Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
[Jesus] entrou em casa do fariseu, e pôs-Se à mesa. Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás Dele e chorando, começou a banhar-Lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. (Lc 7, 36-38)
Esta mulher, apesar de pecadora, demonstra desde cedo uma enorme fé, que lhe suscita uma coragem e audácia impressionante: atreve-se a ir até à casa do fariseu Simão, a entrar na sala das refeições cheia de homens e talvez convidados ilustres, a “interromper” – de certa forma – a sua refeição e diálogo, para oferecer a Jesus um dos seus bens mais preciosos. A sua fé parece dar-lhe a capacidade de vencer a vergonha e o medo do desprezo alheio, de correr o risco de poder ser repelida como impura ou pecadora ...
O início da Quaresma leva-nos, com Jesus, ao deserto.
Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no Qual pus todo o Meu agrado.» Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. (Mt 3,16-17; 4,1)
O momento em que os céus se rasgaram e o Espírito Santo desceu sobre a terra, parece ter sido um momento marcante e decisivo na caminhada de Jesus, em direcção ao pleno conhecimento da vontade do Pai. Parece ter sido o momento em que Cristo recebeu uma confirmação total acerca da missão a que o Pai O chamava, assim como das suas implicações, ou seja, a redenção de toda a humanidade através do Seu sacrifício de amor na Cruz.
Ao ler estes versículos, impressiona-me como Jesus, após um acontecimento com tanta glória e louvor, obedecendo voluntariamente à doce voz do Espírito, abandona todas as consolações e presenças humanas e Se retira sozinho para o deserto. Para aí passar pela prova de ser tentado por Satanás.
Fala-se cada vez menos de Satanás nos dias de hoje e isto é algo que muito lhe convêm e que ele deseja que permaneça assim. Porque, nós não tentaremos combater aquilo que desconhecemos sequer que existe. E, assim, permitimos que ele continue a manipular-nos e a manipular as nossas vidas, como tanto se observa na nossa sociedade de hoje em dia, sem haver qualquer resistência da nossa parte ...
Contudo, também não podemos cair no espectro oposto, de lhe atribuir poder e capacidades que ele, na verdade, não tem. Ele bem gosta de o fingir, para que acreditemos que ele é muito poderoso e capaz e que nós somos impotentes perante o seu aparente poder. Por exemplo, Satanás, sendo um anjo (se puderem voltem a ler este post sobre os anjos), ainda que decaído, desconhece o futuro - isso só Deus conhece - e apenas conhece o presente à mesma velocidade que nós, assistindo e vivendo o acontecer de cada coisa e acontecimento tal como nós. É verdade, ele conhece o passado, porque o viveu também, e, nesse aspecto, ele é perito em fazer-nos recordar o nosso passado - mas apenas as partes que lhe dão jeito, na sua constante tentativa de nos manipular ....
Diz-nos o Arcebispo Fulton Sheen que, enquanto Deus é pura verdade, definindo-Se a Si mesmo como "Aquele que é", a essência de Satanás é a mentira, podendo ser definido como "Aquele que não é". Ele é o tentador, o mentiroso, o enganador, o fingido por excelência. Uma das poucas capacidades que ele realmente tem é de ser extremamente perspicaz. Ele sabe identificar muito bem os nossos pontos fracos, está atento a cada uma das nossas reacções, sabe estudar bem as nossas tendências, os nossos padrões de comportamento e de pecado. Ele adapta-se astuciosamente a cada circunstância e a cada personalidade, falando-nos sempre através de meias-verdades, com declarações e sugestões parcialmente verdadeiras, mas sempre distorcidas e fraudulentas. E com que objectivo? Sempre na tentativa de nos afastar total e definitivamente do amor do Senhor e de nos arrastar com ele para o Inferno, onde ele próprio está já eternamente condenado.
Podemos comprovar tudo isto, se acompanharmos Jesus ao ser tentado no deserto pelo Demónio. São Mateus conta-nos que "o Tentador aproximou-se" de Jesus (Mt 4,3a). A sua astúcia e capacidade de manipulação é de tal modo que Satanás tenta Jesus fingindo que O tentava ajudar a descobrir a resposta à questão, que tinha sido gerada no Seu coração e na Sua mente após ter sido Baptizado: Como poderia Ele cumprir mais perfeitamente a Sua missão de redenção entre os homens?
Tinha sido para descobrir a resposta a esta pergunta que Jesus tinha-Se retirado sozinho para o deserto, para aí jejuar e orar durante 40 dias e 40 noites, escutando a voz do Pai e deixando-Se moldar por Ele. Mas, se o problema estava em como Jesus poderia "ganhar" e converter o coração dos homens, então o Diabo tinha umas quantas sugestões a dar-Lhe.
Todas elas envolviam - adivinhem só - um espécie de bypass, um atalho, à expiação dos nossos pecados através da Cruz. Deus Pai tinha-Lhe dito, nestes 40 dias de oração no deserto, que esta era a única maneira. Satanás tenta persuadi-Lo de que não, de que há outras maneiras. Hmm, onde é que eu já vi isto acontecer?
A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens e disse à mulher: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?»A mulher respondeu-lhe: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim;mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis'. A serpente retorquiu à mulher: ‘Não, não morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal‘.» (Gn 3,1-5)
Sim, nas tentações de Jesus no deserto veremos uma repetição das tentações de Adão (e de Eva) no Jardim do Éden. Mas, enquanto os nossos primeiros pais cederam à tentação, Jesus saiu vitorioso, vencendo cada uma delas.
Recordemos: qual era o objectivo, qual era a missão primordial de Deus para Adão e Eva? Viverem e participarem plenamente no Seu reino de amor, como Seus filhos muito amados, e como colaboradores do Seu poder Criador. Tal como o Catecismo da Igreja Católica nos resume na resposta à pergunta: "Para que fomos criados? Para conhecer, amar e servir a Deus" - uma resposta aparentemente simples mas tão poderosa e transformadora, se meditarmos bem nela ...
A serpente, contudo, tenta desviá-los desse objectivo e dessa missão, à semelhança do que tentará fazer com Jesus no deserto. O Diabo tenta distraí-los. Cria e fomenta uma falsa vontade nos seus corações, uma falsa necessidade, suscitando-lhes uma curiosidade que se revelará mortífera. Ele elabora uma mentira e tenta persuadi-los de que é verdade.
Os nossos pais acreditam nesta mentira, cedem sem aparente resistência, e pecam gravemente, rejeitando o amor de Deus e expulsando-se a si mesmos da Sua presença e do Seu reino. Grande foi a alegria de Satanás naquele dia ...
