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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Youtube - Leitura da Declaração "Gravissimum educationis" do Papa Paulo VI (1965)

Sobre a Educação Cristã

 

 

1ª parte

EXCERTO: "Todos os cristãos que, uma vez feitos nova criatura mediante a regeneração pela água e pelo Espírito Santo, se chamam e são de facto filhos de Deus, têm direito à educação cristã. Esta procura dar não só a maturidade da pessoa humana acima descrita, mas tende principalmente a fazer com que os baptizados, enquanto são introduzidos gradualmente no conhecimento do mistério da salvação, se tornem cada vez mais conscientes do dom da fé que receberam; aprendam, principalmente na acção litúrgica, a adorar Deus Pai em espírito e verdade (cfr. Jo. 4,23), disponham-se a levar a própria vida segundo o homem novo em justiça e santidade de verdade (EL 4, 22-24); e assim se aproximem do homem perfeito, da idade plena de Cristo (cfr. Ef. 4,13) e colaborem no aumento do Corpo místico. Além disso, conscientes da sua vocação; habituem-se quer a testemunhar a esperança que neles existe (cf. 1 Ped. 3,15), quer a ajudar a conformação cristã do mundo, mediante a qual os valores naturais assumidos na consideração integral do homem redimido por Cristo, cooperem no bem de toda a sociedade."

 

2ª parte

EXCERTO: "Lembrem-se, porém, os professores de que sobretudo deles depende que a escola católica possa realizar os seus intentos e iniciativas. Sejam, por isso, preparados com particular solicitude, para que estejam munidos de ciência quer profana quer religiosa, comprovada pelos respectivos títulos, e possuam a arte de educar, de harmonia com o progresso dos nossos dias. Unidos entre si e com os alunos pela caridade, e imbuídos de espírito apostólico, dêem testemunho de Cristo, mestre único, quer com a vida quer com a doutrina. Colaborem, sobretudo, com os pais; juntamente com eles, tenham na devida consideração, em toda a obra educativa, a diferença sexual e o fim próprio atribuído pela Providência divina a cada sexo na família e na sociedade; esforcem-se por suscitar a acção pessoal dos alunos, e, depois de acabado o curso escolar, continuem a acompanhá-los com o conselho, a amizade e com a organização de associações peculiares imbuídas de verdadeiro espírito eclesial. O sagrado Concílio declara que o ministério destes professores é um autêntico apostolado, muito oportuno e necessário também nos nossos dias, e, ao mesmo tempo, um verdadeiro serviço prestado à sociedade. E aos pais católicos recorda o dever de confiarem os seus filhos, quando e onde puderem às escolas católicas, de as sustentarem segundo as suas forças e de colaborarem com elas para bem dos próprios filhos "

Vida em mim

"Parece que tu não ovulas!"

Lembro-me perfeitamente do dia em que me disseram que provavelmente seria infértil. Claro que, como estudante de medicina na altura, eu já suspeitava há algum tempo. Os ciclos menstruais irregulares, os sinais físicos do desequilíbrio hormonal que ocorria dentro de mim, os sintomas típicos todos presentes ... Mas, se mais ninguém o afirmasse, talvez a ideia de puder ser infértil fosse apenas mais um "macaquinho" na minha cabeça, uma ideia tola e sem fundamento ... 

 

Pela graça de Deus, ao longo da minha caminhada católica, tive a imensa graça de ficar a conhecer o Fertility Care que, mais do que um método para ajudar famílias cristãs a gerir a sua fertilidade conjugal e a sua abertura à vida, é também uma forma bastante eficaz de ajudar a mulher a monitorizar a sua saúde ginecológica e procriativa. O método do Fertility Care baseia-se na auto-observação diária de vários sinais e sintomas do corpo da mulher, de modo a compreender e interpretar o que se passa com o seu corpo a cada dia do ciclo. É um método natural de espaçamento familiar, muito versátil e adaptável às necessidades de cada casal, ecológico e económico, extensamente estudado e aplicado um pouco por todo o mundo desde há mais de 50 anos. 

Foi através das consultas com as instrutoras deste método que comecei a compreender o que se passava com o meu corpo. Percebi que tinha de mudar o meu estilo de vida se queria tornar-me saudável. Tentei ajudar o meu corpo a recuperar a normalidade de todas as formas que consegui. Mas as medidas não pareciam surtir efeito. Os meses passavam, eu continuava a monitorizar diariamente os sinais e sintomas do meu corpo, voltava a repetir os exames e as análises, e não parecia haver grandes diferenças ... A minha doença não regredia, permanecia lá, por mais que eu tentasse controlá-la. Por fim, o passar dos anos ajudou-me a aceitar esta minha condição, que parecia tornar altamente improvável que eu alguma vez pudesse ser mãe. 

