Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!
Meditar no 2º dia do relato da Criação permite-nos também compreender melhor o significado do Baptismo de Jesus.
Veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele.João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou. Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele.E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus todo o Meu agrado.» (Mt 3,13-17)
Jesus é baptizado no rio Jordão, o rio cujo nome significa "Aquele que desce" em hebraico. Lembrando a analogia do último post, não me parece ser um acaso que este rio nasça no topo dum monte, o monte Hérmon, em Cesareia de Filipe no norte de Israel. Na verdade, o monte Hérmon é um monte tão alto - e assim tão perto da morada de Deus - que permanece coberto de neve durante a maior parte do ano.
Foi bem aqui em cima, em Cesareia de Filipe, perto da nascente do rio Jordão, que Jesus deu a Pedro as chaves do Reino dos Céus, representando a sua união íntima com o coração do Senhor.
Desde a sua origem no norte de Israel, o rio Jordão vai descendo continuamente, atravessando Israel, até por fim desaguar no ponto mais baixo de toda a terra, no mar Morto. Podendo ter escolhido qualquer ponto do comprimento do rio, o Senhor chamou João Baptista a baptizar o povo judeu no local imediatamente antes deste rio chegar às águas estéreis e inóspitas do mar Morto.
Foi bem aqui em baixo, perto do ponto de entrada no mar Morto, que Jesus escolheu também ser baptizado por João. Jesus vai-nos buscar, independentemente do quão fundo o nosso pecado nos arrastar, não desistindo de nós e de nos salvar até ao último instante da nossa vida, antes de nos perdermos completamente no Inferno...
Mas vamos voltar ao simbolismo do 2º dia do relato da Criação. Com o Seu Baptismo, Jesus entra dentro das águas de baixo, das águas do abismo, assim como depois entrará nas águas do sofrimento e da Sua morte. Ele ergue-se destas águas, tal como virá depois a erguer-se da morada dos mortos, ao ressuscitar. Os Céus rasgam-se; a barreira, a divisão, existente entre Deus e o homem, desde o 2º dia da Criação, que impedia que o homem se unisse plenamente ao seu Criador, desaparece. Os Céus abrem-se, a Vida Eterna torna-se possível ao homem, de tal forma que o Espírito Santo desce, sob a forma duma pomba, tal como fará mais tarde no dia do Pentecostes, para anunciar através de Jesus, a todos os homens, o quanto cada um de nós é, também, o Seu filho muito amado ...
O Baptismo de Jesus destrói assim a barreira que nos separava de Deus e abre-nos as portas do Céu ...
Sempre que passo por uma altura na minha vida, em que Deus me pede para esperar por algo, acabo por descobrir mais um querido amigo do Céu, cuja história de vida me inspira a levar avante o meu combate diário pela virtude da paciência e da humildade. E assim, desta vez, Deus falou-me ao coração através da história de Isabel.
No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel.Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada. (Lc 1,5-7)
Uma pesquisa rápida no Google diz-me que, em toda a Bíblia, podemos encontrar referência a mais de 20 personagens com o nome de Zacarias. Mas, e Isabel? Ah, Isabel há só uma, a mulher escolhida - à semelhança de Maria - para ser a mãe de São João Baptista, e não há outra ...
Só o Evangelho de São Lucas, o Evangelho da alegria, nos fala de Isabel, a prima mais velha de Maria e esposa do sacerdote Zacarias. Não são muitas as mulheres cujo nome aparece expresso nas Sagradas Escrituras, quase que se podem contar pelos dedos das mãos (e dos pés ). Mas Isabel promete ser alguém muito especial, ou não fosse ela logo chamada, juntamente com o seu marido, como sendo «justa diante de Deus», à semelhança quase apenas do que nos é dito sobre São José.
O anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João.Será para ti motivo de regozijo e de júbilo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
Pois ele será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.Irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos»
Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso, se estou velho e a minha esposa é de idade avançada?» (Lc 1,13-18)
Terminados os dias do seu serviço, [Zacarias] regressou a casa. Passados esses dias, sua esposa Isabel concebeu. (Lc 1,23-24)
Zacarias, apesar de ser sacerdote e de ter passado toda a sua vida a conhecer, a servir e a amar o Senhor, quando chega a um dos momentos mais impactantes da sua vida, duvida das palavras de Deus, transmitidas pelo Anjo Gabriel. Já Isabel, pelo contrário, crê firmemente nas promessas do Senhor e é essa fé que permite que um milagre aconteça na vida de ambos.
