Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Continuamos o nosso caminho em direcção ao Monte Sinai - o local onde Moisés recebeu as tábuas com as leis de Deus. Espera-nos ainda algumas horas de viagem e, por isso, o Samuel, o nosso guia egípcio, aproveita este tempo para nos falar um pouco mais de Moisés e de nos ler a sua história nas Sagradas Escrituras. O Samuel é capaz de falar sobre Moisés como se falasse acerca dum querido amigo seu ...
(E falar sobre Jesus então? Quanta ternura e quanto conhecimento! Os cristãos coptas do Egipto, que correspondem apenas a uma pequena percentagem da população egípcia, têm sido perseguidos pela sua Fé quase desde a altura em que São Marcos veio evangelizar este território, por volta do ano 67 d.C. Apesar disso - ou será melhor dizer, devido a isso - eles têm-se mantido firmes e fortes na Fé, na propagação do Evangelho e na partilha generosa de todas as bênçãos e graças que recebem do Senhor. Estas famílias levam tão a sério o seu comprometimento cristão que fazem questão de tatuar uma pequena cruz na face interna do punho de todos os seus bebés, logo ao nascer!)
É impressionante como a história de vida de Moisés pode assemelhar-se à história de vida de qualquer um de nós. Abençoado desde a nascença, rodeado de cuidados, protecção e riquezas, que reflectiam o amor e carinho de Deus por Moisés. Apesar de tudo isso, deixa-se levar pelo pecado (de tal modo que chega a cometer um assassínio) e é obrigado a fugir para o deserto, onde, arduamente e ao fim de longos anos, aprende a ser um homem bom. Bom, mas ainda não santo. E assim, a sua história não acaba aqui: Deus dá-Se a conhecer intimamente a Moisés e Moisés descobre que, sim, devemos amar a Deus acima de todas as coisas, mas também o próximo como a nós mesmos... e isso, bem, digamos assim, às vezes dá algum trabalho - como por exemplo guiar, ensinar e proteger mais de 2 milhões de pessoas, desde o Egipto, de volta à terra de Canaã. Coisinha pouca, claro
O livro do Êxodo indica-nos claramente que a vida de Moisés passou por estas 3 fases diferentes, cada uma delas levando cerca de 40 anos - ei, afinal não somos só nós que demoramos a aprender as lições de Deus, ahn?
Um homem da casa de Levi tomou por esposa uma filha de Levi. A mulher concebeu e deu à luz um filho. Viu que era belo, e escondeu-o durante três meses. Não podendo mantê-lo escondido por mais tempo, arranjou-lhe uma cesta de papiro, calafetou-a com betume e pez, colocou nela o menino, e foi pô-la nos juncos da margem do rio. A irmã dele colocou-se a uma certa distância para saber o que lhe sucederia.
Ora a filha do faraó desceu ao rio para tomar banho, enquanto as suas jovens acompanhantes caminhavam ao longo do rio. Viu a cesta no meio dos juncos e enviou a sua serva para a trazer. Abriu-a e viu a criança: era um menino que chorava. Compadeceu-se dele e disse: «Este é um dos filhos dos hebreus.»
Então a irmã dele disse à filha do faraó: «Queres que te vá chamar uma ama entre as mulheres dos hebreus, para te amamentar o menino?» «Vai», disse-lhe a filha do faraó. E a jovem foi chamar a mãe do menino. A filha do faraó disse-lhe: «Leva este menino e amamenta-mo, e dar-te-ei o teu salário.» A mulher levou o menino e amamentou-o.
O menino cresceu, e ela devolveu-o à filha do faraó. Foi para ela como um filho, e deu-lhe o nome de Moisés, dizendo: «Porque o tirei das águas.»
Ex 2, 1-10
O nascimento daquela criança era a última coisa que aquela família precisava ... Era o pior que podia ter acontecido. Quão inconveniente! Em quantos trabalhos os colocou! Já sob o jugo de trabalhos diários tão difíceis, vidas previamente já complicadas, dificultadas pela opressão do Faraó, que desejava diminuir a todo o custo aquele povo hebreu, que parecia ser cada vez mais numeroso (o mundo sempre teve medo das famílias grandes...) E nascer logo um rapaz ... pior era impossível. Ainda se fosse uma rapariga, o Faraó permitia que vivesse, mas um rapaz ... O nascimento daquela criança colocava aquela família em sério risco de vida. Se fossem descobertos, o que aconteceria?
O menino crescia, dia após dia, e já não era possível mais escondê-lo... Mas crescer para quê? Para que vivesse também ele uma vida de miséria? Viver assim não é viver, dizem ... Para viver assim, mais valia que morresse já ...
