Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo Seu Corpo, que é a Igreja. (Cl 1,24)
A nossa filha Isabel teve de nascer através duma cesariana urgente a meio da noite. Este não foi, decididamente, o tipo de parto que nós tinhamos imaginado, nem preparado para ter, ao longo de toda a nossa gravidez. Mas foi a via de parto que o Senhor escolheu.
Durante alguns dias, tive a tentação de pensar que tinha falhado, para com a minha filha e o meu marido; que esta circunstância me tornaria menos mãe e menos mulher do que as outras, que tinham tido partos naturais; que, através deste meu primeiro parto, tinha perdido uma óptima oportunidade para me unir à Paixão de Cristo e de oferecer o sacrifício das minhas dores em expiação pelos pecados do mundo e por tantas intenções de oração que tinha vindo a reunir para este dia ... O Tentador é muito hábil a fazer-nos acreditar nisto: que falhámos, que perdemos, que somos fracos e que aquilo que fazemos (ou somos) é absolutamente inútil e ridículo.
Mas, pela luz do Espírito Santo, pude ver a beleza santificante deste meu primeiro parto, ao reflectir nas suas semelhanças com a Paixão de Jesus. No início, tal como Jesus, também eu implorei a Deus: «Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a Tua.» (Lc 22, 42). Depois, como Jesus no Horto das Oliveiras, também eu tive de aprender a render-me à vontade do Senhor, aceitando e permitindo de coração que se cumprisse, em mim e na nossa vida, aquela que era a Sua vontade. Jesus foi levado ao Cálvario; eu, ao bloco operatório. À semelhança de Jesus na Sua Paixão, também eu tive de passar pela "flagelação" da colocação do catéter epidural, aguentando a passagem de diversos choques elétricos pelas minhas pernas, sem me puder mexer. Tal como Jesus, também eu fui totalmente despida das minhas vestes, deitada numa mesa fria incapaz de me mexer, com os braços estendidos, um para cada lado, numa autêntica forma de cruz. A Jesus abriram-Lhe o peito com uma lança; a mim, cortaram-me ao meio ... para que daí nascesse uma nova vida.
É este o Meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. (Jo 15, 12-13)
Agora, sou capaz de sorrir, olhando para as minhas feridas, as minhas chagas, à semelhança de Cristo Ressuscitado. Agora sei que o meu corpo transformou-se num verdadeiro altar, onde o meu sacrifício de imolação foi capaz de gerar uma nova vida.
Agora - sorrio - já estou mais parecida conTigo, Jesus!
Lembro-me perfeitamente do dia em que me disseram que provavelmente seria infértil. Claro que, como estudante de medicina na altura, eu já suspeitava há algum tempo. Os ciclos menstruais irregulares, os sinais físicos do desequilíbrio hormonal que ocorria dentro de mim, os sintomas típicos todos presentes ... Mas, se mais ninguém o afirmasse, talvez a ideia de puder ser infértil fosse apenas mais um "macaquinho" na minha cabeça, uma ideia tola e sem fundamento ...
Pela graça de Deus, ao longo da minha caminhada católica, tive a imensa graça de ficar a conhecer o Fertility Care que, mais do que um método para ajudar famílias cristãs a gerir a sua fertilidade conjugal e a sua abertura à vida, é também uma forma bastante eficaz de ajudar a mulher a monitorizar a sua saúde ginecológica e procriativa. O método do Fertility Care baseia-se na auto-observação diária de vários sinais e sintomas do corpo da mulher, de modo a compreender e interpretar o que se passa com o seu corpo a cada dia do ciclo. É um método natural de espaçamento familiar, muito versátil e adaptável às necessidades de cada casal, ecológico e económico, extensamente estudado e aplicado um pouco por todo o mundo desde há mais de 50 anos.
Foi através das consultas com as instrutoras deste método que comecei a compreender o que se passava com o meu corpo. Percebi que tinha de mudar o meu estilo de vida se queria tornar-me saudável. Tentei ajudar o meu corpo a recuperar a normalidade de todas as formas que consegui. Mas as medidas não pareciam surtir efeito. Os meses passavam, eu continuava a monitorizar diariamente os sinais e sintomas do meu corpo, voltava a repetir os exames e as análises, e não parecia haver grandes diferenças ... A minha doença não regredia, permanecia lá, por mais que eu tentasse controlá-la. Por fim, o passar dos anos ajudou-me a aceitar esta minha condição, que parecia tornar altamente improvável que eu alguma vez pudesse ser mãe.
Parte do meu grande interesse na vida consagrada devia-se ao conhecimento desta minha condição. Se eu não podia ser mãe biológica, não fazia qualquer sentido na minha cabeça que o Senhor me pudesse chamar a uma vida matrimonial. Foram muitos os anos a viver este dilema, entre aquilo que o meu coração desejava intensamente - ser esposa e mãe - e aquilo que a minha razão me levava a pensar. Foram muitas as horas de oração, de encontro com o Senhor, de feridas a serem destapadas, devagarinho, uma a uma, para puderem ser então curadas ...