 

Parte do meu grande interesse na vida consagrada devia-se ao conhecimento desta minha condição. Se eu não podia ser mãe biológica, não fazia qualquer sentido na minha cabeça que o Senhor me pudesse chamar a uma vida matrimonial. Foram muitos os anos a viver este dilema, entre aquilo que o meu coração desejava intensamente - ser esposa e mãe - e aquilo que a minha razão me levava a pensar. Foram muitas as horas de oração, de encontro com o Senhor, de feridas a serem destapadas, devagarinho, uma a uma, para puderem ser então curadas ...

 

Quando conheci o meu marido, alguns anos depois, o tema da minha provável infertilidade foi algo largamente discutido, meditado e rezado entre ambos. Curiosamente, o Senhor tinha feito com que o meu marido tivesse conhecido o método do Fertility Care ainda antes de eu própria o conhecer e praticar! E ele aceitava-me exactamente como o Senhor me tinha feito. Claro que foi necessário aprender a gerir expectativas e alguns sonhos de vida prévios. Mas, nem por um segundo sequer, esta minha condição fez diminuir a certeza absoluta que o meu marido tinha de que o Senhor o chamava e convidava a doar toda a sua vida por mim, como meu esposo. 

Assim, durante anos, li, estudei e ouvi todos os testemunhos que encontrei de outras mulheres e famílias que tiveram de lidar com a cruz da infertilidade. Foram incontáveis as horas a rezar, a preparar-me, a planear, a mentalizar-me - como é típico da minha personalidade - para a nossa futura vida matrimonial e para a longa e árdua luta contra a infertilidade que nos esperava. Até, finalmente, conseguir encontrar e viver naquela paz que só o Senhor nos pode oferecer, de, em tudo, fazer sempre a Sua vontade, de seguir sempre os Seus caminhos, carregando a nossa Cruz às costas atrás d'Ele, nunca tirando os olhos do Céu do Seu amor ...

 

O que eu não me apercebi foi que, ao longo dos meses de namoro e noivado, o meu corpo foi, aos poucos, mudando e normalizando. Devagarinho, lentamente, de forma quase imperceptível, os meus ciclos menstruais foram-se tornando cada vez mais regulares.... e o impossível aconteceu.

Inacreditavelmente, miraculosamente, estamos grávidos!

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E o Senhor nunca se deixa vencer em generosidade - o nosso bebé, o nosso primeiro filho, foi prenda de lua de mel! Está previsto nascer exactamente 9 meses do dia do nosso casamento, em Janeiro do próximo ano! 

Oh, alegrem-se e regozijem-se connosco! O Senhor fez em nós maravilhas! O Senhor fez em nós um autêntico milagre! Oh, como o Senhor é bom! 

Um simples puzzle

Nestas férias, escolhemos um puzzle para montar em família. Um puzzle grande, com 1000 peças, com a pintura do "Julgamento Final" do Miguel Ângelo, e que me pôs bastante a pensar e meditar ...

 

A construção dum puzzle torna-se mais fácil se construirmos primeiro os seus limites. Limites são coisas boas, muito mais do que tendemos a pensar. Orientam-nos e dão-nos direções sobre onde cada desenho principal vai ficar. Dão-nos segurança, pois sabemos claramente até onde podemos ir, antes de nos engarnar-nos ou fazermos asneira. Limites claros e bem definidos permitem-nos começar a juntar peças e avançar na nossa construção. São esses mesmos limites, presentes desde o início, que, no final, garantirão que todo o puzzle se mantém unido, com cada peça no seu lugar ...

 

Avançamos no nosso trabalho e vamos à procura de novas peças, para as ligar àquelas que já temos colocadas corretamente nos seus devidos lugares. Tentamos e voltamos a tentar, até encontrar aquela peça perfeita que encaixa que nem uma luva. Encontramos, assim, o lugar que apenas aquela peça (e mais nenhuma outra) podia ter - não só pelo seu formato mas também pela harmonia das cores e pela continuidade do desenho.

 

Basta uma só peça não estar no seu devido lugar e o puzzle já não é o mesmo. Nota-se logo a sua falta. A sua beleza já não será completa ...