Mais de 3.000 anos separam-nos desta história, mas o raciocínio de pensamento parece que se mantém o mesmo na nossa sociedade ... Se uma vida promete ser difícil de viver, então não vale a pena... Se for diferente daquela que a gente pensa ser a ideal, então não vale a pena viver....
Uma última mamada e Moisés adormece no seu cestinho de papiro. O rio Nilo sempre foi conhecido pela sua abundância de crocodilos e de hipopótamos. Talvez, assim adormecido, não sinta sequer nada ...
A dor daquela mãe, daquela família, é real. É horrivelmente grande e real. É absurdamente grande, capaz de rasgar o peito e a alma ... O que poderia ter tornado as coisas diferentes? Talvez apenas fosse preciso uma mão de alguém, um gesto de apoio, um ombro amigo - em que desse não só para chorar, sim, mas também para pôr aquele bebé a arrotar ou para ajudar a carregar os pesados tijolos de barro, que diariamente tinham de ser feitos sob um sol abrasador ...
A irmã de Móises, Miriam, apesar de ser ainda criança, sabe que aquilo não está certo... Poderá não saber exactamente porquê, mas as crianças sabem muitíssimo bem discernir o que está certo e o que está errado, com uma clareza que é capaz de superar a de muitos adultos ...
A primeira filha do Faraó Ramessés II era infértil, o que significava que o poder do próximo reinado poderia passar para as mãos de outro ramo da família. A adopção daquele bebé foi uma enorme bênção para a família real. Deus é assim - em todas as circunstância, transforma o mal em bem. A (aparente) desgraça numa família muitas vezes corresponde à resposta das orações e súplicas mais intensas de outra família ...
E Deus oferece uma nova oportunidade àquela mãe, provavelmente já arrependida do que fez, talvez em estado de puro desespero e arrependimento, talvez já odiando-se profundamente pelo que tinha feito ... E Deus, não só perdoa, não só dá uma nova oportunidade, como ainda abençoa aquela mãe - que deve ser a única mulher na história da humanidade que foi paga para poder ficar em casa a cuidar do próprio filho! E esta, ah? Oh, quantas mulheres conheço que desejariam o mesmo ...
É provável que Moisés, sendo príncipe do Egipto, tenha sido enviado para as escolas da cidade de Mênfis, a famosa "cidade dos sábios", para estudar e aprender tudo o que precisava para se tornar, um dia, num grande líder. Mal ele imaginava o quanto as capacidades que aprenderia nesta fase da sua vida ser-lhe-iam tão úteis e necessárias no futuro ...
Entretanto, Moisés cresceu, foi ao encontro dos seus irmãos e viu os seus carregamentos. Viu também um egípcio que açoitava um dos seus irmãos hebreus.
Olhando para todos os lados e vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio e enterrou-o na areia.
Ex 2, 11-12
Caramba, Moisés devia ter um feitio terrível! Que exagero! Que reação desmedida!
Moisés escolhe uma solução absolutamente desproporcional às circunstâncias, mesmo após passar anos e anos na escola dos sábios de Mênfis, mesmo após aprender tanta "sabedoria" ... Pode ter aprendido muitas coisas, mas de certeza que não aprendeu o que é realmente importante ... Afinal, nem consegue sequer resolver coisas simples, como um mero conflito entre duas pessoas - como é suposto que saiba governar uma nação inteira? Oh, como eu por vezes me revejo nesta faceta de Moisés...
E Deus, querendo falar-lhe ao coração, leva-o então ao deserto, como faz também com cada um de nós ...
O faraó ouviu falar deste assunto e procurou matar Moisés. Mas Moisés fugiu da presença do faraó, foi residir na terra de Madian
Ex 2, 15
Passar pelo deserto é sempre difícil. Custa sempre - e muito, mesmo muito.
Mas é o local da escola Divina por excelência...
Moisés estava a apascentar o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian. Conduziu o rebanho para além do deserto, e chegou à montanha de Deus, ao Horeb.
O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo, no meio da sarça. Ele olhou e viu, e eis que a sarça ardia no fogo mas não era devorada. E Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!» Ele disse: «Eis-me aqui!» E continuou: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.» Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para Deus.
O Senhor disse: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel. E agora, vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de Israel.»
Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egipto?»
Ex 3, 1-2; 4; 6-8; 10-11
Moisés foge, do Egipto para o deserto, por volta dos seus 40 anos de idade (o que quer representar apenas a sua juventude e inicio na idade adulta). É necessário que viva outros 40 anos (que representa o seu amadurecimento) até aprender, verdadeiramente, a virtude da humildade - aqui tão bem representada nesta resposta «Quem sou eu para ...?»
