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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

O valor das tamareiras

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

 

O homem justo é como a tamareira

Este é um provérbio frequentemente usado no Egipto, conta-nos o nosso guia Samuel. Eu nunca tinha visto antes uma tamareira na minha vida mas nesta peregrinação até à Terra Santa aquilo que eu mais vi foram tamareiras. Estavam por todo o lado, em especial no Egipto e na Jordânia, parecia que cresciam em todos os lugares possíveis!

tamareira.jpg

A tamareira é uma árvore da família das palmeiras, que se adaptou muito ao clima destas regiões e por isso ela é muitas vezes referida nas Sagradas Escrituras (às vezes sob o nome de palmeira).

Aliás, quando Deus promete a Abrãao e a Moisés uma terra rica em mel e leite, não se está a referir a mel de abelhas (as pobres abelhas não conseguem aguentar as temperaturas altas destes países) mas sim a mel das tâmaras

Também quando Jesus chegou a Jerusalém, antes de celebrar a Sua Páscoa, os habitantes desta cidade receberam-no com ramos de tamareira (sim, na celebração do Domingo de Ramos!)

 

Sabiam que a tamareira é uma árvore com a qual podemos aprender bastante? E que podemos inclusivamente retirar autênticas lições para a nossa vida, só de a contemplarmos e meditarmos nas suas características?

 

Na cultura egípcia é costume dizer-se que, quem planta uma tamareira, raramente comerá dos seus frutos, apenas os seus filhos e netos o farão - mas é exactamente por este motivo, por este valor sacrificial e doador de vida para as gerações seguintes, que os egípcios as plantam. 

A tamareira demora pelo menos 18 anos a crescer e a começar a dar os seus primeiros frutos, as doces tâmaras. Mas, a partir do momento em que começam a produzir os seus frutos, fazem-no para o resto das suas vidas (entre 100 a 200 anos!), durante o ano inteiro, sem cessar - aliás, é comum dizer-se que a tamareira não se cansa de dar o seu doce fruto, mesmo para aqueles que lhes atiram pedras, a fim de fazerem cair estes frutos até ao nível do chão...

Porque demora tanto tempo até dar fruto? Porque primeiro é necessário que as suas raízes cresçam; primeiro, é preciso que as suas raízes se tornem fortes e profundas, e se prolonguem por vários metros, até alcançarem as fontes de água mais profundas (raramente alcançadas por outras plantas ou árvores); deste modo, a tamareira terá como certa uma longa e frutuosa vida.

As tamareiras podem crescer em altura até atingirem 30m; aliás, quanto mais alta for a tamareira, mais sol poderá apanhar e mais doces serão as suas tâmaras - mas isto só será possível se mantiver sempre as suas raízes profundamente enraizadas na terra ...

A tamareira é também uma árvore muito resistente às intempéries da vida. No Egipto são comuns as tempestades de areia, que por vezes destroem e arrancam diversas árvores. Quando surge uma tempestade de areia, a tamareira é capaz de se ir inclinando, a favor da direção do vento, por vezes até chegar ao chão, mas raramente é arrancada do seu lugar. Aliás, quanto mais árido for o clima à volta da tamareira, mais doces serão os seus frutos!

Mas, apesar de todas estas ricas características, a tamareira, com as suas longas folhas, viradas para baixo, é um dos símbolos mais belos da humildade e da simplicidade ... 

 

"Como a palmeira (tamareira) florescerão os justos,

que se elevarão como o cedro do Líbano"

(Sl 91, 13)

 

  †   Peregrinação: do EGIPTO à TERRA SANTA ~  2019   †  

 ~  Egipto - Jordânia - Israel - Palestina  ~ 

Aquele que o meu coração ama....

Querido leitores, 

Não consigo resistir em partilhar convosco o maravilhoso comentário ao Evangelho da passada 3ªfeira da Oitava da Páscoa, escolhido pela equipa do Evangelho Quotidiano - falou-me tanto, tanto ao coração e espero que a vocês também ... 

 

Evangelho segundo São João 20,11-18

Naquele tempo, Maria Madalena estava a chorar junto do sepulcro. Enquanto chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro e viu dois Anjos vestidos de branco, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde estivera deitado o corpo de Jesus. 

Os Anjos perguntaram a Maria: «Mulher, porque choras?». Ela respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». 

Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele. Disse-lhe Jesus: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Pensando que era o jardineiro, ela respondeu-Lhe: «Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste, para eu O ir buscar». 