Num Matrimónio abençoado pelo Senhor, aquilo que poderá faltar a um dos esposos - a fé num dado momento, a paciência noutro, o bom humor, o entusiasmo, o livre abandono à vontade do Senhor - é, por acção Divina, compensado pela virtude do outro esposo. Na verdade, anos mais tarde, São Paulo falará deste grande mistério, tão bela e visivelmente presente na história de Zacarias e Isabel, ao afirmar aos Coríntios de que "o marido não crente é santificado pela sua mulher, e a mulher não crente é santificada pelo seu marido" (1 Cor 7,14)
Isabel não vê Anjo nenhum, nem ouve nenhuma palavra proferida pela sua boca - não é preciso! A passagem dos anos ensinou-a a ser uma mulher que crê, que confia, que sabe esperar, que sabe escutar uma outra voz, que fala bem mais baixinho, vinda do mais fundo do seu coração durante a oração e que lhe assegura vezes e vezes sem conta: "Procura no Senhor a tua felicidade e Ele satisfará os desejos do teu coração" (Sl 37, 4).
Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. (Lc 1,39-40)
Apesar de nos ser dito, logo no início da narração de São Lucas, que Isabel e Zacarias "cumpriam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor", eles aceitam receber na sua casa uma jovem rapariga que, apesar de ainda não estar casada, já ficou grávida! Como podem eles aceitar tal coisa? Como podem recebê-la na sua casa? Não saberão eles que a lei dos fariseus e dos escribas condena gravemente essas mulheres?
Sim, Zacarias e Isabel conhecem bem a Lei de Moisés, como conhecem as palmas das suas mãos. Eles são o reflexo vivo de um casal que não só conhece como vive diariamente o Shemá: "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças" (Dt 6,5) E é por isso mesmo que sabem reconhecer o mistério extraordinário que se vai revelando diante dos seus olhos ...
Meu filho, se receberes as Minhas palavras e guardares cuidadosamente os Meus mandamentos, prestando o teu ouvido à sabedoria, se a buscares como se procura a prata e a pesquisares como um tesouro escondido, então, compreenderás o temor do Senhor e chegarás ao conhecimento de Deus.
Compreenderás a justiça e a equidade, a rectidão e todos os caminhos que conduzem ao bem; pois a sabedoria entrará no teu coração e o conhecimento será para ti uma delícia.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o Fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» (Lc 1, 41-45)
Nuns versículos mais atrás, é-nos dito que Isabel se encontra no seu 6º mês de gestação, quando recebe a visita de Maria. São Lucas, sendo médico, sabia bem que uma mulher, grávida com o seu primeiro filho, apenas o sentirá mexer a partir da 20ª a 22ª semana de gestação. Assim, esta poderá muito bem ter sido a primeiríssima vez que Isabel sentiu o seu bebé, João, a mexer dentro de si. E ele não mexeu só um bocadinho, mas verdadeiramente "saltou de alegria no [seu] seio".
Oh, pensar que a primeira pessoa a reconhecer a presença de Jesus, verdadeiro Deus encarnado dentro de Maria, foi um bebé que ainda não tinha nascido, um feto ainda dentro do útero de sua mãe (mas um embrião não é uma pessoa, nem possui nenhuma dignidade nem valor, grita-nos a nossa sociedade actual ...)
Num momento de pura clareza espiritual, Isabel compreende todos os sinais que Deus lhe foi dando e que culminam neste momento: a plena e perfeitíssima realização de tudo o que foi escrito nas Sagradas Escrituras, naquele que se tornará o Antigo Testamento, está agora mesmo a começar. Está agora mesmo a realizar-se. Ali, diante dos seus olhos.
E assim, contemplando tudo isto, faço minhas as palavras de Isabel, em oração: "Donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?"
Passámos pouco mais que 2 dias completos na Jordânia e, como tal, não nos foi possível visitar muitos dos locais bíblicos que actualmente se situam dentro do território jordaniano. Eu não fazia a mínima ideia da quantidade de histórias bíblicas que se passaram na actual Jordânia, até a visitar e ouvir o nosso guia Luai enumerá-las...
Aliás, vocês deviam ter visto a minha cara de espanto, quando me apercebi que estes limites e fronteirasactuais, entre a Jordânia e Israel ...
Ou seja, muitas terras que actualmente se localizam na Jordânia, há muitos séculos atrás pertenciam ao reino de Israel. Ora, isso explica muita coisa ...
Em diversas passagens da Bíblia, tinha eu reparado desde o tempo em que li a Bíblia duma ponta à outra durante pouco mais que um ano, volta e meia é-nos falado acerca de Edom e dos edomitas, de Moab e dos moabitas, de Amon e dos amonitas ... São-nos referidos durante a longa viagem do povo hebreu, que atravessa as suas terras, até chegar à Terra Prometida; são-nos referidos durante a conquista das terras do reino de Israel; são-nos referidos também por diversos Profetas, como Ezequiel (que profetiza contra os 3 povos) e Jeremias ... mas quem eram, afinal, estes povos e porque são eles tão referidos?