Anos mais tarde, os descendentes de Moisés escreverão acerca dele, dizendo que
Na realidade, Moisés era um homem muito humilde, mais que todos os homens que há sobre a face da terra
Nm 12,3
Outras versões da Bíblia dizem que "Moisés era um homem muito paciente" ou "muito manso". Pois, é que o deserto é também um óptimo local para desenvolver a virtude da paciência (que claramente Moisés não possuía, pelo seu comportamente explosivo no conflito entre o egípcio e o hebreu). Quem viu Moisés na sua juventude e quem o vir agora, perto dos 80 anos, ou seja, como adulto amadurecido e experienciado - quem diria que poderia vir a acontecer tal tranformação? Oh, só o Senhor pode operar milagres destes ...
Sim, a todos nós, seja apenas uma única vez, ou muitas vezes, Deus levar-nos-á ao deserto, para nos falar ao coração e para fazer de nós pessoas mais pacientes, mais humildes, mais resistentes, mais santas ...
Após este longo processo de amadurecimento, Moisés está pronto para uma nova fase, um novo desafio, uma nova aventura. Deus chama-o a guiar, organizar, pacificar e preocupar-se com a vida de mais de 2 milhões de pessoas ... como será tal possível?
Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do Egipto?»
Este é um provérbio frequentemente usado no Egipto, conta-nos o nosso guia Samuel. Eu nunca tinha visto antes uma tamareira na minha vida mas nesta peregrinação até à Terra Santa aquilo que eu mais vi foram tamareiras. Estavam por todo o lado, em especial no Egipto e na Jordânia, parecia que cresciam em todos os lugares possíveis!
A tamareira é uma árvore da família das palmeiras, que se adaptou muito ao clima destas regiões e por isso ela é muitas vezes referida nas Sagradas Escrituras (às vezes sob o nome de palmeira).
Aliás, quando Deus promete a Abrãao e a Moisés uma terra rica em mel e leite, não se está a referir a mel de abelhas (as pobres abelhas não conseguem aguentar as temperaturas altas destes países) mas sim a mel das tâmaras!
Também quando Jesus chegou a Jerusalém, antes de celebrar a Sua Páscoa, os habitantes desta cidade receberam-no com ramos de tamareira (sim, na celebração do Domingo de Ramos!)
Sabiam que a tamareira é uma árvore com a qual podemos aprender bastante? E que podemos inclusivamente retirar autênticas lições para a nossa vida, só de a contemplarmos e meditarmos nas suas características?
Na cultura egípcia é costume dizer-se que, quem planta uma tamareira, raramente comerá dos seus frutos, apenas os seus filhos e netos o farão - mas é exactamente por este motivo, por este valor sacrificial e doador de vida para as gerações seguintes, que os egípcios as plantam.
A tamareira demora pelo menos 18 anos a crescer e a começar a dar os seus primeiros frutos, as doces tâmaras. Mas, a partir do momento em que começam a produzir os seus frutos, fazem-no para o resto das suas vidas (entre 100 a 200 anos!), durante o ano inteiro, sem cessar - aliás, é comum dizer-se que a tamareira não se cansa de dar o seu doce fruto, mesmo para aqueles que lhes atiram pedras, a fim de fazerem cair estes frutos até ao nível do chão...
Porque demora tanto tempo até dar fruto? Porque primeiro é necessário que as suas raízes cresçam; primeiro, é preciso que as suas raízes se tornem fortes e profundas, e se prolonguem por vários metros, até alcançarem as fontes de água mais profundas (raramente alcançadas por outras plantas ou árvores); deste modo, a tamareira terá como certa uma longa e frutuosa vida.
As tamareiras podem crescer em altura até atingirem 30m; aliás, quanto mais alta for a tamareira, mais sol poderá apanhar e mais doces serão as suas tâmaras - mas isto só será possível se mantiver sempre as suas raízes profundamente enraizadas na terra ...
A tamareira é também uma árvore muito resistente às intempéries da vida. No Egipto são comuns as tempestades de areia, que por vezes destroem e arrancam diversas árvores. Quando surge uma tempestade de areia, a tamareira é capaz de se ir inclinando, a favor da direção do vento, por vezes até chegar ao chão, mas raramente é arrancada do seu lugar. Aliás, quanto mais árido for o clima à volta da tamareira, mais doces serão os seus frutos!
Mas, apesar de todas estas ricas características, a tamareira, com as suas longas folhas, viradas para baixo, é um dos símbolos mais belos da humildade e da simplicidade ...