Disse-lhe Jesus: «Maria!». Ela voltou-se e respondeu em hebraico: «Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!». Jesus disse-lhe: «Não Me detenhas, porque ainda não subi para o Pai. Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus».

Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor». E contou-lhes o que Ele lhe tinha dito. 

 

Aquele que o meu coração ama 1.jpg

 

Comentário ao Evangelho:

"Em que estação desperta o Salvador? Diz o Cântico dos Cânticos: «Eis que o inverno passou, cessaram e desapareceram as chuvas. Apareceram as flores na nossa terra» (2,11-12). A terra está cheia de flores [...]? Chegou abril e com ele a primavera. E é nesta estação, neste primeiro mês do calendário hebraico, que se celebra a Páscoa, outrora em símbolo e agora na realidade. [...]

Um horto foi o local da sepultura do Senhor. [...] E que diz Aquele que está sepultado no horto? «Colho a minha mirra e o meu bálsamo, a mirra e o aloés dos balsameiros mais seletos» (Cant 5,1; 4,14), pois tudo isso simboliza a sepultura. Os evangelhos também dizem: «As mulheres foram ao sepulcro levando os perfumes que haviam preparado» (Lc 24,1).

[...] Porque, antes de entrar na sala de cima passando pelas portas fechadas, o Esposo e Médico das almas fora procurado por mulheres de coração forte. As santas mulheres foram ao sepulcro à procura daquele que havia ressuscitado. [...] Segundo o evangelho, Maria foi ao sepulcro, procurou-O e não O encontrou; em seguida, ouviu a mensagem dos anjos e por fim viu Cristo. Estas circunstâncias também haviam sido descritas.

Diz Maria no Cântico: «Durante a noite, no meu leito, busquei Aquele que a minha alma ama» (3,1). [...] E narra o evangelho que Maria foi ao sepulcro «logo de manhã, ainda escuro» (Jo 20,1). «Procurei-O de noite, mas não O achei»; e no evangelho: «Levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram»; é então que os anjos lhe aparecem, perguntando: «Porque buscais entre os mortos Aquele que vive?» (Lc 24,5)

[...] Maria não O reconheceu e era em seu nome que o Cântico dos Cânticos dizia: «Vistes, acaso, Aquele que a minha alma ama? Mal passara pelos guardas [que eram os dois anjos], encontrei Aquele que a minha alma ama. Agarrei-me a Ele e não O larguei mais» (3,3-4)."

 

São Cirilo de Jerusalém (313-350)
bispo de Jerusalém, doutor da Igreja
Catequese baptismal n.° 14

 

 

Oh férias ....

Estou por estes dias numa pequena aldeia perdida na serra, perto de Lamego, tal como todos os anos.

Um autêntico paraíso na terra, duma beleza e simplicidade sem igual - tudo o que é preciso está aqui: família, natureza e Deus. Não falta nada...

 

Lamego

 

É altura de estar - com a família que tanto se ama mas que só se pode ver uma vez por ano, e na presença de Deus ...

É altura de ser - o braço direito da mãe, a prima mais velha e conselheira, a que está sempre disposta a ajudar e a servir....

É altura de ouvir - as aventuras e os desabafos do ano que passou, o barulho encantador de todos os animais da quinta, os sinos da pequena igreja a tocar a canção de Fátima a cada meia hora, lembrando-nos continuamente de rezar e de agradecer....

É altura de rir - muito, muito, muito, todos juntos ...

É altura de ver - toda a beleza que nos rodeia, com os nossos olhos, sim, mas também com o coração...

É altura de perdoar - aqueles que convivem comigo todos os dias (e ui! que difícil) mas também a mim mesma (o que ainda é mais difícil)...

É altura de alimentar - escolhendo fazer os pratos que cada um mais gosta, dando a beber o cálice da paz de Cristo....

É altura de dar, de nos dar, de oferecer o melhor que temos, de partilhar e de aceitar...

 

 

É a altura ideal para nos apaixonar de novo ... pelo nosso verdadeiro e eterno Amor

 

"És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande é teu poder, e incomensurável tua Sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação (...), partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso."

 

"Como invocarei meu Deus, meu Deus e meu Senhor, se ao invocá-lo o faria certamente dentro de mim? E que lugar há em mim para receber o meu Deus, por onde Deus desça a mim, o Deus que fez o céu e a terra? Senhor, haverá em mim algum espaço que te possa conter? Acaso te contêm o céu e a terra, que tu criaste, e dentro dos quais também criaste a mim? Será, talvez, pelo fato de nada do que existe sem Ti, que todas as coisas te contêm?