Se olharmos para o segundo mapa, seguindo o percurso do povo hebreu até à Terra prometida (portanto, de baixo para cima) deparamo-nos primeiro com as terras de Edom, à saída do grande deserto. Os habitantes dessas terras eram os descendentes de Esaú, o filho primogénito de Isaac, que vendeu o seu direito de primogenitura ao seu irmão Jacob por um simples prato de lentilhas ... Devido a esta proximidade com a origem do povo hebreu, o livro do Deuteronómio alertava-os dizendo
Não abominarás o edomita, porque ele é teu irmão (Dt 23,8)
Apesar disso, os edomitas atacaram por diversas vezes o povo israelita, sendo que tanto o Rei Saul como o Rei David lutaram contra este povo. Este povo desapareceu pouco depois da morte do rei Herodes, por volta do tempo de Jesus, tal como o Profetas Ezequiel tinha profetizado
Assim fala o Senhor Deus: «Porque Edom exerceu vingança contra a casa de Judá e se tornou culpado, vingando-se deles, por isso, diz o Senhor Deus: Eis que Eu estendo a minha mão contra Edom e vou exterminar pessoas e animais. Dele farei um deserto.
Ez 25, 12-13a
Depois, temos o reino de Moab, onde residiam os moabitas, que eram descendentes de Lot, sobrinho de Abrãao, que concebeu este povo através da sua filha mais velha. Este povo viveu em paz com o povo hebreu durante longos períodos. Quando penso em moabitas, lembro-me sempre da maravilhosa história de Rute, a moabita, que se tornaria na bisavó do rei David, mulher de tal maneira marcante na história do povo hebreu que por isso chega a ser mencionada na genealogia de Jesus.
Booz perguntou ao seu servo que era supervisor dos ceifeiros: «De quem é aquela jovem?» O servo que era supervisor dos ceifeiros respondeu-lhe : «Esta é a jovem moabita que voltou com Noemi da terra de Moab. Pediu-nos, por favor, que a deixássemos respigar e recolher espigas atrás dos ceifeiros. Ela veio e aqui tem ficado desde manhã até agora, e nem por um pouco foi a casa descansar.»
Rt 2, 5-7
O livro de Rute é um dos meus livros favoritos, tão pequenino mas com tantas lições para nos ensinar...
Por fim, mais a Norte, encontramos os amonitas, das terras de Amon, também eles descendentes de Lot, concebidos numa relação com a sua filha mais nova. Também acerca deste povo, os hebreus são alertados, ao entrarem na Terra Prometida, de que
Irás encontrar-te em frente dos amonitas. Não os ataques nem os provoques, porque não te darei em propriedade nenhuma terra dos filhos de Amon. Foi aos filhos de Lot que a dei em propriedade.
Dt 2, 19
Deus alertou-os para não se meterem com este povo, pagão, que sacrificava bebés e mulheres grávidas em louvor dos seus deuses. O Rei Saul combateu-os, tal como o Rei David. Mesmo assim, o rei Salomão desobedeceu ao Senhor e casou com uma mulher amonita, o que o levou a adorar os seus deuses pagãos e a esquecer-se d'Aquele que tanto amor lhe tinha oferecido na sua juventude ...
Mas voltemos ao rio Jordão, esse rio que, se pudesse, tinha tantas histórias para nos contar...
Apesar de Moisés ter chegado a ver com os seus próprios olhos a Terra Prometida, a partir do topo do Monte Nebo, coube a Josué, herdeiro da nova geração, a tarefa de guiar, comandar e organizar todo o povo hebreu a partir do Monte Nebo e de voltar a conquistar a terra de Canaã, dada a Abrãao pelo Senhor.
O capítulo 3 do livro de Josué conta-nos como foi, para o povo hebreu, a proeza de atravessar as águas a pé enxuto, pela segunda vez na sua história ...
Logo pela manhã, Josué levantou o acampamento e partiu de Chitim com todos os filhos de Israel. Chegados ao Jordão, aí se detiveram antes de o atravessar. Três dias depois, os chefes atravessaram o acampamento e deram ao povo esta ordem: «Quando virdes a Arca da aliança do Senhor vosso Deus, conduzida pelos sacerdotes levitas, deixareis o vosso acampamento e pôr-vos-eis a caminho atrás dela.
Josué disse, então, ao povo: «Santificai-vos, porque amanhã o Senhor vai fazer coisas maravilhosas no meio de vós.»
O Senhor disse a Josué: «Hoje começarei a exaltar-te na presença de todo o Israel, para que se saiba que, assim como estive com Moisés, assim estarei também contigo. Hás-de ordenar aos sacerdotes que levam a Arca da aliança: ‘Quando chegardes ao Jordão, deter-vos-eis junto das suas águas.’»