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Imagem retirada daqui


Ah, a beleza da jornada conjunta, lado a lado à volta da mesma mesa, de se ir construindo um puzzle peça por peça. A alegria partilhada por cada novo encaixe. A partilha da frustração por não se conseguir encontrar aquela peça que se procura há tanto tempo... "Deixa, dorme sobre o assunto, logo tentamos amanhã novamente, com as forças renovadas pelo Senhor "...

 

Nem todos os dias conseguiremos produzir os mesmos frutos: haverá dias em que montaremos pouco mais de meia dúzia de peças, mera gota de água naquele oceano; mas, noutros dias, veremos o quão abundantes podem ser os frutos do nosso trabalho, do nosso empenho e persistência...


Ah, o caminho partilhado... A obra que começa a tomar forma e relevo. "Força, estamos quase lá, juntos conseguimos" ...

 

Eis, por fim, o quadro final, sinal visível do nosso caminho conjunto, da nossa jornada partilhada. Todas as peças, por fim, perfeitamente unidas, a pintura finalmente composta. "Que linda está" ...


Continua a ver-se o formato individual de cada peça. Cada uma delas é única e não poderia ocupar nenhuma outro lugar ...

 

De hoje em diante, de cada vez que olharmos para aquele quadro, na parede da nossa casa, lembrar-nos-emos e faremos memória do caminho percorrido em conjunto. Contaremos histórias, partilharemos momentos e memórias ...

 

Assim acontecerá connosco, um dia, no Céu, quando Deus nos mostrar os puzzles das nossas vidas ... Oh, que pura beleza!

Ámen 

Na casa de Simão Pedro

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

 

Continuamos a nossa peregrinação pela cidade de Cafarnaúm, sob um sol abrasador. Como pode uma terra à beira mar ser assim tão quente? 

Mas há aqui, nesta cidade, uma construção muito especial, que eu há muito desejava ver com os meus próprios olhos (e que, infelizmente, entre o entusiasmo e a maré de turistas, quase não consegui tirar fotos ...)

              Deixando a sinagoga, Jesus entrou em casa de Simão Pedro       (Lc 4, 38a)

E nós fazemos o mesmo - saímos da sinagoga, onde Jesus tinha acabado de curar um homem possesso por um espírito maligno, em pleno Sábado judaico (ai o burburinho que não terá corrido pela cidade nesse dia!); descemos uns degraus de pedra, damos uma dúzia de passos e deparamo-nos com aquela que se acredita ser a casa do Apóstolo Simão Pedro....

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É tão pequenina! 

É a primeira interjeição que me sai dos lábios, quando a vejo pela primeira vez, por fora, e que volto a repetir uns instantes depois, quando tiver a oportunidade de a ver melhor, de cima. Sim, é realmente pequena, tem apenas uma divisão, de formato quadrangular, que serviria simultaneamente de cozinha, sala e quarto.

 

E como podemos nós saber, tantos séculos depois, que esta é, realmente, a casa de Pedro?

Sou-vos sincera, já não me lembro de todos os argumentos que a nossa guia partilhou connosco, mas lembro-me de nos ter falado sobre umas inscrições descobertas nas paredes, em hebraico e em grego, datadas dos primeiros séculos, alegando este facto, e outras inscrições dizendo "Cristo tende piedade" e "Senhor Jesus Cristo ajuda os Teus servos".

Um dado arqueológico em particular marcou-me a memória: o terem descoberto, nas ruínas desta casa, uma quantidade absurda de cotos de velas e de candeias a óleo! Sim, restos e restos de velas, e quase nenhum item doméstico, como pratos ou vasilhas de barro, como as que se encontraram nas ruínas das outras casas vizinhas. Parece que os primeiros cristãos utilizaram estas instalações como uma das primeiras igrejas, quando começaram a ser expulsos das sinagogas e perseguidos pelos romanos.

Outro dado importante é que, à volta destas primeiras paredes (que rapidamente se tornaram alvo de veneração pelos primeiros cristãos) foram sendo construídos outros edifícios, mas estes já com um formato octogonal, típico do estilo bizantino no século IV e V. Tal como podem observar nesta foto já antiga, parece que foi sendo preciso ir aumentado o tamanho da igreja, uma e outra vez, para poder acolher todos os fiéis que se continuaram a reunir nesta primeira igreja .... 

