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Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Uma Jovem Católica

Sou uma jovem esposa e mãe católica portuguesa. Neste blog partilho a minha caminhada em busca da santidade e o meu encontro com o amor misericordioso do Senhor. Espero que ele vos possa ajudar a encontrar a alegria do Evangelho!

Um simples puzzle

Nestas férias, escolhemos um puzzle para montar em família. Um puzzle grande, com 1000 peças, com a pintura do "Julgamento Final" do Miguel Ângelo, e que me pôs bastante a pensar e meditar ...

 

A construção dum puzzle torna-se mais fácil se construirmos primeiro os seus limites. Limites são coisas boas, muito mais do que tendemos a pensar. Orientam-nos e dão-nos direções sobre onde cada desenho principal vai ficar. Dão-nos segurança, pois sabemos claramente até onde podemos ir, antes de nos engarnar-nos ou fazermos asneira. Limites claros e bem definidos permitem-nos começar a juntar peças e avançar na nossa construção. São esses mesmos limites, presentes desde o início, que, no final, garantirão que todo o puzzle se mantém unido, com cada peça no seu lugar ...

 

Avançamos no nosso trabalho e vamos à procura de novas peças, para as ligar àquelas que já temos colocadas corretamente nos seus devidos lugares. Tentamos e voltamos a tentar, até encontrar aquela peça perfeita que encaixa que nem uma luva. Encontramos, assim, o lugar que apenas aquela peça (e mais nenhuma outra) podia ter - não só pelo seu formato mas também pela harmonia das cores e pela continuidade do desenho.

 

Basta uma só peça não estar no seu devido lugar e o puzzle já não é o mesmo. Nota-se logo a sua falta. A sua beleza já não será completa ...

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Imagem retirada daqui


Ah, a beleza da jornada conjunta, lado a lado à volta da mesma mesa, de se ir construindo um puzzle peça por peça. A alegria partilhada por cada novo encaixe. A partilha da frustração por não se conseguir encontrar aquela peça que se procura há tanto tempo... "Deixa, dorme sobre o assunto, logo tentamos amanhã novamente, com as forças renovadas pelo Senhor "...

 

Nem todos os dias conseguiremos produzir os mesmos frutos: haverá dias em que montaremos pouco mais de meia dúzia de peças, mera gota de água naquele oceano; mas, noutros dias, veremos o quão abundantes podem ser os frutos do nosso trabalho, do nosso empenho e persistência...


Ah, o caminho partilhado... A obra que começa a tomar forma e relevo. "Força, estamos quase lá, juntos conseguimos" ...

 

Eis, por fim, o quadro final, sinal visível do nosso caminho conjunto, da nossa jornada partilhada. Todas as peças, por fim, perfeitamente unidas, a pintura finalmente composta. "Que linda está" ...


Continua a ver-se o formato individual de cada peça. Cada uma delas é única e não poderia ocupar nenhuma outro lugar ...

 

De hoje em diante, de cada vez que olharmos para aquele quadro, na parede da nossa casa, lembrar-nos-emos e faremos memória do caminho percorrido em conjunto. Contaremos histórias, partilharemos momentos e memórias ...

 

Assim acontecerá connosco, um dia, no Céu, quando Deus nos mostrar os puzzles das nossas vidas ... Oh, que pura beleza!

Ámen 

Ser luz

Nós somos chamados a sermos uma luz - como uma pequena chama duma velinha branca - num mundo que está cheio de luz artificial eléctrica.

Quem vive no conforto da luz artificial não consegue ver a nossa luzinha de vela; aqueles que até a conseguem ver, não percebem para que serve ou não compreendem porque insistimos em mantê-la acesa - num mundo cheio de luz artificial. Para quê? Porquê?

 

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Imagem retirada daqui

 

No meu trabalho no hospital, quando alguém descobre que eu sou catequista, não é costume ouvir nenhum comentário entusiástico nem incentivador. Não é adequado um médico ter religião ... porque pode interferir.

