Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Meditar no 2º dia do relato da Criação permite-nos também compreender melhor o significado do Baptismo de Jesus.
Veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele.João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou. Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele.E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus todo o Meu agrado.» (Mt 3,13-17)
Jesus é baptizado no rio Jordão, o rio cujo nome significa "Aquele que desce" em hebraico. Lembrando a analogia do último post, não me parece ser um acaso que este rio nasça no topo dum monte, o monte Hérmon, em Cesareia de Filipe no norte de Israel. Na verdade, o monte Hérmon é um monte tão alto - e assim tão perto da morada de Deus - que permanece coberto de neve durante a maior parte do ano.
Foi bem aqui em cima, em Cesareia de Filipe, perto da nascente do rio Jordão, que Jesus deu a Pedro as chaves do Reino dos Céus, representando a sua união íntima com o coração do Senhor.
Desde a sua origem no norte de Israel, o rio Jordão vai descendo continuamente, atravessando Israel, até por fim desaguar no ponto mais baixo de toda a terra, no mar Morto. Podendo ter escolhido qualquer ponto do comprimento do rio, o Senhor chamou João Baptista a baptizar o povo judeu no local imediatamente antes deste rio chegar às águas estéreis e inóspitas do mar Morto.
Foi bem aqui em baixo, perto do ponto de entrada no mar Morto, que Jesus escolheu também ser baptizado por João. Jesus vai-nos buscar, independentemente do quão fundo o nosso pecado nos arrastar, não desistindo de nós e de nos salvar até ao último instante da nossa vida, antes de nos perdermos completamente no Inferno...
Mas vamos voltar ao simbolismo do 2º dia do relato da Criação. Com o Seu Baptismo, Jesus entra dentro das águas de baixo, das águas do abismo, assim como depois entrará nas águas do sofrimento e da Sua morte. Ele ergue-se destas águas, tal como virá depois a erguer-se da morada dos mortos, ao ressuscitar. Os Céus rasgam-se; a barreira, a divisão, existente entre Deus e o homem, desde o 2º dia da Criação, que impedia que o homem se unisse plenamente ao seu Criador, desaparece. Os Céus abrem-se, a Vida Eterna torna-se possível ao homem, de tal forma que o Espírito Santo desce, sob a forma duma pomba, tal como fará mais tarde no dia do Pentecostes, para anunciar através de Jesus, a todos os homens, o quanto cada um de nós é, também, o Seu filho muito amado ...
O Baptismo de Jesus destrói assim a barreira que nos separava de Deus e abre-nos as portas do Céu ...
E os últimos dias mostraram-me exactamente isso. De repente, Deus deu-me várias oportunidades para pôr em prática a 5ª pedrinha do Rei David - ou agora, a 5ª talha das Famílias de Caná- a Visitação! Desde puder visitar queridos amigos ao hospital, até ajudar na recolha de alimentos para a Cáritas local!
A visitação sempre foi, para mim, o mais difícil de cumprir dentre os vários objectivos que as Famílias de Caná se auto-propõem. E, apesar do imenso trabalho que tenho neste momento na faculdade, não consegui dizer que não a Deus e aos Seus múltiplos pedidos. Sim, Jesus! Tu queres Jesus, então eu também quero!
Assim, tive de utilizar o tempo que seria dedicado a escrever o post da semana passada nestas actividades!
Esta situação vem bem a propósito do tema que tinha planeado falar no post desta semana - a santidade.
Nomeadamente, a minha santidade. E se quiserem, a vossa também.
É sempre bom ler e ficar a conhecer mais sobre a vida dos vários Santos. É sempre bom seguirmos os seus exemplos e tentarmos imitá-los em tudo o que fizeram. É sempre bom tentarmos ser cada vez mais como eles. Eles continuam a ser nossos amigos, mesmo estando no Céu! E eles tentam guiar-nos nesta estrada multifacetada, mas sempre atribulada, que é o caminho da santidade em direcção à vida eterna e ao amor infinito de Deus Pai!
Mas a verdade, é que há dias em que penso que Deus ficaria muito mais feliz se, em vez de tentar imitar o que um santo fez, eu apenas tentasse ser santa à minha maneira!
Esta é, afinal, a mensagem que se tenta sempre passar nas Famílias de Caná! :)
O meu Crisma
Há uns tempos, tive a oportunidade de ouvir uma canção, escrita, tocada e cantada pela belíssima Danielle Rose, uma cantora católica americana. A canção chama-se The Saint That Is Just Me (que eu tomei a liberdade de traduzir por, A Santa Que Só Eu Posso Ser).
