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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

As criaturas das águas e as criaturas do céu (5º dia da Criação)

Deus disse: «Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos, e que por cima da terra voem aves, sob o firmamento dos céus.» Deus criou, segundo as suas espécies, os monstros marinhos e todos os seres vivos que se movem nas águas, e todas as aves aladas, segundo as suas espécies. E Deus viu que isto era bom. Deus abençoou-os, dizendo: «Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas do mar e multipliquem-se as aves sobre a terra.» Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quinto dia. (Gn 1, 20-23)

A narração do 5º dia da Criação convida-nos a reflectir de novo na dicotomia do povo judeu sobre as águas do mar em oposição ao céu. Como já explorámos anteriormente, para o povo judeu as águas do mar representavam o local da morte e de julgamento do homem.

Em pleno mar, todos os homens, sem excepção, estavam sujeitos às mesmas forças e ao mesmo juízo das ondas e do vento. Os pescadores lançavam-se ao mar, mal a madrugada começava, estando ainda tudo escuro à sua volta. Decidiam quando iam; mas nunca poderiam saber se voltariam para as suas casas com vida.

Hoje, estamos habituados a ver o fundo do mar como um local colorido, cheio de formas estranhas, de peixes curiosos, de formas de vida surpreendentes. Mas, se perguntassem a um judeu, como pensava que era o fundo do mar, certamente que receberiam como resposta - "Como sabes tu que o mar tem fundo? Quem lá se aventurou, nunca voltou para contar o que viu ... Deve ser um autêntico vazio de morte, sem absolutamente nada ..."

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Imagem retirada daqui

Assim, as águas eram vistas como instáveis e traiçoeiras, insondáveis e perigosas, e os animais que lá viviam não eram olhados de forma diferente. Afinal, as criaturas do mar habitavam num local onde a escuridão parecia dominar e onde forças invisíveis pareciam comandar tudo o que acontecia. 

Penso no profeta Jonas, que tentou fugir do chamamento do Senhor e que acabou por ser lançado ao mar e engolido por uma baleia, uma criatura proveniente destas águas obscuras e malignas. A sua história serve-nos de aviso, acerca do que sempre nos acontecerá quando fugimos deliberadamente da vontade de Deus. Ao escolhermos fugir da terra, preparada para nós para ser um local sólido e seguro, ao virarmos as costas à vontade do Senhor, estamos a escolher lançar-nos nas águas do Abismo, ficando à mercê do maligno e das suas criaturas. Na verdade, Jonas só foi libertado do buraco escuro onde tinha aceitado esconder-se, após confessar o seu pecado, implorando a misericórdia de Deus e abrindo-se de novo à graça do Senhor, que o trouxe em segurança para terra firme. Agora sim, depois de viver este episódio marcante e reestruturante, Jonas estava preparado para anunciar, a todos os habitantes da cidade de Nínive, o quão Deus estava próximo de cada um deles ...

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Imagem retirada daqui

Em contraste com as perigosas e traiçoeiras criaturas do mar, são-nos apresentadas as aves do céu: livres como uma alma recém Baptizada, leves como uma alma recém Confessada, pequenas e humildes como Jesus nos incentiva a tornar-nos para conseguirmos entrar no Reino dos Céus ... 

Os pássaros passam as suas vidas a voar no céu aberto, que representa a morada eterna de Deus, aquela que os nossos corações tanto desejam alcançar. E, talvez por isso, tenhamos associado a imagem dos Anjos à destes seres alados e voadores, que habitam continuamente na presença de Deus.

Sempre achei fascinante como as aves conseguem parecer, simultaneamente, frágeis e fortes: frágeis pela sua constituição delicada; fortes por serem capazes de enfrentar vento e chuva, continuando a voar e a cantar ...

Pensar em aves do céu faz-me logo lembrar da representação do Espírito Santo na forma duma pomba, pura e branca, como nos é relatado no episódio do Baptismo de Jesus, ao sair das águas do rio Jordão. Lembro-me também do convite de Jesus, a abandonar as nossas preocupações e inquietações e a confiarmos na Providência Divina, que cuida de tudo nas nossas vidas com tanto amor e delicadeza, atenta a cada pequeno pormenor

Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós muito mais do que elas? (Mt 6,26)

 

Agora, percebo melhor porque é que o Apóstolo João, ao terminar as suas visões sobre o fim do mundo e o Juízo Final, nos descreve que:

"Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia." (Ap 21,1)

Na vida eterna, na Jerusalém celeste, onde serão recebidos todos os que amam o Senhor, haverá uma nova terra e um novo céu, renovadas e purificadas para nos acolher; mas o mar, esse local de morte e castigo, jamais existirá no Reino dos Céus, jamais voltará a ser visto ou sequer lembrado... 

Maranata, vem Senhor Jesus!