Os meus colegas não compreendem porquê é que eu haveria de gastar o meu tempo com essas coisas.... eu devia era sair, viajar, gastar o meu ordenado em jantares e prendas e aproveitar a vida.

A minha família pergunta-me várias vezes porque é que eu passo tanto tempo na igreja, envolvida em tantas coisas? Missas e missas e missas, reuniões, encontros, actividades, catequese, vias sacras ... para quê? perguntam-me sempre.

 

Para ser sincera, eu própria às vezes me pergunto se todas as horas que eu invisto em preparar a catequese terá algum valor ... Tantas horas a desenvolver ideias para que as catequeses sejam estimulantes, que ensinem pelo exemplo, que toquem os corações de todos os meninos, que os façam não só saber mas compreender e querer viver ...

Aqueles meninos de 7 anos nunca se vão lembrar de mim quando forem adultos. Não se vão lembrar de grande parte das coisas que eu lhes tentei ensinar. 

Que posso fazer eu, quando os pais não vêm à missa, não querem saber da igreja, e só põem os filhos na catequese como se fosse outra actividade extra-curricular como a natação ou o ballet? Ou apenas para poderem fazer a primeira comunhão? 

Que diferença farei eu nas suas vidas? Que diferença faz aquilo que eu faço?...

 

Há dias difíceis, em que me deixo engolir por essas vozes e pensamentos, em que apetece desistir de tudo. Sim, há dias assim; poucos dias, pela graça de Deus, mas existem.

Nestas alturas, Deus tem sempre o enorme carinho de me enviar um anjo, na forma duma pessoa, que me incentiva, que me anima, que me compreende e que partilha comigo situações parecidas. Ou então descubro uma reflexão de alguém no facebook ou em algum site ou num livro, que reflecte as minhas duvidas e que me ajuda a encontrar soluções.

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Imagem retirada daqui

 

Sim, aquilo que eu faço, aos olhos do mundo, não é quase nada. Não tem qualquer valor. É insignificante. É tempo mal gasto. Não me faz ganhar nada, aliás, só me faz perder....

Não consigo deixar de sorrir ao escrever este texto. As pessoas não compreendem nada! Não compreendem o que verdadeiramente tem valor!

 

"Perante um mundo fragmentado, (...) perante a experiência dolorosa da nossa própria fragilidade, torna-se necessário e urgente, atrever-me-ia mesmo a dizer imprescindível, aprofundar a oração e a adoração. Ela nos ajudará a unificar o nosso coração e nos dará «entranhas de misericórdia», para sermos homens de encontro e comunhão, que assumem como vocação própria tomarem a seu cargo a ferida do irmão (...) dando testemunho de um Deus tão próximo, tão Outro: Pai, Irmão e Espírito; Pão, Companheiro de Caminho e dador de Vida (...)

Hoje, mais do que nunca, é necessário adorar para tornar possível a "proximidade" que reclamam estes tempos de crise. Só na contemplação do mistério do Amor que vence distâncias e se torna perto encontraremos a força para não cair na tentação de seguir de longe, sem nos determos no caminho... (...)

Também nós, perante esta nova invasão pseudocultural que nos apresenta os novos rostos pagãos dos «baalins» do passado, experimentamos a desproporção de forças e a pequenez do enviado. Mas é justamente a partir da experiência da própria fragilidade que se evidencia a força do alto, a presença d'Aquele que é o nosso garante e a nossa paz.

Por isso, quero convidar-vos (...) a que reconheçais na vossa fragilidade o tesouro escondido, que confunde os soberbos e derruba os poderosos. Hoje, o Senhor convida-nos a abraçar a nossa fragilidade como fonte de um grande tesouro evangelizador. (...)

Porque só aquele que se reconhece vulnerável é capaz de uma acção solidária. Pois comovermo-nos («movermo-nos com»), compadecermo-nos («padecermos com») de quem está caído à beira do caminho são atitudes de quem sabe reconhecer no outro a sua própria imagem, mescla de terra e tesouro, e por isso não a rejeita. Pelo contrário, ama-a, aproxima-se dela e, sem o procurar, descobre que as feridas que cura no irmão são unguento para as suas. A compaixão converte-se em comunhão, em ponte que aproxima e estreita laços. (...)