A letra falou-me ao coração desde o primeiro instante! Tanto porque eu própria tentei tudo o que ela descreve, como também pelo facto de eu ter chegado à mesma conclusão no mesmo dia em que a ouvi pela primeira vez!
Ora deliciem-se!
Danielle Rose - The saint that is just me
O I thought Iʼd be heroic and inspiring.
I wanted to offer you the greatest sacrifice.
Like all the saints whoʼd gone before me,
I tried to prove my love for you, and so to gain the prize.
I thought Iʼd be a martyr like Cecilia.
I hoped Iʼd disappear like Saint Therese,
Or wear a hidden crown of thorns like Rose of Lima,
To heal the sick and raise the dead.
When you hung upon the cross looking at me,
You didnʼt die so I would try to be somebody else.
You died so I could be the saint that is just me.
I wanted to be poor and free like Francis,
To cut off my long hair like lovely Clare.
To be faithful like Mother Teresa in the darkness,
Lord, wonʼt you make me just like her?
I tried to kneel for hours in the chapel corner,
To persevere like Paul with all my sleepless nights,
To stay awake and trim my lamp with ten wise virgins,
To really give the devil a good fight.
When you hung upon the cross looking at me,
You didnʼt die so I would try to be somebody else.
You died so I could be the saint that is just me,
Just me, you died just for me.
Just me, just me, you died just for me.
You saw that I was perfectly imperfect.
O happy fault, the sin of Adamʼs pride.
Thatʼs the reason that you became man,
And bore the new Eve from your wounded side.
If it werenʼt for my sins and wounds and weakness,
Then you wouldnʼt have married me upon the cross.
Why do I fear being seen naked and broken?
Thatʼs why you came; ʻcause I need you that much.
When you hung upon the cross looking at me,
You didnʼt die so I would try to be somebody else.
You died so I could be the saint that is just me
Danielle Rose - A santa que só eu posso ser (tradução minha)
Oh, eu pensei em ser uma heroína e uma inspiração.
Eu queria oferecer-Te o maior sacrifício.
Como todos os santos o fizeram antes de mim,
Eu tentei provar o meu amor por Ti, e assim ganhar o prémio...
Eu pensei em tornar-me numa mártir como St. Cecília.
Eu esperava conseguir desaparecer como Santa Teresa,
Ou usar uma coroa de espinhos escondida como St. Rosa de Lima,
Curar os doentes e ressuscitar os mortos.
Quando, pendurado na cruz, Tu olhas para mim,
Tu não morreste para que eu tentasse ser outra pessoa.
Tu morreste para que eu pudesse tornar-me na santa que só eu posso ser.
Eu queria ser pobre e livre como São Francisco
Cortar o meu cabelo comprido como a adorável St. Clara.
Ser fiel como a Madre Teresa na escuridão,
Senhor, porque é que não me fazes exactamente como ela?
Eu tentei ajoelhar-me durante horas num canto da capela,
Perseverar como St. Paulo em todas as minhas noites sem dormir,
Ficar acordada e cuidar da minha lâmpada como as dez virgens prudentes,
Dar realmente uma boa luta ao diabo!
Quando, pendurado na cruz, Tu olhas para mim,
Tu não morreste para que eu tentasse ser outra pessoa.
Tu morreste para que eu pudesse tornar-me na santa que só eu posso ser.
Apenas eu, Tu morreste apenas por causa de mim
Só eu, apenas eu, Tu morreste apenas por causa de mim
Tu vistes que eu era perfeitamente imperfeita.
Oh, culpa feliz, o pecado do orgulho do Adão.
Esta é a razão pela qual Tu te tornaste homem,
e ergueste a nova Eva do Teu lado ferido.
Se não fosse pelos meus pecados e feridas e fraquezas,
Tu não terias casado comigo na Cruz
Porque tenho medo de ser vista nua e despedaçada?
Foi por essa razão que Tu vieste, porque eu precisava assim tanto de Ti!
Quando, pendurado na cruz, Tu olhas para mim,
Tu não morreste para que eu tentasse ser outra pessoa.
Tu morreste para que eu pudesse tornar-me na santa que só eu posso ser.
A história de cada pessoa é diferente. A vida de cada filho de Deus é diferente. Não existe ninguém neste mundo que tenha uma história exactamente como a minha - porque a história de vida de cada um de nós é escrita por Deus! Ele é o melhor, mais eloquente, mais pormenorizado e mais surpreendente escritor que eu alguma vez conheci! As histórias escritas por Deus são sempre as mais bonitas!