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Imagem retirada daqui

 

Mas voltemos ao relato dos Evangelhos. Conta-nos São Lucas que Jesus naquele dia

Deixando a sinagoga, Jesus entrou em casa de Simão.

A sogra de Simão estava com muita febre, e intercederam junto Dele em seu favor.

Inclinando-se sobre ela, ordenou à febre e esta deixou-a;

ela erguendo-se, começou imediatamente a servi-los.

                                                                                                                  Lc 4, 38-39

Jesus tinha acabado de fazer um (grande) milagre público, à frente de todos os habitantes daquela cidade, em plena sinagoga; mas agora realiza um novo milagre, ainda em pleno Sábado, na intimidade dum lar. Jesus passa do interior das paredes sagradas da sinagoga, o local de eleição para os judeus louvarem a Deus, e entra, Ele mesmo, o próprio Senhor, no interior das paredes sagradas duma casa de família, dando assim um carácter de sacralidade à nossa vida familiar.

É o próprio Deus que deseja entrar em nossa casa e nas nossas vidas, e fazer nelas "Sua morada". Será que o permitimos, à semelhança de Pedro? Não tenhamos medo nem vergonha, por mais simples ou humilde que elas sejam - Deus está desejoso de entrar na intimidade das nossas vidas.

 

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Igreja construída nos anos 90, exactamente por cima e à volta da casa de S.Pedro, numa brilhante ideia, que mistura engenharia e teologia. No seu centro, através dum pavimento transparente, podemos ver ainda mais de perto as ruínas da casa de Pedro.

 

Também São Marcos nos relata este episódio

Saindo da sinagoga, [foi] para casa de Simão e André, com Tiago e João.

    A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo Lhe falaram dela. 

           Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a.

                 A febre deixou-a e ela começou a servi-los.          (Mc 1, 29-31)

Ao entrar na casa de Pedro, Jesus depara-se com uma mulher paralisada "por uma febre" que a tinha colocado de cama, incapaz de se levantar. Jesus aproxima-Se, faz-Se próximo daquela mulher e de cada um de nós, independentemente da razão da nossa "febre" que nos impede de viver.

Jesus estende-lhe a mão, desejoso de curá-la e de salvá-la daquela prisão - mas, para isso, é necessário um pequeno esforço da parte da sogra de Pedro; é necessário que nós estejamos dispostos, também, a estender a nossa mão, por um pouco que seja, na direcção do Senhor que Se faz próximo de nós; é necessário um pequeno gesto de reciprocidade e de entrega ao Deus que nos visita, tentando salvar, mesmo no nosso maior momento de fraqueza ... 

E assim, levantados pela força do Espírito Santo, acolhendo o amor que Deus nos oferece, agradecidos de todo o coração pelas maravilhas que o Senhor operou nas nossas vidas, colocamo-nos imediatamente ao serviço dos irmãos, começando com os de lá de casa, como sinal visível de quem já não vive só para si mesmo, mas para "dar a vida" aos outros ...

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Os Evangelhos dizem-nos que Jesus veio a Cafarnaúm e ficou diversas vezes nesta casa que pertencia a Simão Pedro... Ao folhear as páginas dos Evangelhos e ao rever estas minhas memórias acerca da Terra Santa, não posso deixar de notar a forma como Pedro deixou que Jesus entrasse na sua vida e de como, aos poucos, este mero pescador, primeiro de peixes e depois de almas, foi permitindo que Jesus tomasse posse de tudo o que lhe pertencia...

Tudo começou com um "ouvi falar" dum Nazareno, com um olhar cheio de amor e misericórdia, com um toque capaz de curar os doentes e uma voz capaz de expulsar demónios, cuja "fama rapidamente se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia" (Mc 1,28) ... 

Um "ouvi falar", que rapidamente se tornou num "vem e vede" como "o Senhor é bom para aqueles que O temem" (como tantos Salmos nos anunciavam). Pedro veio, viu e ouviu, e o seu coração começou a transformar-se ...

Um dia, na praia, Jesus atrevido - como por vezes era (e ainda é) Seu costume - pede a Simão Pedro o seu barco, para daí poder ensinar melhor as multidões. Pedro aceita mais este passo de Jesus na sua vida e no seu coração, e coloca à Sua disposição um dos seus bens mais preciosos, o seu próprio ganha pão e a sua forma de sustento. Pedro oferece a Jesus, numa demonstração do seu amor crescente pelo Senhor, toda a autoridade e poder de comandar o seu próprio barco, tanto nos dias de brisa suave e de sol ameno, como nos dias de tempestade...