Então, o povo, dobrando as suas tendas, preparou-se para passar o Jordão com os sacerdotes que caminhavam diante dele, transportando a Arca. Quando chegaram ao Jordão, e os pés dos sacerdotes que transportavam a Arca entraram na água da margem do rio – de facto, o Jordão transborda e alaga as suas margens durante todo o tempo da ceifa - então, as águas que vinham de cima pararam e amontoaram-se numa grande extensão, até perto de Adam, localidade situada nas proximidades de Sartan; as águas que desciam para o mar da Arabá, o Mar Salgado, essas ficaram completamente separadas.
E o povo atravessou o rio em frente de Jericó. Os sacerdotes que transportavam a Arca da aliança do Senhor conservaram-se de pé, sobre o leito seco do Jordão, e todo o Israel o atravessou sem se molhar. Permaneceram ali até todo o povo ter acabado de atravessar o Jordão.
Js 3, 1-3; 5; 7-8; 14-17
Com Moisés, o povo atravessou as águas do Mar Vermelho, deixando para trás a escravatura do Egipto; com Josué, as águas do rio Jordão, deixando para trás, finalmente, a idolatria aprendida no Egipto...
Com Moisés, a nuvem do Senhor ía à frente do povo, indicando o caminho; com Josué, é a Arca da Aliança que lhes abre o caminho através das profundas águas das dúvidas e dos medos....
Tais feitos extraordinários só foram possíveis através de alguém com uma Fé forte e inabalável, tal como a de Moisés, tal como a de Josué. Aliás, o livro de Josué terminará com uma das passagens mais queridas às Famílias de Caná
Eu e a minha família serviremos o Senhor (Js 24,15)
Alguém consegue identificar que episódio bíblico aconteceu aqui? - pergunta-nos o Luai.
Duas pessoas a atravessar um rio ... no céu, uma carruagem puxada por cavalos, envolta em fogo... um homem de joelhos a clamar aos céus ... Oh, sim, pois claro! É o arrebatamento do Profeta Elias até ao Céu!
Aconteceu que, quando o Senhor quis arrebatar Elias ao céu, num redemoinho, Elias e Eliseu partiram de Guilgal.
Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me a Betel.» Mas Eliseu respondeu-lhe: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E desceram ambos a Betel.
Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me a Jericó.» Ele respondeu: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E, assim, chegaram a Jericó.
Elias disse a Eliseu: «Fica aqui porque o Senhor envia-me ao Jordão.» Mas Eliseu respondeu: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei.» E partiram juntos.
Elias tomou o seu manto, dobrou-o e bateu com ele nas águas, que se separaram de um e de outro lado, de modo que passaram os dois a pé enxuto. Tendo passado, Elias disse a Eliseu: «Pede o que quiseres, antes que eu seja separado de ti. Que posso fazer por ti?» Eliseu respondeu: «Seja-me concedida uma porção dupla do teu espírito.» Elias replicou: «Pedes uma coisa difícil. No entanto, se me vires quando estiver a ser arrebatado de junto de ti, terás aquilo que pedes; mas, se não me vires, não o terás.»
Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que, de repente, um carro de fogo e uns cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho. Eliseu viu tudo isto e exclamou: «Meu pai, meu pai! Carro e condutor de Israel!» E não o voltou a ver mais.
2 Rs 2, 1-2; 4; 6; 8-12
Elias é conhecido como sendo o pai dos profetas, um dos primeiros sobre quem o Salmista canta
Esta é a geração dos que O procuram,
dos que buscam a face do Deus de Jacob.
Sl 24, 6
Elias foi chamado por Deus numa das (diversas) alturas em que o povo hebreu se começava a esquecer do Senhor. A sua missão não foi nada fácil. Foi chamado, tal como anos mais tarde também João Baptista, a ir falar com o Rei e a ter coragem para lhe dizer, clara e publicamente, todos os seus pecados .... o que, claro, não foi nada bem recebido.
Claro que foi perseguido, claro que o tentaram matar, claro que foi obrigado a fugir para preservar a vida ...Tal como acontece até aos dias de hoje a todos nós, cristãos e católicos; mas a "morte" que nos procuram dar, quando proclamamos aquilo que é a Verdade, hoje em dia é diferente, é de outro estilo: "morte" por difamação e, especialmente, "morte" por ridicularização ... Sejamos corajosos para a enfrentar!
O Profeta Elias encontrou refúgio na casa duma pobre viúva e do seu filho único, que se preparavam para tomar a sua última refeição... mas que belo hotel me encontraste, Senhor!
Uma mãozinha de farinha, umas gotas de azeite, era tudo o que tinham e ainda assim ofereceram-no ao Senhor - que lição tão grande e rica para todos nós ...
Elias, que chega a desafiar e vencer os 450 feiticeiros mais poderosos de Baal à frente do Rei, foge logo a seguir com medo da promessa de vingança de uma única mulher, Jezabel ... Záaas! passa do orgulho à humildade, em menos de nada.
