Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Tendo ouvido dizer que João fora preso, Jesus retirou-se para a Galileia. Depois, abandonando Nazaré, foi habitar em Cafarnaúm, cidade situada à beira-mar.
Mt 4,12-13
Estamos em Cafarnaúm, a cidade no Norte da Galileia onde Jesus passou a maior parte dos seus três anos de pregação pública e realizou alguns dos Seus milagres mais conhecidos.
Foi aqui, nesta cidade, que o evangelista S. Mateus, o antigo cobrador de impostos e o autor desta 1ª passagem do Novo Testamento referente a esta cidade, ouviu o chamamento de Jesus, como ele próprio nos relata:
Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-Me!» E ele levantou-se e seguiu-O.
Mt 9,9
Quanta simplicidade ... Imagino Mateus, sentado no seu posto de cobrança, a contar as moedas que deveria entregar aos romanos naquela semana. É bem provável que algumas destas moedas caíssem, assim por acaso, para dentro do seu colo, das suas vestes, dos seus bolsos, uma e outra vez ...
Ah, tal não deverá ter sido a sua cara de vergonha, quando se apercebeu da presença duma sombra sobre a sua mesa e, levantando os olhos, encontrou os de Jesus. Nunca ninguém o tinha olhado assim, com tanto amor e misericórdia, apesar do seu pecado evidente...
Imagino a transformação que ocorreu na alma de Mateus, o arrependimento sobrepondo-se à culpa e à vergonha; o acreditar em ser possível começar de novo, em deixar a sua velha e triste vida para trás, tão cheia de ganância e egoísmo; e a confiança numa nova vida, purificada e generosa, a desabrochar no seu coração, após aquele olhar tão cheio de amor e misericórdia de Jesus ...
Segue-Me, diz-lhe o Senhor ... Como Lhe poderia dizer que não?
E assim, seguro do amor de Deus, Mateus pôs-se de pé, abandonou para sempre o seu passado e caminhou atrás de Jesus ...
Foi aqui, nesta cidade, talvez quem sabe numa destas ruas entre as ruínas das casas que os meus olhos veem e que a minha imaginação reconstrói de novo à vida, que Jesus curou o servo do Centurião romano que humildemente pediu o Seu auxílio, como também S. Mateus nos conta:
Entrando em Cafarnaúm, aproximou-se [de Jesus] um centurião, suplicando nestes termos: «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.» Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.»
Respondeu-Lhe o centurião: «Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: ‘Vai’, e ele vai; a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele faz.»
Jesus, ao ouvi-lo, admirou-Se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé!»
Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.» Naquela mesma hora, o servo ficou curado.
Mt 8,5-10.13
Lembrai-me-ei eu, sempre, de toda esta história, quando repito as mesmas palavras que o Centurião - Senhor, eu não sou digna de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salva! - durante a Santa Missa?
Porque é realmente verdade - todos os Santos nos afirmam e confirmam - se tivermos verdadeiramente Fé, se acreditarmos firmemente que a Palavra de Deus, que nos é lida e proclamada e partilhada em cada Eucaristia, é capaz de nos vivificar e purificar, também nós seremos salvos, uma e outra vez, vezes e vezes sem conta ...
Foi aqui, nesta cidade, talvez nesta mesma sinagoga (a 2ª maior sinagoga dos primeiros séculos alguma vez encontrada até hoje!), que Jesus realizou outro dos Seus grandes milagres, a cura dum homem possesso por um espírito maligno - ali mesmo, em plena sinagoga, à vista de todos, em pleno Sábado.
[Jesus e os Seus discípulos] entraram em Cafarnaúm. Chegado o Sábado, [Jesus] veio à sinagoga e começou a ensinar. E maravilhavam-se com o Seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei.
Na sinagoga encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: «Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus.»
Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito.
Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» E a sua fama logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.
Mc 1, 21-28
As palavras «que entreis em minha morada» continuam a ressoar no meu coração, ao ouvir outro peregrino ler esta passagem nas ruínas desta antiga sinagoga. Parece-me que quase que oiço Jesus dizer claramente àquele demónio: «Sai imediatamente da Minha morada! A alma, o corpo e o coração desse homem são a morada que Eu mais desejo, aquela que o Meu Pai preparou para Mim! Sai! Deixa-o! Ele pertence-Me!»
Realmente, um pouco mais tarde, Jesus dir-nos-á de forma bastante clara:
«Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra e o Meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos a Nossa morada» Jo 14,23
Vem, Senhor, vem!
Expulsa de dentro de mim tudo o que esteja impuro e maligno, com a força da Tua Palavra!
Sabem qual é uma das coisas que mais me lembro da Galileia? Do vento! Sim, do vento!