E, assim, se existo, que motivo pode haver para Te pedir que venhas a mim, já que não existiria se em mim não habitásseis? (...) Eu nada seria, meu Deus, nada seria em absoluto se não estivesses em mim; talvez seria melhor dizer que eu não existiria de modo algum se não estivesse em ti, de quem, por quem e em quem existem todas as coisas?

Assim é, Senhor, assim é. Como, pois, posso  chamar-te se já estou em ti, ou de onde hás de vir a mim, ou a que parte do céu ou da terra me hei de recolher, para que ali venha a mim o meu Deus, ele que disse: Eu encho o céu e a terra?"

 

"Porventura o céu e a terra te contêm, porque os enches? Ou será melhor dizer que os enches, mas que ainda resta alguma parte de ti, já que eles não te podem conter? E onde estenderás isso que sobra de ti, depois de cheios o céu e a terra? Mas será necessário que sejas contido em algum lugar, tu que conténs todas as coisas, visto que as que enches as ocupas contendo-as?

Porque não são os vasos cheios de ti que te tornam estável, já que, quando se quebrarem, tu não te derramarás; e quando te derramas sobre nós, isso não o fazes porque cais, mas porque nos levantas, nem porque te dispersas, mas porque nos recolhes.
No entanto, todas as coisas que enches, enche-as todas com todo o teu ser; ou talvez, por não te poderem conter totalmente todas as coisas, contêm apenas parte de ti? E essa parte de ti as contêm todas ao mesmo tempo, ou cada uma a sua, as maiores a maior parte, e as menores a menor parte? Mas haverá em ti partes maiores e partes menores? Acaso não estás todo em todas as partes, sem que haja coisa alguma que te contenha totalmente?"

 

"Que és, portanto, ó meu Deus? (...) Tao oculto e tão presente, formosíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível; imutável, mudando todas as coisas; nunca novo e nunca velho; renovador de todas as coisas, conduzindo à ruína os soberbos sem que eles o saibam; sempre agindo e sempre repouso; sempre sustentando, enchendo e protegendo; sempre criando, nutrindo e aperfeiçoando, sempre buscando, ainda que nada te falte.
Amas sem paixão; tens zelos, e estás tranqüilo; te arrependes, e não tens dor; te iras, e continuas calmo; mudas de obra, mas não de resolução; recebes o que encontras, e nunca perdeste nada; não és avaro, e exiges lucro. A ti oferecemos tudo, para que sejas nosso devedor; porém, quem terá algo que não seja teu, pois, pagas dívidas que a ninguém deves, e perdoas dívidas sem que nada percas com isso?
E que é o que até aqui dissemos, meu Deus, minha vida, minha doçura santa, ou que poderá alguém dizer quando fala de ti?"

 

"Quem me dera descansar em ti! Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem! (...) E que sou eu para ti, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos? Acaso é pequeno o castigo de não te amar?"

 

Santo Agostinho, primeiras páginas das suas Confissões

 

O pecado da preguiça

Estes dias têm sido difíceis, espiritualmente difíceis e de grande aridez... mas a única pessoa responsável e culpada por isso sou eu própria, que me deixei levar, mais uma vez, pelo meu terrível, aliciante e destruidor egoísmo...

Então, este fim de semana, levei finalmente uma bela tareia - através da leitura dum pequeno livro do Pe Francisco Faus, da Opus Dei - que me mostrou finalmente a profundidade e a gravidade do meu enorme pecado - a preguiça.

 

Acham que a preguiça é apenas ir adiando coisas para se fazer mais tarde? Acham que é só a falta de vontade de sair do sofá e de fazer o que deveríamos estar a fazer?

Ora pensem melhor, pensem mais fundo, reflictam bem acerca deste grave pecado, que duma forma muito subtil e sorrateira, se intromete nas nossas vidas, separando-nos completamente do amor a Deus e ao próximo...

 

Sugiro-vos a leitura deste pequeno livro do Pe Francisco Faus, acerca do pecado da Preguiça e do modo como devemos combatê-la através da virtude da Diligência. Deixo-vos alguns excertos desta obra maravilhosa, que nos fala directamente ao coração, corrigindo-nos e ensinando-nos por vezes de forma muito dura e dolorosa, mas sempre com muito amor, como só um bom pai com 85 anos de experiência de vida o poderia fazer ...