Agora, Satanás tentará fazer o mesmo com Jesus. As suas tentações tentam distrair Jesus da Sua missão de salvação do género humano. O Diabo tenta convencer Jesus de que há outras maneiras de alcançar a desejada Redenção da humanidade. Tenta persuadi-Lo e pô-Lo a duvidar da real necessidade da Sua entrega à vontade do Pai, através do Seu sacrifício voluntário na Cruz. Em vez de ser pela dolorosa e humilhante Cruz, Satanás tenta sugerir-Lhe três outras maneiras, uma espécie de três atalhos que, aparentemente, prometiam alcançar o mesmo fim - a salvação das almas.
Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu. (Gn 3,6)
Reparem: os nossos pais começaram por ver que o fruto proibido deveria ser bom paracomer,repararam no seu bom e atraente aspecto e concluíram que deveria ser bastante precioso e útil para lhes esclarecer a inteligência (e, assim, tornarem-se basicamente iguais a Deus e ocuparem o Seu lugar). Se meditarmos no assunto, perceberemos que o homem tende a ser tentado e tende a pecar de uma entre três principais maneiras (ou categorias): as que estão relacionadas com os prazeres da carne (pelos pecados da gula e da luxúria), as que estão relacionadas com o desejo de posse e o amor pelas coisas do mundo (pecado da ganância e da inveja) e as que estão relacionadas com o poder e a auto-idolatria (pecado do orgulho).
Da mesma forma, e pela mesma ordem, foi Jesus tentado no deserto pelo Demónio, para nos mostrar como podemos resistir e vencer estas tentações.
Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-Lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães» (Mt 4,1-3)
A primeira tentação foi a da procura do conforto e do prazer dos sentidos. Que situação mais absurda - Deus a sentir fome! Onde é que isso já se viu? Como pode tal ser possível? Se Deus alimentou miraculosamente um povo tão numeroso durante 40 anos no deserto, porque é que agora não faz surgir um banquete para Si mesmo? Porque é que o próprio Deus se permite sofrer esta humilhação e passar por esta necessidade tão humana (apenas) para redimir as Suas criaturas? Parece loucura ...
Aliás, o Diabo parece prometer e sugerir-Lhe que, se Jesus usasse o Seu poder para alimentar todos os famintos deste mundo, então Ele ganharia os seus corações e, assim, a Cruz deixaria de ser necessária. Não parece um bom negócio?
Na verdade, Jesus recordará e passará novamente por esta tentação quando, pregado na Cruz em plena agonia, todos os que passarem por Ele Lhe disserem asperamente: «Salva-Te a Ti mesmo! Se és Filho de Deus, desce da cruz!»(Mt 27,40)
Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.» (Mt 4,4).
Sim, Jesus passou realmente fome e sede no deserto. E, assim, uniu-Se a toda a humanidade sofredora, sedenta e faminta. Uniu-Se não só àqueles que têm falta de comida e de bebida, tão numerosos no tempo de Jesus como no nosso, mas também àqueles que têm sede e fome de Deus - e esses, sim, são muitíssimo mais numerosos hoje em dia, e encontram-se em quase todas as casas deste mundo.. O homem têm necessidades muitíssimo mais profundas do que aquelas que podem ser saciadas apenas com pão. São homens e mulheres que estão carentes duma felicidade muitíssimo maior do que ter apenas um estômago cheio. Foi para saciar tanto uma, como a outra fome, que Jesus encarnou, habitou entre nós e Se entregou, fazendo de Si mesmo e do Seu corpo o verdadeiro alimento, que nos dá a Vida Eterna.
A segunda tentação foi a da procura da posse e do controlo de todas as coisas: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, que o Senhor Te sustentará» (Mt 4,6). Jesus tem perfeita noção que o caminho a que o Pai O chama terá poucos adeptos. Poucos Lhe darão ouvidos. Poucos O seguirão. Poucos se converterão. Não é um caminho fácil nem atraente aquele que Jesus nos proporá: «Se alguém quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me» (Lc 9,23) -
Nesta segunda tentação, o Diabo tentará persuadir Jesus a esquecer o caminho da Cruz e a substituí-lo por um caminho que demonstre chamativamente o Seu poder, que seja atractivo e cativante, a fim de tornar mais fácil que todos os homens O sigam.
Quase que oiço o Demónio a dizer-Lhe: 'Porque hás-de preferir um caminho longo e penoso, através do derramamento de sangue e de tanta dor, para converteres os homens? Porque hás-de preferir um caminho em que sejas desprezado, rejeitado e humilhado, enquanto podes escolher um caminho mais curto e eficaz se realizares um milagre vistoso e admirável? Pelo caminho da Cruz, serás como um fantoche nas mãos dos homens, farão de Ti o que eles quiseres, não poderás controlar nada - mas, se Tu quiseres, está aqui mesmo a Tua oportunidade de tomares controlo sobre tudo! Pelo caminho da Cruz, não saberás quantas pessoas conseguirás converter, mas se realizares maravilhas e feitos impossíveis prometo-Te que todos acreditarão! Se és realmente Filho de Deus, eu desafio-Te a fazeres algo heróico, para que todos possam testemunhar o Teu poder e assim acreditar!'
Então, o Diabo conduziu-O à cidade santa e, colocando-O sobre o pináculo do templo, disse-Lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, pois está escrito: 'Dará a Teu respeito ordens aos Seus anjos; eles suster-Te-ão nas suas mãos, para que os Teus pés não se firam nalguma pedra'» Disse-lhe Jesus: «Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus!» (Mt 4, 5-7)
Também mais tarde Jesus recordará esta tentação quando, à Sua volta, uma multidão se reunir exigindo-Lhe um milagre, qualquer que fosse, que provasse as Suas palavras e tornasse mais fácil para eles acreditarem plenamente. "As multidões afluíram em massa e [Jesus] começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa, [que] pede um sinal»" (Lc 11,29)
Realmente, se Jesus realizasse esses grandes e admiráveis feitos que O coagiam a fazer, multidões de homens O seguiriam. Mas, como é que isso os beneficiaria, se o pecado permanecesse incrustrado nas suas almas?
Responderá Jesus: «Não tentarás o Senhor teu Deus!» (Mt 4, 7). Não, não farei nada disso que Me pedem. Não farei a vossa vontade, que mal sabeis o que pedis ou o que precisais, mas farei, sim, e sempre, a vontade de Meu Pai. Só quando Me virem pregado numa Cruz se sentirão atraídos até Mim. Só através do Meu sacrifício, do pleno uso da Minha liberdade, da Minha entrega por amor é que, verdadeiramente, os homens se converterão e deixarão os seus maus caminhos.
E responderá Jesus às multidões que O tentam chantagear: «Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não lhe será dado sinal algum, a não ser o de Jonas» (Lc 11, 29).Nenhum sinal vos será dado, a não ser o sinal de Alguém que será elevado aos Céus, após ter saído e vencido as profundezas das águas do abismo e da morte...