Desde criança que eu sempre gostei muito de vento, mas o vento da Galileia parecia ser ainda mais especial ...
Ah, só de me lembrar do vento da Galileia ....
Um vento que nos chamava a rir, ao brincar com o nosso cabelo e as nossas roupas; um vento que nos chamava a dançar, como se fosse uma criança a puxar por nós; um vento que nos refrescavao corpo cansado da viagem; um vento que nos sussurravaao ouvido acerca do tremendo amor e misericórdia de Deus; um vento que surgia de repente, aparentemente do nada, e que "bagunçava" a nossa vida, tirando-nos do nosso conforto e comodismo, à semelhança do Espírito Santo; um vento que nos impeliaa avançar, sempre, em frente ...
Também nós avançamos na nossa viagem, até uma linda capela ao ar livre, que parecia esperar por nós, escondida entre as árvores, as flores e as plantas - como se sempre estivesse estado ali desde o tempo de Jesus, como se aquele sempre tivesse sido o seu devido lugar ...
Foto tirada por outro peregrino na nossa viagem - obrigado pela partilha!
Pela graça de Deus, temos oportunidade de celebrar a Santa Missa neste preciso local - a nossa primeira Eucaristia celebrada na Terra Santa, depois de termos celebrado uma no Egipto e outra na Jordânia. Estamos a 9 de Agosto de 2019 e eu não posso deixar de sorrir e sorrir e sorrir quando me apercebo que a primeira leitura do dia é uma das minhas leituras favoritas e mais queridas do meu coração ...
É assim que a vou seduzir:
ao deserto a conduzirei, para lhe falar ao coração.
Dar-lhe-ei então as suas vinhas
e o Vale de Acor será como porta de esperança.
Aí, ela responderá como no tempo da sua juventude,
como nos dias em que subiu da terra do Egipto.
Naquele dia – oráculo do Senhor –
ela me chamará: «Meu marido»
e nunca mais: «Meu Baal.»
Tirarei da sua boca os nomes de Baal,
de modo que tais nomes não voltem a ser recordados.
Farei em favor dela, naquele dia,
uma aliança com os animais selvagens,
com as aves do céu e com os répteis da terra;
farei desaparecer da terra o arco, a espada e a guerra,
e farei com que eles repousem em segurança.
Então, te desposarei para sempre;
desposar-te-ei conforme a justiça e o direito,
com amor e misericórdia.
Desposar-te-ei com fidelidade,
e tu conhecerás o Senhor.
Oseias 2,16-22
Foto tirada por outro peregrino na nossa viagem - obrigado pela partilha!
Não consigo ler esta passagem sem me recordar sempre da belíssima música que a Danielle Rose compôs, cantou e tocou - como já tinha partilhado convosco no início deste ano. Esta foi uma das músicas que mais me acompanhou durante os primeiros 6 meses deste ano de 2019, uma altura da minha vida que, devido a uma grande conjugação de factores, se veio a revelar tão espiritualmente difícil para mim ...
Ao trazer estas memórias de volta ao coração e ao reflectir naquilo que vivi e experienciei naquela bela manhã de Missa campal, consigo finalmente compreender uma última coisa que o Senhor desejava dizer-me, através daquele vento especial da Galileia ... É que aquele vento, novo e rejuvenescedor, era também um vento de mudança, de muitas mudanças, que se sucederiam, umas a seguir às outras, mal eu chegasse de volta a Portugal, cada uma mais bela e maravilhosa que a anterior ...
Oh, louvado sejas, Senhor meu, para todo o sempre!
Foto tirada por outro peregrino na nossa viagem - obrigado pela partilha!
[Jesus] começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades.
E seguiram-no grandes multidões, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.
Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte.
Mt 4, 23.25; 5,1
Estamos junto do Mar da Galileia e a nossa primeira paragem do dia é bem no topo do Monte das Bem-aventuranças em Tagba. E eu, oh, sinto-me no paraíso ... a beleza deste local é de tal grandeza que até parece que perco o fôlego! (o que fez com que quase me esquecesse de tirar fotos, perdoem-me ...)
À nossa volta, a natureza parece que permanece intocada e preservada, tal como seria no tempo de Jesus. Como é belo, Senhor, o local que Tu escolheste para anunciar um dos Teus ensinamentos mais importantes e revolucionários ...
Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte.
Depois de Se ter sentado, os discípulos aproximaram-se Dele. Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.»
Mt 5,1-3
No topo do Monte encontramos a Igreja das Bem-Aventuranças ou das Beatitudes, desenhada pelo arquitecto Antonio Barluzzi (vão ouvir-me falar várias vezes deste arquitecto ao longo de toda a nossa peregrinação pelas terras de Israel - ele desenhou e restaurou tantos monumentos em Israel, que ficou conhecido como o "Arquitecto da Terra Santa"). É uma igreja construída de forma octogonal, ou seja, com 8 lados, à semelhança das 8 Beatitudes proclamadas por Jesus no topo deste Monte santo.