Não tenhais medo de cuidar da fragilidade do irmão com a vossa própria fragilidade: a vossa dor, o vosso cansaço, as vossas perdas; Deus transforma-os em riqueza, unguento, sacramento. (...) Há uma fragmentação que permite, no gesto terno do dar, alimentar, unificar, dar sentido à vida. (...) Que possais, em oração, apresentar ao Senhor os vossos cansaços e fadigas, bem como o das pessoas que o Senhor colocou no vosso caminho e deixai que o Senhor abrace a vossa fragilidade, o vosso barro, para o transformar em força evangelizadora e em fonte de fortaleza. (....)

É na fragilidade que somos chamados a ser catequistas. A vocação não seria plena se excluísse o nosso barro, as nossas quedas, os nossos fracassos, as nossas lutas quotidianas: é nela que a vida de Jesus se manifesta e se faz anúncio salvador. Graças a ela descobrimos as dores do irmão como sendo nossas."

 

Palavras do Papa Francisco, numa carta aos catequistas da diocese de Buenos Aires, 

Agosto de 2003 (retirado do livro - O Verdadeiro Poder é Servir, da editora Nascente)

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Imagem retirada daqui

 

Não importa que ninguém veja aquilo que fazemos. Não importa se parece insignificante e sem valor. Deus vê tudo o que fazemos e vê, principalmente, o amor com que o fazemos. 

Mantenhamos a nossa pequena chama acesa, num local onde todos a possam sempre ver. Sempre que a luz artificial se apague nas vidas das outras pessoas, como tantas vezes acontece, que elas possam sempre ver e contar com a nossa pequena luz, para as iluminar e lhes dar de novo vida. 

Quantos quilómetros andaram Maria e Jesus ao longo das suas vidas?

É engraçado que eu tenha passado da "menina com medo de conduzir" para aquela que mais quilómetros faz de carro por dia aqui em casa. Há 2 anos que faço (e continuarei a fazer este ano também) quase 80 km por dia, cerca de 1 hora e meia a conduzir, para ir e vir do Hospital de Setúbal. Deus é realmente curioso ...

Mas, se ao início custava um pouquinho - tanto tempo, tantos quilómetros, tantos carros, tanto trânsito, tanta confusão - hoje, já quase nem dou pelo tempo passar e Setúbal parece que é já ali. E, além disso, passar tanto tempo sozinha, dá-me a oportunidade de rezar o Terço no caminho para o trabalho e de fazer muitas outras orações e meditações no caminho de volta para casa. Que bênção tem sido!

 

Um dia destes, ao meditar no 2º Mistério Gozoso - a visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel - dei comigo a pensar quantos quilómetros seriam e quanto tempo demoraria a ir de Nazaré, da casa de Maria, até Jerusalém (onde algures seria a casa de Isabel). E este pensamento depressa escalou - quantos quilómetros seriam de Belém a Jerusalém, e daí ao Egipto .... quanto tempo demoraria? e... 

 

Claro que fui procurar respostas na internet na primeira oportunidade que tive!

Encontrei um óptimo artigo - em inglês, escrito por um pastor protestante que aparentemente dedicou a sua vida a percorrer o globo inteiro, a pé, de terra em terra, de país em país, a fim de propagar a mensagem do Evangelho. Ainda assim, é um artigo que eu recomendo todos a lerem - é muito comprido, é verdade, mas ensina-nos muitas coisas acerca de como era a vida no tempo de Jesus, em especial, acerca das suas deslocações e das suas viagens.

É com base neste artigo que escrevo o texto de hoje (principalmente para saber as distâncias entre as cidades). É preciso ter em atenção que o autor desse artigo é Protestante e que, portanto, os seus cálculos e informações não têm em conta aquilo que a Tradição da Igreja Católica nos transmite que realmente aconteceu (que eu explicarei mais à frente).

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Imagem retirada daqui

 

O meio de transporte mais usado no tempo de Jesus era, admirem-se, andar a pé!