Fugindo, Elias acaba por vaguear no deserto - o mesmo deserto que o povo hebreu tinha atravessado séculos antes - chegando até ao topo do monte Sinai, o mesmo monte onde Moisés conversou com Deus como um amigo, durante 40 dias e noites, até receber as tábuas dos Mandamentos....
Neste monte, Elias tentará esconder-se - de si mesmo, da sua própria cobardia, ou de Deus? - numa gruta escavada na rocha, mas nem aí consegue fugir da paixão que arde no seu coração ...
Tendo chegado ao Horeb, Elias passou a noite numa caverna, onde lhe foi dirigida a palavra do Senhor: «Que fazes aí, Elias?»
Ele respondeu: «Estou a arder de zelo pelo Senhor, o Deus do universo, porque os filhos de Israel abandonaram a tua aliança, derrubaram os teus altares e assassinaram os teus profetas. Só eu escapei; mas também a mim me querem matar!»
11O Senhor disse-lhe então: «Sai e mantém-te neste monte, na presença do Senhor; eis que o Senhor vai passar.»
Nesse momento, passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante do Senhor; mas o Senhor não se encontrava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o Senhor. Depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna.
Disse-lhe, então, uma voz: «Que fazes aqui, Elias?» Ele respondeu: «Ardo em zelo pelo Senhor, Deus do universo, porque os filhos de Israel abandonaram a tua aliança, derrubaram os teus altares e mataram os teus profetas. Só eu escapei; mas agora também me querem matar a mim.»
O Senhor disse-lhe: «Vai e volta pelo caminho do deserto, em direcção a Damasco.
1 Rs 19, 9-15
Porque foi Elias arrebatado aos Céus num carro de fogo?
Ora, um profeta que passou toda a sua vida a arder de zelo pelo Senhor, Deus do Universo, não podia ser recebido nos Céus de outra forma que não arrebatado num carro de fogo, pois não?
Conseguem ver a igreja lá ao fundo? É aí que se acredita que o profeta Elias foi arrebatado até aos Céus.
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que Jacob lutou durante toda a noite com o anjo do Senhor ...
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que o Rei David mandou que colocassem Urias, o hitita, em plena frente de batalha, para que morresse, e assim pudesse casar com a sua esposa, Betsabé ...
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que, anos mais tarde o Rei David se refugiou, fugindo do seu próprio filho Absalão que o tentara matar ...
Também foi aqui, nas terras da Jordânia, que o rei Herodes mandou decapitar João Baptista, a mando dum puro capricho duma jovem ...
Também foi aqui ...
Oh, havia ainda tanto para contar ...
Mas o nosso autocarro chega finalmente à fronteira com Israel.
Está na altura de seguirmos caminho; está na altura de entrarmos na Terra Prometida ...
Partimos do Monte Nebo e chegamos a Betânia da Jordânia - e está tanto, tanto calor!
É preciso deixarmos para trás o conforto do ar condicionado do nosso autocarro, respirar fundo uma última vez e mergulhar na onda de calor. Ao fim de 6 dias de peregrinação, continuo sem me conseguir habituar ao calor tão intenso e sufocante (duvido muito que alguma vez consiga). Mas estamos em Betânia da Jordânia! E tantas coisas importantes aconteceram aqui ...
Naqueles dias, apareceu João, o Baptista, a pregar no deserto da Judeia. Dizia: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» Iam ter com ele os de Jerusalém, os de toda a Judeia e os da região do Jordão, e eram por ele baptizados no Jordão, confessando os seus pecados.
Disse-lhes: «Eu baptizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de Lhe descalçar as sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo.»
Mt 3, 1-2; 5-6; 11
Disseram [a João]: «Quem és tu, para podermos dar uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?». Ele declarou:
‘«Eu sou a voz de quem grita no deserto:
Rectificai o caminho do Senhor’,
como disse o profeta Isaías.»
Ora, havia enviados dos fariseus que lhe perguntaram: «Então porque baptizas, se tu não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo com água, mas no meio de vós está Quem vós não conheceis. É Aquele que vem depois de mim, a Quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias.»
Isto passou-se em Betânia, na margem além do Jordão, onde João estava a baptizar.
Jo 1, 22-28
Foi aqui, aqui mesmo, neste lado da margem do rio Jordão que agora pertence à Jordânia, que São João começou a baptizar o povo de Deus. Em tempos, as águas do rio Jordão chegavam até aqui; agora, temos de andar largos minutos a partir deste local, até chegarmos perto da água do rio...
A foto de cima mostra as ruínas de uma das primeiras igrejas aqui construídas, inicialmente sobre as águas do rio. Desde cedo, peregrinos de todo o mundo vieram até este local, a fim de serem baptizados nas águas do rio Jordão, e assim foram sendo construídas diversas igrejas perto destas águas, tal como o mosaico da foto de baixo nos mostra.
