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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Cristo, o nosso eterno Profeta, Rei e Sacerdote

Durante toda a Quaresma, diariamente as leituras da Santa Missa mostram-nos a tripla missão de Jesus, o perfeito e eterno Profeta, Rei e Sacerdote. Esta tripla missão é especialmente visível nas leituras do julgamento de Jesus. 

O Sumo Sacerdote voltou a interrogar [Jesus]: «És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?» Jesus respondeu: «Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vir sobre as nuvens do céu.» O Sumo Sacerdote rasgou, então, as suas vestes e disse: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfémia! Que vos parece?» E todos sentenciavam que Ele era réu de morte. (Mc 14, 61b-64)

Perante o povo judeu, representado por Caifás, o Sumo Sacerdote do templo de Jerusalém naquele ano, foi julgado Cristo-Profeta. Profeta é alguém que se coloca em escuta atenta da Palavra de Deus e que depois a transmite a cada um de nós, ajudando-nos a interpretá-la e a pô-la em prática, retirando-nos as máscaras e as vendas dos nossos olhos - que insistimos em colocar, tanto em nós, como nos outros - auxiliando-nos a reconhecer o nosso pecado e as nossas culpas e indicando-nos o caminho seguro a seguir. Quem foi o mais perfeito Profeta, se não Jesus Cristo?

E qual a razão da condenação de Cristo-Profeta? Jesus ter-Se declarado Filho de Deus, o Messias há muito prometido e desejado. Mas os judeus consideraram-n'O demasiado "terreno", demasiado humano e parecido connosco, para poder ser verdadeiramente Filho de Deus. E, assim, condenaram o Verbo de Deus por blasfémia.

Cristo-Profeta foi ridicularizado ao vendarem-Lhe os olhos e questionando-O se conseguia adivinhar quem era que Lhe batia no rosto - um rosto que, apesar dos inúmeros golpes, lhes oferecia sempre a outra face...

Cuspiam-Lhe no rosto e batiam-Lhe. Outros esbofeteavam-n'O, dizendo: «Profetiza, Messias: quem foi que Te bateu?» (Mt 26, 67-68)

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Imagem retirada daqui

[Pilatos] chamou Jesus e perguntou-Lhe: «Tu és Rei dos judeus?» Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de Mim? (...) A Minha realeza não é deste mundo» Disse-Lhe Pilatos: «Logo, Tu és Rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade».(Jo 18, 33-34. 36a. 37)

Perante os gentios, representados pela figura de Pilatos, foi julgado Cristo-Rei. Rei é alguém que tem uma justa e suprema autoridade sobre o seu reino e sobre cada pessoa que lhe pertence. Uma vez que o rei é responsável por cada pessoa que lhe é confiada, ele tem o dever de as proteger dos perigos e de garantir o seu bem estar. Assim, por causa desse dever paternal, cada súbdito lhe deve a devida reverência.

Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e reuniram toda a coorte à volta Dele. Despiram-n'O e envolveram-n'O com um manto escarlateTecendo uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça, e uma cana na mão direita. Dobrando o joelho diante Dele, escarneciam-n'O, dizendo: «Salve! Rei dos Judeus!» (Mt 27, 27-29)

Cristo-Rei foi humilhado ao ser despido das Suas vestes e ao ser coberto por um manto cor de sangue; ao ser coroado com uma coroa de espinhos; ao receber como trono uma cruz, como ceptro uma cana e como jóias três longos cravos, que O prenderam na Cruz. 

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Imagem retirada daqui

Por fim, unindo-se pela primeira vez judeus e gentios (só Jesus poderia usar uma situação tão horrível, como a Sua crucifixão, para unir antigos inimigos), condenaram Cristo-Sacerdote. O sacernote serve de ponte medianeira entre Deus e os homens. O sacerdote apresenta ao Senhor os nossos sacrifícios mas também as nossas preces e necessidades. Assim, Jesus é o mais perfeito e eterno Sacerdote.

Os que passavam injuriavam-n'O e, abanando a cabeça, diziam: «Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! Salva-Te a Ti mesmo, descendo da cruz!» Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei troçavam Dele entre si: «Salvou os outros mas não pode salvar-Se a Si mesmo!» (Mc 15, 29-31)

Judeus e gentios, juntos, escarneceram de Cristo crucificado, desafiando-O a salvar-Se a Si mesmo e a descer da Cruz. Mas este eterno Cristo-Sacerdote já Se tinha oferecido a Si mesmo como a mais perfeita vítima de holocausto, através da Qual todos nós recebemos o perdão dos nossos incontáveis pecados.