"Como a palmeira (tamareira) florescerão os justos,
O Senhor levou-me a viver inúmeras aventuras, com Ele, neste ano de 2018, ano esse que agora termina para dar lugar a um novo ano - cheio de possibilidades, oportunidades, sonhos, conquistas e lições ....
Neste ano de 2018,iniciei a minha profissão como médica, passando por diversos serviços e áreas, passando da teoria abstrata, impessoal e indiferente para a prática real, imperfeita, humana, personalizada. Agora, neste ano de 2019, iniciarei a minha formação específica para me tornar médica de família, um processo que será, sem dúvida, díficil e muito trabalhoso, e que durará pelo menos 4 anos ...
Neste ano de 2018,consolidei a minha vocação como catequista na minha paróquia, oferecendo-me verdadeiramente de corpo e alma, aceitando (uns dias melhores que outros) todas as contrariedades e dificuldades que foram surgindo pelo caminho, e aceitando desafios que outrora jamais teria tido a coragem de o fazer ...
Neste ano de 2018,assumi publicamente (no meu coração, já o tinha feito há muito tempo...) o meu compromisso com o movimento das Famílias de Caná, após um (demasiado longo) período de discernimento acerca do meu papel, como leiga solteira, dentro do movimento, e assim tornei-me numa activa Jovem de Caná - à semelhança de Nossa Senhora quando ainda solteira....
Neste ano de 2018,passei também por um intenso processo de discernimento vocacional, após ter aumentado, a passinhos de bebé (mas sempre aumentando, graças a Deus!), a minha vida de oração, e agora encontro-me num estado de maior claridade, desapego e entrega à vontade de Deus para a minha vida ...
Por fim, neste ano de 2018,tomei a difícil e custosa decisão de sair da casa dos meus pais, para vir viver sozinha numa casinha, bem juntinho da casa de Jesus, e, com esta última decisão, as pequenas portas e janelas que ainda pudessem estar a impedir a ação do Espírito Santo, foram finalmente escancaradas e plenamente abertas às Suas infinitas Graças (até ao dia em que eu voltar a fechar alguma, novamente - convosco também é assim?)
Houve, sem dúvida, outros acontecimentos marcantes e significantes que podia referir, mas penso que estes servirão para explicar, pelo menos em parte, como cheguei às pequenas reflexões que hoje queria partilhar convosco. São anotações soltas que eu fui escrevendo ao longo do ano, no meu caderno espiritual. Todas elas partiram de situações difíceis, em que o meu orgulho e egoísmo desmedidos tiveram de morrer (aos bocadinhos, claro) - autênticas lições de humildade que Deus, tão carinhosa e pacientemente, me tem vindo a ensinar....
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O ano de 2018, para mim, podia ter perfeitamente como tema e título - "Crescer em intimidade com Deus": crescer mesmo quando custa e dói, sem medo das mudanças, das transformações, daquilo que se perde e que tem de morrer, para algo melhor e mais santo poder germinar, nascer, crescer e florir; intimidade - um dos desejos mais profundos do nosso coração - com Deus, por Deus, em Deus ...
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Neste ano, compreendi finalmente (de coração) que o nome que melhor revela a vocação da mulher é maternidade, é ser mãe; e que o verbo que melhor define a vocação da mulher é receber e estarsempre aberta à vida ... Esta vocação está profundamente enraizada no nosso coração, por mais que a neguemos ou tentemos fugir dela, e apenas encontraremos a felicidade verdadeira, plena, permanente, eterna e inalterável, independentemente das circunstâncias da vida, se a aceitarmos de braços abertos - à semelhança de Maria.
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Neste ano, descobri que um dos maiores desejos do meu coração é receberAquele que mais quero amar, Aquele que mais me ama, Aquele que é o amor, Aquele que é o meu Amado ...
Receberé uma palavra maravilhosa e divina, mas também é uma palavra difícil e muito exigente. Para eu poder receber, tenho de estar disposta a sere estar vulnerável - oh, a vulnerabilidade de receber! - tenho de admitir e aceitar que tenho uma necessidade, que algo me falta, de que preciso de algo que não tenho e que não sou capaz ... Admitir e aceitar isto, pode ser assustador ao princípio, pode deixar-nos com medo e fazer-nos sentir ansiedade - e o mundo de hoje tem tantas formas apelativas de nos afastar desta realidade e de nos fazer esquecer estes sentimentos que, ao contrário do que popular e socialmente se propaga, não nos faz mal nenhum, antes pelo contrário - dá-nos vida e felicidade!