 

 

Uma definição muito simples da preguiça poderá ser (...) a resistência ao esforço e ao sacrifício. 

Com muito acerto escreveu um filósofo cristão dos nossos dias que “a preguiça significa, antes de mais nada, que o homem renuncia à altura da sua dignidade: não quer ser aquilo que Deus quer que seja”. E, nesta dolorosa renúncia, se destrói. Desistir dos ideais é desistir de sermos “nós mesmos.

 

[Alguns poderiam dizer] “Eu, preguiçoso? Mas se não tenho nem um minuto livre, se trabalho sem folga nem férias... Precisaria, em todo o caso, é de um pouco mais de descanso...” Uma pessoa pode ser ocupadíssima... e ter uma profunda preguiça! (...) 

Sempre paira sobre os cristãos mornos o que alguém denominou “o perigo das coisas boas”: deixar-nos embalar pela satisfação de umas tantas coisas boas que já fazemos, para acobertar o vazio de outras tantas coisas boas que não fazemos, e deveríamos fazer. 

 

Uma das características dessa subtil preguiça é a sua rara habilidade – verdadeiro “engenho e arte” – para se desculpar ou se justificar. A preguiça mostra-se uma artista consumada no uso de diversas máscaras, com as quais se disfarça, apresentando por fora o rosto do dever cumprido, da laboriosidade ou da responsabilidade. Vale a pena, por isso, passar a examinar algumas das máscaras mais comuns de que a preguiça costuma valer-se. 

 

A máscara da actividade: Um homem deu uma grande ceia e convidou a muitos. A parábola começa com uma clara luz: Deus é esse “homem”, que prepara um grande convite de Amor – uma vida de Amor na terra e depois na eternidade –, e chama à porta dos corações dos homens: Vinde, tudo já está preparado. Está pronto o plano que preparei para ti, a missão que te proponho realizar no mundo. Mas o convite do Amor não obtém resposta. (...) Deus não aceita as nossas desculpas, e isto porque o não-posso, a maior parte das vezes, significa simplesmente um não-quero. 

 

A máscara do cansaço: O cansaço é uma coisa muito especializada. Sempre que se pensa nele, é muito conveniente perguntar: “Cansaço, para que coisas?”. Porque todos somos especialistas em determinados cansaços – cansaço “para” rezar, estudar, atender os desejos dos outros, responder cartas, etc. –, que não passam de máscaras da preguiça. (...) A fadiga da alma – é o cansaço que invade os que cumprem os deveres de má vontade, sem amor; é o cansaço dos que vivem reclamando por tudo e por nada, sonhando sempre com situações ideais que jamais irão dar-se; dos que não querem sacrificar-se; dos preguiçosos, em suma, daqueles a quem o bem, o amor e o dever enfastiam, porque exigem sacrifício. 

 

A máscara dos desejos: O desejo-máscara é mais um truque da preguiça para enganar a consciência. Aos imperativos da consciência – deves fazer, deves dar mais, deves enfrentar isto ou aquilo –, a preguiça responde, com aparente sinceridade: “Sim, é mesmo, eu desejaria tanto fazer isso tudo...” (...) Em primeiro lugar, o bom desejo esbarra com a chamada “falta de jeito”. (...) Todos temos “jeito” – ou podemos ganhar “jeito” – para as virtudes, para o bem, para as coisas que pessoalmente Deus nos pede. Nesta matéria, pode-se dizer também que a função cria o órgão. Basta começar, basta iniciar sinceramente o esforço, e a capacidade aparece. Será maior ou menor, mas sempre será útil e eficaz. Principalmente porque Deus não deixa nunca de auxiliar a quem se esforça com boa vontade. (...) Em segundo lugar, tão perigosa como a “falta de jeito” é a desculpa de quem sempre espera pela situação, a época ou as circunstâncias ideais para levar à prática os seus bons desejos. Esse afirma com convicta persuasão que quer, que quer mesmo. Agora, porém, não é o momento propício para levar à prática o desejo. Quando mudarem as circunstâncias e houver condições favoráveis, então sim. “Agora – diz o preguiçoso – estou com tantos problemas na cabeça, que se pegasse num livro de formação cristã, com o propósito de dedicar todas as noites quinze minutos à sua leitura, não aproveitaria nada. Quando esta azáfama acalmar, então...”. “Agora – afirma outro –, ainda não me sinto em condições de fazer uma boa confissão. Deixe que eu amadureça, fortaleça as minhas resoluções, que ganhe mais certeza de não reincidir, e então... " “Agora? – perguntará um terceiro –. Será que não percebe que estou sob a pressão do cursinho e os apertos do vestibular? Vamos deixar para o ano que vem, porque agora não conseguiria levar a sério a tarefa que me propõe..." (...)