Quem podia, viajava sobre um burro ou usava uma carroça para transportar cargas mais pesadas, mas a maior parte das viagens, e pensando especialmente no caso da Sagrada Família, eram feitas a pé. Naquela altura, os romanos ainda não tinham construído muitas estradas em Israel e assim, a maior parte dos caminhos ainda eram muito rudes e agrestes. Um percurso entre Nazaré e Belém envolvia passar por zonas montanhosas, vales, rios, zonas de deserto e até regiões mais selvagens e com poucas casas. Imaginem dias e dias a andar, sob diversas temperaturas - muito calor durante o dia e frio durante a noite. Imaginem a poeira e a sujidade. Imaginem o cansaço.... É verdade, existiam pousadas e outros locais, como celeiros e grutas, que se podiam alugar para passar a noite - mas nas zonas mais desertas, às vezes a única hipótese era montar uma tenda ou dormir ao relento. Também não havia casas de banho, nem banheiras para tomar um banho quentinho, nem restaurantes com a comida pronta. E os perigos eram abundantes, desde animais selvagens a ladrões escondidos ao longo do caminho. Eram dias difíceis na estrada, e uma viagem nunca era encarada de ânimo leve ...

 

Proponho-vos tentarmos fazer uma estimativa de quantas viagens e de quantos quilómetros percorreram Nossa Senhora e Jesus ao longo das suas vidas, com base nas informações que a Bíblia nos fornece, associadas às da Tradição da Igreja Católica (e por causa deste ponto, os meus cálculos vão ser diferentes dos cálculos do artigo que vos mencionei). Comecemos com Nossa Senhora!

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Mapa de Israel no tempo de Jesus - eu sinalizei a amarelo os locais das cidades mais importantes para os nossos cálculos.

É um óptimo mapa, aproveitem-no para localizarem outras cidades por onde Jesus passou - Caná, Bethsaida, Cesareia ...

 

Quanto andou Nossa Senhora ao longo da sua vida?

 

Maria terá nascido em Nazaré e, segundo a Tradição, terá sido entregue ao Templo de Jerusalém por volta dos 2-3 anos idade. Sendo ainda tão pequena, vou supor que alguém, a mãe ou o pai, a terá levado ao colo na maior parte da viagem, e portanto não vou incluir esta primeira viagem nos meus cálculos.

Maria terá ficado a viver no Templo de Jerusalém até aos seus 14-15 anos, altura em que terá voltado para Nazaré, tendo ficado noiva de São José. São Lucas diz-nos explicitamente que a anunciação do anjo Gabriel a Nossa Senhora ocorreu em Nazaré (Lc 1,26-27) - uma pequena cidade no norte de Israel, na região da Galileia, como podem observar no mapa. Uma viagem de Jerusalém até Nazaré (como vou explicar mais à frente) são cerca de 190 km. Considerando que uma pessoa possa andar cerca de 30km por dia, uma viagem de Jerusalém a Nazaré constituía cerca de 5-6 dias de viagem.

Logo após a Anunciação, Nossa Senhora parte, já grávida, em viagem até à casa da sua prima Isabel, a poucos quilómetros a sul da cidade de Jerusalém. Esta viagem de ida e volta até à casa de Isabel e Zacarias são cerca 390km (um total de 13 dias de viagem).

Já casada com São José, grávida de Jesus, Maria viaja novamente até Belém, para o recenseamento romano. De Nazaré até Belém são cerca de 210km. Ou seja, sabemos que Nossa Senhora andou, pelo menos, 600km grávida! Absolutamente impressionante .... 

Maria e José terão ficado a viver em Belém durante algum tempo após o nascimento de Jesus, mas foram até Jerusalém uma vez para a apresentação do Menino no Templo e uma segunda vez, 40 dias depois do parto, para a purificação ritual de Maria - o que constitui 4 viagens de 10 km, ou seja, mais 40km.