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O que significa intimidade, Senhor? O que significa ser íntimo de alguém, mas especialmente de Ti?
É sentir-se plenamente "em casa" na presença de alguém. É aceitar ser-se perfeita, total e completamente conhecida tal como sou - cheia de vícios, defeitos e pecados, cheia de feridas abertas e outras em resolução, "cheia" de espaços vazios e de pedaços que faltam - e, ainda assim, aceitar ser-se amada ... por aquele Amor louco e infinito de Deus que, tal como um dilúvio, é capaz de nos encher até transbordar, de inundar completamente todos os buracos e espaços vazios, de limpar todas as feridas, de remover todas as minhas manchas e sujidades e de santificar e purificar todos os meus desejos ... Intimidadesignifica eu poder ser, livremente, quem sou - sem máscaras, sem medos, sem sentir necessidade de ser aprovada, nem de conseguir ser ou fazer algo ... para ser amada.
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Mas, como se chega a essa intimidade - conTigo? Como podemos nos tornar íntimos?
Para se ser íntimo, é necessário confiar no outro. Em que se baseia a confiança?
Em promessas realizadas. Num amor que tenha sido comprovado e testado, que tenha sido posto à prova no fogo, por diversas vezes, e ainda assim subsistir - e até aumentar de intensidade - apenas um amor assim pode chegar a esse nível de intimidade que eu tanto desejo .... E, na minha vida, Deus já me deu mais do que provas suficientes do Seu amor....
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É realmente um dos desejos mais profundos do nosso coração ser-se conhecido e amado: é alguém conhecer toda a nossa história de vida, todo o nosso ser e, ainda assim, aceitar-nos e amar-nos.
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Se tivermos a coragem de olhar para o mais profundo do nosso coração, descobriremos que desejamos ser intimamente conhecidos; que desejamos permitir que possamos ser vistos, conhecidos e admirados; que desejamos permitir ser acarinhados e amados....
O maior desejo de Jesus (por inúmeras vezes e por inúmeras vozes Ele nos disse isto!) é oferecer-nos o Seu amor, é satisfazer e realizar todos estes nossos desejos mais profundos ... porque não O permitimos de vez?
Porque ainda tento eu fazer coisas, ser assim ou assado e, desta forma, "provar" a Deus que mereço o Seu amor...? Quem penso eu que sou? Merecer o amor de Deus? Como se fosse possível ... que heresia! Que pecado tão grande! Afinal, quem é para mim Jesus?....
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Olho para Jesus na cruz - um dia, li algures que a cruz é o leito matrimonial de Jesus. Sim, leito matrimonial ...
Ali, Jesus encontra-se nu e sem qualquer proteção. Nada possui. Está completamente vulnerável e sem qualquer segurança a que se agarrar. Ali está Jesus - pregado, aberto, indefeso, vulnerável ...
E o Seu maior desejo é tornar-se Um connosco. É abraçar os nossos medos, inseguranças, traumas e dores. É amar-nos completa e infinitamente....
Jesus, na cruz, não se preocupa em proteger-se a Si mesmo - o que apenas deseja é oferecer-se a Si mesmo, é entregar-se - por nós ...
Amar ~ Oferecer ~ Receber ~ Confiar ~ Amar
"Bendiz o Senhor, ó minha alma.
A minha única alegria encontra-se no Senhor.
Ao Senhor, glória eterna! Aleluia!"
Salmo 103
Um abençoado ano novo para todos! Que aceitem o convite de Deus, para crescerem em intimidade com Ele, ao longo deste ano ...
Porque é que todos os meses confesso sempre o mesmo pecado - respondi mal à mãe, com impaciência e brusquidão; refilei forte e feio com a avó; murmurei palavras maldosas e cheias de veneno contra o meu pai ...??
O período de férias é sempre uma boa altura para reflectir - nas férias a sério, claro, quando há espaço para o silêncio tão necessário para ouvir a voz de Deus; não naquelas férias em que escolhemos esconder-nos dos problemas e enterrar a cabeça na areia das praias ...
Porque é que discuto tanto e tantas vezes com as pessoas que precisamente mais amo e que mais me amam?
Porque é que é tão fácil falar com elas com menos cuidado, menos caridade, irreflectidamente, levianamente, do que faria se fosse com colegas de trabalho?
Porque é que penso que é um "direito" que eu tenho, poder chegar a casa e largar toda a frustração do dia de trabalho em cima da primeira pessoa que encontro em casa?
Porque é que é tão fácil pensar e falar acerca dos desagradáveis defeitos de cada elemento da minha família?