Então, porque é que eu às vezes insisto em retirar-Lhe a caneta das mãos, e tentar escrever eu própria a minha história? Porque não confio mais Naquele que me criou e me deu vida? Porque não confio mais Naquele que mais me ama neste mundo? Porque não confio mais Naquele que cuida de mim, com tanto zelo e carinho, a cada segundo?
Foi Deus que me concebeu e desenhou, desde o início da Criação do Universo: ele decidiu quais seriam as minhas qualidades, mas também os meus defeitos e as minhas limitações. Em relação a estas últimas, não tenho dúvidas de que Deus mas deu exactamente para as poder ultrapassar com a Sua ajuda, pela Sua graça - e, às vezes, com a ajuda dos nossos irmãos nesta Terra.
Assim, eu penso, sinceramente, que Deus ficaria muito mais feliz se eu deixasse de sonhar em ser tão corajosa e destemida, tão sábia e inteligente, tão pura e cristalina, tão forte e resistente, como foram os milhares de santos que Deus chamou!
Deus ficaria bem mais feliz se eu tentasse, hoje e aqui mesmo, ser santa à minha própria maneira, à minha pequena maneira, exactamente no local onde estou, na fase de vida em que me encontro, nas circunstâncias particulares da minha vida - afinal, foi Ele que me trouxe até aqui!
A minha pequena acção, o meu pequeno desenho rabiscado, pode parecer insignificante, vão e ignorável aos olhos dos homens. Mas nunca o será aos olhos de Deus!
Deus tudo vê e tudo sabe! Ele está sempre atento à mais pequena coisa que eu faça e nunca nada Lhe passa despercebido. Todas as mini-mini-mini boas acções que fazemos no nosso dia a dia, todas elas são contabilizadas, todas elas são valorizadas e todas elas agradam profundamente nosso querido Pai!
Tenho a certeza que nenhum dos sacrifícios e das ofertas que fizemos ao Senhor serão desperdiçados! Deus é muito bom na reciclagem .... Nada se desperdiça quando falamos do Reino dos Céus! ;)
Deus chama-me a ser a santa que só eu posso ser! Responderei eu ao Seu chamamento?
Estamos prestes a terminar o ano litúrgico e a começarmos um novo! O Advento está quase a bater na nossa porta! É altura de começarmos a preparar o nosso coração para recebermos o Rei-Menino!
Neste Natal estou disposta a esquecer o que eu fiz para as outras pessoas, e lembrar-me-ei em vez disso de todo o bem que as outras pessoas me têm feito a mim.
Neste Natal estou disposta a ignorar o que eu acho que me falta, e pensarei no que eu poderei dar ao mundo que me rodeia.
Neste Natal estou disposta a colocar-me a mim e às minhas necessidades em último lugar, e tentarei dar mais do que me é pedido.
Neste Natal estou disposta a olhar para além dos rostos e chegar ao coração de cada pessoa que cruzar comigo e transmitir-lhe a alegria que me foi dada por Deus.
Neste Natal estou disposta a aceitar que a razão da minha existência não se relaciona com o que poderei ser nesta vida, mas sim com o que poderei oferecer e como poderei servir os outros.
Neste Natal estou disposta a parar de reclamar acerca das coisas que Deus me pede, e procurarei todos os locais onde poderei espalhar alguma felicidade e satisfação.
Neste Natal estou disposta a crer completamente que o amor é uma graça concedida por Deus e que por isso é mais forte do que outra coisa no mundo, mais forte do que o ódio, mais forte do que o mal, mais forte do que a morte.
E, neste Natal, estarei disposta a acreditar que a Encarnação do Amor Incondicional nasceu duma Virgem à 2000 anos atrás, em Belém, numa simples manjedoura, para nos dar a conhecer o Nosso Pai divino, para nos partilhar o exemplo que devemos seguir e nos mostrar a grandiosa possibilidade da Vida Eterna.
Um destes dias, leu-se na missa uma passagem longa (e complexa a meu ver) do Evangelho segundo São Mateus 22:1-14. Nesta passagem, Jesus fala-nos acerca do reino dos Céus e de como poderemos um dia lá entrar. Como sempre, conta-nos isto através duma parábola.