Por fim, a terceira tentação foi a da procura da própria glória e louvor: «Tudo isto [reinos e poderes do mundo] Te darei, se, prostrado, me adorares» (Mt 4,9). Satanás tenta, numa última e derradeira tentativa, distrair e desviar Jesus do caminho da Cruz. Se Jesus, tal como Ele próprio o diria mais tarde, veio a este mundo para estabelecer nele o Reino de Deus, porque não escolhia Ele um caminho mais rápido para alcançar tal? Porque não Se submetia Àquele que se apresentava como Senhor deste mundo?
Levando-O a um lugar alto, o Diabo mostrou-Lhe, num instante, todos os reinos do universo e disse-Lhe: «Dar-Te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se Te prostrares diante de mim, tudo será Teu.» (Lc 4, 5-7)
Será que o mundo foi-lhe realmente dado? Será que o mundo realmente lhe pertence? A contínua escolha dos homens pelo pecado parece corroborar esta afirmação. Por voto e vontade da maioria dos homens, comprovado pelas suas acções e escolhas diárias, não haveria dúvidas de que todo o mundo lhe pertencia ... em especial nos dias e na sociedade de hoje.
Mas não, isso não é verdade. Pode-nos parecer, por vezes, sim. Mas lembrem-se que Satanás é o príncipe da mentira e do fingimento! O Diabo promete que Jesus poderia ficar com tudo o que existe no mundo, desde que Ele não o tentasse mudar. Poderia ficar com os corações de toda a humanidade, desde que Ele prometesse não os tentar salvar e redimir.
Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» (Mt 4, 10)
Jesus responder-lhe-á: 'Vai-te Satanás! Adorar-te é servir-te e servir-te é ser escravo do pecado. Foi exactamente para tornar a humanidade livre das garras do pecado que Eu vim. Eu não desejo nada deste mundo enquanto eles estiverem presos nas amarras da maldade e da culpa. Primeiro, Eu irei vencer a maldade e a conscupiscência no coração dos homens, e então depois conquistarei o mundo e serei coroado Rei de todo o Universo! Eu prefiro perder e abdicar de tudo o que existe neste mundo, do que perder uma só alma para o Reino de amor do Meu Pai!'
Então, o Diabo deixou-O e chegaram os anjos e serviram-n'O. (Mt 4,11)
Por agora, a vitória foi alçancada. Ao contrário do primeiro Adão, o novo e eterno Adão, Jesus, vence as grandes tentações que continuamente assaltam a humanidade. O Diabo deixa-l'O-á mas não será por muito tempo. Uns capítulos à frente, leremos como o Tentador conseguirá apoderar-se momentaneamente do coração de Pedro. Ele, o primeiro entre os discípulos a reconhecer o Messianismo de Jesus, proferindo no versículo 16 do capítulo 16: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo», dirá também logo no versículo 22 desse mesmo capítulo: «Deus Te livre, Senhor! Isso nunca Te há-de acontecer!», quando Jesus lhes anuncia que a glória da Ressurreição só é possível através do caminho humilhante e penoso da Cruz.
Nos próximos posts, se Deus o permitir e me ajudar, continuaremos a caminhar com Jesus, nesse caminho de Cruz, em direção à plena obediência à vontade do Pai. Por agora, meditemos no nosso coração, acerca das tentações de Jesus, no seu significado, de como foi possível Ele vencer cada uma delas.
Foi através deste "primeiro treino" no deserto, através destes testes e provações, que Jesus Se fortaleceu para a "grande prova". Pela graça de Deus, nós estamos em plena Quaresma, nos exercícios de "treino" por excelência, para as grandes "provas" das nossas vidas. E a maior "prova" da minha vida começará dentro de pouquíssimo tempo, nesta mesma Páscoa ...
Post escrito após a leitura do livro "Life of Christ" do Arcebispo Fulton Sheen, 1958, pág 59 a 69
Vendo que Moisés demorava a descer do monte, o povo reuniu-se à volta de Aarão e disse-lhe: «Vamos! Façamos para nós um deus que caminhe à nossa frente, pois a Moisés, esse homem que nos persuadiu a sair do Egipto, não sabemos o que lhe terá acontecido.» Aarão respondeu-lhes: «Tirai as argolas de ouro das orelhas das vossas mulheres, dos vossos filhos e das vossas filhas, e trazei-mas.» Eles tiraram as argolas que tinham nas orelhas e levaram-nas a Aarão.
Recebeu-as das mãos deles, deitou-as num molde e fez um bezerro de metal fundido. Então exclamaram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto» Vendo isso, Aarão construiu um altar diante do ídolo, e disse em voz alta: «Amanhã haverá festa em honra do Senhor.» No dia seguinte de manhã, ofereceram holocaustos e sacrifícios de comunhão. O povo sentou-se para comer e beber e depois levantou-se para se divertir. (Ex 32, 1-6)
De quantas formas diferentes este episódio poderia ser reescrito, com base em circunstâncias da minha vida? Poderia começar assim: "Vendo que o Senhor Se demorava a cumprir uma das Suas promessas, a impaciente Marisa, em vez de aguardar fielmente até que chegasse o momento certo e adequado, preparado com todo o carinho por Deus, reuniu todos os seus desejos e anseios, e disse: 'Vamos! Farei para mim um ídolo que caminhe à minha frente, que eu veja e toque, no qual eu possa mandar e assim fazer tudo consoante a minha vontade ..."
Conforta-me saber que não é só na minha vida que acontecem estes momentos de impaciência, de insegurança, de dúvida, de esquecimento das promessas do Senhor, de falta de Fé. A Fé, que é uma «resposta ao chamamento do Senhor», mas também um «exercício de memória», como explorámos num post anterior. O povo de Israel também caiu muitas vezes, como eu, na tentação da desconfiança das promessas do Senhor. E é nessas alturas que surge algo que é absolutamente contrário à Fé: a idolatria.
Algo está a acontecer, Moisés avisou-os de que o Senhor o tinha chamado a subir até ao topo do Monte Sinai, para lhe falar e ensinar as leis e os mandamentos, que trariam vida e paz a todo o povo no seu futuro na Terra Prometida. O povo vê a nuvem que passa a cobrir a montanha, Aarão vê a imagem do fogo no topo do Monte. Todos sabem que algo está a acontecer, naquele preciso momento das suas vidas, que Deus está a agir, que não está adormecido, nem Se esqueceu deles nem está ocupado com outra coisa...