Porque penso assim? Porque as vejo assim? Porque faço isto?
É fácil, oh tão fácil, pensar - a culpa é deles; eles é que são isto e aquilo e assim e assado ... eles é que me estão sempre a chatear e a “picar”; eles é que não têm paciência nenhuma comigo; eles é que não compreendem; eles é que me fazem ser assim …
Que pecado tão grande o meu.
Se tivermos realmente vontade de melhorar, de nos santificar, de crescer em amor a Deus e ao próximo … no dia em que ganharmos coragem para enfrentar de frente, com a ajuda do Espírito Santo, este nosso pecado tão grande, tão grave …. e fizermos finalmente silêncio na nossa alma, sempre tão agitada e desassossegada, então …
…. poderemos por fim reconhecer que, em plena verdade, deveríamos antes pensar:
Não acontecerá que sou eu que tenho precisamente os defeitos que mais me incomodam nos outros?
Quais são os meus defeitos – que eu não quero reconhecer por falta de humildade - que me levam a falar e responder assim, a julgar os outros assim?
Na minha mãe revejo este e este defeito, na avó aquele e o outro, no pai revejo perfeitamente este, este e ainda este ... e, por reconhecer a presença dos meus defeitos nos outros que me rodeiam, torno-me hostil para com eles, em vez de os compreender e ter paciência ...
Este exercício de reflexão dói e dói muito, mesmo muito ... mas também purifica o coração, traz clareza de pensamento e torna-nos, sem dúvida, mais humildes, mais santos ...
"Muitos focalizam as pessoas com as lentes deformadas dos seus próprios defeitos."
São Josemaria Escrivá, Sulco n. 644
«Devemos sempre julgar os outros benignamente, porque o que parece aos nossos olhos negligência pode muitas vezes ser um acto de heroísmo aos olhos do Senhor. Uma irmã que tenha uma dor de cabeça ou atravesse provações espirituais cumpre mais quando faz metade do seu trabalho do que outras irmãs sadias de corpo e alma que fazem tudo bem».
Por causa do recente casamento real britânico, durante várias semanas (ou melhor durante meses!) quase toda a gente andou a falar de reis e rainhas, príncipes e princesas, e a discutir como seriam as suas vidas....
Como deve ser a educação duma princesa, duma futura, possível rainha?
O que deve saber, o que deve fazer, como se deve vestir, como deve falar?
Ninguém duvida que para se ser princesa ou rainha é necessária uma esmerada preparação; afinal, é um cargo de tanta importância e impacto....
Domingo, oração do Santo Terço.
Mistérios Gloriosos: 5° Mistério, a coroação de Nossa Senhora como Rainha do céu e da terra.....
Pai Nosso, que estais nos Céus ....
Meu Deus, que diferença tão grande! A diferença não podia ser maior!
Como a vida, a história e a pessoa de Nossa Senhora é imensamente diferente da das outras rainhas deste mundo...
Avé Maria, cheia de graça ...
Maria nasceu numa família pobre e humilde, longe de qualquer realeza ou regalias...
Viveu grande parte da sua vida numa pequena aldeia, na escondida e esquecida Galileia ....
Segundo a Tradição da Igreja, terá recebido alguma forma de educação no Templo de Jerusalém, mas não consigo deixar de pensar que muito mais terá ela aprendido ao lado das outras mulheres simples, comuns judias, mães de famílias numerosas, que trabalhavam de sol a sol ... e não de professoras de etiqueta...
Maria terá planeado na sua juventude uma vida de serviço, consagrada unicamente a Deus ... muito longe da vida rodeada de repórteres, de curiosos e de bajuladores que a realeza deste mundo tem de viver ...
Mas, ainda assim, Maria aceitou livremente, cheia de amor e graça, a mudança radical de vida que Deus lhe propôs, sem deixar que o medo do futuro desconhecido a dominasse um só segundo ...
A vida simples de ser esposa dum mero carpinteiro, cheia de pequenas santificações e renúncias no dia a dia, sem criados à sua volta para fazer tudo e mais alguma coisa ...
Maria que, nem sequer grávida de termo, em pleno trabalho de parto, ninguém aceitava receber nas suas casas e nos seus corações ....
Nossa Senhora que conheceu a dor de ter um esposo que, se mo permitirem dizer assim, chegou a ponderar o divórcio ... que conheceu a dor da viuvez e a dor de ver o seu único filho morrer...
Nunca houve na sua vida nada semelhante a uma tiara de diamantes ... mas apenas uma coroa de espinhos e um coração transpassado ...
