Um sacrifício e um salto de Fé
A minha vida, neste momento, situa-se no último parágrafo, nas últimas palavras, dum longo capítulo que está prestes a terminar. E um novo começará em Janeiro.
Passei este último ano a reflectir na minha caminhada - na minha enorme caminhada - ao longo destes 6 anos de faculdade de medicina. Deus foi-me buscar pela mão ao paganismo e trouxe-me para casa, na Igreja Católica. Foi preciso destruir muitos ídolos, muitas ideias, muitos pensamentos profundamente errados. Mas houve muito mais para construir, para sedimentar, para criar alicerces e começar a erguer algumas estruturas. Que Deus permita que estes alicerces sejam bem profundos ...
Nos últimos dias estive também a pensar nos acontecimentos do último ano e meio de estudo e trabalho intensivos. Foi tudo muito diferente do que eu tinha imaginado. Deus carinhosamente ajudou-me e ensinou-me a utilizar um período tipicamente associado a uma intensa competição entre pares e a extremas formas de egoísmo e egocentrismo, num período de aprofundamento de humildade, oração e oferecimento de pequenos sacrifícios.
Deus mostrou-me, de formas que apenas Ele podia encontrar, que eu não consigo fazer tudo (um conceito imensamente libertador) mas, por outro lado, consigo fazer muito mais do que alguma vez imaginei - com Ele.
Falando mais claramente - um dos (vários) actos de loucura de amor por Deus que fiz nestes últimos meses foi tornar-me catequista. Quando, em Maio, me estava a preparar para me consagrar a Nossa Senhora, apercebi-me que São Luís recomendava no Tratado que se oferecesse um presente a Nossa Senhora no dia da consagração. Esse presente devia ser um sacrifício:
"Será bom que nesse dia paguem algum tributo a Jesus Cristo e a sua Santíssima Mãe, quer como penitência da sua passada infidelidade às promessas do Batismo, quer para protestar a sua dependência do domínio de Jesus e Maria. Esse tributo será segundo a devoção e a capacidade de cada um. Poderá ser um jejum, uma mortificação, uma esmola, uma vela. Ainda mesmo que não dessem mais que a homenagem de um alfinete, mas de todo o coração, isso bastaria, pois Jesus só olha a boa vontade." TVD 232
Após vários dias de oração e reflexão, uma ideia começou a surgir e a florescer. Isso é loucura filha, não faças isso logo nessa altura, segundo a minha mãe. Não te metas nisso, disse-me o meu pai. Mas achas que tens tempo para isso? disse-me a minha avó.
Sim, quando estamos apaixonados fazemos loucuras. E, por Deus, o meu grande Amor, tenho feito muitas "loucuras" aos olhos da minha família. Mesmo "não tendo tempo", mesmo tendo de abdicar de muita coisa, mesmo que seja difícil e que custe e que o resultado mal se veja.
Não foi fácil tomar uma decisão. Adiei e adiei até ser o dia da consagração...
Mas como se pode dizer que não ao nosso Amado? Eu já não consigo ... basta Ele pedir-me, e aqui vou eu; basta Ele sussurrar amorosamente ao meu ouvido e eu digo Sim, eu aceito.
No dia da minha consagração, ofereci-me à minha paróquia para me tornar leitora na missa e também catequista.
Tomar a decisão de ser catequista envolveu preparação durante o Verão e formação no mês de Setembro - sim, enquanto estudava e me preparava para o exame final. Envolveu começar a dar catequese sozinha a um grupo de 25 meninos do 2º ano, nas semanas que antecederam o meu exame final.
Mas nós, Jesus e eu, conseguimos