E ainda assim, durante o período de quarenta dias e quarenta noites que "Moisés fica a falar com Deus no Sinai, o povo não suporta o mistério do Rosto Divino escondido, não suporta o tempo de espera". Com o passar do tempo, esquecem-se das promessas do Deus fiel, deixam que a dúvida e a suspeita comecem a entrar por entre brechas dos seus corações, como aconteceu com Adão e Eva no Éden, e tornam-se assim inseguros e impacientes. Da insegurança ao medo, acerca do presente e do futuro, é um saltinho. E o sentir medo aterroriza-os, porque leva-os a pensar e a reflectir, e sem a luz da Fé tudo parece tenebroso e incerto. Então o que fazem? Procuram a todo o custo "fazer festa", "comer e beber", "divertir-se", entreter-se, encher-se de outras coisas, para não terem que lidar com a realidade que vivem ...
"Por sua natureza, a Fé pede para se renunciar à posse imediata que a visão parece oferecer". É um convite ao respeito "pelo mistério próprio de um Rosto que Se pretende revelar", sim, mas apenas "no momento mais oportuno". Não conseguindo suportar este "ainda não" da parte do Senhor, o povo israelita procura não só anestesiar-se e embriagar-se com divertimentos e prazeres, mas também escolhe "adorar um ídolo cujo rosto se pode fixar e cuja origem é conhecida" porque foi feito pelas suas próprias mãos e à sua própria imagem.
Aliás, "diante deste ídolo, não se corre o risco de uma possível chamada" que os "faça sair" do seu conforto e segurança. Na verdade, a desconfiança, as dúvidas, o medo, a falta de Fé deste povo é de tal modo que, para o fabrico deste ídolo, eles aceitam até que lhes seja "tirada" as suas posses e bens, aceitam que os seus tesouros, que eram únicos e irrepetíveis, exclusivos de cada um, sejam conjuntamente despejados num molde uniforme, perdendo assim a sua originalidade e singularidade. Porque, um ídolo "é um pretexto para se colocar a si mesmo no centro da realidade", para a "adoração da obra das próprias mãos". E assim constroem altares para exaltarem a atenção própria, a exigência das suas "necessidades" e "direitos", o louvor do amor próprio...
Chama-me particularmente à atenção que o povo hebraico tenha caído neste pecado da idolatria exactamente quando já faltava tão pouco tempo para que a sua espera terminasse. Moisés já estava a caminho, já estava a preparar-se para começar a descer a montanha, e trazer-lhes as tábuas da salvação, que lhes indicaria o caminho e lhes garantiria um futuro feliz. Eles já se tinham esforçado e lutado, contra as tentações, durante tanto tempo de espera - estava quase, tão quase, só faltava um bocadinho mais ... Ah, como sou parecida com o povo hebreu.
Assim, "perdida a orientação fundamental que dá unidade à sua existência, o homem dispersa-se na multiplicidade dos seus desejos". Fragmenta-se, desintegra-se. Por isso, "a idolatria é sempre politeísmo, movimento sem meta de um senhor para outro. A idolatria não oferece um caminho, mas uma multiplicidade de veredas, que não conduzem a uma meta certa, antes se configuram como um labirinto". Deste modo, quem escolhe não "confiar-se a Deus", terá de ouvir "as vozes dos muitos ídolos que lhe gritam: «Confia-te a mim!»" Ininterruptamente, infindavelmente ...
Então, o que poderemos fazer? Escolher a Fé. "A fé, enquanto ligada à conversão, é o contrário da idolatria: é separação dos ídolos para voltarao Deus vivo, através de um encontro pessoal". Voltemos. Façamos memória, do passado e do futuro, e acreditemos "na Sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história". Deixemo-nos "incessantemente transformar" ao passo do chamamento do Senhor, que nos convida a sair do nosso egoísmo e do nosso pecado, para nos encontrar-nos com Ele. E, deste modo, iremos descobrir que, "paradoxalmente, é neste voltar-se continuamente para o Senhor, o homem encontra uma estrada segura, que o liberta do movimento dispersivo a que o sujeitam os ídolos."
O início do 3º dia da Criação relembra-nos a travessia do Mar Vermelho a pé enxuto pelo povo hebreu, fugindo da escravatura do Egipto e dirigindo-se para o grande deserto a que o Senhor os chamava a atravessar.
"Recorda-te de todo esse caminho que o Senhor, teu Deus, te fez percorrer durante quarenta anos pelo deserto, a fim de te tornar humilde, para te experimentar, para conhecer o teu coração" (Dt 8,2)
Também Jesus, após ter sido baptizado nas margens do rio Jordão, foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto - para nos mostrar a Sua humildade, para nos mostrar a pureza do Seu coração - como estava prefigurado na segunda parte do relato do 3º dia da Criação.
Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» E assim aconteceu. A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isto era bom. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia. (Gn 1,11-13)
Foram 3 os tipos de plantas que Deus fez brotar da terra seca recém criada, à semelhança das 3 tentações pelas quais Cristo passou nos 40 dias e 40 noites em que jejuou no deserto. Por 3 vezes, Satanás tentou que Jesus cedesse e se afastasse da Sua missão de Redenção da humanidade. Por 3 vezes, Satanás tentou reproduzir, na vida e figura de Jesus, a falta de confiança demonstrada neste deserto pelo povo hebreu, na Providência Divina e nas promessas do Senhor.
A primeira tentação foi a da procura do conforto e do prazer dos sentidos:«Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães» (Mt 4,3) - à semelhança do povo hebreu que murmurou contra Moisés e, assim, contra o Senhor, com medo de morrerem à fome no deserto. Mas Jesus relembra-nos que «Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4,4).
A segunda tentação foi a da procura do poder e do controlo:«Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, que o Senhor Te sustentará» (Mt 4,6) - relembrando a ocasião em que o povo israelita, mais uma vez, duvidou das promessas do Senhor e exigiu um milagre, uma prova, do Seu amor e do Seu cuidado paternal. Mas não teria Deus já dado provas suficientes? Quão curta pode ser a nossa memória?
Por fim, a terceira tentação foi a da procura da própria glória e louvor: «Tudo isto [reinos e poderes do mundo] Te darei, se, prostrado, me adorares» (Mt 4,9) - Ah, a procura incessante do ser humano em ser adorado, admirado e glorificado. Como parece que queremos ser, sempre, fortes, grandes e importantes. Jesus, pelo contrário, aceitou tornar-se pequeno e humano, para chegar até junto de nós. Aceitou tornar-se escravo por amor, cordeiro sacrificial para nos salvar. «Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» (Mt 4,10) Tudo o que somos, tudo o que possuímos, tudo o que conseguimos, tudo isto é por graça e amor do Senhor.
Também nós, no nosso Baptismo, à semelhança de Cristo, somos chamados a renunciar a estas 3 tentações: ao conforto da nossa Carne, ao desejo de controlo sobre o Mundo e ao orgulho favorecido pelo Diabo.