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 Imagem retirada daqui

De Belém, após um sonho de São José, partiram com o Menino para o Egipto - numa viagem de, pelo menos, 563km, ou seja, quase 19 dias até chegarem ao Egipto. Por aí ficaram a viver, escondidos, até ao dia em que José teve um novo sonho e finalmente puderam voltar para casa, em Nazaré. Do Egipto até Nazaré, utilizando a estrada mais curta, que segue o mar Mediterrâneo, são pelo menos 645 km, ou seja, quase 22 dias a caminhar com a "casa às costas"!

Tentam retomar a sua vida em Nazaré, tendo Jesus cerca de 3-5 anos. Maria viverá em Nazaré, pelo menos, até aos 30 anos de Jesus, quando Ele começa a pregar acerca do Reino de Deus.

O livro do Êxodo indica claramente que:

"Todos os homens deverão apresentar-se três vezes por ano, diante do Senhor, Deus de Israel." Êxodo 34,23

Ou seja, qualquer judeu devoto ía, pelo menos, três vezes por ano a Jerusalém, ao Templo do Senhor, celebrar as 3 maiores festas judaicas - a Páscoa, a Festa das Semanas e a Festa das Tendas ou dos Tabernáculos. Apesar disso, sabe-se que as famílias que viviam mais longe de Jerusalém, como poderá ter sido o caso da Sagrada Família em Nazaré (a quase 200km de Jerusalém), iam até ao Templo apenas na Páscoa (a celebração mais importante do ano inteiro). 

Assim, Maria terá acompanhado São José e Jesus, pelo menos, uma vez por ano até Jerusalém, ou seja, 386km de ida e volta durante 25 a 27 anos, o que dá um total de cerca 10.000km.

Durante os 3 anos do ministério de Jesus, Maria tê-lo-á acompanhado a Jerusalém todos os anos, sendo que na 3ª e última vez, Jesus foi crucificado (ou seja, 2 viagens de ida e volta de Jerusalém + 1 ida a Jerusalém = 965km). Também sabemos que Maria estava presente nas bodas de Caná (ida e volta de Nazaré a Caná são cerca de 19 km). E sabemos também que Maria esteve presente, pelo menos uma vez, em Cafarnaum (ida e volta de Nazaré a Cafarnaum são cerca 96km).

 

Tudo isto somado, dá um total de, pelo menos, 13.118km percorridos ao longo de 47 anos de vida de Nossa Senhora (até à morte de Jesus), ou seja, mais de 437 dias em viagem (o que constitui 1 ano e 2 meses).

 

Impressionante não?

Agora passemos a Jesus.

 

Quanto andou Jesus ao longo da sua vida?

 

Jesus era muito pequeno na altura da fuga de São José e de Nossa Senhora para o Egipto. Assim, começo os meus cálculos pela viagem de volta do Egipto até Nazaré, altura em que Jesus já teria entre 3 e 5 anos, e portanto, faria a maior parte da viagem a pé (pelo menos 645 km, ou seja, quase 22 dias na estrada).

Vou considerar que Jesus terá acompanhado São José nas três idas por ano ao Templo de Jerusalém, como o livro do Êxodo diz. Ou seja, até aos 30 anos de vida, Jesus terá realizado, pelo menos, 30.000km (só em viagens de ida e volta de Jerusalém) ou seja, cerca de 1.000 dias a caminhar. 

Um pormenor importante é que a distância exacta, em linha recta, entre Cafarnaum, Nazaré e Jerusalém são cerca de 144km. Contudo, para fazerem essa viagem, os judeus teriam de atravessar o território da Samaria; como havia uma rivalidade com os samaritanos, os judeus da Galileia seguiam sempre um percurso que contornava a Samaria. Além disso, este percurso, apesar de mais longo (193km), era mais fácil de atravessar (não era por terrenos tão montanhosos como seria pela Samaria) e era o que a maior parte dos judeus seguia. Eu assinalei-o no mapa para compreenderem melhor:

Mapa de Israel adaptado.jpg

 Mapa de Israel no tempo de Jesus (adaptado)

Durante os 3 anos do Ministério de Jesus, o Evangelho de São João indica-nos que Jesus esteve em Jerusalém:

  • pelo menos uma vez, para a Festa das Tendas (Jo 7,2)
  • pelo menos uma vez, na Festa da Dedicação do Templo (Jo 10,22)
  • pelo menos três vezes durante a Páscoa dos judeus (Jo 2,13 e 5,1 e 12,12)

O que dá um total de, pelo menos, cinco viagens da Galileia a Jerusalém durante esses 3 anos (3.669km). Se considerarmos ainda as outras viagens que nos são relatadas nos Evangelhos, por exemplo, as bodas em Caná, o baptismo no rio Jordão, a estadia em Cafarnaum na casa de Pedro .... totaliza-se (segundo o artigo que vos mencionei) 5.029km durante esses 3 anos de pregação (168 dias em viagem).

 

Tudo isto somado, dá um total de, pelo menos, 34.640km percorridos ao longo dos 33 anos de vida de Jesus, ou seja, mais de 1.155 dias em viagem (o que constitui mais de 3 anos e 2 meses).

 

Ainda mais impressionante, não é?

Não há um dia que passe, sem eu me admirar e espantar mais e mais, acerca de Jesus e da sua família!

 

Acho que não voltarei a refilar acerca das minhas inúmeras viagens, no conforto do meu querido carrinho ...  

 

Este texto não pretende ser um artigo científico, nem um estudo exacto - eu quis apenas fazer uma estimativa acerca de quantos quilómetros fizeram cada elemento da Sagrada Família e de quantos dias em viagem que passaram, a fim de compreender melhor as suas vidas...

Para tudo há um tempo ...

"Para tudo há um momento e há um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu."

Eclesiastes 3:1

 

Segunda-feira começo o 6º e último ano da faculdade de Medicina. Meu Deus, como o tempo passa depressa ...

Este irá ser um ano bem diferente de qualquer um que já tive até hoje. Já não voltarei a ter aulas e deixarei de ser "aluna"... Será um "ano" com quase 15 meses, que começará dia 26 de Setembro e só terminará no final de Novembro de 2017. Sem férias (nem no Verão), sem interrupções. Ao longo destes meses, espera-me muito, muito, muito trabalho ... 

 

"Tempo para nascer e tempo para morrer;

Tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou"

Eclesiastes 3:2

 

Estarei a maior parte destes meses a estagiar, em diferentes especialidades, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, com um horário de trabalho a cumprir.

Estarei também a trabalhar na minha tese de mestrado, na área da Obstetrícia, com o objectivo de a defender algures entre Abril e Maio de 2017.

E, como se não fosse suficiente, terei de estudar e de me preparar para o maior, mais difícil e mais importante exame de toda a minha vida, que será em Novembro de 2017. Um exame cuja nota decidirá (quase definitivamente) toda a minha futura carreira médica ... 

 

"Tempo para matar e tempo para curar;

Tempo para destruir e tempo para edi­ficar;

Tempo para chorar e tempo para rir;

Tempo para se lamentar e tempo para dançar"

Eclesiastes 3:3-4

 

Canto de oração Jun-Jul-Ago.jpg

 

Suspiro só de pensar em todo o trabalho que terei este ano.... caramba, tanto, tanto, tanto trabalho!...

Mas depois penso em Nós Jesus e nas oportunidades que o Senhor certamente me oferecerá para me poder santificar, aos poucos, a cada dia ... e em todas as oportunidades que terei para servir e ajudar os meus doentes e os meus colegas ... 

 

"Tempo para atirar pedras e tempo para as juntar;

Tempo para abraçar e tempo para evi­tar o abraço;

Tempo para procurar e tempo para per­der;

Tempo para guardar e tempo para ati­rar fora."

Eclesiastes 3:5-6

 

Admiro-me diariamente em como basta um pequeno Nós Jesus, duas simples palavras, uma meia dúzia de letras, uma pequeníssima frase sussurrada, uma simples oração ... e de repente, quase que tudo muda. E eis que acontecem pequenos milagres nos nossos dias ... 