«Felizes os que choram, porque serão consolados.»
Mt 5,4
Por fora, as paredes pretas e brancas - que nos relembram da nossa luta diária e constante, entre o bem e o mal, a luz e as trevas, a virtude e o pecado - escondem, na verdade, uma igreja incrivelmente luminosa e arejada ...
«Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.»
Mt 5,5-6
Do altar sagrado - localizado bem no centro desta igreja, visível de todos os ângulos e lugares - a disposição dos mosaicos minúsculos - como tu e eu, as pedras vivas do Templo do Senhor, somos - fazem-nos pensar numa fonte inesgotável e perpétua de água refrescante, a única capaz de nos saciar a sede, aquela sede tão profunda de amor, um amor capaz de tudo, um amor mais forte que tudo, um amor sem fim ...
«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.»
Mt 5,7
Ergo os olhos e sinto-me, mais uma vez, no Céu... Mais uma vez, uma série de minúsculos mosaicos, dourados e reluzentes - tantos quantos os Santos no Céu - rodeiam a "Estrela maior", azul como a cor de Nossa Senhora, aquela que é "o caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Deus, na qual consiste a perfeição cristã” (TVD 152).
Meu Deus, quanta beleza em tal simplicidade ...
«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.»
Mt 5,8-9
Rezamos por breves momentos; a igreja é demasiado pequena para receber tantos peregrinos e por isso dirigimo-nos novamente lá para fora. Sentamo-nos no chão e em rochas, provavelmente à semelhança dos Apóstolos e da multidão que seguia Jesus naquele dia, debaixo duma grande árvore, protegidos do Sol que começava a aquecer o dia. Ouvimos então o Sermão das Bem-Aventuranças, na sua totalidade, e reflectimos acerca da Sua mensagem....
«Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o Reino do Céu.»
Mt 5,10
Rodeia-nos uma bela floresta - oh tão bela! - à beira do mar, cheia de flores de todas cores, de plantas e árvores e tantos, tantos passarinhos que cantam maravilhosamente para nós! Cantarão eles, como Nossa Senhora, acerca das maravilhas do Senhor?
Nem me tinha apercebido das saudades que eu tinha de ouvir cantar os passarinhos no cimo das árvores (desde que viemos de Portugal que eu não ouvia passarinhos a cantar!) e aqui há tantos e cantam tão bem...
«Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.»
Mt 5,11-12
Até hoje me consigo lembrar do cheiro e do som do mar, mesmo ali ao nosso lado...
A anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David.
Lucas 1,26-27
Morto Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e vai para a terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino.» Levantando-se, ele tomou o Menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel.
Advertido em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré; assim se cumpriu o que foi anunciado pelos profetas: «Ele será chamado Nazareno».
Mt 2,19-20.23
Estamos em Nazaré, a terra natal de Maria e de José e a região onde Jesus passou a maior parte da Sua vida, desde o Seu regresso da terra do Egipto, por volta dos seus 6 a 7 anos de idade, até ter iniciado a Sua pregação (depois de ter passado pelas águas do rio Jordão), por volta dos seus 30 anos.
Nazaré situa-se na parte Norte do país de Israel, num vale rodeado por altas montanhas. Este vale, se o seguíssemos para Noroeste, levar-nos-ia até ao Mar Mediterrâneo; e se o seguíssemos para Sudeste, levar-nos-ia em direcção ao rio Jordão.
A Sul da cidade de Nazaré, localiza-se a Planície de Esdrelão (ou Vale de Jezrel), que é uma zona muito fértil, cheia de campos de colheitas, de plantas, árvores e flores - ena, que contraste tão grande em relação a todas as terras áridas e desérticas pelas quais temos passado nos últimos dias!
Nazaré é hoje uma cidade grande, próspera e bonita; mas no tempo de Jesus terá sido apenas uma pequena aldeia judaica, de pouca importância, com pouco mais que 20 a 30 famílias, que viveriam da agricultura, do pastoreio e do trabalho de artífices como a carpintaria de S.José. Esta aldeia estaria rodeada de olivais e de vinhas que desceriam pelas encostas dos montes. É provável que tivesse uma única sinagoga, pequena e simples, à imagem dos seus habitantes, e que talvez fosse, tal como as casas destas famílias eram, parcialmente construída à mão e parcialmente escavada na encosta dos montes.