No deserto, o povo israelita deixou-se vencer pelo seu pecado e pela sua concupiscência, escolhendo esquecer-se e afastar-se do amor do Senhor. Jesus, pela Sua humildade, conseguiu restituir a infidelidade cometida, por mim e por ti, ao amor oferecido por Deus. E Jesus venceu, sem fazer nenhum feito extraordinário, sem fazer nenhum milagre. Ele venceu todas as tentações puramente através da sua humanidade, recitando de memória as promessas que o próprio Senhor tinha feito, ao longo dos tempos, ao seu povo escolhido e muito amado.
A vitória de Jesus sobre as tentações no deserto antecipa, desde já, a Sua vitória também na Paixão, o mais supremo acto de obediência ao amor do Pai.
Continuamos na maré de reflexões feitas durante as noites de insónia ...
O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo. O Senhor Deus levou o homem e colocou-o no jardim do Éden, para o cultivar e, também, para o guardar. O homem designou com nomes todos os animais domésticos, todas as aves dos céus e todos os animais ferozes; contudo, não encontrou auxiliar semelhante a ele.
Então, o Senhor Deus fez cair sobre o homem um sono profundo; e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma das suas costelas, cujo lugar preencheu de carne.Da costela que retirara do homem, o Senhor Deus fez a mulher e conduziu-a até ao homem. (Gn 2,7.15.20-22)
Costumava pensar em como deveria ser fácil e simples a vida no jardim do Éden. Oh, como seria bom voltar para lá, se fosse possível ... Quanto mais amadureço e mais vezes leio este relato, mais me vou apercebendo de que essa facilidade, afinal, não aparece escrita (nem implícita) em lado nenhum ...
Na história do primeiro casal da humanidade, vemos claramente como cada um recebeu o outro das próprias mãos de Deus. Não foi por conquista, nem por procura, nem por qualquer mérito próprio. O dom da vida do outro foi puro dom imerecido, dado por pura bondade pelo Deus-Amor.
Aliás, se lermos com atenção todo o relato da Criação, apercebemo-nos que tudo, absolutamente tudo - desde os animais, aos alimentos, até ao amor do cônjuge - é dado na forma de esperança e de dom de Deus. A lição diária da vida no jardim do Éden parece ser o aprender, dia após dia, a tudo receber das mãos de Deus ...
Adão é chamado a dominar o mundo, não para o destruir; mas para dele fazer brotar a vida, a cada novo instante, protegendo-a, conservando-a, guardando-a de todos os perigos ...
Adão foi feito à imagem de Deus, sim. Mas, sozinho, nunca se poderia tornar Seu semelhante, como era o desejo mais profundo que Deus tinha semeado no seu coração, desde o primeiro momento de vida. Adão pressentia esta realidade, mesmo sem a conhecer na totalidade, e por isso sentia-se profundamente insatisfeito e incompleto. Porque, para tornar-nos semelhantes a Deus, temos de nos tornar semelhantes à Santíssima Trindade, pura comunhão de Amor.
Assim, Adão adormece e deixa que Deus realize este seu desejo mais profundo. Coloca-se, uma vez mais, nas mãos de Deus. Adão adormece na expectativa e na esperança de que o Deus-Amor - que ele tinha vindo a conhecer e amar a cada novo passeio pela brisa da tarde - seria capaz de cumprir perfeitamente esse desejo de completude do seu coração - como só o melhor dos Pais e o mais perfeito dos Criadores o poderia fazer.
E é sob esta confiança e este abandono à vontade Divina, da parte de Adão, que Deus vai moldar, dando um corpo e espírito, àquela que corresponderá ao coração de Adão. É mais uma ternura da parte de Deus, dar ao homem a alegria de ser atendidona oração...
Finalmente, homem e mulher, unidos num só corpo e espírito, amando-se de tal forma que o seu amor transborda e transmite-se, ao ponto de ser capaz de gerar nova vida - tornando-se uma família - essa é a imagem e semelhança mais perfeita de Deus, Santíssima Trindade.
A serpente retorquiu à mulher: «Não, não morrereis;porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal». Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu. (Gn 3,4-6)
É impressionante apercebermo-nos de como a tentação, trazida pela serpente, vem exactamente na direcção deste desejo profundo (e justo!) que Adão e Eva têm de se realizarem numa semelhança cada vez mais perfeita com Deus ...
Contudo, ao contrário do acto de puro abandono de Adão nas mãos de Deus, Eva cede à tentação de procurar cumprir este desejo por sua própria iniciativa. Ao contrário de Adão, que se abandona à vontade Divina, Eva cede à tentação da cobiça. Enquanto Adão tinha demonstrado que estava disposto a esperar pelo tempo do Senhor - quem saberia se ainda demoraria dias, meses, anos ou décadas! - até que o seu desejo fosse cumprido, Eva cede à tentação de querer adquirir, imediatamente, a realização da promessa sibilada pela serpente ...
Eis o balanço da tragédia: o desejo original, puro e bem ordenado, que atraía mutuamente o homem e a mulher, e tanto um como o outro para a sua realização na semelhança perfeita com o Deus-Amor, alterou-se - de forma, aparentemente, irremediável...
Este desejo de semelhança com Deus, no homem, tornou-se em vontade de domínio e de posse sobre o outro - em vez de o acarinhar e proteger como dom de Deus. Na mulher, transformou-se em cobiça jamais saciada e numa atitude de insatisfação perene - em vez do acolhimento e nutrimento a que era inicialmente chamada ...
E pensar que Jesus, na Sua humanidade, e através da nova mulher, Maria, veio não só redimir e reparar o pecado cometido - por mim, por ti, todos os dias da nossa vida - mas também libertar-nos dele e das suas garras, e assim salvar-nos - para sempre! Sempre!
Sempre me maravilhou a forma como Deus consegue ensinar-nos grandes lições a partir de coisas pequenas do dia a dia...
Já sei muito bem que a luta contra a impaciência e o combate pela virtude da paciência e da temperança acompanhar-me-ão todos os dias da minha vida aqui na terra. Um dia destes, estava eu a rezar o Terço, como o faço diariamente, e dei por mim a reparar na forma como passava as contas do rosário. Pela primeira vez, apercebi-me que, ainda que eu estivesse a rezar as palavras do meio dum Pai Nosso ou Avé Maria, os meus dedos se apressavam a alcançar o início da conta seguinte, uma e outra e outra vez... Caramba Marisa, até aqui se expressa a tua impaciência!