Uma Rainha, que nunca sonhou, nunca imaginou ser uma. Uma Rainha apenas coroada, com uma coroa de estrelas, após a sua morte, após ter sido levada pelos Anjos em corpo e em espírito até ao Céu ...
E assim 10 Avés-Marias ...
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo ...
E, apesar de ter sido coroada Rainha, ainda assim é a primeira a estender os braços a qualquer pobre e imundo pecador que lhe peça auxílio e intercessão, está sempre acessível para nos ouvir e ajudar em qualquer instante, está sempre pronta para ser nossa Mãe.
Não temos só uma maravilhosa e extraordinária Rainha no Céu a rogar por nós, temos uma Mãe!
Tal como já devem ter percebido por um post anterior, passei os últimos 2 meses a preparar-me, diariamente, para me consagrar a Nossa Senhora, pelo Método da Verdadeira Devoção, que nos foi ensinado por São Luís Maria de Montfort.
O mês de Maio é um mês que me é muito querido, como também já vos tinha contado antes. E dentro em breve irá tornar-se ainda mais especial!
No próximo sábado, dia 13 de Maio, celebraremos o Centenário das Aparições de Fátima, o Papa Francisco vem aqui a Portugal para celebrar esse dia e para proclamar a santidade dos pastorinhos Jacinta e Francisco - e eu irei consagrar-me a Nossa Senhora Oh, como o meu coração começa a bater mais depressa só de pensar nesse dia!!
Nesse contexto, hoje gostaria de partilhar convosco um excerto maravilhoso, acerca da humildade da Virgem Maria - um excerto do livro Glórias de Maria de São Afonso Maria de Ligório (podem fazer o download aqui, se quiserem), que li no livro Meditações para o Mês de Consagração a Nossa Senhora(podem fazer o download aqui, se quiserem)
A Humildade de Maria
De todas as virtudes é a humildade a mais fundamental. Sem humildade, não há virtude que possa existir numa alma. Mesmo que se possuisse todas as virtudes, todas fugiriam ao lhe faltar a humildade. Pelo contrário, Deus é tão amante da humildade, que se apressa a correr onde a vê, escreve São Francisco de Sales. No mundo era desconhecida essa virtude tão bela e necessária. Mas, para ensiná-la, veio à terra o próprio Filho de Deus, exigindo que Lhe procurássemos imitar o exemplo. “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). E, assim como em todas as virtudes, foi Maria a primeira e mais perfeita discípula de Jesus Cristo, também na humildade. Por isso, ela merece ser exaltada sobre todas as criaturas.
I. O primeiro traço da humildade é o modesto conceito de si mesmo. Maria, embora se visse mais enriquecida de graças do que todos os outros seres, nunca se julgou acima de quem quer que fosse. Pelo contrário, teve sempre uma modesta opinião de si mesma. O humilde conceito de si mesma foi o encanto com que Maria prendeu o coração de Deus. Não podia, é claro, a Santíssima Virgem, julgar-se uma pecadora. Pois, na frase de Santa Teresa, a humildade é a verdade, e Maria tinha consciência de que nunca tinha ofendido a Deus. Não é também que deixasse de confessar a preferência com que Deus lhe concedera maiores favores do que às demais criaturas.
A nítida compreensão da infinita grandeza e dignidade de Deus, porém, aprofundava na Virgem o conhecimento da sua própria pequenez. Segundo São Bernardo, ela jamais perdia de vista a grandeza de Deus e o seu próprio nada. Vendo-se uma mendiga revestida de custosas vestes, que lhe foram dadas, não se envaidece, mas antes se humilha ao contemplá-las diante do seu Benfeitor. Justamente essa presença fá-la recordar a sua própria pobreza. Assim, a Virgem, quanto mais enriquecida se via, mais se humilhava. E lembrava-se, sem cessar, de que tudo aquilo era dom de Deus.
II. O humilde recusa os louvores, referindo-os todos a Deus Tal foi o procedimento de Maria, ao perturbar-se diante dos louvores que lhe dirigia o Arcanjo Gabriel. E foi outro o seu procedimento, quando Isabel a chamou de bendita entre todas as mulheres e de Mãe do Senhor? Imediatamente Maria atribuiu toda a glória a Deus, respondendo no seu humilde cântico: "Minha alma engrandece ao Senhor". Vale como se dissesse: Isabel, tu me louvas, porém eu louvo ao Senhor, a quem unicamente é devida toda a honra. Tu te admiras de eu vir até ti, mas eu admiro a Bondade Divina, na qual, tão somente, meu espírito se alegra. Louvas-me porque eu acreditei, mas eu louvo a meu Deus que quis exaltar o meu nada.