 

Agora, Jesus pede-lhe para entrar na sua própria casa. Nunca mais haverá sossego naquela casa, com pessoas a trazerem familiares e amigos doentes, desde manhã até à noite, num vai e vem constante, não lhes dando tempo sequer para pescarem, cozinharem ou alimentarem-se ... 

Mais tarde, quando o coração de Pedro estiver preparado, Jesus pedir-lhe-á que deixe casa, família e trabalho, para poder segui-Lo. Deus vai assim, pouco a pouco, tomando o devido lugar no coração e na vida de Pedro, Ele de quem tudo provém, Ele de quem tudo recebemos ...

Barco, casa, família, bens e comida, vontade e paciência, (muito!) tempo, o presente e o futuro, incertezas e perseguições, uma grande trabalheira, e por fim a própria vida - sim, Jesus pedirá para se tornar Senhor e Rei de tudo, tudo, tudo na vida do Apóstolo Pedro.

 

À semelhança do que os primeiros cristãos foram fazendo, e do que o povo de Deus tinha já feito no seu longo percurso no deserto, também Pedro aprende que é preciso ir fazendo espaço para o Senhor, é preciso ir alargando o tamanho "da tenda" do nosso coração, "para a esquerda e para a direita"... É preciso, nesta nossa caminhada de santidade diária, que saibamos oferecer - livremente, por puro amor, um passinho de cada vez - todas as áreas das nossas vidas, tudo aquilo que possuímos, que fazemos, que amamos ... o nosso trabalho, as nossas coisas, a nossa casa, a nossa família, o nosso quarto, o nosso coração, a nossa vida ... 

 

O tempo da Quaresma está quase aí, à nossa porta.

Deixaremos que o Senhor se aproxime de nós? Que entre na nossa casa e no nosso coração?

Que cure tudo o que nos paralisa e impede de viver plenamente em serviço e em comunhão com os irmãos?

Permitiremos, à semelhança de Pedro e da sua família, que o Senhor venha e sacralize a nossa vida familiar? 

 

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

O meu pecado que revejo no outro ...

Porque é que todos os meses confesso sempre o mesmo pecado - respondi mal à mãe, com impaciência e brusquidão; refilei forte e feio com a avó; murmurei palavras maldosas e cheias de veneno contra o meu pai ...??

 

O período de férias é sempre uma boa altura para reflectir - nas férias a sério, claro, quando há espaço para o silêncio tão necessário para ouvir a voz de Deus; não naquelas férias em que escolhemos esconder-nos dos problemas e enterrar a cabeça na areia das praias  ...

 

Porque é que discuto tanto e tantas vezes com as pessoas que precisamente mais amo e que mais me amam?

Porque é que é tão fácil falar com elas com menos cuidado, menos caridade, irreflectidamente, levianamente, do que faria se fosse com colegas de trabalho?

Porque é que penso que é um "direito" que eu tenho, poder chegar a casa e largar toda a frustração do dia de trabalho em cima da primeira pessoa que encontro em casa?

Porque é que é tão fácil pensar e falar acerca dos desagradáveis defeitos de cada elemento da minha família?

Porque penso assim? Porque as vejo assim? Porque faço isto?

 

É fácil, oh tão fácil, pensar - a culpa é deleseles é que são isto e aquilo e assim e assado ... eles é que me estão sempre a chatear e a “picar”; eles é que não têm paciência nenhuma comigo; eles é que não compreendem; eles é que me fazem ser assim …

 

Que pecado tão grande o meu.

 

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Se tivermos realmente vontade de melhorar, de nos santificar, de crescer em amor a Deus e ao próximo … no dia em que ganharmos coragem para enfrentar de frente, com a ajuda do Espírito Santo, este nosso pecado tão grande, tão grave …. e fizermos finalmente silêncio na nossa alma, sempre tão agitada e desassossegada, então …

 

…. poderemos por fim reconhecer que, em plena verdade, deveríamos antes pensar: 

Não acontecerá que sou eu que tenho precisamente os defeitos que mais me incomodam nos outros?

Quais são os meus defeitos – que eu não quero reconhecer por falta de humildade - que me levam a falar e responder assim, a julgar os outros assim?

 

Na minha mãe revejo este e este defeito, na avó aquele e o outro, no pai revejo perfeitamente este, este e ainda este ... e, por reconhecer a presença dos meus defeitos nos outros que me rodeiam, torno-me hostil para com eles, em vez de os compreender e ter paciência ...