A Sagrada Família viveu durante tantosanos em Nazaré e ninguémsuspeitava que o próprio Deus vivesse ali, bem juntinho do Seu povo tão amado. Como é que foi possível? Oh, que mistério tão grande!
Penso nos incontáveis Santos que povoam o Céu, já neste preciso momento, cujos nomes nós nem sequer sabemos, cujas vidas nem conhecemos; tantos Santos escondidos, silenciosos, que levaram vidas simples, humildes, sem grande alarido, sem feitos extraordinários, à semelhança da Sagrada Família, à semelhança (assim o espero e desejo) da minha vida, da tua vida, da nossa vida ...
Alguém muito querido do meu coração, um dia destes perguntou-me se eu alguma vez tinha pensado que nunca na História da humanidade tinha havido, como hoje, tantos Santos e Santas, Beatos e Veneráveis, Servos e Servas de Deus, conhecidos ou não, a viver, a rezar e a interceder por todos nós no Céu ... como é que eu nunca tinha pensado nisso?! Quão maravilhoso! Louvado seja Deus!
Planície de Esdrelão (ou Vale de Jezrael)
E como terá sido a vida quotidiana da Sagrada Família?...
Penso em Jesus como criança, a receber o início da Sua educação escolar e de Fé (só a nossa sociedade actual é que tenta separar as duas coisas ...), através dos ensinamentos e do exemplo vivo de Maria e de José; ao aprender na carpintaria a trabalhar a madeira e a pedra com as Suas mãos e instrumentos, enquanto ouvia, vezes e vezes sem conta, José a contar-Lhe toda a História do povo de Deus, até a saber de coração...
Jesus a brincar com os outros meninos e meninas da Sua idade... Jesus como menino na escola da sinagoga, a aprender a ler e a interpretar as Sagradas Escrituras ... Oh, será que Jesus chegava a pensar: Hum ... isto parece-me familiar... sim, acho que fui Eu que fiz e disse isto tudo
Penso em Maria, como esposa e mãe, exercendo na perfeição todas as facetas do «génio feminino» que o Santo Papa João Paulo II nos ensinaria tantos séculos mais tarde ... Maria a lavar e a estender a roupa, a limpar a casa, a fazer as refeições, a ir buscar água aos poços e cisternas, enquanto cantava continuamente todas as maravilhas que o Senhor fez ...
Sabem, desde que me tornei catequista, dou por mim muitas vezes a imaginar (e a tentar inspirar-me) acerca de como é que Maria ensinaria e cativaria todas as meninas e meninos com os quais contactasse, ao longo da sua vida, acerca do amor, da misericórdia e da justiça de Deus ... (tento, mas garanto-vos que falho redondamente a tentar fazer o mesmo! )
Durante muito tempo pensei que Maria e José tivessem dedicado as suas vidas, em exclusividade, um ao outro e a Jesus, depois de casarem. Que todas as outras facetas anteriores das suas vidas - restante família, profissão, actividades na comunidade, amizades e tarefas - tivessem sido completamente abandonadas e esquecidas e postas de parte, para que tudo girasse apenas à volta de Jesus ... o que é, bem, em parte verdade.
Mas apenas em parte verdade. Graças aos ensinamentos das Famílias de Caná, percebi que a Sagrada Família, protótipo perfeito das Famílias-Cântaro a que somos chamados a ser, não só não terá renunciado às diversas tarefas e funções que anteriormente possuía, como as deverá ter, sim, abraçado e dedicado ainda mais intensamente, com ainda mais amor, auto-doação e sacrifício!
Sim, claro que sim! Claro que tanto Maria como José se terão disponibilizado para servirainda mais cada elemento das suas comunidades e das suas famílias; claro que se terão dedicado com ainda mais fervor e amor às suas profissões e tarefas; claro que terão crescido ainda mais em generosidade; claro que terão aberto as portas (e as janelas e o telhado!) da sua casa a todos os que precisassem, ou duma simples palavra amiga e dum sorriso, ou duma fatia de pão com doce de tâmaras, ou dum colo e ombro amigo para chorar, ou duma cama para passar a noite; claro que raramentehaveria apenas3 pratos e 3 copos e 3 talheres na mesa da Sagrada Família, mas sim sempre mais, sempre espaço e comida e amor para mais um (ou dois ou três ou mais!), por mais tarde que chegassem; claro que se terão oferecido e dedicado e gastomais e mais e mais, depois da chegada de Jesus às suas vidas ...
Oh, que o mesmo aconteça na minha vida também!...
O nosso autocarro está quase a chegar a um dos locais que eu mais desejava ver e tocar, sentir e estar, como Jesus tantas e tantas vezes o fez - o Mar das Tiberíadas, o Mar da Galileia - oh, ei-lo em toda a sua beleza, bem aqui à nossa espera ...