A impaciência costuma ser facilmente visível em pequenos comportamentos do nosso dia a dia, em casa, no trabalho, no trânsito, nas relações com os outros, na comunicação - e, pelos vistos, até na nossa forma de rezar! Mas esses comportamentos são, na verdade, expressões duma realidade mais profunda dentro de nós. Não sabemos esperar pelos outros, nem pelo próprio Deus. Não sabemos esperar pelo tempo ou os caminhos do Senhor. Achamos que sabemos mais e melhor, que sabemos fazer tudo da forma mais rápida e eficaz. Temos pressa, nem sei bem de quê nem para quê, de passar à tarefa seguinte, à actividade seguinte, à etapa seguinte. Somos descontentes e ingratos pelo momento presente, que os outros e o Senhor nos oferecem, e que desejam viver connosco. E, dou por mim a pensar, se reflectirmos com atenção, a impaciência, muitas vezes, mais não é do que soberba disfarçada...
Assim, desde esse dia, fiz um firme propósito (por mais tolo que pareça) de apenas mexer os meus dedos para alcançar a conta seguinte apenas quando terminasse, realmente, a oração do Pai Nosso, da Avé Maria, do Glória ... Não foi um hábito fácil de adquirir, e de vez enquanto ainda caio no meu comportamento anterior mas ...
É meramente um sinal, que expressa um propósito mais profundo e importante: a luta constante contra a minha soberba e impaciência, a minha rebeldia e pecado; a humildade de saber esperar pelo tempo e os caminhos de Deus, sempre mais perfeitos e maravilhosos do que tudo o que eu possa imaginar; o permanecer em paz e quietude de espírito, sabendo que Deus tem tudo no Seu divino controlo, que não existe nada que aconteça sem a Sua vontade ou consentimento; o aceitar que "para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu" (Ecl 3,1) ou que, nas palavras de Jesus
«Não se vendem dois passarinhos por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados! Não temais, pois valeis mais do que todos os passarinhos» (Mt 10, 29-31)
Continuamos a explorar a líndissima igreja recém terminada na cidade de Magdala, uma cidade com tanta importância nas Sagradas Escrituras para nós, mas que esteve perdida e escondida debaixo da areia durante séculos e séculos ...
O nome desta Igreja, em latim, 'Duc In Altum', consagrada em 2014 pelo Patriarca de Jerusalém, foi inspirado nas palavras que Jesus disse aos Seus primeiros Apóstolos, entre eles Simão Pedro, após uma noite de pesca infrutífera. Depois de ter ensinado uma multidão inteira, Jesus diz-lhes
"Lançai [as redes] para as profundezas"
ou "Duc in altum" (Lc 5,4)
E eles assim fizeram, eles assim obedeceram, apesar de algo hesitantes. O resultado? Bem, nada menos que uma rede de pesca quase a rasgar-se com o peso de tal pescaria extraordinária ...
Na verdade, toda a construção desta bela igreja (cujas fotos partilhei já convosco no post anterior) serve para nos relembrar e inspirar a não ter medo de confiar nestas palavras de Jesus, nosso Mestre, que nos incentiva a lançar-nos nas profundezas do Seu tremendo e infinito amor... Ouçamos, confiemos, obedeçamos e lancemo-nos - sem qualquer medo ou receio. Jesus estará lá - sempre - connosco e Ele promete-nos que os frutos de tal acto de coragem serão - sempre - imensamente numerosos ...
Nós avançamos também, explorando esta bela e ampla igreja, construída para receber multidões de peregrinos ... mas quase só estamos aqui nós, os 40 peregrinos vindos de Portugal. E eu lembro-me das outras palavras de Jesus
Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida,
e como são poucos os que o encontram!
Mt 7,14
Encontramo-nos sob o manto de Nossa Senhora de Guadalupe (cuja festa celebramos esta semana, a 12 de Dez!), pintado no tecto da igreja - e que nos faz sentir quase como se, também nós, à semelhança de Jesus neste período de Advento, estivéssemos dentro do ventre desta querida Mãe, que nos acolhe e protege com a sua perpétua oração e intercessão...
A nossa guia indica-nos que devemos seguir através duma porta estreita. Porque sorris tanto Marisa? - perguntam-me os outros peregrinos. Oh, Deus tem cá um sentido de humor! .
Esta porta estreita leva-nos, tão adequadamente, até às profundezas desta igreja e, bem, até às profundezas do meu coração quando, através dum quadro nesta modesta e simples capela, chamada Capela do Encontro, sem qualquer aviso, Jesus me leva às lágrimas...
[Havia uma ] certa mulher, vítima de um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de muitos médicos e gastara todos os seus bens sem encontrar nenhum alívio, antes piorava cada vez mais ...
Mc 5, 25-26
Começo eu a recitar esta parábola de Jesus que, talvez, mais que qualquer outra, eu sei quase de cor, de tantas e tantas vezes que a li e reli e reli ... E de tantas vez que a cantei - graças a uma das minhas músicas favoritas da Danielle Rose - If I touch Him (se eu Lhe tocar).
Estava escrito no livro do Levítico que
«Quando uma mulher tiver o fluxo de sangue que corre do seu corpo, permanecerá durante sete dias na sua impureza. Quem a tocar ficará impuro até à tarde. Todo o objecto sobre o qual ela se deitar, durante a sua impureza, ficará impuro; tudo aquilo em que se sentar, ficará impuro. Quem tocar no seu leito, deverá lavar as vestes, banhar-se-á em água e ficará impuro até à tarde. Quem tocar em qualquer objecto em que ela tenha estado sentada lavará as vestes, banhar-se-á em água e ficará impuro até à tarde. Quem tocar nalguma coisa que estiver sobre a cama ou sobre o móvel em que ela se sentou, ficará impuro até à tarde. Se um homem coabitar com ela e a sua impureza o atingir, ficará impuro durante sete dias, e todo o leito em que se deitar ficará impuro.
Quando uma mulher tiver um fluxo de sangue durante vários dias, fora do tempo normal de impureza, isto é, se o fluxo se prolongar para além do tempo da sua impureza, ficará impura durante todo o tempo desse fluxo, como no tempo da sua impureza. Durante todo o tempo desse fluxo, todo o leito em que se deitar será para ela como o leito em que se deitava durante a sua impureza; qualquer móvel sobre o qual se sentar ficará impuro, como no tempo da sua impureza; quem os tocar ficará impuro; deverá lavar as suas vestes, banhar-se-á em água e ficará impuro até à tarde. Quando terminar o fluxo de sangue, contará sete dias e, depois, ficará pura.»
Lev 15, 19-28
Conseguem imaginar o profundo e intenso sofrimento desta mulher, que há 12 anos mantinha este fluxo de sangue?
Há 12 anos que não podia tocar em ninguém, nem ninguém lhe podia tocar. Teria ela uma família, um marido e filhos? Meu Deus, imaginar 12 anos sem lhes poder tocar... Oh, quanto desejava fazê-lo ... Mas ela sabia que, se o fizesse, os tornaria impuros ... E o amor de mãe e o amor de esposa é muitíssimo maior que este desejo - então, por amor aos outros, lutando contra os desejos do seu próprio coração, mantinha-se firme na resolução de não tornar os outros impuros, de não levar os outros a pecar ...