Ainda hoje, muitos cristãos vêm aqui de propósito para se baptizarem nas águas do rio Jordão - como, aliás, estava a acontecer, no lado israelense do rio Jordão, quando aqui chegámos. Quase que me apetecia gritar-lhes: Pessoal, enganaram-se! Leiam lá bem a Bíblia - foi deste lado do rio, não desse ...
Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou.
Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.»
Mt 3, 13-17
No dia seguinte, ao ver Jesus, que se dirigia para ele [João], exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É Aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um Homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.’ Eu não O conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.»
E João testemunhou: «Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele. E eu não O conhecia, mas Quem me enviou a baptizar com água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires descer o Espírito e poisar sobre Ele, é o que baptiza com o Espírito Santo’. Pois bem: eu vi e dou testemunho de que Este é o Filho de Deus.»
Jo 1, 29-34
Tenho de ser sincera convosco e admitir que fiquei um pouco desiludida quando finalmente vi o rio Jordão - a água era verde e suja e não cheirava propriamente bem ... mas a Igreja diz-nos que se trata de água abençoada e portanto toca a benzer-nos com ela!
Fez-me lembrar do meu processo de aceitação do Mistério da Sagrada Eucaristia - a hóstia consagrada não parece nada ser o corpo de Jesus, mas Jesus (e por isso a Igreja também) disse-nos que é, mesmo, realmente, apesar dos nossos olhos não verem nada de diferente naquela pequena hóstia ...
"Padre Miguel, podemos renovar as nossas promessas de Baptismo aqui?" - pergunto eu.
"Não!" - é a resposta bem enfática. Por esta é que eu não esperava ...
Na verdade, iríamos sim renovar as nossas promessas de Baptismo, uns dias mais tarde, na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, junto do local onde Jesus foi crucificado e junto do local onde Ele ressuscitou.
Mas porquê???... Estava na altura de mais uma catequese
Ora, o baptismo que João realizava no rio Jordão era um baptismo de conversão, de arrependimento, de penitência. Quando alguém desejava e aceitava ser baptizado por João, estava a reconhecer os seus pecados perante Deus (e também publicamente). A água do baptismo de João pretendia representar a lavagem das nossas impurezas e a preparação para uma vida nova, um novo nascimento ...
Este baptismo foi importante, sim, porque serviu como preparação para o verdadeiro Baptismo, que Jesus nos ofereceria mais tarde. Este baptismo pretendia ser um sinal para algo maior e mais profundo que iria acontecer em breve.
João, como protótipo dos fiéis que tentam sempre escutar e fazer a vontade de Deus, sabia disto tudo e é por esta razão que fica bastante atordoado quando vê Jesus na fila dos que se querem baptizar, na fila dos pecadores. É por isso que João tenta opor-se a baptizar Jesus naquelas águas. Então, diz ele, «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» - oh, quantas e quantas vezes ficamos também nós atordoados com a humildade de Deus ...
Não se baralhem, Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, jamais pecou. Em tudo Ele foi semelhante a nós na Sua vida terrena, em absolutamente tudo - excepto no pecado. Assim, é óbvio que Ele não precisava de passar por um baptismo de conversão e arrependimento ...
Mas, ainda assim, fê-lo. Porquê? Pelo menos, por duas razões.
Quando Jesus aceitou tornar-se homem, Ele assumiu, voluntariamente, a nossa carne, a nossa natureza humana, a nossa natureza pecadora. Assim, pergunto-vos, quando Jesus foi imergido nas águas do rio Jordão, quem é que afinal foi baptizado naquela altura? Ele ou nós, o homem velho, o velho Adão, ou seja, toda a humanidade?
Este baptismo simbolizava a preparação para o início duma nova vida, lembram-se? E foi apenas depois de ter sido baptizado por João, que Jesus iniciou o Seu ministério, a Sua pregação, a Sua missão - e, assim, o início da nossa nova vida.
Além disso, foi depois de Jesus ser baptizado que o Espírito Santo se manifestou e a voz do Pai se fez ouvir, «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado».
Então, quando é que o Sacramento do Baptismo foi instituído?
Na Cruz!
Quando, do coração aberto de Jesus, foi derramado sangue e água. Esse é o verdadeiro Baptismo, que não só nos purifica totalmente dos nossos pecados como (que grande mistério este!) nos torna verdadeiros filhos de Deus!
Como não podia deixar de ser, as canções da minha querida Danielle Rose acompanharam-me em toda esta peregrinação à Terra Santa. Assim, partilho convosco a canção que ela compôs para o 1º Mistério Luminoso do Terço, o baptismo de Jesus no rio Jordão.