 

No ano passado, sem que me desse bem conta disso, acabei por "escolher" uma música para me acompanhar ao longo desse ano. Vezes e vezes sem conta dei comigo a cantar (atrapalhadamente) a Ladainha da Humildade, que a Danielle Rose (a minha cantora favorita) transformou em canção e que partilhei convosco neste post.

 

Curiosamente, ao preparar este novo ano, só apareciam na minha mente trechos duma outra canção da Danielle Rose, Small things with great love (Pequenas coisas com grande amor), escrita pela própria cantora, baseando-se na vida e nos ensinamentos da Madre Teresa de Calcutá e da Santa Teresinha do Menino Jesus. É uma música muito simples, cuja letra partilho hoje convosco.

 

 

Small Things with Great Love 

(Letra original - Based on Luke 10:21)

 

Not to the learned nor to the kings,

But to the little ones you show the mysteries.

I rejoice when I am weak, for you will give me all I need.

Though I cannot fly, you carry me to heaven.

 

You have not called me to be successful;

You have called me to be faithful.

 

I can do small things with great love

That is enough.

I can do small things with great love

And make my life something beautiful for God.

 

One drop in the ocean,

One petal in the garden,

One hidden sacrifice,

One reason for my life,

One dance before your throne,

One child to give a home,

One step towards Calvary,

One touch of empathy.

 

You have not called me to be successful;

You have called me to be faithful.

 

I can do small things with great love

That is enough.

I can do small things with great love

And make my life something beautiful for God.

 

Yesterday is gone, Tomorrow has not yet come.

We have only today.

Let us begin.

 

I can do small things with great love

That is enough.

I can do small things with great love

And make my life something beautiful for God.

 

Be faithful in small things,

For in them our strength lies.

Pequenas coisas com grande amor 

(Tradução minha - Baseada em Lucas 10:21)

 

Não (foi) aos eruditos nem aos reis,

Mas aos pequeninos que Tu mostrastes estes mistérios

Eu alegro-me quando sou fraca, porque Tu me darás tudo o que eu preciso.

Embora eu não possa voar, Tu levas-me até ao Céu.

 

Tu não me chamaste para ser bem-sucedida

Tu chamaste-me para ser leal.

 

Eu posso fazer pequenas coisas com grande amor.

Isso é suficiente.

Eu posso fazer pequenas coisas com grande amor.

E fazer da minha vida algo belo para Deus.

 

Uma gota no oceano,

Uma pétala no jardim,

Um sacrifício escondido,

Uma razão para a minha vida,

Uma dança diante do Teu trono,

Uma criança para dar um lar,

Um passo em direcção ao Calvário,

Um toque de empatia.

 

Tu não me chamaste para ser bem-sucedida

Tu chamaste-me para ser leal.

 

Eu posso fazer pequenas coisas com grande amor.

Isso é suficiente.

Eu posso fazer pequenas coisas com grande amor.

E fazer da minha vida algo belo para Deus.

 

O ontem já se foi, o amanhã ainda não chegou.

Nós apenas temos o hoje.

Comecemos.

 

Eu posso fazer pequenas coisas com grande amor.

Isso é suficiente.

Eu posso fazer pequenas coisas com grande amor.

E fazer da minha vida algo belo para Deus.

 

Sê leal nas coisas pequenas,

Porque nelas reside a nossa força.

 

 

 

 

 

Para tudo há um tempo ... 

Como podem imaginar, eu não terei muito tempo para o blog nos próximos meses. As publicações serão provavelmente escassas e espaçadas.

Eu tenho alguns livros em mente para ir lendo ao longo deste ano e espero poder partilhar convosco algumas passagens que me venham a falar ao coração...

 

Rezem por mim, por favor. 

E saibam que eu rezo todos os dias por cada um de vocês 

 

Tenho tempo, Senhor

  Missão País 2016 - 1ºdia (2ªparte)  

 

imagem missão pais FML 2016 (2).jpg

A primeira tarefa que nos foi proposta no início da semana da Missão País foi conseguir pôr de parte a nossa vida; esquecer os resultados dos exames da faculdade, que alguns tinham apenas terminado no dia anterior; deixar de lado a confusão, o stress, os problemas e as preocupações do dia a dia - e encontrarmo-nos de novo! A nós e a Ele!

