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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

O meu mês de Outubro

Ops! 

 

Não tinha planeado ficar 4 semanas sem escrever um post aqui no blog ...  perdoem-me!

Mas este ano é especial, diferente de qualquer outro ano anterior na minha vida, e as minhas prioridades tiveram de ser re-organizadas.

 

Tenho muito pouco tempo para vos escrever este post, mas penso que já vos devo uma actualização acerca dos eventos mais importantes que se têm passado na minha vida:

 

  • O avô paterno, com o qual vivemos, e que desde Fevereiro está (quase completamente) acamado com doença de Alzheimer, tem estado (excepto um dia ou outro) praticamente na mesma. Não melhorou em nenhum aspecto da doença, nem com as mudanças na medicação, mas, graças a Deus, não piorou. A sua situação, e principalmente a sua mente, manteve-se e não se deteriorou! Glória a Deus!! 

 

  • A avó materna, que vive em Lamego com a irmã mais nova da minha mãe, e que no início do verão foi diagnosticada com uma neoplasia do estômago, vai ser operada no próximo dia 24 de Outubro, no mesmo dia em que faz 75 anos de idade. Por um lado, a situação da avó não é muito favorável, porque a sua neoplasia sangra bastante e está a ser necessário ela receber uma transfusão de sangue por semana .... desde o início do verão! Além de toda a sintomatologia associada a esta neoplasia, desde a falta de vontade para comer, às náuseas e vómitos constantes, e ao cansaço fácil provocado pela anemia ... Contudo, por outro lado, devido a esta hemorragia continua, foi possível adiantar a data da cirurgia (para aquilo que seria a lista de espera normal naquela região). Além disso, a TAC parece demonstrar que a neoplasia está apenas localizada no estômago, ou seja, não parece haver metástases ... o que foi uma das melhores notícias que podíamos ter recebido!!! Muitas, muitas, muitas graças e glórias sejam dadas ao Senhor!! Assim, pedia-vos que, se se lembrarem, por favor rezem pelo sucesso da cirurgia da minha avó na próxima segunda-feira

 

  • Hoje terminei o meu 1º estágio deste último ano na faculdade. Estive 4 semanas no serviço de Obstetrícia e Ginecologia no hospital de Setúbal, como vos tinha dito antes. Como é a área médica (além de Medicina Geral e Familiar claro, mas sobre isso acho que estou sempre aqui a dizer ) que eu mais gosto, obviamente que foi um estágio maravilhoso, extremamente produtivo e enriquecedor! Gostava muito de partilhar convosco todos os episódios importantes, todas as experiências e histórias de vida únicas que conheci e ajudei, mas o sigilo médico e o meu dever para com os doentes não mo permite... Assim, conto-vos apenas que foi com grande alegria que tenho descoberto uma imagem de Nossa Senhora em todos os pisos do hospital, e em diversas localizações nos mesmos pisos! 

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  • Esta era a que estava no puerpério (o local onde estão as "grávidas" que já deram à luz) e no internamento pós-cirurgia ginecológica. Não sei se reparam, mas esta imagem de Nossa Senhora, além das ofertas dos ramos de flores em baixo, está carregadíssima de terços de todas as cores e feitios, oferecidos pelas mulheres que passaram por este internamento .... E não é exemplo único naquele hospital! Onde quer que eu tivesse, encontrava sempre uma Nossa Senhora a velar por mim, pelos médicos, pelos enfermeiros, pelos funcionários do hospital e, claro, pelos nossos queridos doentes 

 

  • [Editado mais tarde] Na semana antes do início do estágio e nas semanas que se seguiram, deixei de conseguir rezar o Terço - aconteceu muita coisa, havia muitas coisas para tratar, horários novos que eu não controlava, mudanças, reboliço, stress, confusão - e pumba! uma desorganização total ... Assim, tenho (re)aprendido nos últimos dias a encontrar o tempo necessário para poder rezar e oh! que lição de humildade tem sido! Ainda não consegui encontrar uma boa solução ... há dias em que consigo rezar, outros não ... enfim, vou tentando todos os dias! Lá haverei de conseguir com a ajuda de Nossa Senhora certamente 

 

  • E de resto, a minha vida tem sido muitooo trabalho e muitooo estudo! 

 

Não sei quando conseguirei voltar a escrever. Deus tem-me dado inúmeras oportunidades para poder (finalmente) pôr em prática aquilo que Ele me tem carinhosa e pacientemente ensinado nos últimos anos e que tenho partilhado convosco desde o início do blog. Agora, é tempo de passar da teoria à prática - e muita prática tem sido! 

 

A actual situação cá por casa ...

Há algum tempo que penso em escrever este post, mas tenho vindo a adiar e adiar ... sempre na esperança de que a situação vai melhorar em breve ... mas na verdade, não vai.

 

O meu avô (aquele com quem nós vivemos) foi diagnosticado com doença de Alzheimer há cerca de 1 ano e meio. O diagnóstico não foi surpresa nenhuma para nós, já conhecíamos os sintomas-chave da doença e estavam todos presentes há algum tempo ... o facto dos diversos exames estarem (quase) normais vieram apenas confirmar este diagnostico (que é sempre de exclusão). Concomitantemente, suspeita-se que o avô tenha também uma demência vascular (que é mais frequente que a doença de Alzheimer) que basicamente acaba por ter os mesmos efeitos... só acelera ainda mais o processo ... 