 

Este exercício de reflexão dói e dói muito, mesmo muito ... mas também purifica o coração, traz clareza de pensamento e torna-nos, sem dúvida, mais humildes, mais santos ...

 

"Muitos focalizam as pessoas com as lentes deformadas dos seus próprios defeitos."

São Josemaria Escrivá, Sulco n. 644

 

«Devemos sempre julgar os outros benignamente, porque o que parece aos nossos olhos negligência pode muitas vezes ser um acto de heroísmo aos olhos do Senhor. Uma irmã que tenha uma dor de cabeça ou atravesse provações espirituais cumpre mais quando faz metade do seu trabalho do que outras irmãs sadias de corpo e alma que fazem tudo bem».

 

Palavras de Santa Teresinha 

 

Reflexão feita após o início da leitura do livro "Tornar a vida amável", do Pe Francisco Faus 

Oh férias ....

Estou por estes dias numa pequena aldeia perdida na serra, perto de Lamego, tal como todos os anos.

Um autêntico paraíso na terra, duma beleza e simplicidade sem igual - tudo o que é preciso está aqui: família, natureza e Deus. Não falta nada...

 

Lamego

 

É altura de estar - com a família que tanto se ama mas que só se pode ver uma vez por ano, e na presença de Deus ...

É altura de ser - o braço direito da mãe, a prima mais velha e conselheira, a que está sempre disposta a ajudar e a servir....

É altura de ouvir - as aventuras e os desabafos do ano que passou, o barulho encantador de todos os animais da quinta, os sinos da pequena igreja a tocar a canção de Fátima a cada meia hora, lembrando-nos continuamente de rezar e de agradecer....

É altura de rir - muito, muito, muito, todos juntos ...

É altura de ver - toda a beleza que nos rodeia, com os nossos olhos, sim, mas também com o coração...

É altura de perdoar - aqueles que convivem comigo todos os dias (e ui! que difícil) mas também a mim mesma (o que ainda é mais difícil)...

É altura de alimentar - escolhendo fazer os pratos que cada um mais gosta, dando a beber o cálice da paz de Cristo....

É altura de dar, de nos dar, de oferecer o melhor que temos, de partilhar e de aceitar...

 

 

É a altura ideal para nos apaixonar de novo ... pelo nosso verdadeiro e eterno Amor

 

"És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande é teu poder, e incomensurável tua Sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação (...), partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso."

 

"Como invocarei meu Deus, meu Deus e meu Senhor, se ao invocá-lo o faria certamente dentro de mim? E que lugar há em mim para receber o meu Deus, por onde Deus desça a mim, o Deus que fez o céu e a terra? Senhor, haverá em mim algum espaço que te possa conter? Acaso te contêm o céu e a terra, que tu criaste, e dentro dos quais também criaste a mim? Será, talvez, pelo fato de nada do que existe sem Ti, que todas as coisas te contêm?

E, assim, se existo, que motivo pode haver para Te pedir que venhas a mim, já que não existiria se em mim não habitásseis? (...) Eu nada seria, meu Deus, nada seria em absoluto se não estivesses em mim; talvez seria melhor dizer que eu não existiria de modo algum se não estivesse em ti, de quem, por quem e em quem existem todas as coisas?

Assim é, Senhor, assim é. Como, pois, posso  chamar-te se já estou em ti, ou de onde hás de vir a mim, ou a que parte do céu ou da terra me hei de recolher, para que ali venha a mim o meu Deus, ele que disse: Eu encho o céu e a terra?"

 

"Porventura o céu e a terra te contêm, porque os enches? Ou será melhor dizer que os enches, mas que ainda resta alguma parte de ti, já que eles não te podem conter? E onde estenderás isso que sobra de ti, depois de cheios o céu e a terra? Mas será necessário que sejas contido em algum lugar, tu que conténs todas as coisas, visto que as que enches as ocupas contendo-as?

Porque não são os vasos cheios de ti que te tornam estável, já que, quando se quebrarem, tu não te derramarás; e quando te derramas sobre nós, isso não o fazes porque cais, mas porque nos levantas, nem porque te dispersas, mas porque nos recolhes.
No entanto, todas as coisas que enches, enche-as todas com todo o teu ser; ou talvez, por não te poderem conter totalmente todas as coisas, contêm apenas parte de ti? E essa parte de ti as contêm todas ao mesmo tempo, ou cada uma a sua, as maiores a maior parte, e as menores a menor parte? Mas haverá em ti partes maiores e partes menores? Acaso não estás todo em todas as partes, sem que haja coisa alguma que te contenha totalmente?"