 

Em resumo, o Sinédrio dos judeus desprezou e ridicularizou Cristo-Profeta; o Império Romano dos gentios julgou e escarneceu de Cristo-Rei; por fim, ambos se juntaram para condenar e crucificar Cristo-Sacerdote. Que paradoxo tão grande - Caifás, aquele que era Sumo Sacerdote por apenas um ano, desprezou o Eterno Sumo Sacerdote do Deus Altíssimo. E Aquele que Se revelou como o Caminho e a Vida é condenado ao caminho do Calvário e à morte...

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Mas nós sabemos muito bem que a história não acaba aqui. Nem a morte, nem o demónio, nem o pecado, nem as dificuldades têm a última palavra - mas sim Cristo, o alfa e o ómega, o princípio e o fim, o primeiro e o último, o nosso Salvador. 

Quando Jesus se preparava para voltar para o Reino dos Céus, no dia da Sua Ascenção, Ele distribuiu estas três dimensões pelos Seus Apóstolos: o serviço profético ou de ensino, ao prometer-Lhes que lhes enviaria o Espírito da Verdade, que os ajudaria a recordar e a compreender tudo o que Ele lhes tinha ensinado; o serviço real, ao dar-lhes as chaves do Reino de Deus, com o dever de defender e cuidar deste Reino e de cada pessoa que nele habitará; e, por fim, o serviço sacerdotal, para que fizessem memória contínua da Sua entrega Eucarística e conferindo-lhes o poder de perdoar os nossos pecados.

Aproximando-Se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» (Mt 28, 18-20)

Não posso deixar de sorrir ao pensar que, neste ano 2021, a Quinta-feira da Ascensão do Senhor será a 13 de Maio - quem melhor do que Nossa Senhora para nos transmitir as graças do Senhor neste dia e para sempre? 

Tragam ouro, incenso e mirra - aí vem o Esposo!

Depois de terem ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o Menino, parou. Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o Menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se, adoraram-n'O; e, abrindo os cofres, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. (Mt 2, 9-11)

Penso que já todos estão familiarizados com o profundo significado dos três presentes que os Reis Magos trouxeram consigo, desde o Oriente até Belém, para oferecer ao Deus que Se fez Menino. Existem inúmeras passagens do Antigo Testamento que nos mostram o significado de cada oferenda: o ouro simboliza a Realeza de Jesus, o esperado descendente do Rei David, que seria Rei eterno de todas as nações; o incenso anuncia-nos que Jesus é, verdadeiramente, o Divino Filho do Deus Altíssimo; e por fim a mirra, a resina proveniente duma planta muito espinhosa, usada para embalsamar o corpo dos mortos, revela-nos a Sua igualmente verdadeira Humanidade. E, assim, de uma só vez, os sábios Magos comunicam-nos que Jesus é verdadeiro Deus, verdadeiro Homem, eterno Rei ... Seremos também nós capazes de O reconhecer como tal, nas nossas vidas?

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Imagem retirada daqui

 

No verão em que fui à Terra Santa, lembro-me de ter achado muito curioso, ao folhear o livro do Êxodo, para aprender mais sobre o uso da acácia nos objectos sagrados da Arca da Aliança, que, num mesmo capítulo (cf Ex 30), se falava tanto do ouro, como do incenso, como da mirra - para adornar, perfumar e ungir tanto a Arca da Aliança e os seus objectos, como Aarão e os outros sacerdotes ... Hmm, curioso: este deve ser o único livro da Bíblia a falar destes três presentes juntos! ...

 

Recentemente, apercebi-me que não. Aliás, estes três presentes juntos parecem ter ainda um outro simbolismo, igualmente profundo e belo. O livro dos Cânticos dos Cânticos é outro livro das Sagradas Escrituras que nos falam de ouro, incenso e mirrajuntos. São referidos em várias passagens, ao longo de todo este livro; mas, em todas as passagens, estes três itens são, duma forma ou de outra, sempre associados ao Esposo do Cântico! Sim, ao Esposo!

No site das Famílias de Caná encontram um maravilhoso ensinamento em vídeo, gravado durante um retiro em 2019, acerca do importantíssimo simbolismo de Jesus como Esposo: vêmo-lo presente desde o primeiro ao último livro da Bíblia, nas palavras dos Profetas e dos Salmos, no testemunho de S. João Baptista e nas parábolas de Jesus... 

João declarou: «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: "Eu não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente". O Esposo é Aquele a quem pertence a esposa; mas o amigo do Esposo, que está ao Seu lado e O escuta, sente muita alegria com a voz do Esposo. Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! Ele é que deve crescer e eu diminuir». (Jo 3, 27-30)

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Imagem retirada daqui

Terminámos os dias do tempo de Natal e em breve entraremos já no tempo da Quaresma, no tempo de preparação mais intensa para recebermos a entrega do Divino Noivo.

A meio da noite, ouviu-se um brado: 'Aí vem o Noivo, ide ao Seu encontro!' (Mt 25,6)