III. É próprio do humilde prestar serviço Maria não se negou a servir Isabel durante três meses. Sobre isto escreve São Bernardo: Admirou-se Isabel da vinda de Maria, porém mais admirável era ainda o motivo da sua vinda: vinha para servir e não para ser servida.
Meditações para o Mês de Consagração a Nossa Senhora, pág.57
Não faço ideia como é que o mês de Janeiro está quase no fim... No dia 2 de Janeiro comecei um novo estágio hospitalar, desta vez em Pediatria. O trabalho tem sido muito e os ponteiros do relógio não perdoam ... tic tac, tic tac ... e o tempo voa!
No início desta semana, fiquei doente, de cama, com uma valente amigdalite. Muita febre, arrepios e suores, muito sono e cansaço, tantas dores por todo o lado e oh, tantas dores de garganta! ... e, quase dum dia para o outro, eis que a minha voz praticamente desaparece. Para conseguir dizer uma única palavra, numa voz muito rouca e baixinha, tinha de suportar um aumento significativo nas dores de garganta e ui, como doía ....
Deus fez questão que eu experimentasse em primeira mão grande parte das experiências que ela tem partilhado connosco no site das Famílias de Caná - e que experiências!!
Louvado seja o Senhor pelo dom de estar doente!
Mas será que eu endoideci?
Que maravilhosa experiência é poder compreender, completamente, o sofrimento dos doentes de quem cuido todos os dias.
Que dom é aceitar ser vulnerável e frágil e de precisar da ajuda de alguém.
Que lição de humildade é ter que deixar que alguém cuide de mim.
Que óptima oportunidade para oferecer este meu (gigante, a meu ver) sofrimento por uma intenção especial.
E que bom que é estar calada ...
Sim, estar calada, leram bem.
O pecado que eu mais repito a cada confissão há-de ser certamente as respostas tortas que eu digo aqui por casa....
Ao longo destes 6 anos em medicina, já me disseram por diversas vezes que a paciência e o carinho que eu demonstro ao lidar com os doentes será com certeza um dos meus maiores pontos fortes .... mas parece que essas capacidades se esgotam totalmente no meu local de trabalho.
Cá por casa, exactamente para as pessoas que eu mais amo, o que se ouve mais sair da minha boca são respostas tortas e muitas, muitas, muitas declarações de cansaço e frustração ...
Ora, quando Deus me coloca numa situação, como a desta semana, em que cada palavra que eu quisesse pronunciar tinha de estar disposta a sofrer ... aprende-se uma bela lição, não é verdade?
Quem nos dera que fosse sempre assim. Como seria diferente a nossa postura no mundo.
Como seria diferente a minha vida, se eu me lembrasse sempre antes de falar: valerá a pena? estaria disposta a sofrer para a pronunciar?
Fez-me lembrar uma frase que li, algures, na internet:
Nem queiram saber a paz que reinou aqui por casa nestes últimos dias ... como desejo que permaneça assim, mesmo quando a minha voz voltar.
Já São Paulo nos tinha exortado:
"Irmãos, tudo o que seja verdadeiro, tudo o que seja nobre,
tudo o que seja justo, tudo o que seja puro,
tudo o que seja amável, tudo o que seja respeitável,
tudo o que seja virtuoso e louvável,
eis o que deve ocupar os vossos pensamentos."
Carta de S.Paulo aos Filipensses 4:8
E eu vou acrescentar: eis o que deve sair da vossa boca ...
P.s: Ao longo deste mês tenho adicionado novos links de blogs/sites na barra lateral do blog, que gosto e vos recomendo, se quiserem descobrir novas páginas católicas ...
Em honra do dia de hoje, em que celebramos a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, partilho convosco duas das minhas canções favoritas, tocadas e cantadas pela extraordinária Danielle Rose
(This song is a prayer written by Mother Teresa. It is prayed by the Missionaries of Charity to prepare their hearts to receive Jesus in the poorest of the poor.)
O Mary, Mother of Jesus,
Give me your heart
That I might receive Jesus.
Give me your heart,
So beautiful, so pure,
So immaculate, so full of love and humility.
Give me your heart,
To love Him as you loved Him,
And serve Him as you served Him,
In the distressing disguise of the poorest of the poor.
In the Bread of Life,
In the poorest of the poor,
In distressing disguise,
In Christ our Lord.
Coração de Maria
(Esta canção é uma oração escrita pela Madre Teresa de Calcutá e é rezada pelos Missionários da Caridade, para prepararem os seus corações a fim de receberem Jesus no mais pobre dos pobres).