 

"Que és, portanto, ó meu Deus? (...) Tao oculto e tão presente, formosíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível; imutável, mudando todas as coisas; nunca novo e nunca velho; renovador de todas as coisas, conduzindo à ruína os soberbos sem que eles o saibam; sempre agindo e sempre repouso; sempre sustentando, enchendo e protegendo; sempre criando, nutrindo e aperfeiçoando, sempre buscando, ainda que nada te falte.
Amas sem paixão; tens zelos, e estás tranqüilo; te arrependes, e não tens dor; te iras, e continuas calmo; mudas de obra, mas não de resolução; recebes o que encontras, e nunca perdeste nada; não és avaro, e exiges lucro. A ti oferecemos tudo, para que sejas nosso devedor; porém, quem terá algo que não seja teu, pois, pagas dívidas que a ninguém deves, e perdoas dívidas sem que nada percas com isso?
E que é o que até aqui dissemos, meu Deus, minha vida, minha doçura santa, ou que poderá alguém dizer quando fala de ti?"

 

"Quem me dera descansar em ti! Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem! (...) E que sou eu para ti, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos? Acaso é pequeno o castigo de não te amar?"

 

Santo Agostinho, primeiras páginas das suas Confissões

 

Bênçãos

Uma maratona nunca é fácil. Uma maratona requer um esforço contínuo, constante no tempo e na intensidade, requer vontade e determinação, requer confiança, requer esperança ... 

Realizar uma preparação de cerca de 1 ano e meio para o exame mais importante da minha vida também não foi fácil. Aliás, foi uma autêntica maratona - e os últimos 6 meses foram particularmente difíceis e intensos.

 

É aqui que entram os amigos.

Eu perdi a maioria dos meus amigos quando entrei para a faculdade (como contei antes) e durante anos rezei e rezei para que Deus me trouxesse novos amigos, verdadeiros amigos - de acordo com a minha nova vida cristã. O Senhor, como sempre, ouviu as minhas preces. E quando dei por mim, novas e maravilhosas amizades foram florescendo, um pouco por todo o lado. Glória a Deus! Como Deus é bom!

 

Este Verão foi difícil e extenuante, sim. Mas também serviu para me aperceber da bênção que é ter amigos que te enviam mensagens de apoio pela internet, pelo telemóvel ou até por carta.

Serviu para me aperceber da bênção que é ter amigos com quem posso rir e dar gargalhadas, mesmo nas situações mais difíceis.

Serviu para me aperceber da bênção que são os nossos vizinhos, que te deixam todas as semanas uma flor nova no portão da nossa casa, apenas para te alegrar.

Serviu para me aperceber da bênção que é ter uma amiga com quem pude enviar e receber passagens bíblicas de apoio e esperança, quase diariamente durante meses (mesmo ela não sendo católica)!

Serviu para me aperceber da bênção que é alguém alegremente se oferecer para te substituir numa tarefa importante, quando a tua vida dá voltas inesperadas, como foi a morte da minha avó.

E serviu principalmente para me aperceber da enorme bênção que é a minha família, com todos os seus elementos, que Deus especialmente escolheu para mim...

Obrigado Senhor, por tantas bênçãos!

 

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Quando, no dia do exame, quinta-feira dia 16 de Novembro de 2017, eu liguei o telemóvel para ler as leituras da missa diária ao pequeno-almoço e me deparei com o seguinte:

 

Quinta-feira da 32ª semana do Tempo Comum

Dia de Santa Margarida, rainha da Escócia, +1093 (que eu tinha "conhecido" apenas semanas antes)

e dia de S. José Moscati, médico, +1927 (médico!!!!)


1ª Leitura 

"Na Sabedoria há um espírito inteligente, santo, único, multiforme, subtil, veloz, perspicaz, sem mancha; um espírito lúcido, inalterável, amigo do bem; penetrante, irreprimível, amigo dos homens; firme, seguro, sereno; tudo pode, tudo abrange e tudo penetra. Ela é o sopro do poder de Deus."

Sabedoria 7:22-23,25

 

... só podia correr tudo bem. E assim foi 

O meu mês de Outubro

Ops! 

 

Não tinha planeado ficar 4 semanas sem escrever um post aqui no blog ...  perdoem-me!