Behold the Lamb of God
From the perspective of John the Baptist
(Matthew 3:13-17, Mark1:9-11, Luke 3:21-22, John 1:19-34, 4:29-30)
It is I who need you, and yet you come to me. I must grow smaller, so you will increase. God said, “This is my Beloved Son, with whom I am well pleased.” So this joy of mine has been made complete.
I was buried with you in the water, but I rose again gasping to take a new breath. Drowned by your grace on the altar, I drink of your cup, I drink of your death.
Behold the Lamb of God. Behold the Lamb of God, Who takes away the sin of the world. Behold the Lamb of God.
The veil shrouding heaven was torn from my eyes, Then a waterfall of grace tumbled down from the sky. The Spirit swirled ‘round with wings white as a dove, Descending upon the Father’s Beloved.
We were buried with you in the water, but we rose again gasping to take a new breath. Drowned by your grace on the altar, we drink of your cup, we drink of your death.
I am not worthy. I am not worthy to touch your feet. I am not worthy to receive you, But only say the word and I shall be healed!
Eis o Cordeiro de Deus
A partir da perspectiva de João Baptista
(Mt 3:13-17, Mc 1:9-11, Lc 3:21-22, Jo 1:19-34, 4:29-30)
Sou eu que preciso de Ti e, no entanto, és Tu que vens até mim Eu devo decrescer, de modo a que Tu aumentes. Deus disse: “Este é o meu Filho Amado, em Quem Eu muito Me comprazo”. Então esta minha alegria ficou completa.
Fui enterrado conTigo na água, mas levantei-me desejoso dum novo fôlego Imergido pela Tua graça no altar, eu bebo do Teu cálice, eu bebo da Tua morte.
Eis o Cordeiro de Deus. Eis o Cordeiro de Deus Que tira o pecado do mundo. Eis o Cordeiro de Deus.
O véu que cobria o céu foi arrancado dos meus olhos, E assim uma cascata de graças desceu dos Céus. O Espírito Santo girou com umas asas brancas como uma pomba, Descendo sobre o Amado do Pai.
Nós fomos enterrados conTigo na água, mas levantamo-nos desejosos dum novo fôlego Imergidos pela Tua graça no altar, nós bebemos do Teu cálice, nós bebemos da Tua morte.
Eu não sou digno. Eu não sou digno de tocar nos Teus pés. Eu não sou digno de Te receber Mas dizei apenas uma palavra e eu serei salvo!
No tempo do Advento, a partir do 2º Domingo, as leituras diárias da missa começam a falar-nos muito de João Baptista - desde o relato da anunciação da sua concepção a Zacarias pelo anjo Gabriel, ate à sua vida no deserto, as suas semelhanças com os antigos Profetas, aos baptimos que incentivava as pessoas a realizar e, por fim, até ao relato da sua morte tão injusta.
Mas exploremos um pouco mais a importância de João Baptista e a sua extrema humildade, com a ajuda de Santo Agostinho ...
João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio.
Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.
Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.
Procurando então como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.
Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: É necessário que ele cresça e eu diminua? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: Esta é a minha alegria, e ela é completa (Jo 3,29). Guardemos a palavra; não percamos a palavra concebida em nosso íntimo.
Queres ver como a voz passa e a palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos dele a salvação: foi o que a voz anunciou.
Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a palavra. Eu não sou o Cristo (Jo 1,20), disse João, nem Elias nem o Profeta. Perguntaram-lhe então: Quem és tu? Eu sou, respondeu ele, a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor" (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. Aplainai o caminho do Senhor, como se dissesse: “Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas ele não se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho”.
O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão: Tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e ele diz não ser aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal. Se tivesse dito: “Eu sou o Cristo”, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la."
Estando prestes a terminar o meu "curso intensivo" de lidas domésticas de verão, queria actualizar-vos acerca dos meus progressos. (Esqueci-me de ir tirando fotos, desculpem)
Culinária (módulo 2 e 3) - Pratos de peixe e sobremesas - feito!! A família comeu sempre e gostou. E pelos vistos parece que, como a mãe, as sobremesas são aquilo para que tenho mais jeitinho :)
Bolo dos 14 anos da prima - Bolo de iogurte com cobertura de chocolate
O meu bolo de aniversário - 22 aninhos! - Bolo de ananás com cobertura de natas
Lida da casa (temas C e D) – Limpeza da casa + Loiça + Roupa - aprovada! Acreditem, o que houve mais foi isto - lavar, estender, apanhar, passar, arrumar ....
Compras (nível inicial) – Estudo começado mas pouco realizado - fica para o próximo ano!
Costura (escalão 2 – costura na máquina) – Nem sequer foi começado, não houve tempo ...