“Amanhã! Algumas vezes, é prudência; muitas vezes, é o advérbio dos vencidos”  

 

Diligência: Dizíamos que a acédia – a preguiça – é o contrário do amor, pelo fato de sentir aversão e tristeza por aquilo mesmo que atrai e alegra o amor: o bem, mesmo que seja árduo e difícil. Em confronto com a preguiça, a virtude da diligência consiste no carinho, alegria e prontidão (coisa diferente da pressa) com que pensamos no bem e nos prontificamos a realizá-lo da melhor maneira possível.

 

Pe Francisco Faus, A preguiça 

 

Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça

Que este último pequeno post vos suscite a curiosidade de irem ler na íntegra esta belíssima encíclica do nosso querido Papa Francisco 

 

«Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu»

"O próprio Jesus sublinha que este caminho vai contracorrente, a ponto de nos transformar em pessoas que questionam a sociedade com a sua vida, pessoas que incomodam."

"Não pretendamos uma vida cómoda"

"A cruz, especialmente as fadigas e os sofrimentos que suportamos para viver o mandamento do amor e o caminho da justiça, é fonte de amadurecimento e santificação."

"Um santo não é uma pessoa excêntrica, distante, que se torna insuportável pela sua vaidade, negativismo e ressentimento. Não eram assim os Apóstolos de Cristo. O livro dos Atos refere, com insistência, que eles gozavam da simpatia «de todo o povo» (2, 47; cf. 4, 21.33; 5, 13)"

" As perseguições não são uma realidade do passado, porque hoje também as sofremos quer de forma cruenta, como tantos mártires contemporâneos, quer duma maneira mais subtil, através de calúnias e falsidades"

"Outras vezes, trata-se de zombarias que tentam desfigurar a nossa fé e fazer-nos passar por pessoas ridículas." 

Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade.

 

O culto que mais Lhe agrada

"Poder-se-ia pensar que damos glória a Deus só com o culto e a oração, ou apenas observando algumas normas éticas (é verdade que o primado pertence à relação com Deus), mas esquecemos que o critério de avaliação da nossa vida é, antes de mais nada, o que fizemos pelos outros. A oração é preciosa, se alimenta uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus, quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos."

" Quem deseja verdadeiramente dar glória a Deus com a sua vida, quem realmente se quer santificar para que a sua existência glorifique o Santo, é chamado a obstinar-se, gastar-se e cansar-se procurando viver as obras de misericórdia"

 

Papa Francisco, encíclica Gaudate et exsultate, 90, 92-94, 104, 107

Felizes os puros de coração e felizes os pacificadores

Palavras exigentes do nosso querido Papa Francisco, mas palavras que nos dão de novo vida.... 

 

«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus»

"Esta bem-aventurança diz respeito a quem tem um coração simples, puro, sem imundície, pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco. Na Bíblia, o coração significa as nossas verdadeiras intenções, o que realmente buscamos e desejamos"

Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade.

 

«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus»

"Da nossa parte, é muito comum sermos causa de conflitos ou, pelo menos, de incompreensões. Por exemplo, quando ouço qualquer coisa sobre alguém e vou ter com outro e lho digo; e até faço uma segunda versão um pouco mais ampla e espalho-a. E, se o dano que consigo fazer é maior, até parece que me causa maior satisfação. O mundo das murmurações, feito por pessoas que se dedicam a criticar e destruir, não constrói a paz."

"Não é fácil construir esta paz evangélica que não exclui ninguém; antes, integra mesmo aqueles que são um pouco estranhos, as pessoas difíceis e complicadas, os que reclamam atenção, aqueles que são diferentes, aqueles que são muito fustigados pela vida, aqueles que cultivam outros interesses."

"Trata-se de ser artesãos da paz, porque construir a paz é uma arte que requer serenidade, criatividade, sensibilidade e destreza." 

Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade.