Quando conheci o meu marido, alguns anos depois, o tema da minha provável infertilidade foi algo largamente discutido, meditado e rezado entre ambos. Curiosamente, o Senhor tinha feito com que o meu marido tivesse conhecido o método do Fertility Care ainda antes de eu própria o conhecer e praticar! E ele aceitava-me exactamente como o Senhor me tinha feito. Claro que foi necessário aprender a gerir expectativas e alguns sonhos de vida prévios. Mas, nem por um segundo sequer, esta minha condição fez diminuir a certeza absoluta que o meu marido tinha de que o Senhor o chamava e convidava a doar toda a sua vida por mim, como meu esposo.
Assim, durante anos, li, estudei e ouvi todos os testemunhos que encontrei de outras mulheres e famílias que tiveram de lidar com a cruz da infertilidade. Foram incontáveis as horas a rezar, a preparar-me, a planear, a mentalizar-me - como é típico da minha personalidade - para a nossa futura vida matrimonial e para a longa e árdua luta contra a infertilidade que nos esperava. Até, finalmente, conseguir encontrar e viver naquela paz que só o Senhor nos pode oferecer, de, em tudo, fazer sempre a Sua vontade, de seguir sempre os Seus caminhos, carregando a nossa Cruz às costas atrás d'Ele, nunca tirando os olhos do Céu do Seu amor ...
O que eu não me apercebi foi que, ao longo dos meses de namoro e noivado, o meu corpo foi, aos poucos, mudando e normalizando. Devagarinho, lentamente, de forma quase imperceptível, os meus ciclos menstruais foram-se tornando cada vez mais regulares.... e o impossível aconteceu.
E o Senhor nunca se deixa vencer em generosidade - o nosso bebé, o nosso primeiro filho, foi prenda de lua de mel! Está previsto nascer exactamente 9 meses do dia do nosso casamento, em Janeiro do próximo ano!
Oh, alegrem-se e regozijem-se connosco! O Senhor fez em nós maravilhas! O Senhor fez em nós um autêntico milagre! Oh, como o Senhor é bom!
O Senhor disse a Abrão: «Ergue os teus olhos e, do sítio em que estás, contempla o norte, o sul, o oriente e o ocidente. Toda a terra que estás a ver, dar-ta-ei, a ti e aos teus descendentes, para sempre. Farei que a tua descendência seja numerosa como o pó da terra, de modo que só se alguém puder contar o pó da terra é que a tua posteridade poderá ser contada.Levanta-te, percorre esta terra em todas as direcções, porque Eu ta darei.» (Gn 13, 14-17)
À semelhança de Moisés, também Abrão não chegará a ver cumprida a promessa da posse das terras de Canaã Ele testemunhará apenas o iníciodo cumprimento da segundapromessa que o Senhor lhe faz: de que teria uma descendência e que esta seria tão numerosa como os grãos de pó da terra ou como as incontáveis estrelas do céu numa noite de deserto...
É absolutamente claro, em todas as passagens da história de Abrão, que o seu maior desejo era ser pai. Mas, os anos passavam, Abrão e Sarai envelheciam e nenhum filho vinha. Abrão tinha 75 anos quando o Senhor lhe prometeu, pela primeira vez, uma descendência. Sarai, sua esposa, seria mais nova mas, ainda assim, já há muito que tinha passado a idade da fertilidade. É verdade que Deus tinha demonstrado o Seu poder de diversas formas e em sucessivos acontecimentos extraordinários, mas até um Deus Todo Poderoso tem limites à Sua acção!
Por pensar assim, as Sagradas Escrituras vão relatar-nos as várias formas que Abrão usará para tentar "facilitar" o cumprimento desta promessa de Deus. Primeiro, trará consigo Lot, seu sobrinho, desde a terra de Ur dos Caldeus até à Terra Prometida, pensando que seria ele, se o amasse e o tratasse como seu próprio filho, o herdeiro do seu nome. Mas o Senhor ensinar-lhe-á que é necessário aprender a desapegar-se da sua vida passada, para crescer em santidade.
Mais tarde na sua vida, Abrão pensará que irá ser Eliezer, o seu escravo tornado amigo do peito, que vira nascer e crescer com tanta alegria na sua casa, a continuar a descendência da sua família.