Um rei preparou um grande banquete nupcial para o seu único filho. Preparou tudo pessoalmente e com a ajuda dos seus servos: o banquete foi servido com o melhor de tudo o que existia, a mesa tinha a melhor decoração, tudo estava iluminado e preparado para receber os convidados. Estava tudo pronto. Esta seria a festa de casamento do filho do rei! Que alegria deve ter sentido este pai!
O rei mandou os seus servos irem chamar e convidar várias pessoas para a sua festa. Enviou vários servos a diferentes convidados. Contudo, ninguém quis vir à festa. Todos recusaram. Todos estavam demasiado ocupados com as suas vidas, com os seus afazeres, com os seus problemas e trabalhos, e não tinham tempo para virem festejar com o rei.
Reparem que esta não seria uma refeição qualquer! Seria um banquete para celebrar a união entre o filho do rei e a sua esposa!
Na parábola o rei parece que quase suplica pela presença destes convidados, ficando muito triste quando estes o recusaram. Não ficariam vocês, depois de tanto trabalho, de tanta dedicação? E assim o rei viu que os seus primeiros convidados não eram dignos da sua festa.
Contudo, ele não baixou os braços, e voltou a enviar os seus servos. Desta vez convidava todas as pessoas do reino. O rei abriu agora as portas do seu castelo para todos, querendo que todos os homens venham e se juntem a ele, na celebração.
Os servos, diz-nos a passagem, reuniram todos os que encontraram, maus ou bons. Então a sala do banquete encheu-se de vida, de alegria! Que ambiente de festa!
O rei porém reparou num homem. Esse homem não estava correctamente vestido para a festa, não tinha o seu fato nupcial como todos os outros. O rei perguntou-lhe porquê, e ele não lhe respondeu, talvez porque não soubesse a resposta.
O rei disse então algo que, admito-vos, eu não estava à espera de ouvir da primeira vez:
"Amarrai os pés e as mãos deste homem e lançai-o fora na escuridão; aí haverá choro e ranger de dentes". Porque muitos são os chamados e poucos são os escolhidos».
Esta passagem foi lida numa das primeiras missas do sr. novo padre na nossa paróquia. Eu já tinha lido esta parábola sozinha. Achava que tinha compreendido tudo. Mas quando cheguei a esta parte, já no fim, admito-vos que me causou algum medo e incerteza. Talvez porque não compreendia o que significava.
O sr. padre na missa, uma das questões que nos explicou foi acerca do fato nupcial. Que fato tão importante, tão essencial, tão especial, era este, que fez o rei dizer tal coisa?
Este fato, explicou-nos o sr. padre, pode representar muita coisa. Segundo São Gregório este fato nupcial representa a Fé e a Caridade. Sem estes dois, não será possível para nós entrarmos no reino dos Céus.
"Cada um de vós, portanto, que, na Igreja, tendes fé em Deus, já tomeis parte do banquete nupcial, mas não podeis afirmar ter a veste nupcial se não preservais a graça da Caridade" (Homilia 38, 9: PL 76, 1287).
A Fé leva-nos ao banquete. Pela Fé, somos convidados para a celebração, aceitamos o convite e pudemos entrar no castelo, na sala da festa.
Mas isso não chega, é preciso estarmos vestidos a rigor para podermos participar realmente. É necessário praticarmos também a Caridade, o Amor. Tanto o amor a Deus como o amor ao próximo. Estão são os frutos que nascem da Fé, e através dos quais seremos verdadeiros convidados, mas também participantes na celebração, na festa final do Senhor.
Nós precisamos de agir concretamente neste mundo. Precisamos de exercer um amor prático, uma amor real, um amor visível. Assim como Jesus o fez, ao morrer na Cruz por todos nós. Todos nós: primeiros convidados que recusaram ou os segundos convidados que aceitaram, quer estes sejam bons ou maus.
Mas apesar de todos serem convidados, nem todos poderão um dia participar na festa do Filho de Deus.
Foi graças ao sr. padre que percebi, que o homem que não usa o fato nupcial é o homem que se recusa a amar. Ele está lá, no banquete, mas está só a assistir. Não está a participar. E é por causa disso que o rei lhe diz tais palavras:
"Amarrai os pés e as mãos deste homem e lançai-o fora na escuridão; aí haverá choro e ranger de dentes".
Que triste me senti por agora ter compreendido. Que triste pensar que algo assim acontecerá às pessoas. São Domingos de Gusmão parece que passava horas na igreja a chorar e a perguntar 'Senhor, o que será dos pecadores?'. Há dias, como hoje, quando finalmente compreendo, que também eu o pergunto e choro.