Tricot - Isto sim, foi a surpresa das férias! Há já vários anos que via a mãe a fazer tricot e sempre foi uma arte que me intrigava bastante... Este ano, quando fomos de férias para Lamego, tive finalmente tempo suficiente para a mãe me ensinar!
O começo foi dificil!! Ai que complicação! Tantos fios e voltas e troca e cruza e vira e .... MÃE, PERDI UMA MALHA! ou então, MÃE ESTOU A FAZER TUDO AO CONTRÁRIO! O terror, o caos!
Enfim, após várias tentativas diárias, a mãe lá disse que eu estava pronta para iniciar um projecto mais sério. Decidi começar de forma simples, e pensei em fazer um cachecol:
E lá vou eu entretida. Uns 5 minutos aqui, uns 15min ali, às vezes mais, aos poucos:
Quando dei por mim, já de regresso a casa:
Já parece um cachecol certo?
Ele enrola-se um pouco nas laterais por causa do ponto (simples) que escolhi, mas pronto. A mãe diz que no fim arranja uma solução....
Nestas férias, descobri que tricotar e rezar o Terço combinam na perfeição!! Ponho um destes vídeos no computador, ou coloco o CD gravado na aparelhagem e ... oh, é uma maravilha!!
Outra combinação bastante agradável é ouvir os vídeos do Padre Paulo Ricardo ao mesmo tempo que tricoteio (acho que acabei de inventar esta palavra...)!
Na verdade, o tricot é uma arte bastante antiga, aprendida e cultivada por tantas gerações, praticada por tantas raparigas e mulheres na história da humanidade! Assim, também eu sinto que faço parte deste grupo de mulheres que sempre tentou alcançar o exemplo de mulher ideal (Provérbios 31), apenas alcançado neste mundo pela Excelentíssima Virgem Maria!
Imagino se Ela também tricotava? Ou então, se fazia de outra forma as roupas para o pequeno Jesus e para a Sua família? Numa família tão pobre como a Sua, de certeza que não havia muito dinheiro para gastar em roupas. Provavelmente, Nossa Senhora teria de fazer tudo com as Suas mãos.
Imagino-a a rezar enquanto trabalhava. Será que estaria a fazer alguma coisa destas quando o Anjo a veio visitar? Que cores terá ela escolhido para fazer o enxoval do Seu Menino? Quanto amor e carinho terá sido dedicado por Ela a fazer cada cobertor, cada agasalho, cada casaquinho, cada roupinha para o Seu Filho tão amado ... Nem consigo imaginar a dedicação desta perfeita Esposa para com o Seu simples lar e a Sua família!
Algumas peças, talvez algumas roupas, algumas toalhas, terão sido feitas pela mãe de Nossa Senhora, santa Ana, entregues como presente de casamento à sua adorada filha.
Talvez a Virgem Maria tenha oferecido algo a Santa Isabel quando a visitou, dando com amor a São João Baptista a melhor peça que as Suas mãos podiam criar...
Oh, tantas histórias que imagino! Tantos se, tantos talvez ...
O importante é que, no final de tudo, cada coisa destas ajuda-me a tornar-me mais próxima da Nossa Mãe, da Sua vida e do Seu exemplo perfeito!
Neste Terceiro Domingo do Advento, deixo-vos outro vídeo feito pela organização Ignatius Spirituality, que nos apresenta uma breve exposição duma obra de arte, inspirada nas Escrituras deste Domingo.
Hoje lemos na missa a última parte do Evangelho que fala acerca de João Baptista, “o maior dos profetas”, que foi enviado “para preparar os caminhos do Senhor”. Eu acredito porém, que João Baptista não foi o último profeta. Tanto tu e eu o podemos ser, se anunciarmos ao povo de Deus a vinda do Messias, o nosso Salvador.
Tenhamos como base o exemplo dado por João Baptista, que nos convida a mudar de vida e a direccioná-la conforme os valores de Deus: “Quem tem duas túnicas, dê uma ao que não tem; e o que tem que comer, faça o mesmo.” (Lc 3, 11). A nossa salvação concretiza-se na vivência da fraternidade, na prática da justiça, na defesa da vida, na promoção da dignidade humana, no resgate dos direitos dos pobres e dos excluídos.
Apesar da mensagem original de São João Baptista ter sido proferida à 2000 anos, ela é ainda hoje perfeitamente actual. Ele convida-nos a todos a empenhar-nos na construção duma nova sociedade, sem violência, sem miséria, uma sociedade que ofereça condições de vida digna para todos. Como proclama Zacarias no seu canto, São João Baptista veio ao mundo “porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho, para dar a conhecer a salvação ao seu povo, pelo perdão dos pecados. Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz.” (Lc 1, 77-79).
Assim, queria também partilhar convosco este pequeno vídeo acerca de João Baptista, das Edições Salesianas no Youtube (são segmentos do DVD "Advento, tempo de esperança", à venda no site da Editora).