espírito Santo «virá» directamente — é a sua nova missão — para consumar a obra do Filho. Deste modo, será Ele quem levará à realização plena a nova era da história da salvação.(....)
Os eventos pascais — a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo — são também o tempo da nova vinda do Espírito Santo, como Paráclito e Espírito da verdade. Eles constituem o tempo do «novo princípio» da comunicação de Si mesmo da parte de Deus uno e trino à humanidade, no Espírito Santo por obra de Cristo Redentor."