 

Era tempo de voltar a encontrarmo-nos na nossa condição principal e mais importante - sermos filhos muitíssimo amados de Deus Pai! 

 

Nesse sentido, foi-nos apresentado o seguinte poema, que tocou o meu coração de forma tão profunda, tão forte, tão íntima, tão sincera ... logo eu, que me queixo a toda a hora da minha falta de tempo...

 

Tenho tempo, Senhor

"Lá fora os homens saíam,

Iam,

Vinham,

Andavam,

Corriam,

As bicicletas corriam,

A rua corria,

A cidade corria,

Toda a gente corria …

Corriam todos, para não perder tempo:

Corriam no encalço do tempo,

            para recuperar tempo,

            para ganhar tempo.

 

Até logo doutor, desculpe-me,

           não tenho tempo.

Passarei outra vez, não posso esperar mais,

           não tenho tempo.

Termino esta carta

           pois não tenho tempo.

Queria tanto ajudar-te

           mas não tenho tempo.

Não posso aceitar,

           por falta de tempo.

Não posso reflectir, nem ler, ando assoberbado,

           não tenho tempo.

Gostaria de rezar mas …

           não tenho tempo.

 

Compreendes, Senhor, eles não têm tempo.

A criança está a brincar,

           não tem tempo agora … mais tarde …

O estudante tem os seus deveres a fazer,

           não tem tempo ... mais tarde...

O universitário tem as suas aulas, e tanto, tanto trabalho

           que não tem tempo … mais tarde …

O que casou há pouco, tem a sua casa, deve organizá-la,

           não tem tempo ... mais tarde ...

O pai de família tem os seus filhos,

           não tem tempo ... mais tarde ...

Os avós têm os seus netos,

           não têm tempo ... mais tarde ...

Estão doentes. Precisam de tratar-se ...

           não têm tempo ... mais tarde ...

Estão à morte,

           não têm tempo ...

Tarde de mais ...

           já não têm tempo.

 

Assim correm todos os homens atrás do tempo, Senhor.

Passam correndo pela Terra,

            apressados,

            atropelados,

            sobrecarregados,

            enlouquecidos,

            assoberbados.

Nunca chegam, falta-lhes tempo,

Apesar de todos os esforços, falta-lhes tempo.

Falta-lhes mesmo muito tempo.

 

Com certeza, Senhor, erraste os cálculos.

Há um engano geral:

Horas curtas de mais,

Dias curtos de mais,

Vidas curtas de mais.

Tu que estás fora do tempo, Senhor,

           sorris ao ver-nos assim

           brigar com ele,

E sabes o que fazes.

 

Não te enganas quando distribuis o tempo aos homens,

A cada um dás o tempo de fazer o que queres que faça.

Mas é preciso não perder tempo,

            não esbanjar tempo,

            não matar o tempo.

Pois o tempo é um presente que nos dás.

Presente perecível,

Um presente que não se conserva.

 

Tenho tempo, Senhor,

Tenho todo o meu tempo.

Todo o tempo que me dás,

            os anos da minha vida,

            os dias dos meus anos,

            os minutos dos meus dias.

 São todos meus,

Cabe-me preenchê-los

            tranquilamente,

            calmamente,

Mas preenchê-los inteiros, até à borda,

Para os dar a Ti

           para que, da água sem sabor,

           faças um vinho generoso

           como outrora, em Caná,

           fizeste para as bodas humanas.

 

Nesta noite eu te peço, Senhor,

           o tempo de fazer isto

           e depois aquilo,

Peço-te a graça de fazer, conscienciosamente,

           no tempo que me dás,

           o que faço."

 

Michel Quoist - Em poemas para rezar

No Original - Priéres

 

Será preciso dizer mais alguma coisa?

 

 † ALEGRA-TE, FOSTE ENCONTRADO! † 

 Missão País 2016