 

Na semana antes de ir para a Missão País, o estado físico do avô agravou num ápice. Ele vinha a envelhecer bastante fisicamente ao longo do último ano, perdendo rapidamente a mobilidade e a força muscular, principalmente a nível dos membros inferiores. Nessa semana, ele praticamente deixou de conseguir andar. E estava a piorar tanto e tão depressa que, por alguns dias, pensávamos que ele poderia morrer a qualquer momento... Eu estive muito perto de não ir à Missão País - acabei por ir, mas com o coração bastante pesado e na promessa de voltar para casa ao menor sinal de qualquer contrariedade... 

 

O avô neste momento está acamado e continua a definhar a cada dia que passa... e nós perguntamo-nos se ele ainda estará connosco no próximo mês, para celebrarmos os seus 81 anos no dia 3 de Maio ... 

 

Esta situação tem sido especialmente difícil para a avó que, além de ser a principal enfermeira e empregada, de dia e de noite, tem também de ver o seu companheiro de há mais de 50 anos a perder-se e a esquecer-se de tudo e de todos ... e a situação piora a cada dia ... e tem sido tão, tão difícil, tanto física como mentalmente, para os quatro cá em casa, lidarmos com tudo ... É sempre preciso muita ajuda para tratar do avô. Dá imenso trabalho. E além disso, passámos a ter que fazer as imensas tarefas que a avó fazia diariamente... sim, tem sido muito, muito, muito difícil....

 

Porque escrevo eu isto? Também não sei ... 

Achei que estava na hora de vos contar porque, apesar de tentar que este blogue seja um local onde qualquer pessoa possa sair daqui a sentir-se melhor, mais alegre, com mais esperança e fé.... na verdade, esta é a minha vida real - confusa, difícil, imperfeita, dolorosa, cheia de frustrações e de dores de cabeça e de lágrimas e ....

O nosso mundo, tal como o conhecíamos, está a desabar. Já nada será como ontem. Aguarda-nos um futuro desconhecido e imprevisível e que nos mete tanto medo ... 

 

Se não fosse o Senhor... ai, se não fosse pelo Senhor....
Com certeza, todas as pessoas desta casa já tinham desabado ....

Ai se não fosse o Senhor a segurar-nos ... 

 

Louvado seja o Senhor! Louvado seja o Senhor, para sempre!

Só por acção da Divina Providência poderia acontecer que, num dia de especial dor e tristeza cá em casa, tenha literalmente chovido emails, cartas, telefonemas e mensagens de apoio inesperadas de todo o lado
Obrigado Senhor, oh, muito obrigado!

 

Uma visita inesperada

A minha mãe nasceu numa família muito simples e humilde, numa pequena aldeia nos arredores de Lamego. Aos 17 anos teve a oportunidade de vir para Lisboa, com ajuda da família de um tio, à procura dum emprego e duma vida melhor do que o trabalho no campo lhe podia dar. É em Lisboa que conhece o meu pai, filho duma família proveniente de Beja que também procurara a realização dos seus sonhos duma vida melhor na grande cidade.

Quando casaram, os meus pais tomaram a decisão de permanecerem aqui, em Corroios, perto da família do meu pai. A família da mãe acabou por ficar, na sua maioria, em Lamego, a quase 5 horas de distância de nós. Assim, em todas as férias de Verão vamos para Lamego durante algumas semanas, para a mãe (e com o tempo, também eu e o pai) matar as saudades da sua família - principalmente dos seus pais e da sua irmã mais nova. 

Há 24 anos que esta "tradição" acontece todos os verões e é sempre com grande alegria que esperamos esta altura do ano! Contudo, o ano passado foram as nossas primeiras férias sem o avô materno (que faleceu repentinamente em Fevereiro de 2014) e as férias já não foram as mesmas... Este ano também trazia consigo um sentimento agridoce - não sabemos se este ano foi o último em que eu pude ir de férias com os pais, e o mais provável é que estas tenham sido as últimas férias em família durante algum tempo ... Os anos passam e estou perto de terminar a faculdade e de começar a trabalhar como médica. E só Deus sabe como será o futuro. 

 

Assim, foi com grande alegria que, mal chegámos a Lamego, ficámos a saber que nos dias 8 e 9 de Agosto iriamos receber uma visita muito especial! A da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima!! Oh, que festa!!

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O avô materno sempre teve uma grande dedicação a Nossa Senhora de Fátima, e sempre que penso Nela, não deixo de pensar também no avô. Quando vamos a Fátima, a memória do avô está também sempre presente comigo.

Assim, eu senti que esta visita de Nossa Senhora a Lamego, foi uma forma de Ela nos dizer, mais uma vez, que nós não estávamos sozinhos nestas mudanças da nossa vida, que tinhamos o Seu apoio, a Sua ajuda, o Seu amor de mãe ... Oh, e que Mãe!