O Senhor disse a Abrão numa visão: «Nada temas, Abrão! Eu sou o teu escudo; a tua recompensa será muito grande.» Abrão respondeu: «Que me dareis, Senhor Deus? Vou-me sem filhos e o herdeiro da minha casa é Eliézer, de Damasco.» E acrescentou: «Não me concedeste descendência, e é um escravo, nascido na minha casa, que será o meu herdeiro.» Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida, nos seguintes termos: «Não é ele que será o teu herdeiro, mas aquele que sairá das tuas entranhas.» (Gn 15, 1-4)
Mas um escravo não é bom o suficiente. Mesmo que um escravo representasse, como na altura de Abrão, uma posse total sobre outra pessoa, alguém que nos pertence inteiramente e que nos é totalmente fiel e dedicado; mesmo essa totalidade de posse não se compara com uma relação filial. Mal podia imaginar Abrão que, já aqui, estava expresso o profundo e radical desejo de Deus de nos tornar Seus amados filhos, após sermos redimidos e salvos pelo sangue derramado de Jesus.
Com o tempo, Abrão compreendeu que, alguém que saia das nossas próprias entranhas e que tenha o nosso próprio sangue, que possamos amar como filho e que nos ame como pai, é absolutamente diferente de alguém que nos sirva apenas por temor e dever, por mais dedicado que ele seja.
"Abrão confiou no Senhor e Ele considerou-lhe isso como mérito" (Gn 15,6)
Mas os anos passavam e continuavam a passar e... nada! A fé de Abrão, por esta altura, podia já ser grande e madura. Mas a de Sarai, sua mulher, ainda tinha muito que crescer. Sarai deixa-se vencer pelo desespero e pela dúvida destruidora de não se achar suficiente para Deus nem para o seu marido. Sarai deixa-se definir pela sua aparente esterilidade, o seu coração endurece-se e torna-se amargo. Assim, já que parecia que o Senhor nada fazia, ela própria faria as coisas acontecerem, com as suas próprias mãos!
Sarai, mulher de Abrão, que não lhe dera filhos, tinha uma escrava egípcia, chamada Agar. Sarai disse a Abrão: «Visto que o Senhor me tornou uma estéril, peço-te que vás ter com a minha escrava. Talvez, por ela, eu consiga ter filhos.» Abrão aceitou a proposta de Sarai. Ele abeirou-se de Agar e ela concebeu. (Gn 16, 1-2.4)
Quanta dor, quanta infelicidade, trará este acto à vida de Sarai ... Oh, como ela se vai arrepender! Quantas vezes me revejo a mim própria em Sarai, com a minha mania de querer fazer com que as coisas aconteçam pelas minhas próprias mãos, visto que o Senhor aparentemente se atrasa e eu já não consigo esperar mais ...
Ismael é o primeiro filho de sangue de Abrão, que nasce 11 anos depois da primeira promessa de descendência do Senhor a Abrão. É quase como se as Escrituras nos dissessem: "Abrão já estava preparado, a sua Fé tinha crescido e amadurecido, e estava pronto para ser pai .... mas Sarai ainda não". E, num Matrimónio, sabemos que já não existem dois, mas um só.
Na verdade, passarão mais 13 anos, até ao dia em que três homens enviados por Deus passem à porta da tenda de Abraão e anunciem a chegada do seu filho primogénito. Serão precisos todos esses anos, para que Sarai conheça o Senhor e cresça em intimidade com Ele; que se deixe amar e satisfazer plenamente por Ele; que permita que seja Ele a moldá-la, com todo o Seu amor e misericórdia, até se tornar verdadeiramente numa mãe. Serão precisos esses 13 anos para que a fé de Sarai alcançe as alturas da fé do seu esposo.
Então, sim, estão ambos prontos e transformados: Abrão torna-se Abraão - que significa pai de muitos - e Sarai torna-se Sara - mãe de muitos.
Abrão tinha noventa e nove anos, quando o Senhor lhe apareceu e lhe disse: «Eu sou o Deus supremo. Anda na Minha presença e sê perfeito.Quero fazer uma aliança contigo e multiplicarei a tua descendência até ao infinito. Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos.» E Deus disse a Abraão: «Não chamarás mais à tua mulher, Sarai, mas o seu nome será Sara. Abençoá-la-ei e dar-te-ei um filho, por meio dela. Será por mim abençoada, e será mãe de nações, e dela sairão reis.» (Gn 17, 1-2.5.15-16)
Isaac nascerá exactamente quando Abraão completar 100 anos. Fazendo as contas, Isaac só nascerá 25 anos depois da primeira promessa de descendência que Deus fez a Abraão, ainda nas terras de Ur dos Caldeus. Depois, Isaac terá já 40 anos quando finalmente casar com Rebeca, que só engravidará 20 anos depois, com os gémeos Esaú e Jacob.
Assim, Abraão terá de esperar85 anos, desde a primeira promessa do Senhor, para ver nascer os seus netos. Quando Abraão finalmente morrer, aos 175 anos de vida segundo a Bíblia, ele terá apenas um filho, já com 75 anos, e dois netos com 15 anos de vida - um começo (aparentemente) pouco favorável para o cumprimento duma descendência numerosa e duma grande nação sucessora ....
Mas o próprio Senhor nos responde:
Haverá alguma coisa que seja impossível para o Senhor? (Gn 18, 14)