Mas este ano é especial, diferente de qualquer outro ano anterior na minha vida, e as minhas prioridades tiveram de ser re-organizadas.

 

Tenho muito pouco tempo para vos escrever este post, mas penso que já vos devo uma actualização acerca dos eventos mais importantes que se têm passado na minha vida:

 

  • O avô paterno, com o qual vivemos, e que desde Fevereiro está (quase completamente) acamado com doença de Alzheimer, tem estado (excepto um dia ou outro) praticamente na mesma. Não melhorou em nenhum aspecto da doença, nem com as mudanças na medicação, mas, graças a Deus, não piorou. A sua situação, e principalmente a sua mente, manteve-se e não se deteriorou! Glória a Deus!! 

 

  • A avó materna, que vive em Lamego com a irmã mais nova da minha mãe, e que no início do verão foi diagnosticada com uma neoplasia do estômago, vai ser operada no próximo dia 24 de Outubro, no mesmo dia em que faz 75 anos de idade. Por um lado, a situação da avó não é muito favorável, porque a sua neoplasia sangra bastante e está a ser necessário ela receber uma transfusão de sangue por semana .... desde o início do verão! Além de toda a sintomatologia associada a esta neoplasia, desde a falta de vontade para comer, às náuseas e vómitos constantes, e ao cansaço fácil provocado pela anemia ... Contudo, por outro lado, devido a esta hemorragia continua, foi possível adiantar a data da cirurgia (para aquilo que seria a lista de espera normal naquela região). Além disso, a TAC parece demonstrar que a neoplasia está apenas localizada no estômago, ou seja, não parece haver metástases ... o que foi uma das melhores notícias que podíamos ter recebido!!! Muitas, muitas, muitas graças e glórias sejam dadas ao Senhor!! Assim, pedia-vos que, se se lembrarem, por favor rezem pelo sucesso da cirurgia da minha avó na próxima segunda-feira

 

  • Hoje terminei o meu 1º estágio deste último ano na faculdade. Estive 4 semanas no serviço de Obstetrícia e Ginecologia no hospital de Setúbal, como vos tinha dito antes. Como é a área médica (além de Medicina Geral e Familiar claro, mas sobre isso acho que estou sempre aqui a dizer ) que eu mais gosto, obviamente que foi um estágio maravilhoso, extremamente produtivo e enriquecedor! Gostava muito de partilhar convosco todos os episódios importantes, todas as experiências e histórias de vida únicas que conheci e ajudei, mas o sigilo médico e o meu dever para com os doentes não mo permite... Assim, conto-vos apenas que foi com grande alegria que tenho descoberto uma imagem de Nossa Senhora em todos os pisos do hospital, e em diversas localizações nos mesmos pisos! 

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  • Esta era a que estava no puerpério (o local onde estão as "grávidas" que já deram à luz) e no internamento pós-cirurgia ginecológica. Não sei se reparam, mas esta imagem de Nossa Senhora, além das ofertas dos ramos de flores em baixo, está carregadíssima de terços de todas as cores e feitios, oferecidos pelas mulheres que passaram por este internamento .... E não é exemplo único naquele hospital! Onde quer que eu tivesse, encontrava sempre uma Nossa Senhora a velar por mim, pelos médicos, pelos enfermeiros, pelos funcionários do hospital e, claro, pelos nossos queridos doentes 

 

  • [Editado mais tarde] Na semana antes do início do estágio e nas semanas que se seguiram, deixei de conseguir rezar o Terço - aconteceu muita coisa, havia muitas coisas para tratar, horários novos que eu não controlava, mudanças, reboliço, stress, confusão - e pumba! uma desorganização total ... Assim, tenho (re)aprendido nos últimos dias a encontrar o tempo necessário para poder rezar e oh! que lição de humildade tem sido! Ainda não consegui encontrar uma boa solução ... há dias em que consigo rezar, outros não ... enfim, vou tentando todos os dias! Lá haverei de conseguir com a ajuda de Nossa Senhora certamente 

 

  • E de resto, a minha vida tem sido muitooo trabalho e muitooo estudo! 

 

Não sei quando conseguirei voltar a escrever. Deus tem-me dado inúmeras oportunidades para poder (finalmente) pôr em prática aquilo que Ele me tem carinhosa e pacientemente ensinado nos últimos anos e que tenho partilhado convosco desde o início do blog. Agora, é tempo de passar da teoria à prática - e muita prática tem sido!