Ela tinha procurado ajuda em tudo quanto fosse lugar, tinha gasto tudo o que tinha, tinha-se colocado nas mãos de todos os que eram chamados de sábios e de médicos ... e nada, absolutamente nada, era capaz de sarar aquela ferida aberta, aquela profunda ferida aberta, que lentamente, gota por gota, lhe retirava toda a vida ...
Até que surgiu Jesus. É sempre assim, também nas nossas vidas - chega Jesus e nunca nada é o mesmo!
Tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-lhe, por detrás, nas vestes, pois dizia: «Se ao menos tocar nem que seja as Suas vestes, ficarei curada.»
Mc 5, 27-28
Ela tinha-se tentado esconder por entre a multidão. Já estava tão habituada a isso ... Durante anos tinha vivido com intensos sentimentos de vergonha e de culpa. Durante anos tinha-se sentido suja .... Terá sido, muito provavelmente, expulsa de muitos locais pela sua situação. Oh, o que aconteceria se alguém a reconhesse? Oh, se alguém descobrisse que ela se tinha atrevido a estar no meio duma multidão! ...
Pela primeira vez, ao fim de tantos e tantos anos, um sentimento mais forte que a culpa e a vergonha tinha surgido na sua vida - a Fé. Sim, apenas Ele a poderia salvar, oferecendo-lhe o amor misericordioso que ela tanto procurava. A Fé que tem origem no amor de Deus torna-nos corajosos e audazes...
♫ Se ao menos eu Lhe tocar, Ele curará o meu coração que sangra
Se eu Lhe tocar, Ele dar-me-á tudo o que eu preciso
Se apenas esticar a minha mão e Lhe tocar na orla das Suas vestes
Eu acredito que serei tornada inteira novamente ... ♪
Apreciem bem todo o realismo desta pintura belíssima do artista Daniel Cariola ...
De facto, no mesmo instante se estancou o fluxo de sangue, e sentiu no corpo que estava curada do seu mal. Imediatamente Jesus, sentindo que saíra Dele uma força, voltou-se para a multidão e perguntou: «Quem tocou as minhas vestes?»
Os discípulos responderam: «Vês que a multidão te comprime de todos os lados, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?’» Mas Ele continuava a olhar em volta, para ver aquela que tinha feito isso.
Mc 5, 29-32
Oh, o poder dum simples toque ...
Jesus tinha acabado de ser chamado, à pressa, para ir acudir a filha de Jairo, uma menina de 12 anos, que estava à beira da morte ... Também esta mulher tinha estado a morrer, esvaindo-se em sangue que brotava do seu corpo e da profunda ferida aberta da sua alma, nos últimos 12 anos ....
À filha de Jairo, Jesus segurará na sua mão e ressuscita-la-á dos mortos ... Também a esta mulher bastará um simples toque, único e especial, incomparável a qualquer outro, para a trazer de novo à vida ...
Num instante toda a vergonha, toda a culpa, toda a imundice, toda a solidão, toda a dor, oh tão forte e profunda, desapareceu ... terminou ... para sempre!
Então, a mulher, cheia de medo e a tremer, sabendo o que lhe tinha acontecido, foi prostrar-se diante Dele e disse toda a verdade.
Disse-lhe Ele: «Filha, a tua fé salvou-te; vai em paz e sê curada do teu mal.»
Mc 5, 33-34
Como é grande o amor de Deus por nós! Tão grande e belo e imenso, que nos tira o fôlego e faz tremer o nosso corpo com toda a Sua intensidade! Que nos leva a desejar colocar-nos de joelhos diante d'Aquele que nos dá uma nova vida ...
♬ Então a criança dentro da minha alma, que eu pensava que tinha morrido há tanto tempo atrás
Foi ressuscitada de novo à vida e eu senti uma alegria até nos meus ossos.
Então eu fui a correr contar - aos cegos, aos coxos, aos que andavam de coração partido, aos que sentiam vergonha
Aos ricos, aos pobres, aos jovens, aos velhos - a verdade que precisa de ser proclamada! ♪
♪ Se tu Lhe tocares, Ele curará o teu coração que sangra,
Se tu Lhe tocares, Ele te dará tudo o que tu precisas,
Se tu ao menos esticares as tuas mãos e tocares no Pão do Céu,
Acreditas que Ele será capaz de te tornar inteiro novamente? ♫
Partimos do Monte Nebo e chegamos a Betânia da Jordânia - e está tanto, tanto calor!
É preciso deixarmos para trás o conforto do ar condicionado do nosso autocarro, respirar fundo uma última vez e mergulhar na onda de calor. Ao fim de 6 dias de peregrinação, continuo sem me conseguir habituar ao calor tão intenso e sufocante (duvido muito que alguma vez consiga). Mas estamos em Betânia da Jordânia! E tantas coisas importantes aconteceram aqui ...
Naqueles dias, apareceu João, o Baptista, a pregar no deserto da Judeia. Dizia: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» Iam ter com ele os de Jerusalém, os de toda a Judeia e os da região do Jordão, e eram por ele baptizados no Jordão, confessando os seus pecados.
Disse-lhes: «Eu baptizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de Lhe descalçar as sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo.»
Mt 3, 1-2; 5-6; 11
Disseram [a João]: «Quem és tu, para podermos dar uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?». Ele declarou:
‘«Eu sou a voz de quem grita no deserto:
Rectificai o caminho do Senhor’,
como disse o profeta Isaías.»
Ora, havia enviados dos fariseus que lhe perguntaram: «Então porque baptizas, se tu não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo com água, mas no meio de vós está Quem vós não conheceis. É Aquele que vem depois de mim, a Quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias.»
Isto passou-se em Betânia, na margem além do Jordão, onde João estava a baptizar.
Jo 1, 22-28
Foi aqui, aqui mesmo, neste lado da margem do rio Jordão que agora pertence à Jordânia, que São João começou a baptizar o povo de Deus. Em tempos, as águas do rio Jordão chegavam até aqui; agora, temos de andar largos minutos a partir deste local, até chegarmos perto da água do rio...
A foto de cima mostra as ruínas de uma das primeiras igrejas aqui construídas, inicialmente sobre as águas do rio. Desde cedo, peregrinos de todo o mundo vieram até este local, a fim de serem baptizados nas águas do rio Jordão, e assim foram sendo construídas diversas igrejas perto destas águas, tal como o mosaico da foto de baixo nos mostra.
Ainda hoje, muitos cristãos vêm aqui de propósito para se baptizarem nas águas do rio Jordão - como, aliás, estava a acontecer, no lado israelense do rio Jordão, quando aqui chegámos. Quase que me apetecia gritar-lhes: Pessoal, enganaram-se! Leiam lá bem a Bíblia - foi deste lado do rio, não desse ...
Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou.
Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.»
Mt 3, 13-17
No dia seguinte, ao ver Jesus, que se dirigia para ele [João], exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É Aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um Homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.’ Eu não O conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.»
E João testemunhou: «Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele. E eu não O conhecia, mas Quem me enviou a baptizar com água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires descer o Espírito e poisar sobre Ele, é o que baptiza com o Espírito Santo’. Pois bem: eu vi e dou testemunho de que Este é o Filho de Deus.»
Jo 1, 29-34
Tenho de ser sincera convosco e admitir que fiquei um pouco desiludida quando finalmente vi o rio Jordão - a água era verde e suja e não cheirava propriamente bem ... mas a Igreja diz-nos que se trata de água abençoada e portanto toca a benzer-nos com ela!
Fez-me lembrar do meu processo de aceitação do Mistério da Sagrada Eucaristia - a hóstia consagrada não parece nada ser o corpo de Jesus, mas Jesus (e por isso a Igreja também) disse-nos que é, mesmo, realmente, apesar dos nossos olhos não verem nada de diferente naquela pequena hóstia ...
"Padre Miguel, podemos renovar as nossas promessas de Baptismo aqui?" - pergunto eu.
"Não!" - é a resposta bem enfática. Por esta é que eu não esperava ...
Na verdade, iríamos sim renovar as nossas promessas de Baptismo, uns dias mais tarde, na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, junto do local onde Jesus foi crucificado e junto do local onde Ele ressuscitou.
Mas porquê???... Estava na altura de mais uma catequese
Ora, o baptismo que João realizava no rio Jordão era um baptismo de conversão, de arrependimento, de penitência. Quando alguém desejava e aceitava ser baptizado por João, estava a reconhecer os seus pecados perante Deus (e também publicamente). A água do baptismo de João pretendia representar a lavagem das nossas impurezas e a preparação para uma vida nova, um novo nascimento ...
Este baptismo foi importante, sim, porque serviu como preparação para o verdadeiro Baptismo, que Jesus nos ofereceria mais tarde. Este baptismo pretendia ser um sinal para algo maior e mais profundo que iria acontecer em breve.
João, como protótipo dos fiéis que tentam sempre escutar e fazer a vontade de Deus, sabia disto tudo e é por esta razão que fica bastante atordoado quando vê Jesus na fila dos que se querem baptizar, na fila dos pecadores. É por isso que João tenta opor-se a baptizar Jesus naquelas águas. Então, diz ele, «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» - oh, quantas e quantas vezes ficamos também nós atordoados com a humildade de Deus ...
Não se baralhem, Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, jamais pecou. Em tudo Ele foi semelhante a nós na Sua vida terrena, em absolutamente tudo - excepto no pecado. Assim, é óbvio que Ele não precisava de passar por um baptismo de conversão e arrependimento ...
Mas, ainda assim, fê-lo. Porquê? Pelo menos, por duas razões.
Quando Jesus aceitou tornar-se homem, Ele assumiu, voluntariamente, a nossa carne, a nossa natureza humana, a nossa natureza pecadora. Assim, pergunto-vos, quando Jesus foi imergido nas águas do rio Jordão, quem é que afinal foi baptizado naquela altura? Ele ou nós, o homem velho, o velho Adão, ou seja, toda a humanidade?
Este baptismo simbolizava a preparação para o início duma nova vida, lembram-se? E foi apenas depois de ter sido baptizado por João, que Jesus iniciou o Seu ministério, a Sua pregação, a Sua missão - e, assim, o início da nossa nova vida.
Além disso, foi depois de Jesus ser baptizado que o Espírito Santo se manifestou e a voz do Pai se fez ouvir, «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado».
Então, quando é que o Sacramento do Baptismo foi instituído?
Na Cruz!
Quando, do coração aberto de Jesus, foi derramado sangue e água. Esse é o verdadeiro Baptismo, que não só nos purifica totalmente dos nossos pecados como (que grande mistério este!) nos torna verdadeiros filhos de Deus!
Como não podia deixar de ser, as canções da minha querida Danielle Rose acompanharam-me em toda esta peregrinação à Terra Santa. Assim, partilho convosco a canção que ela compôs para o 1º Mistério Luminoso do Terço, o baptismo de Jesus no rio Jordão.
Behold the Lamb of God
From the perspective of John the Baptist
(Matthew 3:13-17, Mark1:9-11, Luke 3:21-22, John 1:19-34, 4:29-30)
It is I who need you, and yet you come to me. I must grow smaller, so you will increase. God said, “This is my Beloved Son, with whom I am well pleased.” So this joy of mine has been made complete.
I was buried with you in the water, but I rose again gasping to take a new breath. Drowned by your grace on the altar, I drink of your cup, I drink of your death.
Behold the Lamb of God. Behold the Lamb of God, Who takes away the sin of the world. Behold the Lamb of God.
The veil shrouding heaven was torn from my eyes, Then a waterfall of grace tumbled down from the sky. The Spirit swirled ‘round with wings white as a dove, Descending upon the Father’s Beloved.
We were buried with you in the water, but we rose again gasping to take a new breath. Drowned by your grace on the altar, we drink of your cup, we drink of your death.
I am not worthy. I am not worthy to touch your feet. I am not worthy to receive you, But only say the word and I shall be healed!
Eis o Cordeiro de Deus
A partir da perspectiva de João Baptista
(Mt 3:13-17, Mc 1:9-11, Lc 3:21-22, Jo 1:19-34, 4:29-30)
Sou eu que preciso de Ti e, no entanto, és Tu que vens até mim Eu devo decrescer, de modo a que Tu aumentes. Deus disse: “Este é o meu Filho Amado, em Quem Eu muito Me comprazo”. Então esta minha alegria ficou completa.
Fui enterrado conTigo na água, mas levantei-me desejoso dum novo fôlego Imergido pela Tua graça no altar, eu bebo do Teu cálice, eu bebo da Tua morte.
Eis o Cordeiro de Deus. Eis o Cordeiro de Deus Que tira o pecado do mundo. Eis o Cordeiro de Deus.
O véu que cobria o céu foi arrancado dos meus olhos, E assim uma cascata de graças desceu dos Céus. O Espírito Santo girou com umas asas brancas como uma pomba, Descendo sobre o Amado do Pai.
Nós fomos enterrados conTigo na água, mas levantamo-nos desejosos dum novo fôlego Imergidos pela Tua graça no altar, nós bebemos do Teu cálice, nós bebemos da Tua morte.
Eu não sou digno. Eu não sou digno de tocar nos Teus pés. Eu não sou digno de Te receber Mas dizei apenas uma palavra e eu serei salvo!