 

Deixo-vos um relato fotográfico desta belíssima visita: (nós esquecemo-nos da tirar fotos nos 2 dias, desculpem!) 

 

Dia 8 de Agosto - Procissão das Velas

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 Todas estas fotos são da autoria do maravilhoso fotógrafo Rui Jorge Pires do Olhar d'Ouro.

 

Dia 9 de Agosto - Tarde de oração na Sé de Lamego e Despedida 

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Todas estas fotos são da autoria do maravilhoso fotógrafo Rui Jorge Pires do Olhar d'Ouro.

 

Já por diversas vezes que fomos a Fátima mas nunca conseguimos estar tão perto da imagem de Nossa Senhora como Deus nos deu a oportunidade desta vez. Pela graça de Deus, conseguimos encontrar um lugar para nos sentarmos na Sé a poucos metros da imagem de Nossa Senhora! Que privilégio. Uma tarde passada a rezar e a meditar sob o manto de Nossa Senhora, a rezar o Terço com Ela e a celebrar a Eucaristia na Sua presença - Foi extraordinário!

Mais extraordinário ainda foi a despedida - as orações cantadas, os lenços brancos a acenar, as lágrimas nos olhos de tanta gente, e mais uma vez, sem termos feito por isso mas pelo peso da multidão à nossa volta, encontrámo-nos desta vez a menos de um metro Dela! Caramba! Estávamos tão, tão perto Dela!! 

Há uma série de imagens na minha memória que espero nunca mais perder. Foi uma experiência sem igual...

Há dias em que é difícil rezar a Alguém que não vemos e que não ouvimos. A nossa natureza humana, tão física e corporal, por vezes tem essa necessidade.... de ver com os nossos próprios olhos, de tocar, de ouvir ...

 

Obrigado Mãe, por não me teres esquecido mesmo durante as férias! Eu sei que Tu estás sempre comigo ... mas é possível que eu às vezes me esqueça disso! Obrigado Mãe, obrigado minha Mãe! Obrigado por vires ter comigo!

 

«Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.

E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?»

Lc 1:42-43

 

Para terminar, deixo-vos um pequeno vídeo com filmagens da Sé de Lamego -  que tem quase 1000 anos de vida!

 

 

Bodas de Ouro

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O que vocês vêem?

 

Eu vejo um dos casais mais unidos que conheço.

Eu vejo um dos maiores exemplos da minha vida.

Eu vejo duas das pessoas mais importantes da minha vida.

 

Eu vejo duas pessoas que me ensinaram que o amor não é um sentimento, mas uma decisão diária que se transforma em acções, em entrega, em serviço. Que o amor é desejar a felicidade do outro mais que a nossa. Que o amor é carinho, é amizade, é companheirismo. Que o amor, se bem praticado e estimado, é eterno.

 

Estes são os meus avós paternos, os que sempre viveram connosco. Ou melhor, eles é que nos acolheram a nós. Os meus avós são duma pequena aldeia de Beja. Vêm ambos de famílias grandes mas pobres. A avó não foi à escola, porque a mãe exigia que ela ficasse em casa a tratar dos irmãos e da casa. O avô fez a 4ªclasse e depois foi trabalhar para o campo. Ambos trabalharam na agricultura durante anos e anos. Quer fizesse sol ou chuva, quer fosse dia de semana ou de fim-de-semana, quer fosse inverno ou verão. 

O avô é 7 anos mais velho que a avó. Eles começaram a namorar quando a minha avó tinha 17 anos. Casaram 3 anos depois, e o meu pai nasceu quando a avó tinha 23 anos. Meses depois, fartos duma vida já tão longa de trabalho, e sem perspectivas dum futuro melhor, partiram da aldeia com direcção a Lisboa, trazendo consigo os seus poucos pertences. 

Aqui o avô conseguiu emprego no antigo Arsenal do Alfeite. A avó começou por trabalhar numa fábrica têxtil, depois essa fábrica fechou e a partir daí foi sempre costureira. Ambos tinham o sonho duma vida melhor e mais digna. Sempre pensaram em construir uma casa e em ter um bom terreno para uma horta. 

Os avós construiram com as suas mãos a casa em que vivemos hoje, uma tarefa que demorou quase 20 anos a ser concluída. Eles construiram-na sozinha e sempre com o dinheiro dos seus bolsos. 

 

Juntos, passaram por momentos de plena felicidade, mas também de completo terror e medo.

Juntos, enfrentaram a perda de familiares e amigos, e receberam de braços abertos todos os novos amigos, vizinhos, irmãos e sobrinhos.

Juntos, criaram uma família unida, sempre junta e feliz.

Juntos, alcançaram hoje 50 anos de casados.

 

Hoje há uma grande festa cá em casa. Vamos celebrar os avós, a sua vida e o seu exemplo. Mas vamos também celebrar a nossa família e todos os seus elementos.

 

 

Hoje celebramos aqueles que sempre nos ensinaram que:

 "O amor é paciente, o amor é benigno, não é invejoso; o amor não é orgulhoso, não se envaidece; não é descortês, não é interesseiro, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará..."

1Coríntios 13:4-8