 

Papa Francisco, encíclica Gaudate et exsultate, 83, 87, 89

Felizes os que choram e felizes os misericordiosos

Palavras tão diferentes daquelas que o mundo nos diz, ou melhor, que nos grita... 

 

«Felizes os que choram, porque serão consolados»

"O mundano ignora, olha para o lado, quando há problemas de doença ou aflição na família ou ao seu redor. O mundo não quer chorar: prefere ignorar as situações dolorosas, cobri-las, escondê-las."

"A pessoa que, vendo as coisas como realmente estão, se deixa trespassar pela aflição e chora no seu coração, é capaz de alcançar as profundezas da vida e ser autenticamente feliz. Esta pessoa é consolada, mas com a consolação de Jesus e não com a do mundo. Assim pode ter a coragem de compartilhar o sofrimento alheio, e deixa de fugir das situações dolorosas. Desta forma, descobre que a vida tem sentido socorrendo o outro na sua aflição, compreendendo a angústia alheia, aliviando os outros. Esta pessoa sente que o outro é carne da sua carne, não teme aproximar-se até tocar a sua ferida, compadece-se até sentir que as distâncias são superadas."

Saber chorar com os outros: isto é santidade.

 

«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia»

"A misericórdia tem dois aspetos: é dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar, compreender." 

"Dar e perdoar é tentar reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e perdoa superabundantemente." 

"Jesus não diz «felizes os que planeiam vingança», mas chama felizes aqueles que perdoam e o fazem «setenta vezes sete» (Mt 18, 22). É necessário pensar que todos nós somos uma multidão de perdoados. Todos nós fomos olhados com compaixão divina. Se nos aproximarmos sinceramente do Senhor e ouvirmos com atenção, possivelmente uma vez ou outra escutaremos esta repreensão: «não devias também ter piedade do teu companheiro como Eu tive de ti?» (Mt 18, 33)."

Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.

 

Papa Francisco, encíclica Gaudete et exsultate, 75-76, 80-82

 

Felizes os pobres em espírito e felizes os mansos

Deixemo-nos incomodar, profundamente, até nos fazer mudar, pelas palavras do nosso querido Papa Francisco...

 

"A palavra «feliz» ou «bem-aventurado» torna-se sinónimo de «santo», porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade."

 

"As bem-aventuranças não são, absolutamente, um compromisso leve ou superficial; pelo contrário, só as podemos viver se o Espírito Santo nos permear com toda a sua força e nos libertar da fraqueza do egoísmo, da preguiça, do orgulho.

Voltemos a escutar Jesus, com todo o amor e respeito que o Mestre merece. Permitamos-Lhe que nos fustigue com as suas palavras, que nos desafie, que nos chame a uma mudança real de vida. Caso contrário, a santidade não passará de palavras. "

 

«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu»

"O Evangelho convida-nos a reconhecer a verdade do nosso coração, para ver onde colocamos a segurança da nossa vida. Normalmente, o rico sente-se seguro com as suas riquezas e, quando estas estão em risco, pensa que se desmorona todo o sentido da sua vida na terra."

" As riquezas não te dão segurança alguma. Mais ainda: quando o coração se sente rico, fica tão satisfeito de si mesmo que não tem espaço para a Palavra de Deus, para amar os irmãos, nem para gozar das coisas mais importantes da vida. Deste modo priva-se dos bens maiores. Por isso, Jesus chama felizes os pobres em espírito, que têm o coração pobre, onde pode entrar o Senhor com a sua incessante novidade."

Ser pobre no coração: isto é santidade!

 

«Felizes os mansos, porque possuirão a terra»

Alguém poderia objetar: «Mas, se eu for assim manso, pensarão que sou insensato, estúpido ou frágil». Talvez seja assim, mas deixemos que os outros pensem isso. É melhor sermos sempre mansos, porque assim se realizarão as nossas maiores aspirações: os mansos «possuirão a terra», isto é, verão as promessas de Deus cumpridas na sua vida. Porque os mansos, independentemente do que possam sugerir as circunstâncias, esperam no Senhor, e aqueles que esperam no Senhor possuirão a terra e gozarão de imensa paz (cf. Sal 37/36, 9.11). Ao mesmo tempo, o Senhor confia neles: «é nos humildes de coração contrito que os meus olhos se fixam, pois escutam a minha palavra com respeito» (Is 66, 2).

Reagir com humilde mansidão: isto é santidade.

 

Papa Francisco, encíclica Gaudete et Exsultate, 64-65,67-68,74